quarta-feira, 29 de abril de 2009

A conversão da Igreja


Tradicionalmente, Atos 10 tem sido lido e entendido pura e simplesmente como o relato da conversão do centurião Cornélio. No entanto, este texto nos apresenta não só a conversão deste gentio chamado Cornélio a Jesus e seu evangelho, mas também a conversão da igreja, primeiramente na pessoa de Pedro (At. 10) e depois no agrupamento de seus líderes (At. 11), à vontade de Deus para que homens e mulheres de todas as tribos, povos e raças viessem a fazer parte de seu povo.

Seria este o caso de algumas de nossas igrejas hoje? Estaríamos nós, como igreja, necessitando de conversão à ação e direção missionária do Espírito para que nossos parentes, amigos e vizinhos venham a conhecer a Jesus como Senhor e Salvador de suas vidas? Considerando Atos 10, vejamos três conversões necessárias para uma Igreja desejosa de corresponder com fidelidade a seu chamado onde Deus a tem colocado.


Os primeiros versos do capítulo 10 de Atos nos apresentam um homem gentio chamado Cornélio. Como todos nós sabemos, os gentios eram considerados pelos judeus como impuros e, conseqüentemente, pessoas distantes da relação e da ação de Deus. Por causa disso, era até mesmo proibido a um judeu relacionar-se com gentios, como Pedro afirma aos da casa de Cornélio: “Vós bem sabeis que é proibido a um judeu ajuntar-se ou mesmo aproximar-se a alguém de outra raça; mas Deus me demonstrou que a nenhum homem considerasse comum ou imundo.” (vs.28)

No entanto, lendo o texto a partir desta perspectiva judaica, a descrição de Cornélio apresentada pelo evangelista Lucas causa surpresa ao afirmar que Cornélio era: “Piedoso e temente a Deus, com toda a sua casa, o qual fazia muitas esmolas ao povo, e de contínuo orava a Deus” (vs.2). Mais surpreendente ainda é o fato de que Lucas nos diz que Cornélio teve uma visão vinda de Deus (vs. 3-6) e diante disto, obedeceu prontamente às ordens de Deus (vs.7-8).

Um importante princípio missionário que podemos apreender deste trecho é o da necessidade de estarmos sempre sensíveis à ação de Deus no mundo e na vida daqueles que nos cercam. Às vezes, somos erroneamente levados a pensar que Deus só cuida e só age na vida dos que estão na igreja, ou seja, Deus é o Senhor da Igreja. No entanto, a Bíblia nos apresenta inúmeras evidências de Deus como Senhor do Universo e que age sobre tudo e sobre todos.

Como tem se dado nossa relação com nossos parentes, amigos e vizinhos envolvidos pela religiosidade brasileira expressa no catolicismo, espiritismo e em tantos outros “ismos” que nos cercam? Sei que fomos educados a enxergá-los como pessoas sob influência exclusiva de Lúcifer e sem qualquer contato com a graça e providência de Deus. Mas será esta uma visão bíblica apropriada? Que tal começarmos a observá-los de forma um pouco mais atenta e procurarmos perceber o cuidado e ação de Deus em suas vidas? Que tal estarmos mais sensíveis a sentimentos e situações geradas por Deus em suas vidas como portas para a apresentação de Jesus? Que tal exercitarmos um coração mais aberto, paciente e sensível para com aqueles que, assim como Cornélio, mesmo que de forma ainda imprecisa e sem considerar a pessoa de Jesus, demonstram desejo na busca de Deus?


Em Atos 10: 11-16 Pedro está orando quando, numa visão, ele é ordenado a comer alimentos que anteriormente eram proibidos pela lei cerimonial judaica. Pedro responde sem vacilar: “De modo nenhum, Senhor, jamais comi cousa alguma comum e imunda.” No entanto, a ordem que se segue é: “Ao que Deus purificou não consideres comum.” Isto nos indica que, apesar da resposta inicial de Pedro ter aparência de fidelidade a Deus era na verdade fidelidade à uma determinada “tradição” a qual, apesar de usada por Deus num determinado momento histórico, havia se tornado agora um empecilho para a missão.

Assim, Pedro é desafiado pelo Espírito a reavaliar o alvo de sua fidelidade: sua tradição ou o Deus de sua tradição? Esta reavaliação conduz Pedro, primeiramente, a compreender a flexibilidade nas “tradições” de expressão da fé e de comunicação de Deus e sua vontade aos homens. Por outro lado, esta flexibilidade viabiliza diretamente seu testemunho no mundo, pois Ele afirma aos da casa de Cornélio: Vós bem sabeis que é proibido a um judeu ajuntar-se ou mesmo aproximar-se a alguém de outra raça; mas Deus me demonstrou que a nenhum homem considerasse comum ou imundo.” (vs.28)

Mas o que esta experiência tem para no ensinar? Como crentes, num mundo em constantes e rápidas mudanças, primeiramente somos convocados a ser fiéis à imutável Palavra de Deus. Por outro lado, precisamos considerar que nossa tarefa é levar esta Palavra imutável a um mundo em constantes e rápidas transformações. Por isso, apesar de comprometidos com a Palavra, precisamos reconhecer a flexibilidade dos métodos usados por Deus, através das quais podemos comunicar e expressar nosso compromisso de fé.


Nos versos 19-20, encontramos uma ordem de Deus a Pedro: “Estão aí dois homens que te procuram; levanta-te, pois, desce e vai com eles nada duvidando, porque eu os enviei.” No verso 23, encontramos a resposta de Pedro à ordem dada: “No dia seguinte levantou-se e partiu com eles…” O que se segue é o relato da chegada de Pedro à casa de Cornélio, o encontro do apóstolo com um grupo sedento pela mensagem da salvação e, como fruto maior desta aproximação, a manifestação da graça de Deus na vida daqueles homens e mulheres.

Assim como Pedro foi desafiado por Deus à aproximação daqueles gentios, Felipe já havia vivenciado experiência semelhante em relação ao eunuco etíope (At.8:26-40) e Paulo ouviria um varão macedônio em sonho lhe dizer: “Passa à Macedônia e ajuda-nos” (At.16:9). Mas o maior exemplo deste desafio à aproximação dos homens e mulheres encontramos na própria vida de Jesus, pois como relata João, “…o Verbo se fez carne e habitou entre nós…” (Jo.1:14). Assim, o apóstolo Paulo nos desafia: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus…” (Fp.2:6-7).

Desta forma, se queremos ver a manifestação da graça de Deus na vida de nossos amigos, precisamos nos conscientizar do desafio em termos o mesmo sentimento que houve em Cristo e nos aproximarmos deliberada e intencionalmente deles. Devemos estar atentos às oportunidades para demonstração de interesse e amor genuíno às pessoas. Elas só estarão abertas para ouvir o que temos a dizer quando sentirem o quanto nos importamos de fato com elas.

No entanto, alguns obstáculos têm impedido a aproximação entre os crentes e as pessoas que diariamente os cercam. Gostaria de apontar apenas dois deles para nossa reflexão:

A falsa concepção de santidade. Ser cristão, como é definido por Jesus, implica em ser sal da terra e a luz do mundo (Mt.5:14-16). Mas, como pode o sal ter efeito se permanecer no saleiro? Ou como pode uma lâmpada cumprir seu papel se for mantida numa prateleira com outras lâmpadas? Quando decidimos por ter uma vida missionária, somos convidados a sair de nossa zona de conforto e segurança que são os amigos da igreja, as conversas dos crentes e as atividades da comunidade, e nos envolver com um mundo estranho e perigoso. Mas mesmo assim Jesus orou: “Não peço que os tires do mundo; e, sim, que os guardes do mal.” (Jo.17:15).

O ativismo religioso. Tenho notado que a maioria dos casos em que as pessoas se convertem, por um tempo pequeno este crente ele ainda goza de certos relacionamentos com amigos, parentes e vizinhos. Porém, após algum tempo de envolvimento com as constantes atividades da igreja, seu círculo de relacionamentos se restringe apenas aos da fé. Isso significa que as agendas de nossas comunidades estão normalmente tão cheias que dificilmente temos tempo para estar com aqueles que não pertencem a ela.

Duas amiguinhas do coração

Eu e a Isabela
Agora é a vez da Cida
Letícia - outra linda princesinha.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Perfil da Igreja - Março 2009


Estudamos nas últimas semanas os 8 princípios de qualidade que estão presentes nas Igrejas que estão crescendo e ausentes nas Igrejas que estão morrendo apontados pela pesquisa realizada pelo IPI nas mais de 1000 Igrejas, em 32 países nos cinco continentes. São eles:

1) Liderança capacitadora
2) Ministérios orientados pelos dons
3) Espiritualidade contagiante
4) Estruturas funcionais
5) Culto inspirador
6) Grupos pequenos
7) Evangelização orientada para as necessidades
8) Relacionamentos marcados pelo amor

Na semana passada fizemos a pesquisa do nosso perfil. Vejamos os resultados.



O real desafio da nossa pesquisa é medir e comparar os oito princípios de qualidade, pois a importância desses princípios já tinha sido abordada nos estudos anteriores.

Devemos ter em mente, ao olhar para os resultados que, nenhum destes princípios podem produzir o crescimento natural e saudável de uma Igreja sozinho, mas somente a ação conjunta dos oito princípios poderá produzir tal crescimento.


Segundo o Instituto de Pesquisa Internacional sobre o DNI, em 99,4% das Igrejas pesquisadas estão com todas os oito princípios de qualidade acima de 65% dos pontos disponíveis em seu levantamento do perfil da Igreja.

Nestas Igrejas vemos que a liderança se comprometeu de corpo e alma com o crescimento da Igreja; que praticamente todos os membros usam seus dons para o bem estar da Igreja; que a fé da maioria é vivida e praticada com entusiasmo contagiante; que as estruturas dessas Igrejas são testadas e renovadas segundo o critério da funcionalidade; que a participação no culto é a experiência mais marcante para a maioria dos membros; que essas Igrejas tem grupos pequenos em que se experimenta o poder do amor e da cura na comunhão cristã; que cada membro dá, de acordo com seu dom, a sua contribuição para o cumprimento da grande comissão. Afinal, vemos que o amor de Jesus transpira em praticamente todas as atividades dessas Igrejas. Sendo assim, você não acha que é impossível uma Igreja dessas não crescer, ou perder membros?

Isso nos leva ao desafio de buscar de maneira prática o desenvolvimento de todos os princípios que estão abaixo deste índice. Quanto aqueles princípios que estão acima deste nível o desafio é usá-los para trabalhar em função daqueles que estão abaixo dos 65% dos pontos possíveis.


E agora? Diante de tantos princípios a ser trabalhado, por onde devemos começar? Uma vez feito o levantamento do perfil da Igreja, nosso trabalho deverá focar aquele princípio que alcançou o menor nível de pontuação, ou seja, o nosso fator mínimo. Isso não significa que não podemos trabalhar os demais princípios de qualidade, mas que o fator mínimo é aquele que terá nossa atenção especial.

Mas por que devemos investir nossos maiores e melhores esforços em nosso fator mínimo ao invés de explorar aqueles pontos que já sabemos serem nossos pontos fortes? Essa pergunta é fácil de responder. Imagine um barril com aduelas de diferentes tamanhos. Se você for enchê-lo d’água, qual será a aduela que limitará a sua capacidade de armazenar água? Claro, aquela que for menor! O mesmo acontece com a Igreja, o seu crescimento certamente será limitado pelo princípio que estiver menos desenvolvido. Por isso devemos focá-lo.
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Uma Igreja missionária

Estatísticas mais recentes apontam para o fato de que a igreja brasileira representa, hoje, uma das maiores forças mundiais em termos de missões. Todavia, ao olharmos para nossas Igrejas somos obrigados a nos perguntar: Nossas Igrejas são verdadeiramente missionárias ou são igrejas com programa de missões? Em princípio, esta preocupação pode parecer estranha para alguns, mas é importante percebermos que “Igrejas missionárias” são bem distintas de “igrejas com um programa de missões”. A confusão talvez resida no fato de que, apesar de toda comunidade missionária ter um certo programa de missões, nem toda igreja com um programa de missões é, essencialmente, uma comunidade missionária.

Uma igreja com um programa de missões pode ser descrita como aquela que tem um grupo de pessoas que cuida das coisas relacionadas a missões, uma parte de seu orçamento mensal é dedicado ao sustento de missionários, e até um final de semana por ano está reservado para uma conferência missionária na igreja. Apesar de tudo isso, ela ainda é apenas uma igreja local com um programa de missões, e não uma comunidade missionária. Mas então, como tornar uma igreja local numa comunidade missionária?




Segundo vimos no evangelho de Mateus, podemos afirmar que as últimas palavras de Jesus à comunidade dos discípulos apontam para o que a IGREJA VIRIA A SER na história a partir do comissionamento recebido (Mt. 28:18-20). Contribui também com tal perspectiva o relato de Atos 1:6-8. Nele, Jesus indica que a comunidade de seus discípulos, posteriormente chamada de igreja, seria uma comunidade essencialmente missionária caracterizada pelo testemunho intencional acerca do evangelho do Reino, seja em Jerusalém, como na Judéia e Samaria, como até nos confins da terra.

Desta forma, o engajamento missionário não se caracterizava como um do programas da igreja, mas como sua própria expressão de vida, razão de ser na história e identidade com a pessoa de Jesus Cristo. Assim, missão não é tido somente como algo que a igreja faz, mas principalmente como algo que a igreja é. (Jo.17:18).

Assim sendo, poderíamos dizer que enquanto a adoção de um programa de missões apenas maquia com sofisticação uma igreja local, mas não lhe garante a identidade de “igreja missionária”, a redescoberta da natureza bíblica da igreja como comunidade de discípulos de Jesus em missão no mundo tem algumas implicações diretas.

· Missão deixa de ser mais um dos programas da comunidade para tornar-se sua própria vida e razão de ser, em torno da qual todas as demais atividades devem fazer sentido.
· A definição de sua própria natureza como missionária leva a igreja local a redefinição de seus propósitos, redimensionamento de suas estruturas e atividades e redistribuição de suas finanças.
· O engajamento missionário deixa de ser responsabilidade de alguns para ser marca de todo aquele que é discípulo de Jesus.


Segundo as palavras de Jesus em Atos 1:6, seus discípulos receberiam o Espírito Santo e então eles seriam testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda Judéia e Samaria, e até aos confins da terra. Desta forma, é pela ação do Espírito que a igreja se move em e para missões, bem como é pela sua capacitação que o evangelho se faz compreendido e eficaz na vida dos ouvintes (Jo.16:7-10). Logo, fazer missões sem o envolvimento com a pessoa do Espírito Santo de Deus resultará numa comunidade com um programa de missões, mas não numa comunidade genuinamente missionária.

Se observarmos o livro de Atos notaremos que o termo “missões” está relacionado à obra do Espírito. É no Seu poder que Pedro prega no pentecostes (At.2:4,14), é pela Sua ação que Pedro e João testificam no templo e diante do Sinédrio (At.4:8), é Sua capacitação que impulsiona os cristãos primitivos a pregar com intrepidez (At.3:31), é Sua presença na vida de Estevão que o suporta diante do martírio (At.6:5), é pelo Seu mover e confirmação que o evangelho chega aos de Samaria (At.8) e aos da casa de Cornélio (At.10), é sob Sua orientação que Paulo e Barnabé são separados e enviados aos gentios (At.13:2),e é sob Sua direção que as viagens missionárias são conduzidas (At.16:7).

Esta breve e superficial visão já é suficiente para nos levar a questionar: Quanto de nossos programas missionários têm a ver com a ação e o mover do Espírito Santo em nosso meio? Temos nós entendido que o verdadeiro comprometimento e envolvimento com a obra missionária só são possíveis através do comprometimento e envolvimento com a obra do Espírito em nossas vidas e no mundo em que vivemos?

Isso nos faz lembrar o popular cântico evangélico que diz: “Como sairemos de Jerusalém se o Espírito Santo não mover os nossos corações? Como iremos à Judéia ou à Samaria a enfrentar poderes maiores que nós? Oh Senhor, tem misericórdia de nós. Oh Senhor, vem com seu poder sobre nós”.


Com a entrada do pecado no mundo, se instalou no homem um senso de irresponsabilidade para com aqueles que lhe cerca. Exemplo disso encontramos na boca de Caim: “Acaso sou eu tutor de meu irmão ?” (Gn. 4:8). Em contra partida, Deus chama Abraão para que nele todas as nações da terra fossem abençoadas (Gn. 12:2,3). Assim, o chamado, antes de ser um mero privilégio para Abraão, era também uma responsabilidade para com o mundo. A mesma ênfase está nas palavras de Jesus quando comissiona seus discípulos para serem responsáveis no fazer discípulos de todas as nações (Mt. 28:19). Jesus ainda indica que o campo missionário de seus discípulos seria tanto em Jerusalém, como em toda Judéia e Samaria, e até aos confins da terra (At. 1:8).

Três são as barreiras mais comuns para que uma igreja assuma esta responsabilidade para com o mundo que lhe cerca. A primeira está relacionada à própria falta de consciência quanto à responsabilidade. Algumas igrejas vivem como ilhas no oceano. Fazem seus cultos, promovem atividades para as mais diversas faixas etárias e organizam confraternizações visando o bem-estar comunitário. Quando se fala do mundo exterior, o sentimento é de perigo e ameaça. O mundo é algo do qual todo crente deve se manter distante.

Outra barreira se relaciona à interpretação errônea de que Atos 1:6 nos diz para que sejamos testemunhas primeiro em nossa própria Jerusalém, depois em nossa Judéia e Samaria, e aí então nos confins da terra. Igrejas e pessoas que pensam desta forma costumam argumentar: Por que vamos enviar pessoas para evangelizar no Japão se aqui mesmo, em nossa cidade, existe tanta gente sem Jesus?

Uma terceira barreira se levanta quando pessoas ou igrejas, desafiadas pela necessidade mundial e bem intencionadas nas suas disposições, acabam por enfatizar tanto a obra “nos confins da terra” que se esquecem de que seu chamado missionário envolve também sua Jerusalém e regiões circunvizinhas. Igrejas induzidas por este pensamento muitas vezes se sentem cumpridoras de seu dever por sustentarem missionários em outras partes do mundo quando seu próprio rol de membros permanece inalterado há anos.

Uma comunidade genuinamente missionária é aquela que assume sua responsabilidade de testemunhar através de sua presença, suas palavras e seu serviço ao mundo que a cerca, tanto em sua própria Jerusalém, como em sua Judéia e Samaria, e até nos confins da terra. Uma igreja missionária marca sua passagem pela história, glorificando assim o nome de Deus, tanto em seu bairro, como no interior de seu país, como também nos confins da terra.

domingo, 19 de abril de 2009

Missão


O tema “Você nasceu para brilhar” tem por base o texto de Mateus 6.14-16 que afirma que nós somos a luz do mundo, que brilhando levaremos outros a glorificar a Deus.

Num primeiro momento definimos a nossa identidade de filhos de Deus, como algo indispensável para brilhar nesse mundo, junto aos nossos amigos, parentes e conhecidos. O exemplo dado foi o de Jesus que por ter sua identidade bem definida, o capacitou a enfrentar todas as dificuldades que alguém possa passar nessa vida.

Depois entendemos que fomos chamados pelo Mestre Jesus para segui-lo. Tal chamado se deve ao fato de que ele acredita que podemos ser como ele. Mas qual é a minha parte específica nesta missão? É o que veremos hoje.



Desde o seu nascimento, Jesus foi conhecido como o filho de José e Maria. Todavia, por trás deste rótulo, escondia-se a natureza mais profunda do seu ser, bem como a sua missão, ou seja, ele sabia que era Filho de Deus bem como a missão para a qual fora chamado. Jesus Sabia exatamente qual era o plano de Deus para sua vida. Certa vez ele mesmo disse: “o Filho do Homem veio para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” Mc 10.45. Também em João 6.38 podemos conferir a convicção de Jesus quanto ao sentido de sua vida: “Desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou”.

Quem diz “vivo para fazer a vontade de Deus” não poderá mais tomar decisões por conta própria, mas vive na dependência de Deus. Coisas como a escolha da profissão, do parceiro, do modo de vida e de como gastar o dinheiro, tornam-se assuntos a considerar junto ao Senhor. A decisão de comprar uma casa não pode ser tomada antes de tê-la apresentado a Deus.

Por causa de sua missão, Jesus abandona a casa e a oficina de seu pai com cerca de 30 anos de idade para levar uma vida itinerante e não aceita fazer nada que o atrapalhe a cumprir o plano de Deus para sua vida. Os anos que passou em casa com seus pais, aprendendo o ofício de carpinteiro, são anos de preparo para o que, finalmente, se reduziu a apenas três anos de intenso ministério, que terminaram em sua prisão, morte e ressurreição.

Em Lucas 9.51 testemunhamos um momento extremamente importante, diz-nos o texto: “Aconteceu que, ao se completarem os dias em que devia ele ser assunto ao céu, manifestou, no semblante, a intrépida resolução de ir para Jerusalém”. É um momento significativo e marcante no evangelho de Lucas, no qual Jesus aperta os cintos e parte para a última etapa do caminho, que trará grande sofrimento. Não muito tempo depois, em sua oração no Getsêmani ele diz: “Pai, se possível, passa de mim este cálice!” É um momento de profunda dor e horror por aquilo que virá. Mas mesmo aí, Jesus permanece fiel a sua missão dizendo: “Todavia, não faça a minha vontade, mas a sua.” Lc 22.42-43. Estava disposto a qualquer coisa para realizar a vontade de Deus para sua vida.


Você sabe dizer qual é o plano de Deus para sua vida? Até onde o plano de Deus determina o que você faz ou deixa de fazer? É verdade que muitos cristãos sofrem de uma cegueira quanto àquilo que Deus deseja com suas vidas. Por esta razão não são poucas as vezes que nos vemos atarefados com uma porção de atividades que sequer sabemos se elas contribuem ou não para o cumprimento da missão de Deus em resgatar a humanidade, e conseqüentemente, ficamos a desejar considerando o que poderíamos contribuir com o reino de Deus na terra.

Mas será que Deus tem um plano específico e pessoal para cada cristão? Existe de fato uma missão que somente você poderá realizá-la para a glória de Deus? É certo que sim! Jesus deixou claro que devemos “ir por todo o mundo e pregar o evangelho a toda criatura” Mc 16.15. E foi exatamente isso que ele fez, e mais, nos convidou a ser seus discípulos porque acredita que podemos ser e fazer assim como ele.

Deus de fato tem um plano maravilhoso para o mundo, todavia, ele convida cada um de nós, para participar deste plano de maneira especial, única e por inteiro. Você e eu temos algo específico a realizar nessa missão. Cabe-nos submeter a Deus e cumprir nossa parte na história com os dons e habilidades dados por Deus. Afinal, para o desempenho de nossa parte no plano de Deus, ele mesmo nos capacita para servi-lo.

Como o nosso alvo é alcançar as pessoas não comprometidas com Cristo, nossa vida cristã não poderá limitar-se a reuniões aos domingos em nosso templo, mas deverá influenciar tudo aquilo que somos e fazemos no dia a dia. Em casa, na escola, no trabalho e mesmo nos momentos de lazer é preciso nos ver como pessoas em missão. É preciso assumir responsabilidades que Deus nos confiou e procurar viver de tal modo que ele seja honrado. Esta grande missão de levar os homens a glorificar a Deus, molda toda a nossa vida e tudo o que fazemos ou deixamos de fazer.

Paulo entendeu bem esse ensino. Ele tinha consciência de que tudo em que se ocupava nessa vida só teria razão e sentido se isso de alguma maneira contribuísse para que vidas fossem transformadas pelo poder do evangelho. É da boca dele que ouvimos “Porém em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus.” Atos 20:24, e em outra ocasião Paulo deixa claro que tudo quanto ele se ocupava tinha uma segunda boa intenção: “Fiz-me de tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns” 1 Coríntios 9.22.

PARA PENSAR E AGIR

Assim como Jesus, José do Egito e tantos outros, os cristãos devem ocupar seus lugares na sociedade como luz que brilham. Não devemos nos isolar das pessoas que não temem a Deus, devemos influenciá-las e despertar nelas o desejo de conhecer nosso Deus e Pai. A vida do cristão não é assunto particular, que só diz respeito a si mesmo. Tudo o que fazemos ou omitimos, todas as nossas decisões tem conseqüências cujo alcance é maior do que percebemos, ou seja, o resgate de pessoas queridas ao coração do Pai.

Se trabalho como vendedor, preciso entender que não vendo apenas para ter lucro, mas através da minha honestidade, postura e educação em lidar com os clientes tenho como objetivo despertar o interesse deles no Deus que amo e sirvo. Se trabalho em uma pequena ou grande empresa, meu zelo, pontualidade e fidelidade devem apontar para o fato de quem é o meu Pai. Na escola devo buscar fazer o meu melhor não só me dedicando aos estudos, mas no trato com os demais demonstrando consideração e sendo cordial com todos, para que vendo minhas boas obras, os demais alunos e professores reconheçam que sou filho do Pai celeste.

Como filhos de Deus temos algo a contribuir com a grande missão de Deus de resgatar o mundo perdido. A parte de Jesus foi morrer e ressuscitar na cruz para que esse plano pudesse ser viável. A nossa parte é brilhar onde estamos para que Deus seja glorificado em nós e através de nós.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

O desafio urbano

Em Mateus 13 encontramos nas analogias que Jesus apresenta da “árvore que acolhe os pássaros cansados” e do “fermento que leveda toda a massa” duas interessantes estratégias missionária para a Igreja na cidade:


A árvore que acolhe os pássaros - ACOLHER
Cercada por pessoas cansadas e feridas, a igreja local deve assumir seu papel como lugar de restauração de forças físicas, emocionais e espirituais na cidade. Projetos variados podem ser criados em ordem de assistir às pessoas que vivem na cidade. O alvo destes projetos pode ser a assistência de grupos tais como Homens, mulheres e crianças de rua, Mães solteiras, Desempregados, Divorciados, Vítimas de violência, Viciados em drogas, Alcoólatras, Sem-terras, Deficientes, etc.

O fermento que leveda toda a massa - INFLUENCIAR
Este tipo de ação distingue a igreja local de qualquer instituição assistencial. Enquanto o “acolher” lida com os sintomas, o “influenciar” ataca as causas da opressão e injustiça presente na cidade. A igreja deve incentivar seus membros a se envolverem na sociedade com o firme propósito de serem ali LUZ e SAL. Jovens, homens e mulheres precisam ser conscientizados de que, onde quer que estejam eles estão ali como cidadãos do Reino.

Mas, como a Igreja Presbiteriana do Brasil tem se portado no decorrer da história?


Depois da fundação da primeira igreja no Rio de Janeiro (1862) e da segunda em São Paulo (1865), o presbiterianismo brasileiro cresceu tanto nos seus primeiros 35 anos que levou a Igreja Presbiteriana ser, na virada do século, a maior Igreja Protestante no Brasil.

Alguns fatores contribuíram decisivamente para esta efetividade:

A proximidade da população.
Em 1872 apenas 5,9% da população brasileira estava nas cidades e sob a forte tutela do catolicismo romano. No entanto, mais de 94% da população era rural e marginalizada economicamente. Nesse contexto rural a IPB cresce oferecendo educação em seus templos e espaços comunitários.

A centralidade do trabalho leigo.
O trabalho contava com uma liderança capacitadora que contribuía para o surgimento e treinamento de liderança leiga. No leste de Minas, região onde o presbiterianismo mais cresce, líderes treinados e aprovados foram ordenados sem passarem pela educação teológica formal de um Seminário.

A flexibilidade estrutural.
Tão logo quanto se percebeu a receptividade da mensagem protestante entre a população rural, os esforços e estratégias missionárias foram alteradas. Devido às grandes distâncias, não era possível a organização de igrejas locais com toda estrutura convencional, por isso as comunidades contavam com um mínimo de estrutura e um máximo de relacionamentos.


Começando na década de 30, o Brasil vive um rápido processo de urbanização. Se em 1920 apenas 10,7% de sua população estava nas cidades, em 1991, chega a mais de 75%.


Interessante notar que durante o processo de urbanização do Brasil, o crescimento da IPB se apresenta inversamente proporcional a esta realidade. Como vemos no gráfico, enquanto na década de 1917 a 1927 o crescimento da IPB era superior a 80%, na década de 1947 a 1957 seu crescimento foi de aproximadamente 30%. Desde então, nunca mais a IPB alcançou o mesmo índice de crescimento.

Interessante destacar que o estilo do presbiterianismo urbano se torna justamente o oposto do perfil que levou a IPB a ser, na virada do século, a maior denominação de missão no Brasil. Além disso, as mesmas características abandonadas pela IPB na cidade, foram aquelas que levaram as Assembléias de Deus e as Igrejas Batistas ao rápido desenvolvimento nas áreas urbanas.


A tensão entre pastores nacionais e missionários estrangeiros contribuiu para uma falsa distinção entre os conceitos “igreja” e “missão”. Com a finalidade de amenizar as tensões entre nacionais e estrangeiros foi criado, em 1917, o Plano Brasil. De acordo com o plano, enquanto as “missões” eram responsáveis pela expansão em áreas distantes e pouco populosas, a “Igreja” era responsável pela manutenção dos trabalhos já estabelecidos nas cidades.

Desde então, a obra missionária foi sempre vista como algo a ser feito em lugares distantes. A relação da igreja local urbana com missões se restringe, quando muito, a orações, contribuições financeiras e envio de jovens aos “campos missionários”. Assim, a igreja urbana quase sempre se vê apenas como um suporte para aqueles que “fazem missão”, mas não como uma comunidade em missão.


Tendo em vista que o crescimento presbiteriano inicial se deu na região rural do país, por um lado, pouquíssimos homens correspondiam às exigências mínimas para adentrar num curso de formação teológica. Cerca de 85% da população era analfabeta. Por outro lado, para aqueles que vinham do interior para o Seminário, a formação teológica de nível superior tornava-se uma rota de ascensão social para a classe média minoritária brasileira.

Assim parece que treinar obreiros profunda e eficazmente sem que estes se tornem indivíduos profissionais do púlpito se caracteriza como um dos grandes desafios urbanos de nossos dias.



Falar em rápido crescimento da taxa de urbanização do Brasil durante as últimas décadas é também falar do aumento de taxas relacionadas a criminalidade, violência, prostituição, desemprego, miséria, abandono de crianças, desabrigados, epidemias e doenças emocionais.

Na cidade, o pecado humano se torna mais visível e a corrupção da sociedade mais presente. Assim, a missão da igreja urbana deve gerar não só a conversão dos cidadãos, mas também produzir a transformação das estruturas de opressão e de injustiça que os envolvem.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Chamado


Na semana passada demos início a série “Você nasceu para brilhar” tendo por base o texto de Mateus 6.14-16 que afirma que nós somos a luz do mundo, que brilhando leva outros a glorificar a Deus.

Num primeiro momento definimos a nossa identidade de filhos de Deus como algo indispensável para brilhar nesse mundo, junto aos nossos amigos, parentes e conhecidos. O exemplo dado foi o de Jesus que por ter sua identidade consolidada, foi capaz de enfrentar todas as dificuldades que alguém possa enfrentar nessa vida.

Hoje meditaremos sobre a razão pela qual o Senhor nos chamou para brilhar. Para tanto, leiamos Mateus 14.22 a 33. Em meio a uma forte tempestade, os discípulos estão fazendo todo esforço para manter suas vidas, quando Jesus aparece andando sobre as águas. Eles ficam apavorados até que Jesus se identifica. Um deles, Pedro, sai do barco e começa a andar sobre as águas em direção a Jesus. O que Pedro estava pensando naquele momento? O que o leva a acreditar que ele poderia andar sobre as águas? A atitude de Pedro só faz sentido quando entendemos o pano de fundo dessa passagem.



Jesus é um Mestre judeu, com discípulos judeus, vivendo no mundo judeu do primeiro século. Cresceu numa região chamada Galiléia, e aprendeu a Torá, os cinco primeiros livros da Bíblia, como todo judeu. Torá significa ensino, instrução, ou simplesmente “o caminho”. A Torá era o centro de suas vidas e a base da educação em suas escolas.

A maioria das crianças entrava na escola, a sinagoga local, com seis anos de idade e eram instruídas na Torá por um Mestre judeu. Esse primeiro nível de ensino ia até os dez anos de idade, quando cada criança sabia recitar todos os livros da Torá. Elas tinham cada palavra gravada em seus corações. Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio, decorados. Após os dez anos, muitas crianças deixavam a escola e voltavam para casa para aprender o ofício da família. Seja a pesca, a plantação ou mesmo confecção com a qual a família levantava seu sustento. Mas, os melhores alunos continuavam estudando. A educação deles prosseguia ao segundo nível.

No segundo nível, os melhores alunos, memorizavam todo o Antigo Testamento, desde Gênesis a Malaquias. Esse nível ia até os 15 anos, no fim do qual voltavam para casa, também para aprender o ofício da família. Mas, os melhores dos melhores podiam prosseguir para o último nível, o nível do discipulado. Eles iam até o Mestre e pediam a ele que os permitissem tornar um de seus discípulos. Discípulo é muito mais do que um aluno. O discípulo além de saber o que o seu Mestre sabe, ele quer SER como seu Mestre. Sendo assim, se desejasse ser um discípulo de seu Mestre você chegaria a ele e diria: “Mestre, quero me tornar um de seus discípulos, quero ser igual a você.” E ele então passaria por uma série de testes.

O Mestre faria perguntas sobre a Torá, sobre os profetas, sobre suas aptidões, perguntas das mais diversas, pois o Mestre queria saber “Este rapaz pode sentar-se a minha frente? Ele pode fazer o que eu faço? Ele pode vir a ser como eu?”. Uma vez que o Mestre acreditasse que você ama a Deus e conhece a Bíblia, mas não o reconhecesse como sendo o melhor dos melhores, ele diria: “vejo que amas a Deus e a Bíblia Sagrada, mas você não tem as qualidades necessárias para ser meu discípulo.” E o Mestre continuaria: “Volte para casa, aprenda o ofício de sua família”. Mas se o Mestre pensasse: “Este rapaz tem as qualidades necessárias. Acho que ele pode fazer o que eu faço”. Então ele diria à você: “Venha. Siga-me”. Então, você com seus 15 anos, deixaria pai, mãe, família, amigos, cidade para acompanhar aquele Mestre por mais 15 anos e dedicaria a sua vida inteira a ser como aquele Mestre até ficar coberto pela poeira de seu Mestre.

Se você é um discípulo seguindo o seu Mestre, após andar por estradas quentes e empoeiradas, a poeira do Mestre que vai a sua frente acaba sujando a frente de sua roupa que o segue de perto. É por isso que surgiu um ditado na Judéia “que você fique coberto pela poeira de seu Mestre”. Os discípulos sabiam exatamente o que significava ficar coberto com a poeira de seu Mestre.


Tudo isso tem grande importância para compreender o ministério de Jesus com seus discípulos. A maioria dos Mestres começavam a ensinar aos 30 anos de idade. A Bíblia diz que aos 30 anos, Jesus estava caminhando no Mar da Galiléia quando encontrou Pedro e André, que eram pescadores. Jesus se aproxima e lhes diz: “Venham. Sigam-me”. Se eles são pescadores e Jesus os chama para serem seus discípulos e eles estão pescando, então eles não são os melhores dos melhores? Eles não tinham passado no teste. E o texto continua dizendo que eles imediatamente largaram suas redes e o seguiram. O que eu sempre achei estranho. Esquisito, não é? Eles largaram tudo e foram. Se você colocar isso no contexto original, tudo faz sentido.

Os Mestres eram os homens mais honrados e reverenciados por todos. Apenas os melhores dos melhores chegavam a ser Mestres! De repente um Mestre está caminhando na praia e diz a você, siga-me, o que ele está dizendo é “Eu acredito que você pode fazer o que eu faço. Você pode ser como eu”. Se um Mestre chegasse até você e o convidasse a segui-lo, naquele contexto, é claro que você deixaria as redes e o seguiria. E o texto continua. Jesus encontra outros dois irmãos, Tiago e João, que estão pescando para seu pai Zabedeu. Se estavam pescando para o pai, o que eram? Eram aprendizes do ofício! Então, se eles não estavam seguindo a nenhum outro mestre, é porque eles não eram bons o bastante. Também não tinham passado no teste. Não eram os melhores dos melhores. E o que os judeus falam deles tempos mais tarde? “Estes homens eram pescadores, iletrados”. Jesus chamou homens reprovados, para fazer deles homens que mudaram o mundo. Homens simples, sem capacidade intelectual admirável, para mostrar as grandezas de seu amor.


Voltando a tempestade no mar, você tem um bando de homens reprovados, a água está agitada e o vento forte, e eles estão apavorados. Tanto que ao verem Jesus pensam ser ele um fantasma. Então Pedro reconhecendo o Mestre diz: “Se é mesmo você, deixe-me ir até aí”. Por que essa é a reação de Pedro? Por que ele quer andar sobre as águas? Porque ele é um discípulo. Ele orientou toda a sua vida para ser como seu Mestre, para fazer tudo o que seu Mestre faz. Então ele vê o seu Mestre caminhar sobre as águas, e o que ele faz? Ele pensa “meu Mestre está andando sobre as águas, vou andar também.” Então Pedro sai do barco e caminha sobre as águas, mas ele começa a afundar e grita: “Senhor, salva-me!” O texto diz que Jesus imediatamente o segura pelo braço e diz: “Homem de pequena fé, por que duvidaste?”

Eu sempre presumi que Pedro duvidara de Jesus. Mas Jesus não está afundando! Então porque Pedro duvida? Ele duvida de si mesmo. Ele tira os olhos de Jesus e passa a observar a força do vento. Nesse instante, sua luz apaga, e a escuridão da dúvida toma conta de todo seu corpo. Ele duvida de que seria capaz de continuar andando rumo a Jesus. Ele duvida de que pode ser como seu Mestre. Pedro esquece que Jesus não o teria chamado se não acreditasse nele. Jesus até o adverte em outro momento dizendo: “Ei! Não foram vocês que me escolheram. Eu os escolhi”. Um Mestre não escolheria ninguém, a não ser que acreditasse que aquele discípulo poderia ser como ele.


Toda a minha vida ouvi pessoas falando de crer em Deus. Mas neste texto aprendo também que Deus acredita em nós, acredita em você, acredita em mim. Afinal, a fé em Jesus é importante, tanto quanto a fé de Jesus em nós. Ele tem fé em nós. A prova disso é que ele deixou tudo nas mãos dos discípulos. Qual é a última coisa que ele diz aos seus discípulos? Ele diz: “Agora vão, e façam mais discípulos”. Ele deixa tudo nas mãos destes homens reprovados, e eles conseguem!

E nós? Já imaginou! Podemos ser o tipo de pessoa que Deus planejou. Podemos brilhar! Ele acredita nisso! Não é maravilhoso? Ele acredita que podemos ser o tipo de pessoa que vive como Jesus vivia. O tipo de pessoa que age com a consciência de ser um discípulo de Cristo em todas as situações em sua vida. Age para o bem, para verdade. Afinal, Jesus acredita que você pode segui-lo, que você pode ser como ele. Ele acredita nisso.

Que você creia em Deus. Mas possa ver que Deus também crê em você. Que você tenha fé em Jesus. Mas que possa ver que Jesus tem fé que você pode ser como ele. Uma pessoa cheia de amor, compaixão e verdade. Uma pessoa cheia de perdão, paz, alegria e esperança. E que você fique coberto pela poeira de seu querido Mestre Jesus, e assim brilhe.