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domingo, 25 de outubro de 2009

João, o discípulo mais chegado


Dos três discípulos mais chegados de Jesus, João aparece como sendo o mais chegado, o amigo íntimo, de maior confiança do Mestre. Nos evangelhos ele sempre aparece acompanhado de Tiago, seu irmão mais velho e menos conhecido.

Seu pai Zebedeu era empresário, dono da maior peixaria na Galiléia e contava com vários pescadores trabalhando para ele. Sua mãe Salomé era uma das discípulas de Jesus que o acompanhou durante boa parte de seu ministério servindo-o (Mateus 27:55) inclusive com seus bens. Ela também foi uma das mulheres que foram embalsamar o corpo de Cristo quando da sua ressurreição.

João, autor do evangelho que leva seu nome, também escreveu três cartas que também levam seu nome, bem como o Apocalipse. É através de seus escritos que conhecemos o discípulo João. Dentre os escritores bíblicos João é o terceiro que mais escreveu a respeito de Jesus, perdendo apenas para Paulo e Lucas.

Aprendamos algumas lições, deste amigo mais chegado de Jesus.

Humildade aqui nada tem a ver com “ser uma pessoa de poucos recursos financeiros”. Trata-se de uma pessoa, que independentemente do que tem, ou que status social possua, consegue tratar a todos com dignidade. João era assim. Ele era o discípulo que não fazia caso de estar em destaque, apesar de ser um dos três principais líderes do grupo. Podemos perceber isso considerando de que tendo a oportunidade de escrever um dos quatro evangelhos, João não escreve seu nome, mesmo quando ele é citado. Narra sempre na terceira pessoa, ou seja, ao invés de dizer “e eu [primeira pessoal do singular] disse a Pedro”, ele escreve “e o discípulo a quem Jesus amava” (João 21.7)

João era do tipo que não queria deixar de desfrutar a presença de Jesus por um minuto que fosse. Não é a toa que ele acabou sendo reconhecido não só pelos demais discípulos, mas também por toda a história como “o discípulo a quem Jesus amava”. Como ele, nós também podemos desfrutar dessa presença em tudo o que fazemos, em todo o nosso dia. Afinal de contas, foi o próprio Jesus quem disse: “Eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”. Mt 28.18-20

Em toda a sua vida, João levou muito a sério o que dizia o profeta Miquéias: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus.” (6:8) O que isso significa? Significa que nessa caminhada haverá momentos que seremos convidados a abrir mão de nossos direitos, sonhos e desejos, para agradar ao Senhor. Para João isso foi fácil, uma vez que seu amor não estava condicionado a usufruir do que Jesus tinha, mas o que ele era, o Filho de Deus.


Amigos chegados compartilham segredos. No caso de João podemos afirmar isso considerando o que aconteceu na última ceia narrada por ele mesmo no capítulo 13. O texto nos diz que depois de ter lavado os pés dos discípulos Jesus comeu com todos eles. Em seguida se entristeceu e começou a falar de que seria traído e morto.

Naquele instante houve um mal estar muito grande entre todos, a tal ponto de ficarem se perguntando “serei eu o traidor?”. Pedro, ciente da amizade diferenciada entre Jesus e João, faz sinal a este para que perguntasse a Jesus quem seria o traidor. E o texto diz o que aconteceu: “Então, aquele discípulo, reclinando-se sobre o peito de Jesus, perguntou-lhe: Senhor, quem é? Respondeu Jesus: É aquele a quem eu der o pedaço de pão molhado. Tomou, pois, um pedaço de pão e, tendo-o molhado, deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes.” (João 13:25 e 26)

Para mais ninguém Jesus revelara quem seria o traidor, somente para um amigo verdadeiro como João. Mais do que Mestre, Senhor e Deus, João era amigo de Jesus. No capítulo 15 João revela o segredo para se tornar um amigo assim do Mestre. Numa das palavras de Jesus ele adverte: “Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer.” (João 15.14 e 15)

Em outra ocasião, quando da revelação do Apocalipse, depois de soar a sexta trombeta João vê um anjo forte descendo do céu e quando falou sete trovões falaram. Quando ele foi escrever o que estes trovões falaram, o Senhor lhe disse: “Guarda em segredo as coisas que os sete trovões falaram e não as escreva” (Apocalipse 10.4). O Senhor fizera questão, em toda a revelação em relação a Igreja, revelar algumas coisas apenas para seu amigo verdadeiro. Não é demais?

Tornar-se amigo íntimo de Jesus só será possível através de um comprometimento sem limites com a sua palavra, porque “a intimidade do Senhor é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança” (Salmo 25.14)


Quando Jesus foi preso e crucificado, a Bíblia diz que todos os seus discípulo fugiram com medo. Todos, menos um. Aos pés da cruz estava algumas pessoas muito especiais e entre elas o discípulo João e a mãe de Jesus, Maria.

Era costume entre os judeus de que quando o marido falecesse, o irmão mais velho do falecido tornava-se responsável pela família. E quando o irmão mais velho falecesse, o irmão depois dele assumia a família. Jesus era o responsável por Maria, uma vez que José não era mais vivo. Na hora de sua morte, “Jesus vendo sua mãe e junto a ela o discípulo amado, disse: Mulher, eis aí teu filho. Depois, disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. Dessa hora em diante, o discípulo a tomou para casa.” (João 19. 25-27)

João foi o único digno da total confiança de Jesus que teve o privilégio da cuidar de Maria após a morte e ressurreição de Jesus. Assim é com todos aqueles que se aproximam do Senhor e buscam desenvolver um relacionamento mais íntimo com o Mestre. Eles certamente participam de coisas maiores, que o mundo é incapaz de compreender.

CONCLUSÃO

De acordo com a maioria dos relatos em relação ao final da vida do discípulo João, afirmam que ele falecera no ano 98 depois de Cristo, já velho em Éfeso. Existem também alguns que afirmam que ele morreu na Ilha de Patmos, onde escrevera o livro do Apocalipse. Mas todos concordam de que ele foi o único discípulo que morreu por velhice e não sob tortura. Que a vida deste discípulo possa nos inspirar a desenvolver uma vida mais íntima com o Mestre.

domingo, 18 de outubro de 2009

Judas Iscariotes, o discípulo confiável


Temos aprendido sobre a vida dos doze homens comuns escolhidos por Jesus para formarem o seu grupo de discípulos que teriam a responsabilidade de liderar a Igreja de Cristo nos anos que se seguiram à sua morte e ressurreição.

Depois da introdução nós aprendemos sobre a personalidade, vida e ministério de alguns deles. Vimos: Tiago, o discípulo justo; Tiago, o discípulo menor; Filipe, o discípulo que fazia as contas; Natanael, o discípulo sincero; Judas, o discípulo com três nomes; Tomé, o discípulo incrédulo; André, o discípulo das pequenas coisas; Mateus, o discípulo desprezado; Simão, o discípulo violento e Pedro, o discípulo inconstante. E HOJE veremos Judas, o discípulo confiável.



O nome de Judas significa “Jeová o conduz”. Isso revela o desejo de seus pais. O curioso, e até irônico, é que Judas foi a pessoa mais orientada pelo diabo do que qualquer outro. Seu sobrenome Iscariotes, indica que ele era da cidade humilde de Queriote, localizada ao sul da Judéia. Ao que parece ele era o único discípulo que não pertencia a região da Galiléia antes de ser chamado pelo Mestre.

Em certa ocasião Jesus, se referindo a Judas cita o Salmo 41.9 que diz: “Até o meu amigo íntimo, em quem eu confiava, que comia do meu pão, levantou contra mim o calcanhar.” Também temos no Salmo 55.12-14 outra citação sobre a relação de Jesus com Judas que diz: “Com efeito, não é inimigo que me afronta; se o fosse, eu o suportaria; nem é o que me odeia quem se exalta contra mim, pois dele eu me esconderia; mas és tu, homem meu igual, meu companheiro e meu íntimo amigo. Juntos andávamos, juntos nos entretínhamos e íamos com a multidão à Casa de Deus.” Salmo 55.12-14

Considerando estas passagens e o relacionamento com todo o grupo dos discípulos, podemos afirmar que Judas, durante os três anos que acompanhou Jesus de perto, era de fato um discípulo da mais alta confiança de todos, a tal ponto que acabou por se tornar o tesoureiro do grupo.


Já próximo de sua crucificação, Jesus volta à pequena aldeia de Betânia para uma refeição na casa de Simão, um ex-leproso. João diz que acompanharam Jesus nessa visita os discípulos e seus três amigos Lázaro, Maria e Marta. Durante a refeição, Maria unge os pés de Jesus derramando um perfume de 300 denários (equivalente ao que um trabalhador rural ganha em um ano de trabalho).

Ao ver aquele “desperdício”, Judas não se contém e diz: “Por que não se vendeu este perfume por trezentos denários e não se deu aos pobres?” (Jo 12.5). A observação de Judas parece revestido de um cuidado para com os pobres, tanto que Mateus diz que os demais discípulos aparentemente concordaram com ele. Mas, inspirado pelo Espírito Santo João não deixa dúvidas sobre a real intenção de Judas no vs. 6 quando disse: “Isto disse ele, não porque tivesse cuidado dos pobres; mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, tirava o que nela se lançava”. Ou seja, o comentário de Judas foi motivado apenas pelo seu coração avarento.

Judas certamente esperava uma repreensão de Jesus para Maria, mas o que ele ouviu é que Maria o estava ungindo-o para a morte e que os pobres deveriam receber atenção não apenas em um ato isolado, mas sempre.

Judas certamente saiu daquele jantar decepcionado com Jesus. Sua avareza o cegara a tal ponto que Mateus diz-nos que logo após aquele jantar Judas saiu escondido e foi a Jerusalém com um firme propósito, vejamos o que nos diz Mateus: “Então, um dos doze, chamado Judas Iscariotes, indo ter com os principais sacerdotes, propôs: Que me quereis dar, e eu vo-lo entregarei? E pagaram-lhe trinta moedas de prata. E, desse momento em diante, buscava ele uma boa ocasião para o entregar.” (Mt 26.14-16)

Com o coração cheio de amargura e avareza Judas não pensou duas vezes, de um jeito ou de outro ele encheria o bolso de dinheiro. O melhor que ele conseguiu foi vender Jesus pela ninharia de 30 moedas de prata, valor pago por um escravo. E para ele isso bastava. Judas seguia a Jesus não por amor, mas por desejo de possuir coisas.

Judas é um exemplo de privilégios desperdiçados. Era o discípulo de maior confiança, mas optou pelo caminho da avareza, tornando um exemplo de que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. (1 Tm 6.10)


Uma vez que acertara o preço de seu Mestre, Judas volta ao convívio do grupo de discípulos como se nada tivesse acontecido. Segundo Lucas 22.6, daquele momento em diante Judas “buscava uma boa ocasião para o entregar sem tumulto”.

E não demorou encontrar tal ocasião. Durante a última ceia, após comerem, Jesus diz que um deles o estava traindo e adverte “O Filho do Homem vai, conforme está escrito a seu respeito, mas ai daquele por intermédio de quem o Filho do Homem está sendo traído! Melhor lhe fora não ter nascido” (Mateus 26.24). Após tais palavras todos os discípulos começam a tentar descobrir entre eles quem seria o traidor. Curiosamente, ninguém suspeita de Judas, afinal ele era o discípulo de confiança do Mestre e do grupo dos doze.

O próprio Judas, reservadamente como amigo de confiança, com o fim de apagar qualquer suspeita de ser ele, dirige uma pergunta a Jesus: “Acaso sou eu Mestre?”. A isso Jesus respondeu: “Tu o disseste” (Mt 26.25). Ao ouvir tais palavras, Judas se cala. Sua decisão de traí-lo já estava tomada, o dinheiro no bolso garantido, não voltaria atrás mesmo ciente das conseqüências de seu ato.

Ao perceber que Judas não se arrependera, Jesus o convida a se retirar dizendo “O que tem de fazer, faze-o depressa”. Judas não pergunta o que era para fazer, ele simplesmente sai ao encontro dos sacerdotes porque já havia encontrado a ocasião em que buscava para trair o Mestre e precisava agir rápido. Assim, naquela noite, enquanto Jesus dirigia suas últimas palavras aos demais discípulos antes de sua morte, Judas negociava a estratégia que usaria para entregá-lo no centro da cidade.

Ao terminar a ceia Jesus vai ao Getsêmani como costumava fazer. Judas sabia disso e acompanhado de centenas de soldados vai ao encontro do Mestre. Judas havia combinado um sinal com os guardas dizendo “aquele a quem eu beijar, é esse; prendei-o”. E foi exatamente o que fez. Aproximou-se de Jesus e disse “Salve Mestre! E o beijou.” (Mt 26.48-49). Jesus olha para Judas e pergunta: “Amigo, para que vistes? Com um beijo trais o Filho do Homem?” E os soldados o prenderam.

Ser traído por alguém dói muito, mas por alguém que se diz amigo de confiança, dói muito mais. Todavia, isso foi exatamente o que Judas fez mesmo depois de ter caminhado por três anos com o Mestre. Aprendemos aqui que uma pessoa pode andar tão próximo de Deus, e por não se comprometer com ele, acabar traindo-o.

Judas é um exemplo de oportunidades perdidas. Andou, viu, apalpou, ouviu o Mestre ao vivo e a cores por um período de três anos. E acabou optando pelo Caminho da traição.


Após aquela noite, Judas sente um grande remorso. O remorso é diferente do arrependimento. Enquanto o arrependimento é marcado por uma tristeza de ter feito algo errado, o remorso é a tristeza por ter dado errado o que fizera. Com tamanho remorso a Bíblia diz que ele tenta devolver o dinheiro inutilmente aos sacerdotes. Talvez esperasse com isso devolver a liberdade a Jesus, mas não deu certo.

Diante disso, ele foge, amarra uma corda em uma árvore e se enforca. Possivelmente depois de enforcado, segundo Atos 1.18-19, o galho ou a corda não resiste e quebra, lança o corpo de Judas sobre pedras e aí “rompeu-se pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram”. Essas são as últimas palavras na Bíblia sobre Judas. Um fim trágico, para um discípulo de “confiança”.

Judas passou três anos com Jesus, mas durante todo esse tempo seu coração se tornou cada vez mais duro. Chegou tão perto do Senhor como poucos puderam chegar, participou do ministério de Jesus e foi testemunha como poucos puderam ser, mas continuou incrédulo e partiu para a eternidade sem nenhuma esperança.

Que possamos viver de maneira diferente de Judas e que Deus nos abençoe.

domingo, 11 de outubro de 2009

Simão, o discípulo violento


Dentre todos os discípulos escolhidos por Jesus, Simão é aquele de quem temos menos informações. Na verdade, só temos o seu nome citado por Mateus, Marcos e Lucas entre os escolhidos, acompanhado da expressão “chamado zelote”. No evangelho de João sequer é citado uma única vez.

Mesmo assim, ainda é possível conhecer um pouco sobre sua pessoa e aprender muito do amor de Deus que alcança, chama e capacita pessoas desconhecidas, mas certamente não diante dele, para o importante trabalho do Reino de Deus. Vejamos:




Como já dissemos, a única informação que temos, além de seu próprio nome, é de que Simão era também chamado zelote. Mas o que é um zelote?

No tempo de Jesus esse termo ‘Zelote’ referia-se a uma facção política muito conhecida e temida. Eles odiavam os romanos e tinham como objetivo livrar-se a qualquer custo da ocupação e domínio romano. Com esse propósito, trabalhavam principalmente através do terrorismo e de atos de violência.

O nome tem o sentido de zelo, todavia, no caso dos zelotes era em demasia. Os Zelotes eram extremistas em todos os sentidos. Por acreditar que somente Deus é quem tinha o direito para governar sobre o povo, eles entendiam que matar soldados romanos, líderes políticos e até pessoas comuns que se opusessem a eles era legítimo e agradável a Deus. Daí, a origem do pensamento da “guerra santa”.

Eram homens que estavam dispostos a enfrentar qualquer tipo de morte e não se incomodavam em ver parentes e amigos serem torturados em nome da liberdade. Os romanos por muitas vezes prenderam homens deste partido político, torturaram com todo tipo de violência e mataram a muitos, mas jamais apagaram sua paixão por liberdade e seu ódio.

Os zelotes estavam convencidos de que pagar tributos aos romanos era um ato de traição a Deus. Movidos por esse pensamento não foram poucas as vezes em que realizaram guerrilhas e atos terroristas para com os romanos em nome de Deus.

Eles acreditavam na vinda de um líder, o Messias, que os conduziriam a libertação total e definitiva do império romano e colocaria todos os povos debaixo de seus pés. Certamente quando Cristo surgiu dizendo-se ser o Messias, o Filho de Deus, o Rei dos reis e realizando grandes sinais e poder, e chamou Simão para compor o grupo dos discípulos, Simão não teve dúvidas. É bem provável que ele tenha se unido a Cristo com essa expectativa em mente. Mas mal sabia ele de que aquele que encontra com Jesus tem a sua vida transformada.


A Bíblia não fala nada sobre a conversão desse discípulo, mas é certo que ela aconteceu. Em algum momento em sua caminhada com o Mestre, Simão teve seu zelo tratado. É certo que ele aprendeu que não havia nada de errado em ser zeloso, mas com objetivos maiores, dignos de louvor diante de Deus.

Um aspecto interessante a ser aprendido sobre o novo Simão, é que ele aprendera a ser paciente e pacifista. Ele teve que conviver com um homem como Mateus, um ex-coletor de impostos e parceiro dos romanos, que seria assassinado sem dó e piedade por um zelote. Todavia, isso não acontece entre Simão e Mateus, por uma simples razão, a graça produz graça. Quando o amor de Deus é revelado em nossos corações ele nos transforma.

Simão ao caminhar com Jesus teve seu coração modificado através do amor do Senhor. Isso é graça. O apóstolo Paulo certa vez disse que “onde abundou o pecado, superabundou a graça de Deus”. E foi exatamente isso que aconteceu com Simão.

É impressionante que Jesus tenha escolhido alguém como Simão para fazer parte do grupo dos doze homens que ele estava preparando para liderar a sua Igreja. Todavia, essa escolha reforça o fato de que Deus escolhe as coisas loucas do mundo para torná-las bênçãos em suas mãos.

A história da Igreja nos informa que Simão, o ex-zelote, dedicou-se em levar o evangelho para o Egito. Como aconteceu com a maioria dos doze, também foi morto por causa de sua fé em Jesus. A tradição católica diz que ele foi cortado ao meio, vivo, por um serrote. Não sabemos ao certo como ele foi morto, mas sabemos o motivo. Muito mais nobre do que de um zelote, que movido por vingança e violência buscava a liberdade para si. Com Simão foi diferente, ele encontrou no amor a Jesus, um verdadeiro motivo para morrer – salvar pessoas do inferno e da condenação eterna. Por esse propósito de vida não pensou duas vezes em oferecer sua vida, testemunhando a respeito de Jesus para muitas pessoas.

Que Deus nos abençoe.

domingo, 4 de outubro de 2009

Pedro, o discípulo inconstante


Já por alguns domingos nós temos pensado sobre a vida dos doze homens comuns escolhidos por Jesus para formarem o seu grupo de discípulos que teriam a responsabilidade de liderar a Igreja de Cristo nos anos que se seguiram à sua morte e ressurreição.

Depois da introdução nós aprendemos sobre a personalidade, vida e ministério de alguns deles. Vimos: Tiago, o discípulo justo; Tiago, o discípulo menor; Filipe, o discípulo que fazia as contas; Natanael, o discípulo sincero; Judas, o discípulo com três nomes; Tomé, o discípulo incrédulo; André, o discípulo das pequenas coisas; Mateus, o discípulo desprezado; E HOJE veremos o discípulo inconstante, Pedro.



Pedro era pescador profissional. Ele e seu irmão André eram de Betsaida e tinham um pequeno comércio de pesca em Cafarnaum. Apanhavam peixes no Mar da Galiléia. Seu nome completo era Simão Barjonas (Mt 16.17). Barjonas significa “filho de Jonas ou João”. Sabemos que ele era casado, pois Jesus em certa ocasião curou a sua sogra. Paulo diz que em certa ocasião sua esposa o acompanhou em uma viagem missionária (1 Co 9.5). Nada mais sabemos sobre sua família.


Em seu primeiro encontro com Jesus, Simão tem o seu nome alterado. Lucas deixa claro que Simão não teve seu nome mudado, mas acrescido: “Simão, a quem acrescentou o nome de Pedro” (vs. 14). Ao nome de Simão, que significa “areia, pedrinha”, Jesus acrescentou o nome Pedro, que significa “pedra, rocha”. E dali em diante ele é chamado ora de Simão, ora de Pedro e ainda em algumas vezes de Simão Pedro.

Simão era um nome apropriado para este discípulo, visto que por natureza, ele era afoito, inconstante e não confiável. Sua tendência era fazer promessas e não cumpri-las. Era daquelas pessoas que são as primeiras a se atirar de cabeça num novo projeto e na mesma rapidez abandonam tudo antes do fim. Normalmente ele falava e agia sem pensar. Quando abria a boca o cérebro ainda estava em ponto morto. Por isso o chamamos de o discípulo inconstante.

Ao que parece, Jesus mudou o nome de Simão, pois queria que o novo nome o lembrasse daquilo que ele deveria ser. Alguém firme como uma rocha, seguro, confiável e fiel. E dali por diante, quando o Senhor dizia “Simão”, Pedro já se encolhia todo. Talvez pensasse, ‘por favor, me chame de Rocha’. E o Senhor talvez respondesse, ‘eu o chamarei de Rocha quando você agir como uma rocha’.

Mas, a mudança de nome não foi o único método de ensino usado por Jesus para a transformação de Simão Pedro. Era necessário que ele passasse por diversas experiências na vida que fariam dele o tipo de pessoa que Cristo desejava que ele fosse. Os altos e baixos de suas experiências foram dolorosas e por vezes dramáticas.

Por que Jesus fez isso? Sentia algum prazer em atormentar Pedro? De forma alguma. As experiências foram todas necessárias para transformar Pedro no discípulo aprovado que encontramos na Igreja de Atos dos Apóstolos. Vejamos agora algumas destas experiências.


A primeira experiência que revela a personalidade inconstante de Simão Pedro está registrada em Mateus 14. 22 a 33. Após a multiplicação de pães e peixes que alimentara mais de cinco mil homens, além de mulheres e crianças, Jesus orienta aos discípulos a atravessar de barco o mar de Tiberíades enquanto ele despedia as multidões.

A noite chegou, e enquanto os discípulos se deparavam com uma grande tempestade, Jesus orava em um monte. Enquanto os discípulos lutavam pela sobrevivência, eles são surpreendidos por Jesus andando por sobre as águas. O texto diz que eles ficaram com tanto medo que acharam que se tratava de um fantasma e começaram a gritar.

Diante disso, Jesus os acalma dizendo: “Tende bom ânimo! Sou eu. Não temais!”. Surpreso, Pedro diz: “Se és tu, Senhor, manda-me ir ter contigo, por sobre as águas” e Jesus diz “Vem!”. Foi preciso ter muita fé para poder acreditar em um suposto fantasma, colocar os pés na água e ir em direção ao mesmo. E Pedro tinha fé o bastante. Ele sai do barco e começa a caminhar sobre as águas. Todavia, reparando a força do vento, Simão teve medo e começou a submergir. E num grito desesperado clama por socorro, e no mesmo instante Jesus o segura pela mão e diz: “Homem de pequena fé, por que duvidaste?”.

Pedro com isso se revelou como alguém que tinha fé suficiente para sair ao encontro de Jesus, mas insuficiente para chegar até ele. Fé para ir e não para chegar. Todavia, com experiências como esta ele teve sua fé fortalecida durante toda a sua caminhada com o Mestre.


A segunda experiência que mostra o caráter inconstante de Simão Pedro está registrada em Mateus 16.13 a 23. Naquela ocasião Jesus questiona junto aos discípulos sobre “Quem diz o povo ser o Filho do Homem?”. Várias respostas são dadas pelos discípulos. Todavia, ao ouvi-los, Jesus pergunta: “Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou?”. Mediante essa nova pergunta ouve-se um silêncio de todos, menos um. Pedro fala: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”.

Diante de tal resposta, Pedro é elogiado por Jesus que disse: “Bem-aventurado Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que estás nos céus” e continuou “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus”.

Com tais palavras, Pedro, a rocha, acabara de saber que Deus revelaria sua palavra a ele à medida que submetesse sua mente à verdade. A mensagem que ele devia proclamar seria entregue a ele pelo próprio Deus (vs. 17). Soube também que receberia as chaves do reino dos céus – o que significava que sua mensagem abriria o reino de Deus para a salvação de muitos (vs.19), o que de fato aconteceu no dia de pentecostes.

Tal experiência positiva elevou o coração de Pedro. Certamente começou a olhar para si mesmo além do que convém. O que se revelou nos minutos seguintes. Ao ouvir Jesus falar que seria morto e ressuscitado nos próximos dias, Pedro, cheio de si, chama Jesus à parte e começa a reprová-lo dizendo: “Tem compaixão de ti, Senhor; isso de modo algum te acontecerá.”

Mal sabia ele, que tais palavras protetoras, apesar de parecer inocente, não fora sussurrada aos seus ouvidos pelo Espírito de Deus. A isso respondeu Jesus: “Arreda Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens”. Por não submeter seus pensamentos à Palavra segura de Jesus, que acabara de dizer que “era necessário ir a Jerusalém morrer e ressuscitar” Pedro sofreu a mais dura repreensão da qual se tem registro.

Pedro precisou ouvir essa repreensão dolorosa, para aprender que apesar do inimigo de nossas almas não poder nos possuir, ele fará todos os esforços para nos levar a defender idéias que atrapalham o cumprimento do plano de Deus de salvação do mundo. Aprendeu também, que submeter-se à Palavra de Deus é a maneira mais segura para não cairmos nas ciladas do inimigo.


Outra experiência marcante na vida de Pedro está registrada em Mateus 26. 31-35 e 69-75. O contexto desta passagem nos remete a ultima ceia. Depois de lavar os pés dos discípulos, indicar o traidor e instituir a ceia, Jesus adverte aos discípulos que ao ser entregue às autoridades, todos o abandonariam. Todavia, depois que ressuscitasse ele tomaria a iniciativa de reencontrá-los.

Nesse instante, Pedro discorda do Mestre fazendo uma maravilhosa declaração de amor: “Ainda que venhas a ser um tropeço para todos, nunca o será para mim”. A isso Jesus respondeu: “Em verdade te digo que, nesta mesma noite, antes que o galo cante, tu me negarás três vezes”.

Pedro não se deu por convencido, era um absurdo admitir que ele fosse capaz de negar aquele a quem amava, então disse: “Ainda que me seja necessário morrer contigo, de nenhum modo te negarei”. Nesse instante Jesus silencia, pois sabia que aquela experiência ensinaria a Pedro mais uma grande lição, a de depender totalmente de Deus.

Ao saírem dali, Jesus é preso e Pedro o segue a distância. Sabemos o que aconteceu naquela noite. Ao ser questionado sobre sua relação com Jesus, por três vezes seguidas e em público, Pedro trata o assunto com indiferença e assim nega por três vezes como nenhum outro discípulo havia feito. Ao ouvir o galo cantar, Pedro se lembra da conversa com Jesus e foge chorando amargamente. Ele até tinha boas intenções, mas dessa vez aprendera da forma mais difícil que era humanamente fraco e não podia confiar em seu próprio coração.

Três dias depois da morte de Jesus, algumas mulheres são surpreendidas por um anjo dizendo que ele havia ressuscitado. “Mas ide” disse o anjo “dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vai adiante de vós para a Galiléia; lá o vereis, como ele vos disse.” (Marcos 16:7). Observe que o anjo faz questão de dizer o nome de Pedro porque certamente ele não se considerava mais digno de ser discípulo de Cristo, estava decepcionado consigo mesmo. Mas, como havia prometido, Jesus reencontra seus discípulos e restaura aquele que o havia negado por três vezes. Assim Pedro aprendeu como deveria confiar somente na Palavra do Senhor e não em seu próprio coração.

CONCLUSÃO

Que fim teve a vida de Pedro? As Escrituras não narram. No entanto a história da Igreja registra que Pedro foi morto crucificado. Quando chegou sua hora de morrer, ele pediu para ser crucificado de cabeça para baixo, pois não se achava digno de morrer como seu Senhor havia morrido. E assim, ele foi morto em uma cruz invertida.

domingo, 20 de setembro de 2009

Mateus, o discípulo desprezado


Temos aprendido sobre a vida dos doze homens comuns escolhidos por Jesus para formarem o seu grupo de discípulos que teriam a responsabilidade de liderar a Igreja de Cristo nos anos que se seguiram à sua morte e ressurreição.

Depois da introdução nós aprendemos sobre a personalidade, vida e ministério de alguns deles. Vimos: Tiago, o discípulo justo; Tiago, o discípulo menor; Filipe, o discípulo que fazia as contas; Natanael, o discípulo sincero; Judas, o discípulo com três nomes; Tomé, o discípulo incrédulo; André, o discípulo das pequenas coisas; E HOJE veremos Mateus, o discípulo desprezado.



Entre os doze homens comuns chamados por Jesus, encontramos Mateus. No evangelho de Marcos ele é chamado pelo seu nome judeu, ou seja, Levi (aquele que une) e também cita o nome de seu pai, Alfeu. Já Lucas, o doutor, o chama de Levi (no evangelho que também leva seu nome) e de Mateus (Dom ou presente de Deus) no livro de Atos.

Seria natural encontrarmos mais informações a seu respeito nos evangelhos, uma vez que ele é o autor do evangelho que leva seu nome. Mateus se colocou em segundo plano ao fazer o relato da vida e ministério de Jesus. Em todo o seu relato ele cita seu nome apenas duas vezes. A primeira quando é chamado à conversão e a segunda quando é chamado a fazer parte do grupo de discípulos pelo Mestre.

Vejamos o que podemos aprender com a biografia desse homem tão misterioso.


Quando Mateus foi chamado por Jesus, ele era um coletor de impostos, ou seja, um publicano.
Os coletores de impostos eram as pessoas mais desprezadas pelo povo de Israel. Eram odiados e rejeitados por toda a sociedade judaica. Eram considerados mais desprezíveis do que os Samaritanos e as prostitutas.

Tal sentimento se devia pelo motivo de que os publicanos compravam o direito do imperador romano de cobrar impostos dos judeus e com isso cobravam altos impostos do povo de Israel para encher os cofres dos romanos e os seus próprios bolsos. Com freqüência eles arrancavam dinheiro das pessoas à força e violência através de seus capangas. Eram corruptos, gananciosos, cruéis e sem princípio algum.

Mateus 9.9 registra o chamado desse homem. O relato aparece do nada, pegando o leitor de surpresa: “Partindo Jesus dali [Cafarnaum], viu um homem, chamado Mateus sentado na coletoria e disse-lhe: Segue-me! Ele se levantou e o seguiu”.

Mateus, como publicano, trabalhava numa coletoria de impostos onde tratava diretamente com o público. Estava acostumado a sofrer todo tipo de injúria, desprezo e atos de indiferença. Nenhum judeu de bem e em sã consciência jamais escolheria ser um coletor de impostos. Em sua cabeça ele havia, sem dúvida alguma, se afastado não apenas de seu próprio povo, mas também de Deus. Assim, ele deve ter ficado grandemente surpreso quando Jesus o chamou para segui-lo. Tanto que imediatamente, e sem qualquer hesitação, “se levantou e o seguiu”.

Mas o que levou Mateus a abandonar tudo para atender o chamado de Jesus? Podemos supor que ele era um homem ganancioso, até mesmo por causa de sua profissão. Todavia, tudo o que tinha não foi suficiente para satisfazer a maior necessidade de seu coração, ou seja, ser feliz. Mateus trabalhava o dia inteiro, ganhava milhões, mas era infeliz.

O dia em que foi encontrado por Cristo, seu coração foi preenchido de tal forma, que não houve dúvidas, aquele era o homem a quem deveria confiar sua vida, segui-lo para sempre, não importava o que viria acontecer depois. Jesus o aceitava como ele era e poderia transformá-lo numa pessoa feliz, e isso bastava para ele. Na sua experiência era preferível ter uma vida simples ao lado de Jesus, do que ser rico, mas vazio de propósito para com a vida.


Após aquele encontro com Jesus, encontramos Mateus oferecendo um grande banquete em sua casa. Diz-nos o texto: “E sucedeu que, estando ele em casa, à mesa, muitos publicanos e pecadores vieram e tomaram lugares com Jesus e seus discípulos. Ora, vendo isto, os fariseus perguntavam aos discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores? Mas Jesus, ouvindo, disse: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes. Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos; pois não vim chamar justos, e sim pecadores ao arrependimento.” (Mateus 9:10-13)

Lucas nos informa que na verdade, esse banquete oferecido por Mateus, foi um grande banquete oferecido em sua própria casa em homenagem a Jesus. Como aconteceu com Filipe e André, Mateus ficou tão empolgado ao conhecer Jesus que resolveu apresentar seus amigos àquele homem que estava sendo chamado de “amigo de publicanos”. Preparou um grande banquete em homenagem ao Mestre e convidou todas as pessoas que conhecia.

Mas quem foram os convidados de Mateus? Lucas diz-nos que eram numerosos publicanos e outros pecadores que estavam à mesa. Todavia, também encontramos alguns penetras fariseus e seus escribas que estavam ali apenas para observar Jesus buscando algum motivo para condená-lo. Eles sequer participaram do banquete porque isso os contaminaria. Ao verem Jesus comendo com os publicanos e pecadores, os fariseus murmuram contra os discípulos dizendo: “Por que comeis e bebeis com os publicanos e pecadores?” A isso respondeu Jesus: “Os sãos não precisam de médico e sim os doentes. Não vim chamar justo, e sim pecadores ao arrependimento”. (Lucas 5:29-32)

Jesus deixou claro que não havia nada que ele pudesse fazer para membros de igreja que pensam que por ser tão puros não podem se relacionar, sem comprometer seus princípios, com pecadores. Não há nada que possa ser feito para pessoas que teimam em manter suas aparências piedosas e falsas. Jesus se ocupa em mudar a vida de pecadores arrependidos como Mateus.

Por que Mateus convidou justamente publicanos e outros indivíduos desprezíveis para participar do banquete oferecido a Jesus? Simples. Estas pessoas eram as únicas que se relacionavam com um homem como Mateus. Era um coletor de impostos, um publicano, e os publicanos eram desprezados e proibidos até de participarem dos cultos no templo ou em qualquer sinagoga. Eram considerados indignos por todos a tal ponto que, era permitido você enganá-los e mentir para eles, pois era isso que merecia alguém cuja profissão era de explorar e trair o povo.

Assim, os únicos amigos de Mateus eram vagabundos, prostitutas, criminosos e gente dessa laia. Foram essas pessoas que ele convidou à sua casa para conhecerem a Jesus. De acordo com o relato do próprio Mateus, Jesus e seus discípulos aceitaram o convite e foram de bom grado e comeram com eles.

CONCLUSÃO

Sabemos que Mateus escreveu seu evangelho pensando num público judeu. A tradição diz que ele ministrou aos judeus durante muitos anos antes de ser queimado vivo como uma tocha humana. Assim, esse homem que abandonou uma carreira lucrativa sem pensar duas vezes, continuou disposto a dar tudo de si por Cristo até o fim.

Isso é basicamente tudo o que sabemos sobre Mateus. O suficiente para entendermos que assim como ele, fomos chamados por graça e não por merecimento. Assim como ele, podemos compartilhar com nossos amigos a maior de todas as boas notícias, a notícia de que Deus as ama e quer torná-las em pessoas melhores.

domingo, 13 de setembro de 2009

André, o discípulo das pequenas coisas


Temos aprendido sobre a vida dos doze homens comuns escolhidos por Jesus para formarem o seu grupo de discípulos que teriam a responsabilidade de liderar a Igreja de Cristo nos anos que se seguiram à sua morte e ressurreição.

Depois da introdução nós aprendemos sobre a personalidade, vida e ministério de alguns deles. Vimos: Tiago, o discípulo justo; Tiago, o discípulo menor; Filipe, o discípulo que fazia as contas; Natanael, o discípulo sincero; Judas, o discípulo com três nomes; Tomé, o discípulo incrédulo; E HOJE veremos André, o discípulo das pequenas coisas.


André era irmão de Pedro. Naturais de Betsaida, (Jo 1:44) residiam na região da Galiléia onde tocavam juntos um pequeno comércio de peixes. Em Cafarnaum conheceram outros dois irmãos, também pescadores, Tiago e João, os filhos de Zebedeu.

As Escrituras não relatam muita coisa a seu respeito. Quando o cita como indivíduo nunca o relaciona a qualquer desonra. Certamente, como participante do grupo de discípulos, André cometeu seus erros, mas como indivíduo é elogiado. Na maior parte das vezes em que seu nome é citado, vem acompanhado da frase “irmão de Pedro”, como se isso lhe conferisse importância.

Sempre que ele fala, o que é raro nas Escrituras, diz a coisa certa. Diferente de seu irmão, André era do tipo de pessoa que não fala muito, mas quando fala convence a todos. Ele era intenso naquilo que fazia e sempre disposto a pagar o preço pela sua fé.

André foi o primeiro discípulo a receber o chamado de Jesus para segui-lo (Jo 1:35-40). Isso aconteceu quando André começou a seguir João Batista e ouviu da boca dele, no deserto da Judéia, que Jesus era o Messias prometido. Naquela tarde André e seu amigo João, ao ver Jesus passar o perguntaram sobre o lugar onde ele estava morando. Segundo a narrativa de João, eles foram até onde Jesus estava morando e passaram a tarde conversando com ele.

Vejamos o que aconteceu com André após aquele encontro e o que podemos descobrir a respeito de sua personalidade.


Em se tratando de lidar com pessoas, André tinha um carinho especial. Quase todas as vezes que o vimos nas Escrituras, ele está ocupado levando alguém a Jesus. Por causa disso, até hoje, André é conhecido como aquele que leva amigos a Cristo e não multidões.

Basta olhar para o primeiro capítulo de João e você perceberá qual foi a primeira coisa que fez depois de ter passado uma tarde com ele. As Escrituras diz: “Ele achou primeiro o seu próprio irmão, Simão, a quem disse: Achamos o Messias (que quer dizer Cristo), e o levou a Jesus (vs. 41 e 42).

Ao estudar a vida destes dois irmãos, podemos perceber que ambos tinham o coração evangelista. Todavia eles são bem diferentes quanto ao método pelo qual apresentavam Jesus às pessoas. Enquanto Pedro era o evangelista das multidões (lembre-se que foi ele o pregador que levou mais de três mil pessoas a Cristo no dia da Festa de Pentecostes), André era do tipo que apresentava Jesus através do relacionamento pessoal. Ambos foram importantes para o estabelecimento da Igreja, mas qualquer líder de Igreja afirmará que o trabalho de alguém como André produz mais resultados a longo prazo do que o de Pedro. E nesse caso, basta lembrar que os mais de três mil foram convertidos porque André levou Pedro pessoalmente a conhecer Jesus.

Outro texto que cita André levando pessoas a Cristo é João 12. Aqui encontramos alguns gregos que vieram até Jerusalém para conhecer a Cristo. Estes procuram primeiro a Filipe, que se sente desconfortável em apresentá-los a Cristo. Naquele instante é bem provável que Filipe tenha pensado em uma solução. Olhando para as Escrituras não é difícil identificar qual foi essa “incrível solução” de Filipe para apresentar “gentios” a Jesus. Diz-nos o texto: “Filipe foi dizê-lo a André, e André e Filipe o comunicaram a Jesus.” (Jo 12:22).

André não ficava confuso quando alguém desejava ver Jesus. Ele simplesmente os levava ao Mestre. Ele entendia que Jesus gostava de conversar com pessoas que queriam conhecê-lo (Jo 6:37). Jamais se sentiu desconfortável em apresentar Jesus para alguém. Lembre-se que ele levou seu irmão Pedro a Jesus e se tornou o primeiro missionário, e aqui, ao levar os gregos a Jesus ele se torna o primeiro missionário internacional. Assim era André, costumava falar de Jesus aos seus amigos, um a um.


Em João 6 encontramos mais uma vez o discípulo André em ação. Depois de um dia exausto, Jesus se encontra diante de uma multidão faminta. Ao ver aquela situação os discípulos o chama a parte e o aconselha a despedir a multidão para que cada um pudesse buscar o que comer nas cidades vizinhas. Diante disso eles são desafiados pelo Mestre que disse “daí-lhes vós mesmo de comer” (Lucas 9).

Naquele momento encontramos Filipe, o discípulo que fazia as contas, calculando quanto seria necessário enquanto os demais certamente murmuravam, como de costume. Todavia, é nesse instante que encontramos André dizendo algo importante. Vejamos o texto: “Um de seus discípulos, chamado André, irmão de Simão Pedro, informou a Jesus: Está aí um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas isto que é para tanta gente?” (João 6:8 e 9)

Num primeiro momento somos tentados a pensar que André expressa um certo pessimismo, mas não se engane. O texto revela que André, diferente dos demais percebera que mais alguém, além dos doze, estava disposto a contribuir nem que fosse com uma dádiva pequena. Tratava-se de um menino que possuía cinco pães e dois peixinhos.

A pergunta que ele faz é uma pergunta retórica, ou seja, pergunta que por si só já é a resposta. É claro que André sabia que aquela pequena dádiva não podia resolver o problema da fome da multidão, mas ao levar o garoto a Jesus ele estava dando a entender que uma dádiva, até pode ser pequena, mas nas mãos de Deus pode ser usada de forma grandiosa. André não pensa duas vezes para levar diante de Jesus aquele menino. Lá no fundo, ele sabia que Jesus era capaz de fazer algo com aquela pequena contribuição.

André preparou o caminho para o milagre. Naquela tarde mais de cinco mil pessoas foram alimentadas e ainda sobraram doze cestos cheios. É claro que Jesus não precisava da oferta daquele menino para alimentar a multidão. Todavia esse episódio nos revela que Deus tem prazer em usar dádivas insignificantes para realizar coisas monumentais. E André sabia disso.

CONCLUSÃO

Tanto quanto sabemos, André jamais pregou para multidões. Seu ministério foi restrito a apresentar Jesus através de relacionamento pessoal. O livro de Atos não fala nada a seu respeito e não temos nem mesmo uma pequena carta escrita por ele nas escrituras. Todavia, o historiador Eusébio diz-nos que ele anunciou o evangelho até onde hoje é a Rússia.

André falou de Cristo a esposa de um imperador romano que enfurecido mandou crucificá-lo. Ele foi amarrado numa cruz durante dois dias e enquanto estava ali, falava de Jesus a todos que por ele passavam. Teve uma vida inteira dedicada a falar de Jesus a pessoas através do relacionamento pessoal motivando e desafiando a todos a servir a Deus com o que tinha em mãos.

domingo, 6 de setembro de 2009

Tomé, o discípulo incrédulo


Depois da introdução nós aprendemos sobre a personalidade, vida e ministério de alguns deles. Vimos: Tiago, o discípulo zeloso; Tiago, o discípulo menor; Filipe, o discípulo que fazia as contas; Natanael, o discípulo sincero; Judas, o discípulo com três nomes; E HOJE veremos Tomé, o discípulo incrédulo.


Tomé é outro discípulo que tem omitida a sua história pelos três primeiros evangelhos. Apenas João é que relata alguns episódios através dos quais podemos saber sobre a sua personalidade.

João também o chama de “Dídimo” que significa “o gêmeo”, dando a entender que ele tinha uma irmã ou irmão gêmeo. Todavia, a Bíblia nada fala sobre esse assunto.

De acordo com a tradição popular, Tomé é conhecido como sendo o discípulo incrédulo e como todo incrédulo, era do tipo de pessoa que olhava só para o lado triste da vida. Vivia olhando com desconfiança exagerada para tudo. Em toda situação estava sempre esperando o pior. Mas, surpreendentemente também tinha lá o seu lado bom, era corajoso. Sua incredulidade causava-lhe sérios problemas, vejamos:


A primeira vez que Tomé é citado por João, é quando da morte de Lázaro. Jesus estava sendo procurado na Judéia por seus inimigos que estavam decididos a matá-lo. Por esta razão Jesus havia se retirado para o outro lado do Jordão, onde estava desenvolvendo um ministério bem sucedido, e ao que parece, foi o melhor período da popularidade de Jesus.

Todavia, chega-lhe a notícia de que seu amigo Lázaro estava muito doente e que ele deveria ir vê-lo. Surge então um dilema, Lázaro morava na aldeia de Betânia, região da Judéia e se Jesus fosse visitá-lo poderia ser preso e morto. Então, o que fazer?

Os discípulos devem ter ficado aliviados quando Jesus, inicialmente, resolveu ficar. Mas, dois dias depois, eles são surpreendidos com a firme decisão do Mestre: “Lázaro morreu... mas vou para despertá-lo” (João 11:11). Nesse momento, os discípulos ficam perturbados e tentam inutilmente impedir a viagem de volta à Judéia. Eles estavam com muito medo do que pudesse vir a acontecer e relutantes àquela viagem, apesar da advertência de Jesus de que eles não precisavam temer porque naquela hora era preciso fazer a obra do Pai ‘enquanto era dia’, ou seja, eles não seriam presos e nem mortos naquela viagem.

Foi nesse momento que Tomé falou aos demais discípulos “Vamos também nós para morrermos com ele” (vs. 16). Para Tomé era mais fácil acreditar que seriam mortos do que acreditar que não seriam presos e que Lázaro poderia ser ressuscitado conforme a palavra de Jesus. Todavia, há um toque de coragem na palavra de Tomé. Já que Cristo não lhe quis dar ouvidos, estava disposto a ir e morrer com ele, o que não apaga a sua incredulidade na palavra de Cristo.

Não é fácil ser um incrédulo. É um jeito miserável de se viver. O crente teria dito “Vamos lá; vai dar tudo certo. O Senhor já disse que nada de mal vai nos acontecer, podemos acreditar”. Mas, o incrédulo diz “Não adianta, ele vai morrer mesmo, então só nos resta ir e morrer com ele também”.

A incredulidade de Tomé o impediu de ver o que estava para acontecer. Jesus disse que ele iria despertar Lázaro do sono da morte. Era um grande momento que marcaria sua vida, onde Cristo demonstraria ao vivo e a cores o seu poder como Deus encarnado, todavia, Tomé não conseguiu perceber o que estava para acontecer por causa de sua incredulidade.


A outra ocasião em que encontramos o incrédulo Tomé é quando Jesus está preparando os discípulos para sua morte (João 14). Naquela ocasião dizia Jesus: “Vou prepara-vos lugar” (vs 2) e “voltarei e vos receberei para mim mesmo” (vs. 3) e “vocês sabem o caminho” (vs. 4).

Os discípulos haviam colocado em Jesus toda a esperança de que ele se tornasse o rei de Israel e os livrasse da opressão do império romano. Todavia, com as palavras de despedida de Jesus, tal expectativa é frustrada. Ele iria embora, e mesmo que garantisse a sua volta, Tomé não tinha fé suficiente para acreditar. Esperar não era seu forte, era preciso saber o endereço para onde Jesus estava indo para que ele pudesse ir por conta própria. Por isso ele pergunta: “Senhor, não sabemos para onde vais; como saber o caminho?” (vs. 5)

A isso Jesus respondeu: “Eu Sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim” (vs. 6). Ou seja, bastava seguir todas as orientações e ensinos dados pelo Mestre que certamente eles estariam diante de Deus na eternidade, até porque é ele quem tomaria a iniciativa do reencontro quando disse “voltarei e vos receberei para mim mesmo” (vs. 3).

Até aquele momento Jesus havia dado inúmeras provas de que ele era digno de confiança. Tudo o que ele havia falado, havia se cumprido. Mas Tomé, cabisbaixo, não acreditava que poderia reencontrá-lo novamente depois daquela despedida.

Pessoas como Tomé não acreditam muito que Deus pode interferir em suas vidas. Tem dificuldades de acreditar na interferência do Todo Poderoso em sua história. Para eles, o melhor da vida já passou. Deus até existe, agiu no passado, mas não fará grandes coisas no presente em seu favor. Pior, se olhassem para trás, encontrariam muitos motivos para acreditar que Deus sempre se mostrou presente e ativo em suas vidas e fará intervenções no futuro quantas vezes forem necessárias.


O último relato a respeito de Tomé está registrado em João 20. Após a morte e ressurreição do Senhor ele aparece aos seus discípulos dentro de um salão com as portas trancadas e nessa ocasião Jesus mostrou suas mãos e o lado ferido pela lança quando de sua morte. João diz que estavam todos os discípulos reunidos ali, exceto Tomé (Jo 20:24).

Mas por que Tomé estava ausente? Não é difícil perceber que ele estava envolvido em sua incredulidade mais uma vez. Ele não acreditava que a ressurreição de Cristo poderia acontecer mesmo. Se retira do convívio social, busca um lugar deserto, se sentindo arrasado, destruído. Não estava disposto a estar com ninguém, até mesmo com seus amigos.

No entanto, depois da experiência de ter visto o Senhor ressurreto, os discípulos procuram Tomé para dar-lhe a boa notícia. “Vimos o Senhor” disseram eles, mas pasme, ouçam a resposta de alguém que tem sua fé diminuída: “... Se eu não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser o dedo, e não puser a mão ao seu lado, de modo algum acreditarei” (vs 25).

É por esse motivo que Tomé é chamado de o discípulo de pouca fé. Os discípulos se retiram com aparente insucesso na tentativa de reanimar Tomé. No entanto, diz-nos a Bíblia que Tomé só tomou a decisão de unir ao grupo oito dias depois. E algo maravilhoso aconteceu. Mais uma vez, eles estavam no salão de portas fechadas, quando Jesus aparece no meio deles, e sem que ninguém o comunica sobre as dúvidas de Tomé, Jesus aproxima-se dele e diz “Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; chega também a tua mão e põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente” (vs 27). O curioso é que Tomé, mesmo vendo o Senhor, fez questão de apalpá-lo. E somente assim, convencido da ressurreição do Senhor, ele confessa “Senhor meu e Deus meu!” (vs. 28) ao que Jesus responde “Por que me vistes creste? FELIZES os que não viram e creram” (vs. 29).

Pessoas como Tomé, precisam entender que Deus as ama, apesar de sua fé deficiente. Todavia, devem tirar os olhos das circunstâncias contrárias e fixar seus olhos no Deus que tudo pode e que jamais terá um só de seus planos frustrados. A felicidade certamente não depende do que temos ou da ausência de problemas em nossas vidas. A felicidade depende de confiarmos em Deus em toda e qualquer situação. E Tomé teve que aprender isso.

Tomé foi de fato transformado pelo Senhor. Cheio do Espírito Santo tornou-se um grande pregador na Índia, onde levou milhares de pessoas a confiar em Jesus. A história da Igreja diz-nos que ele morreu atravessado por uma lança. Curiosamente, no mesmo lugar do corpo em que Jesus também foi ferido por uma lança.

Com Tomé aprendemos que a incredulidade impede nossos olhos de antever o agir de Deus em nossas vidas, rouba nossa esperança de dias melhores e diminui consideravelmente nossa fé reduzindo-nos a uma vida infeliz. Mas, o que nos consola é saber que Deus trabalha nossa personalidade, em tempo certo e de maneira correta. É preciso estar atentos ao que ele está fazendo em nós e nos submetermos ao seu tratamento. Que ele nos abençoe.

domingo, 16 de agosto de 2009

Judas, o discípulo com três nomes


Temos aprendido sobre a vida dos doze homens comuns escolhidos por Jesus para formarem o seu grupo de discípulos que teriam a responsabilidade de liderar a Igreja de Cristo nos anos que se seguiram à sua morte e ressurreição.

Depois da introdução nós aprendemos sobre a personalidade, vida e ministério de alguns deles. Vimos: Tiago, o discípulo justo; Tiago, o discípulo menor; Filipe, o discípulo que fazia as contas; Natanael, o discípulo sincero; E HOJE veremos Judas, o discípulo com três nomes.


Judas, filho de Tiago tem sua história omitida nos evangelhos. Apenas uma passagem relata uma de suas conversas com o Mestre, o suficiente para nos revelar um ensino precioso.

Judas, filho de Tiago, na verdade tinha três nomes.

O nome que recebeu ao nascer foi Judas que significa “Jeová conduz”.

Apesar de ter um nome de forte significado, no entanto, o seu nome sempre terá uma conotação negativa por causa de seu xará de sobrenome Iscariotes.

Em Mateus 10:3, ele é chamado de Tadeu, que significa “criança de peito”. Uma conotação normalmente dada ao filho caçula. Trata-se daquele filho que por ser o último tem sobre si uma atenção especial e que por vezes é tratado pelos irmãos como sendo o “queridinho da mamãe”.

O texto de Mateus 10:3, o nome de Tadeu também pode ser traduzido como sendo Lebeu. Algumas versões trazem esse nome, que significa “criança do coração”. Ou seja, este nome apenas reforça o fato de ser uma pessoa, que além de ser o caçula, era o preferido da mãe.

É bom lembrar que, destes três nomes, na verdade, apenas Judas era nome, já Tadeu e Lebeu eram apelidos.

Os dois apelidos sugerem também uma pessoa de coração amoroso e bondoso, de alma gentil e de fácil relacionamento. O tipo de gente que se dá bem com todo mundo.


O Novo Testamento registra apenas um episódio envolvendo Judas Tadeu Lebeu. Trata-se da passagem de João 14:16-31.

Jesus estava preparando seu discípulos quanto ao que haveria de acontecer. No início do capítulo ele fala da necessidade de ir ao encontro do Pai e da vinda do Consolador. Diz que voltaria assim que preparasse os lugares para receber seus discípulos.

Jesus também fala que ao ressuscitar ao terceiro dia, ele se revelaria aos doze, e não ao mundo inteiro. É nesse contexto que Judas, ciente de tamanho privilégio, pergunta ao Mestre: “Donde procede, Senhor, que estás para manifestar-te a nós e não ao mundo?”. Era como que dissesse, “Senhor, a sua Missão é se revelar ao mundo como sendo o Rei dos reis e Senhor dos senhores, por que nos daria tamanho privilégio de vê-lo antes de todas as pessoas?”

Judas, com seu coração sensível e sincero, percebe o tamanho do privilégio e não se julga digno de tamanha honra. É interessante notar que sua fala não está carregada de nenhuma falsa humildade. Ele não repreende o Senhor, como fizera Pedro. Pelo contrário, sabedor de que Jesus era o Salvador do mundo, não achou digno de que uma ralé de 12 homens pudessem receber tamanha honra.


Mediante a pergunta de Judas, Jesus dá-lhe uma resposta a altura de seu coração amoroso dizendo: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada. Quem não me ama não guarda as minhas palavras; e a palavra que estais ouvindo não é minha, mas do Pai, que me enviou.” (vs. 23 e 24)

A resposta de Jesus significava, “Não vou assumir o controle do mundo e governar os meus filhos com mão de ferro, vou conquistar corações”. A resposta de Jesus revela que no seu Plano eterno, ele jamais imaginou alguém o servindo ou mesmo o seguindo por força, mas por amor. Provérbios 23:26 já nos diz: “Dá-me, filho meu, o teu coração, e os teus olhos se agradem dos meus caminhos.” Na verdade Deus não exige a nossa obediência, ele deseja o nosso amor, porque o amor leva o seu possuidor a uma obediência sadia.

Judas ouviu estas belas palavras e certamente teve seu coração conquistado pelo Mestre. A tradição histórica da Igreja Primitiva diz que ele foi um eterno apaixonado por Jesus. Levou o evangelho diante de reis na Mesopotânea, atual Turquia. Alguns relatos antigos diz que ele curou o rei de Edessa, um homem chamado Abgar. O historiador Eusébio diz que por causa de seu amor pelo Senhor, foi espancado até a morte.

domingo, 9 de agosto de 2009

Natanael, o discípulo sincero


Temos aprendido sobre a vida dos doze homens comuns escolhidos por Jesus para formarem o seu grupo de discípulos que teriam a responsabilidade de liderar a Igreja de Cristo nos anos que se seguiram à sua morte e ressurreição.

Depois da introdução nós aprendemos sobre a personalidade, vida e ministério de alguns deles. Vimos: Tiago, o discípulo zeloso; Tiago, o discípulo menor e no último domingo falamos sobre Filipe, o discípulo que fazia as contas.


Hoje gastaria de conversar com vocês sobre o discípulo sincero, ou seja, Natanael.

Mas, quem era Natanael? Os três primeiros evangelhos o chama de Bartolomeu, enquanto João o chama de Natanael. Na verdade, Bartolomeu é o sobrenome de Natanael, que significa “filho de Tomeu”. Já seu primeiro nome, Natanael, significa “dado por Deus”. Ele era de Caná da Galiléia, onde Jesus realizara seu primeiro milagre, ou seja, a transformação da água em vinho.

É possível que ele também fosse pescador, isso porque, ele é um daqueles que volta na companhia de Pedro para a Galiléia para pescar, no final do evangelho de João. No grupo dos doze, ele é sempre citado junto com Filipe, o discípulo que fazia as contas. Eles não eram irmãos ou mesmo parentes, eram apenas bons amigos.

Assim como acontece com a história de Filipe, Natanael não tem sua história narrada nos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas. Apenas João nos conta sobre dois momentos na vida deste discípulo. João narra seu primeiro encontro com Jesus no capitulo 1, e no capítulo 21 sobre quando voltou com Pedro para a Galiléia após a morte de Cristo.

O texto que servirá de base para a nossa meditação sobre Natanael, será João 1:43-51. Este texto, com certeza tem muito a nos ensinar sobre a sinceridade de Natanael. Leiamos.

Ao ser encontrado por Jesus e conhecê-lo naquela tarde, Filipe não teve dúvidas. Chamou seu amigo chegado para conhecê-lo também, dizendo: “Você não vai acreditar. Encontrei o Messias, e pasme, ele é filho de José, o carpinteiro de Nazaré!”. Ao ouvir tais palavras, ouça a resposta de Natanael: “De Nazaré pode sair alguma coisa boa?”

Não há nenhum registro de alguma rivalidade entre as cidades de Nazaré e Caná. A não ser o fato de que ambas estavam próximas uma da outra, o que naturalmente poderia trazer alguma rivalidade, não há nenhum registro que explique a razão pela qual Natanael era tão pessimista em relação a esta cidade.

É interessante notar as palavras de Natanael. São reveladoras. Ele poderia ter dito: “Filipe, as Escrituras nos diz que o Messias viria de Nazaré? Ele não é relacionado a Belém? Então, não pode ser de Nazaré.” Não, ele preferiu usar palavras duras, agressivas e que machucam, para expressar sua dúvida.

Natanael era uma pessoa sincera, o problema é que sua sinceridade estava acompanhada pela intolerância. Sua rejeição não se deu através de uma análise bíblica e racional, mas foi uma declaração de sua rejeição e intolerância para com a cidade de Nazaré. Natanael precisava aprender que a sinceridade verdadeira não diminui ou menospreza ninguém.

Pessoas como Natanael, conseguem camuflar sua intolerância em nome da sinceridade, mas tem a mesma facilidade de identificar esse pecado nas pessoas quando fazem a mesma coisa. Não estou falando que devemos aprovar atitudes erradas das pessoas, mas que devemos tratá-las com dignidade, honra e educação, como por exemplo, chamá-las pelo nome que gostam de ser chamadas e não com palavras que as depreciam, em nome da sinceridade.

A intolerância anda de braços dados com o orgulho. A intolerância acontece quando nos julgamos melhores, mais inteligentes, mais dignos, mais justos do que os outros. Ela nos coloca no banco do juiz e as pessoas no banco dos réus.


Mesmo com a dúvida ardendo em seu coração, Natanael foi ao encontro de Jesus. Mas, mesmo antes de fazer qualquer questionamento Jesus o recebe com um elogio sincero: “Eis um verdadeiro israelita, em quem não há engano!” (João 1:47) Foi um tratamento de choque. Ele não podia acreditar, estava sendo elogiado por alguém que ele acabara de por em dúvida sua índole. Então, ele diz: “De onde me conheces?” e aí mal sabia ele que a resposta de Jesus o deixaria ainda mais surpreso, disse Jesus: “Antes de Filipe te chamar, EU TE VI, quando estavas debaixo da figueira” (João 1:48).

Não sabemos o que Natanael estava fazendo ou pensando debaixo da figueira, mas certamente ele acreditava que ninguém o estava observando. É possível até que ele tivesse pensando sobre ser ele um “verdadeiro israelita”, alguém que não engana ninguém, que sempre fala a verdade, doa o que doer. O elogio de Jesus e o fato de dizer que o viu debaixo da figueira, surpreende Natanael de tal forma, que ele se vê atraído pelo Mestre que acabara de conhecer.

Pessoas como Natanael precisam aprender que Deus não observa apenas nossas expressões verbais, mas a intenção do nosso coração também é conhecida por ele. Ele sonda o mais íntimo de nosso ser e nada passa despercebido diante de seus olhos. A sinceridade certamente é uma virtude, quando ela não está acompanhada de intenções maldosas.


Mediante as palavras reveladoras de Jesus, Natanael reconhece estar diante não apenas do Messias, Rei dos reis, mas é envolvido com a certeza de estar diante de Deus dizendo: “Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel!” (João 1:49). Agora sim! As palavras de Natanael são sinceras. São palavras que não diminuem ninguém, não tem por traz de si, nenhuma outra intenção, a não ser de expressar a sua fé em Jesus. Por isso recebem o reconhecimento e aprovação do Senhor.

Jesus não desconfia da confissão de Natanael, antes afirma que sua confissão foi verdadeira e faz-lhe uma promessa dizendo: “Porque te disse que te vi debaixo da figueira, crês? Pois maiores coisas do que estas verás. E acrescentou: Em verdade, em verdade vos digo que vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem” (João 1:50-51)

Algum tempo depois, Natanael estava com os demais discípulos quando Jesus foi elevado aos céus diante dos próprios olhos. Certamente ele se lembrou da promessa feita por Jesus em seu primeiro encontro.

Os registros da Igreja Primitiva nos informam que Natanael foi um discípulo fiel e dedicado ao Senhor até o fim de seus dias. Ministrou na Pérsia e na Índia e levou o evangelho até a Armênia. Não sabemos ao certo como ele morreu, mas alguns historiadores afirmam de que ele foi amarrado dentro de um saco e lançado ao mar.

Deus tem prazer em honrar aqueles que lhe servem com sinceridade. Natanael é um bom exemplo disso. No dia em que encontrou Jesus ele aprendeu que a verdadeira sinceridade não diminui ninguém, e é aprovada pelos olhos de Deus quando é uma expressão da verdade que vai ao coração.

domingo, 2 de agosto de 2009

Filipe, o discípulo que fazia as contas


Com a série de mensagens “Ele escolheu doze homens comuns” nós temos aprendido que o único critério usado por Jesus na escolha dos doze discípulos foi o amor. Eles, assim como nós, não tinham aptidões, cursos, qualificações para exercer tão importante tarefa, a de fundamentar a Igreja cuja “pedra angular” é o próprio Cristo.

Já falamos sobre Tiago, o discípulo justo e de Tiago, o discípulo menor.



Hoje falaremos sobre o discípulo que fazia as contas. Mas quem é ele?

É curioso perceber que as narrativas de Mateus, Marcos e Lucas nada falam sobre esse discípulo. Todas as informações que temos dele nos são dadas pela narrativa do apóstolo João.

Ele era da cidade de Betsaida, a mesma cidade de André, Pedro, Tiago e João (João 1:44). Existem fortes evidências de que eles se conheciam desde a infância e de que o discípulo que fazia as contas era um dos pescadores que trabalhava para a peixaria de Zebedeu, pai de Tiago e João. Ele aparece com freqüência acompanhado de Natanael. Esse último era de Caná da Galiléia e ao que tudo indica, os dois eram amigos chegados dentro do grupo dos doze.

O seu nome significa “aquele que gosta de cavalos”. Estamos falando de Filipe. É bom não confundirmos esse Filipe, com o Filipe diácono e evangelista de Atos 6, que anuncia o evangelho ao eunuco etíope. O discípulo Filipe era outra pessoa.

Encontramos Filipe pela primeira vez no capítulo 1 de João quando ele é convidado pelo próprio Jesus a segui-lo. No dia anterior, Jesus havia sido batizado por João no rio Jordão e recebido a visita de André, Pedro e João que foram até a sua casa.

Numa rápida leitura de João 1:43, somos sugestionados a afirmar que Filipe “foi convertido” no momento em que recebera o convite de Jesus. Todavia, ao estudar a personalidade dele, podemos certificar que sua decisão apenas teve inicio ali. Filipe não se tornaria discípulo sem antes conferir se Jesus era realmente o Messias prometido, o Filho de Deus.

Tanto é verdade que, assim que ele é convencido de que o filho de José, o carpinteiro, era o Messias, ainda surpreso com tal descoberta, ele se rende a Jesus e procura seu melhor amigo Natanael dizendo: “Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas: Jesus, o Nazareno, filho de José.” (João 1:45)

Filipe havia acompanhado Jesus como um investigador, se perguntando: “vamos ver qual é a desse filho de José, veremos se as evidências confirmam ou não ser ele o Messias segundo as profecias”. Ele vai com Jesus, ouve tudo, analisa as evidências, confere as promessas, para só depois se render ao Senhorio de Cristo. Filipe era extremamente racional.

Observe outro detalhe. Quando ele procura seu amigo Natanael, ele diz: “Achamos aquele...”. Isso é revelador. Para Filipe, ele achou Jesus e não o contrário. Mas o que diz o texto? Vejamos: “NO DIA IMEDIATO, RESOLVEU JESUS PARTIR PARA A GALILÉIA E ENCONTROU A FILIPE, A QUEM DISSE: SEGUE-ME.” (João 1:43). Quem encontrou quem aqui?

Cristo encontrou Filipe primeiro. Temos aqui a tensão existente entre a eleição soberana e a escolha do ser humano. O chamado de Filipe é uma ilustração de como as duas existem em perfeita harmonia. O Senhor encontrou Filipe, mas Filipe sentiu que ele é quem havia encontrado o Senhor. Contudo, do ponto de vista bíblico, sabemos que a escolha determinante pertence a Deus: “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros” (João 15:16ª)


João 6 narra a ocasião em que Cristo havia se retirado da cidade, para um dos montes, onde ensinava seus discípulos, quando foram surpreendidos por uma multidão. O texto diz que só de homens havia quase 5000, fora mulheres e crianças. Estima-se de que havia ali, no mínimo 10 mil pessoas.

Depois de atendê-los com sua palavra, diz-nos o texto: “ENTÃO, JESUS VENDO A MULTIDÃO... DISSE A FILIPE: ONDE COMPRAREMOS PÃES PARA LHES DAR A COMER? RESPONDEU-LHE FILIPE: NÃO LHES BASTARIAM DUZENTOS DENÁRIOS DE PÃO, PARA RECEBER CADA UM O SEU PEDAÇO.” (João 6: 5 e 7)

Por que o mestre escolheu Filipe para fazer-lhe a pergunta? Por que não Mateus, Tiago ou mesmo Judas? Simples. O vs. 6 diz-nos que Jesus estava experimentando Filipe. Filipe era extremamente metódico e amava fazer cálculos. Era o “pessimista” e “pão-duro”. Estava sempre obcecado por descobrir a razão pelas quais as coisas não podem ser feitas, em vez de buscar uma forma de fazê-las.

Jesus sabia que desde a chegada da multidão, Filipe havia se desligado de sua mensagem. Ele estava ocupado contando quantas bocas havia ali e quantos denários seriam necessários para alimentar aquela multidão. “Bem” pensava ele, “com um denário podemos comprar 10 pães de trigo. Cevada é mais barato, 20 pães. Se dividirmos ao meio, teremos 40 pedaços. Com os 200 denários que ainda temos em caixa, igual a 8000 pedaços de pães” e então olha para a multidão e concluí: “é como eu já previa, não dá mesmo”. Tanto é verdade que, ao ouvir a pergunta do Mestre, ele já tinha a resposta na ponta da língua: “Senhor, pelos meus cálculos, não será possível, mesmo com 200 denários”.

Pessoas como Filipe tem dificuldades de acreditar no poder de Deus. Filipe poderia ter dito a Jesus: “Senhor, de fato não temos recursos financeiros para alimentar essa multidão, mas, ouvi dizer que tem um menino aí com 5 pães e dois peixes. Sei que assim como o Senhor transformou água em vinho em Caná da Galiléia, podes fazer o mesmo com pães e peixes. Se quiser, o Senhor pode alimentar esse povo com o seu poder”.

Sabe qual era o problema de Filipe? Ele sabia matemática demais para servir a Deus. Ele precisou aprender que no Reino de Deus, falta de recursos nunca foi problema. Problema no Reino de Deus tem outro nome – PECADO. Sabemos o final da história, com seu poder Jesus fez a multiplicação dos pães e peixes e alimentou a todos. Naquela noite cada discípulo voltou para casa, especialmente Filipe, com um cesto nas mãos, cheio de pães e peixes. Aleluia!


Estamos agora no capítulo 12 de João. Aqui encontramos Jesus chegando à cidade de Jerusalém para a festa da Páscoa, quando alguns gregos desejosos de ter uma conversa em particular com Jesus, procura Filipe (talvez por ser ele o único no grupo dos doze com nome grego) e tenta agendar com ele tal encontro. Qual é a atitude de Filipe? Reveladora.

Filipe não fazia nada sem antes olhar quais eram as regras. “Bem”, pensa ele, “vejamos o manual. Aqui está. Jesus foi enviado aos judeus (Mt 10:5, 6 e 15:24). Estranho, não diz nada sobre receber gentios e samaritanos”. Surge então a dúvida: “Gentios podem ser recebidos por Jesus? E se eu marcar essa entrevista e for chamado a atenção? O manual não deixa claro essa questão. Não posso assumir tal risco.” Filipe apreciava regras absolutas para ser cumpridas com rigidez. Por isso, ele não estava preparado para fazer algo que era fora do convencional.

Nessa situação, o melhor é transferir a responsabilidade. Diz-nos o texto, “FILIPE FOI DIZÊ-LO A ANDRÉ, E ANDRÉ E FILIPE O COMUNICARAM A JESUS.” (João 12:22). Mas por que André? André era do tipo que levava qualquer um a Jesus (havia levado Pedro, até a casa de Jesus sem pedir permissão, o que era um absurdo aos olhos de Filipe). Então, nada mais seguro do que transferir a responsabilidade deste ato ao “ingênuo e irresponsável” André. Assim, se algo desse errado, a culpa seria dele.

É certo que a Palavra de Deus é o nosso guia para todas as circunstâncias da vida. Além do mais, o Espírito Santo sempre a usará para nos instruir: “Quando te desviares para a direita e quando te desviares para a esquerda, os teus ouvidos ouvirão atrás de ti uma palavra, dizendo: Este é o caminho, andai por ele.” Isaías 30:21. Todavia existem situações em que não há regras absolutas, e nesse momento, ao invés de procurar alguém para assumir o risco em nosso lugar, precisamos ter coragem de assumir nossos atos. André não pensou duas vezes, levou os gentios a Jesus certo de que estava fazendo o correto. Corajoso é aquele que sabe enfrentar os seus medos.


Era a última noite de Jesus com seus discípulos, antes de sua morte. Jesus os reúne para a última ceia. Fala aos seus corações, preparando-os para o momento difícil. Durante a ceia, ele abre o coração, diz da necessidade de ir ao Pai e enviar o Espírito Santo.

Naquele instante, Tomé abre a boca e pergunta o que estavam pensando: “Senhor, não sabemos para onde vais, como saber o caminho?” (João 14:5). A isso Jesus responde: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai a não ser por mim”. Nesse momento, Filipe faz o pior comentário que alguém poderia fazer naquele momento. Diz ele: “SENHOR, MOSTRA-NOS O PAI, E ISSO NOS BASTA.” (João 14:8).

Quanta insensibilidade! O racional Filipe, que não gosta de lidar com sentimentos, após 18 meses, caminhando 24 horas por dia com o Mestre, sete dias por semana, ainda duvida da palavra de Jesus. “Senhor, em vez de ficar falando sobre o Pai, dá-nos um dado concreto, um sinal claro, aqui e agora, preto no branco, e acreditarei”. Que miséria! A resposta de Jesus foi imediata: “Filipe, há tanto tempo estou convosco e ainda não acredita que eu e o Pai somos a mesma pessoa? Acredite nisso, pelo menos pelas obras que realizei”.

Por causa de sua insensibilidade, Filipe não se deu conta que nos últimos meses havia andado com o próprio Deus em pessoa. A resposta do Senhor desperta a mente de Filipe para tudo aquilo que ele havia feito com seu poder divino. Nenhum ser humano é capaz de realizar feitos tão poderosos. Filipe havia sido testemunha de inumeráveis curas extraordinárias, visto paralíticos andarem, morto ressuscitar, pães e peixes se multiplicar, e ainda assim estava em dúvida a respeito de Jesus ser Deus. Filipe viu Deus agindo o tempo todo, mas optou pelo caminho do “acaso”. Foi sorte, diz ele. Pessoas assim passam a vida ao lado do Senhor, sem conhecê-lo, como o irmão do filho pródigo, até o servem, mas sem alegria. Lastimável.

Depois daquela última conversa com Jesus, algo aconteceu. Não sabemos o que, nem mesmo como. Mas, podemos afirmar que Jesus transformou aquele Filipe em um discípulo especial. A história da Igreja diz que ele continuava com espírito investigador, mas agora para ensinar a Palavra de Deus ao povo. Ele tornou-se num grande pregador evangelista, foi responsável em conduzir multidões a Cristo. Por causa de sua fé fortalecida, viajou sem muito recurso, para anunciar a salvação. Sua sensibilidade ao Espírito de Deus o levou a ser morto, apedrejado em Heliópolis na Ásia Menor, oito anos depois de Tiago, filho de Zebedeu. Filipe aprendeu a lição.