sexta-feira, 31 de julho de 2009

O Jesus que eu não conhecia

Deseja meu coração
Ama-me com amor sacrificial
Transforma corações
Revela o segredo da vida vitoriosa
Defende seus amigos
Deseja que eu ande com ele
Conversa comigo
Conhecê-lo é tudo

Desenvolvimento Natural da Igreja (DNI)

Introdução ao DNI
O que é Igreja?
Modelos ou princípios?
Oito marcas de qualidade (Parte 1)
Oito marcas de qualidade (Parte 2)
Oito marcas de qualidade (Parte 3)
Oito marcas de qualidade (Parte 4)
Perfil da Igreja - Março 2009
Perfil da Igreja - Novembro 2009

A missão de Deus

Introdução
A natureza e a missão de Deus
A escolha e o chamado de Abraão
Vida e obra de Jesus: Modelo para a Igreja
O desafio urbano
Uma Igreja missionária
A conversão da Igreja

Você nasceu para brilhar

Identidade
Chamado
Missão
Legado

Eu, a patroa e as crianças

Introdução
O casamento
Eu
A patroa
As crianças

Deus do impossível

Um desafio de fé
A bênção impossível
Pessoas comuns, feitos extraordinários!
A cura de lembranças dolorosas
Quando nada mais dá certo

domingo, 26 de julho de 2009

Tiago, o discípulo menor


Há duas semanas estamos conversando sobre a escolha dos doze discípulos por Jesus buscando descobrir e aprender com suas características, personalidades e caráter. O primeiro discípulo apresentado foi Tiago, a quem atribuímos o título de o discípulo justo. HOJE veremos a personalidade, vida e ministério de Tiago, o discípulo menor.


O nono nome da lista dos discípulos de Jesus é de Tiago, filho de Alfeu (Lucas 6:14-16).
Como vimos na semana passada, o novo testamento cita quatro homens com o nome de Tiago. Um deles é o filho de Zebedeu e Salomé, o discípulo justo; o outro é o filho de Maria e José, meio irmão de Jesus. Esse se tornou líder da Igreja de Jerusalém (Atos 15:13-21) e tudo indica que ele foi o escritor da epístola que leva o seu nome. Ainda temos o Tiago, pai de Judas Tadeu, o mais desconhecido de todos. Hoje falaremos sobre o Tiago, filho de Alfeu e Maria, a quem a própria Bíblia o chama de o menor. Vejamos:

A Bíblia oferece poucas informações sobre esse Tiago. Uma delas é sobre sua família.
Tiago era filho de Alfeu (Lucas 6:15) e o evangelista Marcos nos informa que sua mãe se chamava Maria (Marcos 15:40) e seu irmão José (Marcos 15:47).

Quanto a seu pai Alfeu, não sabemos nada a respeito. Alguns chegaram a afirmar que ele poderia ser o mesmo citado como sendo o pai de Mateus (Marcos 2:14), que coincidentemente recebe o mesmo nome, Alfeu. Isso tornaria Tiago irmão do evangelista Mateus. Mas a Bíblia não nos dá dados suficientes para defendermos tal afirmação.

Sua mãe foi uma das mulheres que acompanharam Jesus durante boa parte de seu ministério. Ela presenciou a crucificação e ajudou a preparar o corpo de Jesus para o sepultamento (Marcos 16:1). Ela é citada por alguns comentaristas como sendo irmã de Maria, tia de Jesus. Isso faria de Tiago um primo de Jesus. Mas, a não ser que seu marido tivesse outro nome (Cléopas), o que até certo ponto era comum entre pessoas que se ocupavam com atividades distintas, isso também não pode ser afirmado com toda convicção, conforme João 19:25.

Já seu irmão José, deve ter sido um seguidor de Jesus, bastante conhecido do Senhor, pois seu nome aparece muitas vezes nas Escrituras, porém não foi escolhido como apóstolo.

A não ser por essas poucas informações sobre sua família e o título que recebera, esse Tiago é completamente desconhecido. Aqui aprendemos uma lição que pode ser confirmada em toda a Bíblia: Deus tem prazer em usar pessoas anônimas para o louvor de seu Nome.

Quando Deus nos chama, devemos lembrar que o único critério usado por ele nessa escolha é o seu próprio amor. A família a que pertencemos, os títulos que temos, os diplomas expostos na parede de nossa sala, nada disso é usado como critério diante do olhar e desejo do Dono do mundo.


Mas o que dizer a respeito da personalidade de Tiago? O que podemos saber sobre ele? Bem, sabemos que sua influência no grupo foi tão pequena por causa do título que recebera em Marcos 15:40, ou seja “Tiago, o menor”.

A palavra “menor” usada por Marcos pode ser entendida como sendo uma pessoa de pequena estatura, baixo, franzino. Mas parece que, no contexto de sua vida, o apelido se refere mais à sua pouca influência ou notoriedade. Não era do tipo de pessoa que chamava a atenção. Era absolutamente do tipo de gente que não gosta de se expor.

Tiago representa àquelas pessoas que servem nos bastidores, que apóiam com dedicação e fazem isso com alegria. Certamente conhecemos pessoas assim. Elas têm a capacidade de colocar suas habilidades a serviço de outros cristãos para que estes se tornem mais eficientes no que realizam. São pérolas preciosas nas mãos de Deus e para com as pessoas que são abençoadas por seu serviço.

Contudo, foi escolhido pelo Senhor para fazer parte do grupo dos doze. O Senhor o escolheu, o treinou, deu poder como fez aos outros e enviou para testemunhar. A eternidade revelará o que ele fez.

Enquanto que Tiago, filho de Zebedeu, falava fluentemente, fazia parte do grupo íntimo de Jesus, tinha uma família conhecida na Galiléia, Tiago, o “Tiaguinho” era exatamente o oposto. Sua personalidade era de trabalhar nos bastidores, longe dos holofotes. Sua família, praticamente desconhecida e pouco influente. Não participava do grupo íntimo de Jesus e nem mesmo isso o incomodava. Para Tiago, o que realmente importava era estar ao lado de Jesus, servindo-o. Em momento algum ele chegou a ter qualquer fama ou destaque entre os doze.


Quanto ao seu ministério, Tiago, filho de Alfeu, me faz lembrar João Batista quando disse: “convém que ele cresça e que eu diminua”. (João 3:30) Ele tinha a mesma disposição de servo que João Batista.

Se porventura, ele escreveu alguma coisa, ela se perdeu na história. Se porventura, ele alguma vez perguntou algo a Jesus ou fez alguma pergunta a Jesus que o destacasse do grupo, não há registro nas Escrituras.

Esse fato em si é revelador. Tiago não buscava qualquer reconhecimento. Não demonstrava uma grande aptidão para liderança. Não fazia perguntas mais profundas. Não apresentava nenhum comentário surpreendente. A única coisa que ficou foi seu nome, enquanto toda obra de sua vida encontra-se envolta em mistério.

É curioso perceber que até mesmo a história secular da Igreja Primitiva também omitiu os feitos desse discípulo, assim como na história do Povo de Deus, Ele usou muitas pessoas que por vezes, não tem nem mesmo seus nomes registrados para nosso conhecimento, o que não significa que foram pessoas indignas e menos importantes.

Só para citar, lembro-me da menina que orientou Naamã a buscar ajuda no Deus de Israel para ser curado de sua lepra, a Bíblia não fala mais nada sobre ela, nem mesmo de que família era. Você já parou para pensar na revolução que a atitude dela causou na família daquele homem?

No nascimento de Jesus, quem eram os pastores que o visitaram? Quantos eram? Você sabe mais alguma coisa sobre eles além da visita que fizeram? Nem eu. A Bíblia diz que eles saíram dali e anunciaram o que tinham testemunhado. Dá para pensar em quantas pessoas foram impactadas como conseqüência do testemunho deles?

Podemos citar também o menino que serviu seus pães e peixes para que Jesus pudesse fazer a multiplicação e alimentar uma multidão. Qual era o nome dele? De onde vinha? Sabe o que aconteceu com a fé dele depois daquele milagre? Só na eternidade saberemos.

Deus por muitas vezes usa pessoas desconhecidas e anônimas, mas certamente guarda seus nomes escritos em sua mente, em seu livro particular, para recompensá-las na eternidade, afinal fizeram muito mais do que oferecer um copo de água fria ao sedento.

Aprendemos aqui que a importância dos discípulos não vem de sua ascendência ou mesmo de sua personalidade. O que tornou esses homens importantes foi o Senhor ao qual serviam e a mensagem que proclamavam. Não faz mal se nos faltam mais informações detalhadas sobre esses homens.

Para nós, basta sabermos que fomos escolhidos pelo Senhor, recebemos o Espírito Santo de igual forma e temos a mesma missão, anunciar as boas novas de salvação aos perdidos. Ninguém resume essa verdade melhor do que Tiago, o discípulo menor. O mundo não se lembra de quase nada a seu respeito, mas na eternidade, não tenha dúvidas, ele será plenamente recompensado (Marcos 10:29-31).

domingo, 19 de julho de 2009

Tiago, o discípulo justo


Na semana passada fizemos uma introdução sobre a escolha dos doze discípulos por Jesus. Hoje daremos início a uma série de mensagens biográficas dos doze homens comuns escolhidos por Jesus buscando descobrir e aprender com suas características, personalidades e caráter.

HOJE veremos a personalidade, vida e ministério de Tiago, o discípulo justo.



Dos três discípulos mais chegados de Jesus, a Bíblia fala menos de Tiago. Nos evangelhos ele sempre aparece acompanhado de João, seu irmão mais jovem e mais conhecido. Apenas em Atos ele aparece sozinho, quando da ocasião de sua morte.

A Bíblia registra 4 pessoas com o nome de Tiago no Novo Testamento. Vejamos: Um deles era filho de Alfeu, chamado o menor; outro é citado como o meio-irmão de Cristo (ambos filhos de Maria); um era desconhecido, pai do apóstolo Tadeu; mas não estou me referindo a nenhum destes. O Tiago, discípulo justo a que me refiro é o filho de Zebedeu, apóstolo e irmão do apóstolo João, comumente chamado de Tiago Maior ou o presbítero, assassinado por Herodes em Atos 12.

O nome Tiago tem um significado muito forte, que principalmente se tratando do filho de Zebedeu, caiu-lhe muito bem. O nome significa “suplantador” aquele que domina, pisoteia, supera, excede, ultrapassa e vence.

Seu pai Zebedeu era um pequeno empresário, dono da maior peixaria na Galiléia e contava com vários pescadores trabalhando para ele. Sua mãe Salomé era uma das discípulas de Jesus que o acompanhou durante boa parte de seu ministério servindo-o (Mateus 27:55) inclusive com seus bens. Ela também foi uma das mulheres que foram embalsamar o corpo de Cristo quando da sua ressurreição.

É irônico perceber que a Bíblia fala tão pouco de Tiago, visto que tinha a segunda maior influencia no grupo dos discípulos. Como integrante do grupo íntimo de Jesus, Tiago foi privilegiado em testemunhar de maneira exclusiva alguns feitos dele: a ressurreição da filha de Jairo, a visão de Cristo glorificado e o sofrimento do mestre no Getsêmani antes de sua morte.

Por possuir características de um bom líder, vindo de uma família influente e por participar do grupo íntimo de Jesus, provavelmente Tiago acreditava que deveria ser o maior no grupo dos doze. (Lucas 22:24). Todavia, o máximo que ele conseguiu foi ser o primeiro do grupo a ser morto por causa de Jesus.

Era um homem que vivia intensamente. Não era do tipo de esperar as coisas acontecer, era daqueles que fazem as coisas acontecer. Tinha uma disposição de um verdadeiro líder e uma enorme habilidade de fazer inimigos muito rápido, devido a seu temperamento extremamente justo que mais cheirava a “arrogância”. Impaciente e muito “franco” com aqueles que erram, Tiago se deliciava com atos de justiça e a misericórdia definitivamente não era seu ponto forte.

Por causa de sua personalidade forte foi chamado por Jesus de “Boanerges”, que significa “filho do trovão” juntamente com seu irmão. Certamente ele se satisfez quando Jesus expulsou os cambistas do templo com chicotadas; sentiu prazer quando Jesus amaldiçoou os habitantes de Corazim e Betsaida e se deliciou quando demônios foram subjugados. A este discípulo Jesus ensinou, a duras penas, que “a misericórdia triunfa sobre o juízo.” (Tiago 2:13) e que ser demasiadamente justo pode destriuí-lo (Eclesiastes 7:13). Por esta razão a justiça sem a sabedoria divina é perigosa (Romanos 10:2); a firmeza de liderança sem a sensibilidade do Espírito Santo é cruel e quando falta a paciência para com os que erram, em qualquer situação, o resultado é mortal.

Em duas situações específicas vemos Tiago exercendo essa justiça mal empregada e aprendemos muito com ele. Vejamos:


A melhor passagem que revela Tiago como sendo um verdadeiro filho do trovão, um justiceiro sem misercicórdia, é a passagem de Lucas 9:51-56. Leiamos: “E aconteceu que, ao se completarem os dias em que devia ele ser assunto ao céu, manifestou, no semblante, a intrépida resolução de ir para Jerusalém e enviou mensageiros que o antecedessem. Indo eles, entraram numa aldeia de samaritanos para lhe preparar pousada. Mas não o receberam, porque o aspecto dele era de quem, decisivamente, ia para Jerusalém. Vendo isto, os discípulos Tiago e João perguntaram: Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para os consumir? Jesus, porém, voltando-se os repreendeu e disse: Vós não sabeis de que espírito sois. Pois o Filho do Homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. E seguiram para outra aldeia.”

Caminhando para o fim de seu ministério, Jesus resolve voltar a Jerusalém para a sua última festa da Páscoa, onde seria preso e crucificado. E como de costume, ele resolve passar por Samaria, caminho mais curto e para isso envia alguns discípulos com o fim de providenciar um lugar para receber todo o grupo. Ao chegarem a Samaria, os moradores dali não quiseram oferecer pousada para Jesus e seus discípulos, por causa do ódio dos samaritanos para com os judeus e vice-versa.

Tal sentimento se devia ao fato de que no passado, a cidade de Samaria havia sido habitada por assírios, que além de casarem com judeus residentes, introduziram a adoração a outros deuses no monte Gerizim. Naquela ocasião, por causa de problemas na terra, o rei assírio trouxe um sacerdote judeu para que prestasse culto ao Deus de Israel e assim, conter sua ira, sem descartar a adoração aos seus deuses assírios. O que resultou foi uma população mista de judeus e assírios, bem como um povo de coração dividido quanto a adoração. Por essa razão, os judeus e samaritanos se odiavam, pois cada um trazia para si a credibilidade na forma de adorar e servir a Deus.

Quando os samaritanos viram que o grupo de Jesus era de judeus, e que estavam de passagem para ir a Jerusalém adorar, fizeram de tudo para impedi-los. Isso porque eles não só odiavam os judeus, mas a toda forma de culto feito em Jerusalém. Por esta razão não ofereceram acomodações para Jesus e seus discípulos passarem a noite ali. Não por falta de espaço em suas hospedarias, mas por ódio.

É nesse contexto que Tiago e João (este último certamente influenciado pelo irmão mais velho) filhos do trovão, ao ver a falta de hospitalidade dos samaritanos, encheram-se de ira e perguntaram a Jesus: “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para os consumir?” (Lucas 9:54)

Apesar de ter até um toque de nobreza em sua indignação contra os samaritanos, pois o zelo de defender a Cristo é digno e aceitável, a atitude de Tiago e João estava incorreta. Primeiro por causa da motivação deles em dizer “Senhor, queres que [nós] mandemos descer fogo do céu?”. Que poder eles tinham? Nenhum! Por isso podemos entender que eles estavam na verdade pedindo que o Senhor os capacitasse para que, com as próprias mãos, pudessem exercer justiça em nome de Deus. Você percebe o tom de arrogância na pergunta que fizeram?

A segunda razão de seu erro foi o fato de não entender, até aquele momento, que a missão de Jesus era de salvar os perdidos e não de condená-los. Por isso Jesus os repreende dizendo: “Vós não sabeis de que espírito sois. Pois o Filho do Homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las.” (Lucas 9: 55 e 56). É claro que virá o dia em que Jesus julgará a todas as pessoas, mas não seria naquele momento e nem naquele lugar.

Diante do ocorrido o texto nos diz que Jesus optou por seguir para outra aldeia (Lucas 9:56). É certo que isso causou muitas dificuldades até encontrar e se acomodar num novo lugar. Todavia, desta maneira, Jesus ensinou aos “filhos do trovão” que a bondade e a misericórdia devem ser maiores que a justa indignação. Existem momentos que o melhor é sofrer o prejuízo, por amor e misericórdia.

Alguns anos depois, Samaria recebeu a visita do diácono Filipe que pôde ver a conversão de muitos samaritanos com a pregação do evangelho. Certamente, entre os muitos convertidos estavam aqueles que maltrataram a Cristo e seus discípulos. Tenho certeza de que mesmo Tiago ficou satisfeito quando tomou conhecimento da aceitação do evangelho pelos samaritanos.


Marcos 10 nos dá a outra face do caráter de Tiago. Leiamos:

“Então, se aproximaram dele Tiago e João, filhos de Zebedeu, dizendo-lhe: Mestre, queremos que nos concedas o que te vamos pedir. E ele lhes perguntou: Que quereis que vos faça? Responderam-lhe: Permite-nos que, na tua glória, nos assentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda.”

Olhando para essa passagem podemos nos perguntar: mas de onde Tiago e João tiraram a idéia de que alguém poderá assentar ao lado de Jesus em seu Reino? A resposta? Bem, do próprio Jesus.

Ao tomar conhecimento de que no reino de Deus haverá doze tronos reservados para os discípulos julgarem a Israel, palavras ditas por Jesus em Mateus 19:28, Tiago, um dos três no grupo íntimo de Jesus, líder incontestável, de família influente, juntamente com seu irmão, pensava haver motivos de sobra para ser ele e seu irmão os escolhidos a assentar nos dois principais tronos ao lado de Jesus. Você não concorda com ele?

Mas como conseguir essa garantia do Mestre? Aí surge a idéia de usar até mesmo sua mãe Salomé como parte do plano (Mateus 20:20-28). Jesus não negaria um pedido feito por uma mãe que o acompanhava e o servia desde o início de seu ministério. Você percebe a astúcia e armação de Tiago, incluindo seu irmão e mãe?

Todavia, qual foi a resposta de Jesus? Vejamos:


“Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu estou para beber?” (Mateus 20:22). Observe que Jesus se refere a um cálice que ele mesmo estava prestes a beber. Por diversas vezes Jesus usou o cálice como figura de sua morte. O curioso é que mesmo sendo advertidos por Jesus “não sabeis o que pedis”, Tiago e João movidos por um desejo egoísta respondem imediatamente: “Podemos beber esse cálice, Senhor”. Naquele momento não faziam idéia do que acabara de falar.

Desejosos de ocupar lugar de destaque estavam dispostos a fazer qualquer coisa, passar por cima de qualquer pessoa, fazer qualquer sacrifício. Todavia Jesus os adverte: “Bebereis o meu cálice; mas o assentar-se à minha direita e à minha esquerda não me compete concedê-lo; é, porém, para aqueles a quem está preparado por meu Pai”. Cristo os garantiu o beber o cálice da morte por amor ao evangelho, mas os advertiu que o assentar no trono não fazia parte do acordo.

A ambição dos dois causou muita discussão entre o grupo dos doze, e mesmo na última ceia isso ainda era motivo de discussão. Todavia, Jesus chama todos os discípulos e os adverte de que quem desejasse ser o maior, deveria se tornar o servo de todos.

E aconteceu. Esse “filho do trovão” foi transformado por Cristo cujo desejo de justiça e ambição agora controlados pelo Espírito Santo se tornaram em instrumentos preciosos nas mãos de Deus para a propagação do Reino. Ainda corajoso, justo e comprometido com a misericórdia e verdade, ele buscava o engrandecimento do nome do Senhor e não do seu próprio nome.

Catorze anos depois disso, quando Herodes quis prender alguém da Igreja, ele se põe à frente em defesa dela. Ele chegou ao lugar que sempre desejou, na linha de frente da Igreja Primitiva. Veio a ser o primeiro discípulo a morrer por causa de sua fé. Ele foi decapitado ao fio da espada por Herodes. Sua vida foi curta, mas sua influência permanece até hoje.

Tiago desejava uma coroa de glória; Jesus deu-lhe um cálice de sofrimento. Desejava poder; Jesus deu-lhe serviço; Desejava um trono de destaque; Jesus deu-lhe um túmulo de mártir.

A história contada por Clemente de Alexandria, diz que Tiago deu testemunho até no momento de sua morte. Um dos soldados que o conduzia ao tribunal foi tocado com o seu testemunho e confessou a Cristo como seu Senhor. Conseqüentemente ambos foram mortos no mesmo dia.

Em algum ponto ao longo do caminho, ele teve que aprender a controlar sua raiva, refrear sua língua, redirecionar seu desejo por justiça, eliminar sua sede de vingança e perder inteiramente sua ambição egoísta. E o Senhor o usou grandemente.

Tais lições são, por vezes, difíceis de serem aprendidas por pessoas intensas como Tiago. No entanto, se tais pessoas se entregam ao controle do Espírito Santo, esse desejo por justiça com misericórdia aliado a grande ambição de tornar Deus conhecido se torna um instrumento precioso nas mãos de Deus. A vida de Tiago é uma prova disso.

domingo, 12 de julho de 2009

Introdução


O que você faria se soubesse que tem apenas três anos para viver? É uma questão e tanto. Você já parou para pensar sobre isso. Não? Então curve agora sua cabeça e pense: Se você tivesse apenas mais três anos de vida, quais seriam suas prioridades? Deixaria de correr atrás de algum sonho? O que começaria a fazer a partir de hoje?


Jesus certamente também se deparou com essa pergunta quando começou seu ministério. Ele sabia que teria apenas três anos para realizar sua missão de salvar o perdido, organizar e implantar a sua Igreja.

Quanto a salvar o perdido, ele sabia que isso ele faria nos três últimos dias de vida através de sua morte e ressurreição. Mas o que fazer nos 2 anos e 362 dias restantes para que sua Igreja fosse organizada e implantada?

Vamos começar pensando naquilo que ele não fez: Jesus não construiu nenhum templo por mais simples que fosse; não fundou nenhuma denominação; não adquiriu e nem acumulou nenhum bem material; não casou e nem teve filhos; não fundou nenhuma ONG e nem mesmo prestou nenhum concurso público. Então, o que foi que ele fez?

No início de seu ministério, Jesus chamou várias pessoas para segui-lo, foi um chamado à conversão. Depois de mais ou menos 18 meses, ou seja, um ano e meio, ele já contava com uma multidão de discípulos. Então, ele se retirou para orar e ao amanhecer chamou a multidão de discípulos e dentre eles “chamou os que ele mesmo quis” (Marcos 3:13).

Jesus optou por chamar, capacitar e treinar um grupo de doze homens que se tornariam a base da Igreja cuja pedra angular seria ele mesmo. Ao escolher tais homens ele não poderia errar, uma vez que restava-lhe apenas mais 18 meses até a sua morte e ressurreição. Mas, quais deveriam ser os critérios dessa seleção? Que características estes homens deveriam ter? Que títulos deveriam ostentar?

Se perguntássemos a qualquer grande líder de nossa época ele certamente nos diria que pelo menos 50% do sucesso de um grupo começa com uma boa seleção. E em seguida nos daria uma lista de qualidades e aptidões necessárias para os selecionáveis.

Mas e Jesus? Como ele escolheu seus doze discípulos?


Olhando para a lista dos escolhidos de Jesus em Marcos 3:13-19 e fazendo uma investigação acurada a respeito dos mesmos, podemos afirmar que eles não eram grandes oradores (na verdade a Bíblia diz que eram iletrados), não eram teólogos, não eram eruditos, não eram líderes religiosos, não se destacavam com nenhuma aptidão ou inteligência.

Mas quem eram eles? Um deles era um radical político, que planejava derrubar o governo com as próprias mãos; outro era coletor de impostos e por esta razão era visto como traidor do povo; 4 e provavelmente 7 deles eram pescadores de Cafarnaum; os demais eram artesões e ou pequenos comerciantes.

Pois bem, você pode estar pensando que, pelo menos, eles eram homens que temiam a Deus. Que nada! Por muitas vezes Jesus os chamou de homens de pequena fé, e pior, disse que eram lentos para entender e acreditar na Palavra de Deus (Lucas 24:25). Aqui entre nós, você escolheria homens assim para trabalhar na nossa Igreja?

Mas então, qual foi o critério usado por Jesus? Na verdade, o mesmo usado por Deus quando da escolha do povo de Israel para ser o seu povo particular. Vejamos o que diz Deuteronômio 7:7 e 8: “Não vos teve o SENHOR afeição, nem vos escolheu porque fôsseis mais numerosos do que qualquer povo, pois éreis o menor de todos os povos, mas porque o SENHOR vos amava...” Entendeu meu amigo, o único critério da escolha foi o amor de Deus. Aleluia!

E não foi só com o povo de Israel que ele usou o critério do amor, isso se repete com os discípulos e com a gente também. Vejamos o que diz 1 Coríntios 1:26-29: “Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento; pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus.”

O que mais me fascina nisso tudo é ver que Jesus conhecia todos os defeitos de cada discípulo mesmo antes de escolhê-los. E mesmo assim ele os escolheu. Não teve medo, ele sabia que não teria uma segunda chance, ele sequer tinha um “plano b” se caso desse errado. Ele simplesmente acreditou que poderia fazer uma grande obra neles e através deles.


Uma vez feito a escolha dos doze, não podiam perder tempo. A estratégia usada por Jesus para treinar seus discípulos foi chamá-los para junto de si. O ensino seria ministrado durante 24 horas por dia, 7 dias por semana. Não se tratava de apenas ouvir o que ele tinha a dizer, era necessário caminhar juntos, comer a mesma comida, ver a misericórdia de Deus diante dos próprios olhos, abraçar crianças e doentes, consolar enlutados e sentir a dor daqueles que sofrem.

Um ditado antigo já nos dizia “diga-me com quem andas, e te direi quem és”. Jesus optou por transformar estes homens comuns em pessoas especiais estando junto deles, dia a dia. Durante um ano e meio Jesus os ensinou intencionalmente muitas coisas.

Certa vez, quando soube de que seu amigo Lázaro estava doente ele “atrasou” socorrê-lo e conseqüentemente veio a morrer. Todavia, tenho razões para acreditar que seu atraso se deu por causa dos discípulos. Ele queria ensiná-los algo muito especial. Ao tomar conhecimento da morte de Lázaro, o próprio Jesus se encarrega de comunicar aos seus discípulos dizendo: “Então, Jesus lhes disse claramente: Lázaro morreu; e por vossa causa me alegro de que lá não estivesse, PARA QUE POSSAIS CRER; mas vamos ter com ele.” João 11:14 e 15. Jesus com esse episódio trabalhou a fé dos discípulos.

Pensa que conosco é diferente? Engana-se! Só nos tornaremos verdadeiros discípulos do mestre se nos dispormos a andar com ele 24 horas por dia, 7 dias por semana. E não limitarmos o nosso relacionamento com ele apenas a uma devocional de 5 minutos e a reuniões semanais no templo.


No fim do período de treinamento podemos perguntar, “e aí? Jesus conseguiu transformar a vida daqueles homens comuns?”.

Ao olhar para o que acontece nos últimos dias de sua vida e nos primeiros depois de sua ressurreição podemos ser levados a pensar que ele fracassara. Sabe por quê? Bem, no dia em que foi morto, um o traiu e se suicidou, outro o negou e fugiu se sentindo um fracassado, 9 fugiram amedrontados e apenas um estava aos pés da cruz. Fracasso? Que nada. No vocabulário deste Deus não existe tal palavra.

Depois de ressurreto ele reúne seus discípulos e por um período de 40 a 50 dias ele os trata. Fala com cada um deles, abençoa-os e os anima. Ele termina esse período os motivando a ir, pregar o evangelho e fazer discípulos, assim como fizera com eles.

Pouco tempo depois, vemos estes homens testemunhando a respeito do mestre até mesmo diante das autoridades. E veja o que tais autoridades dizem a respeito deles: “Ao verem a intrepidez de Pedro e João, sabendo que eram homens iletrados e incultos, admiraram-se; e RECONHECERAM QUE HAVIAM ELES ESTADO COM JESUS”. Aleluia!

É amados, não dá pra entender a grandeza do amor do nosso Deus. Ele nos escolhe simplesmente por nos amar demais, mesmo sabendo de todos os nossos defeitos. Ele nos ensina e nos transforma enquanto se abaixa para caminhar conosco. Ele nos abençoa e nos desafia a fazer parte de seu plano perfeito de salvar pessoas como nós. E o melhor de tudo, ele nos garante estar conosco até o fim dos nossos dias dizendo: “Eis que estou convosco todos os dias” (Mt 28:18-20).

Que Deus nos abençoe!