domingo, 25 de outubro de 2009

João, o discípulo mais chegado


Dos três discípulos mais chegados de Jesus, João aparece como sendo o mais chegado, o amigo íntimo, de maior confiança do Mestre. Nos evangelhos ele sempre aparece acompanhado de Tiago, seu irmão mais velho e menos conhecido.

Seu pai Zebedeu era empresário, dono da maior peixaria na Galiléia e contava com vários pescadores trabalhando para ele. Sua mãe Salomé era uma das discípulas de Jesus que o acompanhou durante boa parte de seu ministério servindo-o (Mateus 27:55) inclusive com seus bens. Ela também foi uma das mulheres que foram embalsamar o corpo de Cristo quando da sua ressurreição.

João, autor do evangelho que leva seu nome, também escreveu três cartas que também levam seu nome, bem como o Apocalipse. É através de seus escritos que conhecemos o discípulo João. Dentre os escritores bíblicos João é o terceiro que mais escreveu a respeito de Jesus, perdendo apenas para Paulo e Lucas.

Aprendamos algumas lições, deste amigo mais chegado de Jesus.

Humildade aqui nada tem a ver com “ser uma pessoa de poucos recursos financeiros”. Trata-se de uma pessoa, que independentemente do que tem, ou que status social possua, consegue tratar a todos com dignidade. João era assim. Ele era o discípulo que não fazia caso de estar em destaque, apesar de ser um dos três principais líderes do grupo. Podemos perceber isso considerando de que tendo a oportunidade de escrever um dos quatro evangelhos, João não escreve seu nome, mesmo quando ele é citado. Narra sempre na terceira pessoa, ou seja, ao invés de dizer “e eu [primeira pessoal do singular] disse a Pedro”, ele escreve “e o discípulo a quem Jesus amava” (João 21.7)

João era do tipo que não queria deixar de desfrutar a presença de Jesus por um minuto que fosse. Não é a toa que ele acabou sendo reconhecido não só pelos demais discípulos, mas também por toda a história como “o discípulo a quem Jesus amava”. Como ele, nós também podemos desfrutar dessa presença em tudo o que fazemos, em todo o nosso dia. Afinal de contas, foi o próprio Jesus quem disse: “Eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”. Mt 28.18-20

Em toda a sua vida, João levou muito a sério o que dizia o profeta Miquéias: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus.” (6:8) O que isso significa? Significa que nessa caminhada haverá momentos que seremos convidados a abrir mão de nossos direitos, sonhos e desejos, para agradar ao Senhor. Para João isso foi fácil, uma vez que seu amor não estava condicionado a usufruir do que Jesus tinha, mas o que ele era, o Filho de Deus.


Amigos chegados compartilham segredos. No caso de João podemos afirmar isso considerando o que aconteceu na última ceia narrada por ele mesmo no capítulo 13. O texto nos diz que depois de ter lavado os pés dos discípulos Jesus comeu com todos eles. Em seguida se entristeceu e começou a falar de que seria traído e morto.

Naquele instante houve um mal estar muito grande entre todos, a tal ponto de ficarem se perguntando “serei eu o traidor?”. Pedro, ciente da amizade diferenciada entre Jesus e João, faz sinal a este para que perguntasse a Jesus quem seria o traidor. E o texto diz o que aconteceu: “Então, aquele discípulo, reclinando-se sobre o peito de Jesus, perguntou-lhe: Senhor, quem é? Respondeu Jesus: É aquele a quem eu der o pedaço de pão molhado. Tomou, pois, um pedaço de pão e, tendo-o molhado, deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes.” (João 13:25 e 26)

Para mais ninguém Jesus revelara quem seria o traidor, somente para um amigo verdadeiro como João. Mais do que Mestre, Senhor e Deus, João era amigo de Jesus. No capítulo 15 João revela o segredo para se tornar um amigo assim do Mestre. Numa das palavras de Jesus ele adverte: “Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer.” (João 15.14 e 15)

Em outra ocasião, quando da revelação do Apocalipse, depois de soar a sexta trombeta João vê um anjo forte descendo do céu e quando falou sete trovões falaram. Quando ele foi escrever o que estes trovões falaram, o Senhor lhe disse: “Guarda em segredo as coisas que os sete trovões falaram e não as escreva” (Apocalipse 10.4). O Senhor fizera questão, em toda a revelação em relação a Igreja, revelar algumas coisas apenas para seu amigo verdadeiro. Não é demais?

Tornar-se amigo íntimo de Jesus só será possível através de um comprometimento sem limites com a sua palavra, porque “a intimidade do Senhor é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança” (Salmo 25.14)


Quando Jesus foi preso e crucificado, a Bíblia diz que todos os seus discípulo fugiram com medo. Todos, menos um. Aos pés da cruz estava algumas pessoas muito especiais e entre elas o discípulo João e a mãe de Jesus, Maria.

Era costume entre os judeus de que quando o marido falecesse, o irmão mais velho do falecido tornava-se responsável pela família. E quando o irmão mais velho falecesse, o irmão depois dele assumia a família. Jesus era o responsável por Maria, uma vez que José não era mais vivo. Na hora de sua morte, “Jesus vendo sua mãe e junto a ela o discípulo amado, disse: Mulher, eis aí teu filho. Depois, disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. Dessa hora em diante, o discípulo a tomou para casa.” (João 19. 25-27)

João foi o único digno da total confiança de Jesus que teve o privilégio da cuidar de Maria após a morte e ressurreição de Jesus. Assim é com todos aqueles que se aproximam do Senhor e buscam desenvolver um relacionamento mais íntimo com o Mestre. Eles certamente participam de coisas maiores, que o mundo é incapaz de compreender.

CONCLUSÃO

De acordo com a maioria dos relatos em relação ao final da vida do discípulo João, afirmam que ele falecera no ano 98 depois de Cristo, já velho em Éfeso. Existem também alguns que afirmam que ele morreu na Ilha de Patmos, onde escrevera o livro do Apocalipse. Mas todos concordam de que ele foi o único discípulo que morreu por velhice e não sob tortura. Que a vida deste discípulo possa nos inspirar a desenvolver uma vida mais íntima com o Mestre.

domingo, 18 de outubro de 2009

Judas Iscariotes, o discípulo confiável


Temos aprendido sobre a vida dos doze homens comuns escolhidos por Jesus para formarem o seu grupo de discípulos que teriam a responsabilidade de liderar a Igreja de Cristo nos anos que se seguiram à sua morte e ressurreição.

Depois da introdução nós aprendemos sobre a personalidade, vida e ministério de alguns deles. Vimos: Tiago, o discípulo justo; Tiago, o discípulo menor; Filipe, o discípulo que fazia as contas; Natanael, o discípulo sincero; Judas, o discípulo com três nomes; Tomé, o discípulo incrédulo; André, o discípulo das pequenas coisas; Mateus, o discípulo desprezado; Simão, o discípulo violento e Pedro, o discípulo inconstante. E HOJE veremos Judas, o discípulo confiável.



O nome de Judas significa “Jeová o conduz”. Isso revela o desejo de seus pais. O curioso, e até irônico, é que Judas foi a pessoa mais orientada pelo diabo do que qualquer outro. Seu sobrenome Iscariotes, indica que ele era da cidade humilde de Queriote, localizada ao sul da Judéia. Ao que parece ele era o único discípulo que não pertencia a região da Galiléia antes de ser chamado pelo Mestre.

Em certa ocasião Jesus, se referindo a Judas cita o Salmo 41.9 que diz: “Até o meu amigo íntimo, em quem eu confiava, que comia do meu pão, levantou contra mim o calcanhar.” Também temos no Salmo 55.12-14 outra citação sobre a relação de Jesus com Judas que diz: “Com efeito, não é inimigo que me afronta; se o fosse, eu o suportaria; nem é o que me odeia quem se exalta contra mim, pois dele eu me esconderia; mas és tu, homem meu igual, meu companheiro e meu íntimo amigo. Juntos andávamos, juntos nos entretínhamos e íamos com a multidão à Casa de Deus.” Salmo 55.12-14

Considerando estas passagens e o relacionamento com todo o grupo dos discípulos, podemos afirmar que Judas, durante os três anos que acompanhou Jesus de perto, era de fato um discípulo da mais alta confiança de todos, a tal ponto que acabou por se tornar o tesoureiro do grupo.


Já próximo de sua crucificação, Jesus volta à pequena aldeia de Betânia para uma refeição na casa de Simão, um ex-leproso. João diz que acompanharam Jesus nessa visita os discípulos e seus três amigos Lázaro, Maria e Marta. Durante a refeição, Maria unge os pés de Jesus derramando um perfume de 300 denários (equivalente ao que um trabalhador rural ganha em um ano de trabalho).

Ao ver aquele “desperdício”, Judas não se contém e diz: “Por que não se vendeu este perfume por trezentos denários e não se deu aos pobres?” (Jo 12.5). A observação de Judas parece revestido de um cuidado para com os pobres, tanto que Mateus diz que os demais discípulos aparentemente concordaram com ele. Mas, inspirado pelo Espírito Santo João não deixa dúvidas sobre a real intenção de Judas no vs. 6 quando disse: “Isto disse ele, não porque tivesse cuidado dos pobres; mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, tirava o que nela se lançava”. Ou seja, o comentário de Judas foi motivado apenas pelo seu coração avarento.

Judas certamente esperava uma repreensão de Jesus para Maria, mas o que ele ouviu é que Maria o estava ungindo-o para a morte e que os pobres deveriam receber atenção não apenas em um ato isolado, mas sempre.

Judas certamente saiu daquele jantar decepcionado com Jesus. Sua avareza o cegara a tal ponto que Mateus diz-nos que logo após aquele jantar Judas saiu escondido e foi a Jerusalém com um firme propósito, vejamos o que nos diz Mateus: “Então, um dos doze, chamado Judas Iscariotes, indo ter com os principais sacerdotes, propôs: Que me quereis dar, e eu vo-lo entregarei? E pagaram-lhe trinta moedas de prata. E, desse momento em diante, buscava ele uma boa ocasião para o entregar.” (Mt 26.14-16)

Com o coração cheio de amargura e avareza Judas não pensou duas vezes, de um jeito ou de outro ele encheria o bolso de dinheiro. O melhor que ele conseguiu foi vender Jesus pela ninharia de 30 moedas de prata, valor pago por um escravo. E para ele isso bastava. Judas seguia a Jesus não por amor, mas por desejo de possuir coisas.

Judas é um exemplo de privilégios desperdiçados. Era o discípulo de maior confiança, mas optou pelo caminho da avareza, tornando um exemplo de que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. (1 Tm 6.10)


Uma vez que acertara o preço de seu Mestre, Judas volta ao convívio do grupo de discípulos como se nada tivesse acontecido. Segundo Lucas 22.6, daquele momento em diante Judas “buscava uma boa ocasião para o entregar sem tumulto”.

E não demorou encontrar tal ocasião. Durante a última ceia, após comerem, Jesus diz que um deles o estava traindo e adverte “O Filho do Homem vai, conforme está escrito a seu respeito, mas ai daquele por intermédio de quem o Filho do Homem está sendo traído! Melhor lhe fora não ter nascido” (Mateus 26.24). Após tais palavras todos os discípulos começam a tentar descobrir entre eles quem seria o traidor. Curiosamente, ninguém suspeita de Judas, afinal ele era o discípulo de confiança do Mestre e do grupo dos doze.

O próprio Judas, reservadamente como amigo de confiança, com o fim de apagar qualquer suspeita de ser ele, dirige uma pergunta a Jesus: “Acaso sou eu Mestre?”. A isso Jesus respondeu: “Tu o disseste” (Mt 26.25). Ao ouvir tais palavras, Judas se cala. Sua decisão de traí-lo já estava tomada, o dinheiro no bolso garantido, não voltaria atrás mesmo ciente das conseqüências de seu ato.

Ao perceber que Judas não se arrependera, Jesus o convida a se retirar dizendo “O que tem de fazer, faze-o depressa”. Judas não pergunta o que era para fazer, ele simplesmente sai ao encontro dos sacerdotes porque já havia encontrado a ocasião em que buscava para trair o Mestre e precisava agir rápido. Assim, naquela noite, enquanto Jesus dirigia suas últimas palavras aos demais discípulos antes de sua morte, Judas negociava a estratégia que usaria para entregá-lo no centro da cidade.

Ao terminar a ceia Jesus vai ao Getsêmani como costumava fazer. Judas sabia disso e acompanhado de centenas de soldados vai ao encontro do Mestre. Judas havia combinado um sinal com os guardas dizendo “aquele a quem eu beijar, é esse; prendei-o”. E foi exatamente o que fez. Aproximou-se de Jesus e disse “Salve Mestre! E o beijou.” (Mt 26.48-49). Jesus olha para Judas e pergunta: “Amigo, para que vistes? Com um beijo trais o Filho do Homem?” E os soldados o prenderam.

Ser traído por alguém dói muito, mas por alguém que se diz amigo de confiança, dói muito mais. Todavia, isso foi exatamente o que Judas fez mesmo depois de ter caminhado por três anos com o Mestre. Aprendemos aqui que uma pessoa pode andar tão próximo de Deus, e por não se comprometer com ele, acabar traindo-o.

Judas é um exemplo de oportunidades perdidas. Andou, viu, apalpou, ouviu o Mestre ao vivo e a cores por um período de três anos. E acabou optando pelo Caminho da traição.


Após aquela noite, Judas sente um grande remorso. O remorso é diferente do arrependimento. Enquanto o arrependimento é marcado por uma tristeza de ter feito algo errado, o remorso é a tristeza por ter dado errado o que fizera. Com tamanho remorso a Bíblia diz que ele tenta devolver o dinheiro inutilmente aos sacerdotes. Talvez esperasse com isso devolver a liberdade a Jesus, mas não deu certo.

Diante disso, ele foge, amarra uma corda em uma árvore e se enforca. Possivelmente depois de enforcado, segundo Atos 1.18-19, o galho ou a corda não resiste e quebra, lança o corpo de Judas sobre pedras e aí “rompeu-se pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram”. Essas são as últimas palavras na Bíblia sobre Judas. Um fim trágico, para um discípulo de “confiança”.

Judas passou três anos com Jesus, mas durante todo esse tempo seu coração se tornou cada vez mais duro. Chegou tão perto do Senhor como poucos puderam chegar, participou do ministério de Jesus e foi testemunha como poucos puderam ser, mas continuou incrédulo e partiu para a eternidade sem nenhuma esperança.

Que possamos viver de maneira diferente de Judas e que Deus nos abençoe.

domingo, 11 de outubro de 2009

Simão, o discípulo violento


Dentre todos os discípulos escolhidos por Jesus, Simão é aquele de quem temos menos informações. Na verdade, só temos o seu nome citado por Mateus, Marcos e Lucas entre os escolhidos, acompanhado da expressão “chamado zelote”. No evangelho de João sequer é citado uma única vez.

Mesmo assim, ainda é possível conhecer um pouco sobre sua pessoa e aprender muito do amor de Deus que alcança, chama e capacita pessoas desconhecidas, mas certamente não diante dele, para o importante trabalho do Reino de Deus. Vejamos:




Como já dissemos, a única informação que temos, além de seu próprio nome, é de que Simão era também chamado zelote. Mas o que é um zelote?

No tempo de Jesus esse termo ‘Zelote’ referia-se a uma facção política muito conhecida e temida. Eles odiavam os romanos e tinham como objetivo livrar-se a qualquer custo da ocupação e domínio romano. Com esse propósito, trabalhavam principalmente através do terrorismo e de atos de violência.

O nome tem o sentido de zelo, todavia, no caso dos zelotes era em demasia. Os Zelotes eram extremistas em todos os sentidos. Por acreditar que somente Deus é quem tinha o direito para governar sobre o povo, eles entendiam que matar soldados romanos, líderes políticos e até pessoas comuns que se opusessem a eles era legítimo e agradável a Deus. Daí, a origem do pensamento da “guerra santa”.

Eram homens que estavam dispostos a enfrentar qualquer tipo de morte e não se incomodavam em ver parentes e amigos serem torturados em nome da liberdade. Os romanos por muitas vezes prenderam homens deste partido político, torturaram com todo tipo de violência e mataram a muitos, mas jamais apagaram sua paixão por liberdade e seu ódio.

Os zelotes estavam convencidos de que pagar tributos aos romanos era um ato de traição a Deus. Movidos por esse pensamento não foram poucas as vezes em que realizaram guerrilhas e atos terroristas para com os romanos em nome de Deus.

Eles acreditavam na vinda de um líder, o Messias, que os conduziriam a libertação total e definitiva do império romano e colocaria todos os povos debaixo de seus pés. Certamente quando Cristo surgiu dizendo-se ser o Messias, o Filho de Deus, o Rei dos reis e realizando grandes sinais e poder, e chamou Simão para compor o grupo dos discípulos, Simão não teve dúvidas. É bem provável que ele tenha se unido a Cristo com essa expectativa em mente. Mas mal sabia ele de que aquele que encontra com Jesus tem a sua vida transformada.


A Bíblia não fala nada sobre a conversão desse discípulo, mas é certo que ela aconteceu. Em algum momento em sua caminhada com o Mestre, Simão teve seu zelo tratado. É certo que ele aprendeu que não havia nada de errado em ser zeloso, mas com objetivos maiores, dignos de louvor diante de Deus.

Um aspecto interessante a ser aprendido sobre o novo Simão, é que ele aprendera a ser paciente e pacifista. Ele teve que conviver com um homem como Mateus, um ex-coletor de impostos e parceiro dos romanos, que seria assassinado sem dó e piedade por um zelote. Todavia, isso não acontece entre Simão e Mateus, por uma simples razão, a graça produz graça. Quando o amor de Deus é revelado em nossos corações ele nos transforma.

Simão ao caminhar com Jesus teve seu coração modificado através do amor do Senhor. Isso é graça. O apóstolo Paulo certa vez disse que “onde abundou o pecado, superabundou a graça de Deus”. E foi exatamente isso que aconteceu com Simão.

É impressionante que Jesus tenha escolhido alguém como Simão para fazer parte do grupo dos doze homens que ele estava preparando para liderar a sua Igreja. Todavia, essa escolha reforça o fato de que Deus escolhe as coisas loucas do mundo para torná-las bênçãos em suas mãos.

A história da Igreja nos informa que Simão, o ex-zelote, dedicou-se em levar o evangelho para o Egito. Como aconteceu com a maioria dos doze, também foi morto por causa de sua fé em Jesus. A tradição católica diz que ele foi cortado ao meio, vivo, por um serrote. Não sabemos ao certo como ele foi morto, mas sabemos o motivo. Muito mais nobre do que de um zelote, que movido por vingança e violência buscava a liberdade para si. Com Simão foi diferente, ele encontrou no amor a Jesus, um verdadeiro motivo para morrer – salvar pessoas do inferno e da condenação eterna. Por esse propósito de vida não pensou duas vezes em oferecer sua vida, testemunhando a respeito de Jesus para muitas pessoas.

Que Deus nos abençoe.

domingo, 4 de outubro de 2009

Pedro, o discípulo inconstante


Já por alguns domingos nós temos pensado sobre a vida dos doze homens comuns escolhidos por Jesus para formarem o seu grupo de discípulos que teriam a responsabilidade de liderar a Igreja de Cristo nos anos que se seguiram à sua morte e ressurreição.

Depois da introdução nós aprendemos sobre a personalidade, vida e ministério de alguns deles. Vimos: Tiago, o discípulo justo; Tiago, o discípulo menor; Filipe, o discípulo que fazia as contas; Natanael, o discípulo sincero; Judas, o discípulo com três nomes; Tomé, o discípulo incrédulo; André, o discípulo das pequenas coisas; Mateus, o discípulo desprezado; E HOJE veremos o discípulo inconstante, Pedro.



Pedro era pescador profissional. Ele e seu irmão André eram de Betsaida e tinham um pequeno comércio de pesca em Cafarnaum. Apanhavam peixes no Mar da Galiléia. Seu nome completo era Simão Barjonas (Mt 16.17). Barjonas significa “filho de Jonas ou João”. Sabemos que ele era casado, pois Jesus em certa ocasião curou a sua sogra. Paulo diz que em certa ocasião sua esposa o acompanhou em uma viagem missionária (1 Co 9.5). Nada mais sabemos sobre sua família.


Em seu primeiro encontro com Jesus, Simão tem o seu nome alterado. Lucas deixa claro que Simão não teve seu nome mudado, mas acrescido: “Simão, a quem acrescentou o nome de Pedro” (vs. 14). Ao nome de Simão, que significa “areia, pedrinha”, Jesus acrescentou o nome Pedro, que significa “pedra, rocha”. E dali em diante ele é chamado ora de Simão, ora de Pedro e ainda em algumas vezes de Simão Pedro.

Simão era um nome apropriado para este discípulo, visto que por natureza, ele era afoito, inconstante e não confiável. Sua tendência era fazer promessas e não cumpri-las. Era daquelas pessoas que são as primeiras a se atirar de cabeça num novo projeto e na mesma rapidez abandonam tudo antes do fim. Normalmente ele falava e agia sem pensar. Quando abria a boca o cérebro ainda estava em ponto morto. Por isso o chamamos de o discípulo inconstante.

Ao que parece, Jesus mudou o nome de Simão, pois queria que o novo nome o lembrasse daquilo que ele deveria ser. Alguém firme como uma rocha, seguro, confiável e fiel. E dali por diante, quando o Senhor dizia “Simão”, Pedro já se encolhia todo. Talvez pensasse, ‘por favor, me chame de Rocha’. E o Senhor talvez respondesse, ‘eu o chamarei de Rocha quando você agir como uma rocha’.

Mas, a mudança de nome não foi o único método de ensino usado por Jesus para a transformação de Simão Pedro. Era necessário que ele passasse por diversas experiências na vida que fariam dele o tipo de pessoa que Cristo desejava que ele fosse. Os altos e baixos de suas experiências foram dolorosas e por vezes dramáticas.

Por que Jesus fez isso? Sentia algum prazer em atormentar Pedro? De forma alguma. As experiências foram todas necessárias para transformar Pedro no discípulo aprovado que encontramos na Igreja de Atos dos Apóstolos. Vejamos agora algumas destas experiências.


A primeira experiência que revela a personalidade inconstante de Simão Pedro está registrada em Mateus 14. 22 a 33. Após a multiplicação de pães e peixes que alimentara mais de cinco mil homens, além de mulheres e crianças, Jesus orienta aos discípulos a atravessar de barco o mar de Tiberíades enquanto ele despedia as multidões.

A noite chegou, e enquanto os discípulos se deparavam com uma grande tempestade, Jesus orava em um monte. Enquanto os discípulos lutavam pela sobrevivência, eles são surpreendidos por Jesus andando por sobre as águas. O texto diz que eles ficaram com tanto medo que acharam que se tratava de um fantasma e começaram a gritar.

Diante disso, Jesus os acalma dizendo: “Tende bom ânimo! Sou eu. Não temais!”. Surpreso, Pedro diz: “Se és tu, Senhor, manda-me ir ter contigo, por sobre as águas” e Jesus diz “Vem!”. Foi preciso ter muita fé para poder acreditar em um suposto fantasma, colocar os pés na água e ir em direção ao mesmo. E Pedro tinha fé o bastante. Ele sai do barco e começa a caminhar sobre as águas. Todavia, reparando a força do vento, Simão teve medo e começou a submergir. E num grito desesperado clama por socorro, e no mesmo instante Jesus o segura pela mão e diz: “Homem de pequena fé, por que duvidaste?”.

Pedro com isso se revelou como alguém que tinha fé suficiente para sair ao encontro de Jesus, mas insuficiente para chegar até ele. Fé para ir e não para chegar. Todavia, com experiências como esta ele teve sua fé fortalecida durante toda a sua caminhada com o Mestre.


A segunda experiência que mostra o caráter inconstante de Simão Pedro está registrada em Mateus 16.13 a 23. Naquela ocasião Jesus questiona junto aos discípulos sobre “Quem diz o povo ser o Filho do Homem?”. Várias respostas são dadas pelos discípulos. Todavia, ao ouvi-los, Jesus pergunta: “Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou?”. Mediante essa nova pergunta ouve-se um silêncio de todos, menos um. Pedro fala: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”.

Diante de tal resposta, Pedro é elogiado por Jesus que disse: “Bem-aventurado Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que estás nos céus” e continuou “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus”.

Com tais palavras, Pedro, a rocha, acabara de saber que Deus revelaria sua palavra a ele à medida que submetesse sua mente à verdade. A mensagem que ele devia proclamar seria entregue a ele pelo próprio Deus (vs. 17). Soube também que receberia as chaves do reino dos céus – o que significava que sua mensagem abriria o reino de Deus para a salvação de muitos (vs.19), o que de fato aconteceu no dia de pentecostes.

Tal experiência positiva elevou o coração de Pedro. Certamente começou a olhar para si mesmo além do que convém. O que se revelou nos minutos seguintes. Ao ouvir Jesus falar que seria morto e ressuscitado nos próximos dias, Pedro, cheio de si, chama Jesus à parte e começa a reprová-lo dizendo: “Tem compaixão de ti, Senhor; isso de modo algum te acontecerá.”

Mal sabia ele, que tais palavras protetoras, apesar de parecer inocente, não fora sussurrada aos seus ouvidos pelo Espírito de Deus. A isso respondeu Jesus: “Arreda Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens”. Por não submeter seus pensamentos à Palavra segura de Jesus, que acabara de dizer que “era necessário ir a Jerusalém morrer e ressuscitar” Pedro sofreu a mais dura repreensão da qual se tem registro.

Pedro precisou ouvir essa repreensão dolorosa, para aprender que apesar do inimigo de nossas almas não poder nos possuir, ele fará todos os esforços para nos levar a defender idéias que atrapalham o cumprimento do plano de Deus de salvação do mundo. Aprendeu também, que submeter-se à Palavra de Deus é a maneira mais segura para não cairmos nas ciladas do inimigo.


Outra experiência marcante na vida de Pedro está registrada em Mateus 26. 31-35 e 69-75. O contexto desta passagem nos remete a ultima ceia. Depois de lavar os pés dos discípulos, indicar o traidor e instituir a ceia, Jesus adverte aos discípulos que ao ser entregue às autoridades, todos o abandonariam. Todavia, depois que ressuscitasse ele tomaria a iniciativa de reencontrá-los.

Nesse instante, Pedro discorda do Mestre fazendo uma maravilhosa declaração de amor: “Ainda que venhas a ser um tropeço para todos, nunca o será para mim”. A isso Jesus respondeu: “Em verdade te digo que, nesta mesma noite, antes que o galo cante, tu me negarás três vezes”.

Pedro não se deu por convencido, era um absurdo admitir que ele fosse capaz de negar aquele a quem amava, então disse: “Ainda que me seja necessário morrer contigo, de nenhum modo te negarei”. Nesse instante Jesus silencia, pois sabia que aquela experiência ensinaria a Pedro mais uma grande lição, a de depender totalmente de Deus.

Ao saírem dali, Jesus é preso e Pedro o segue a distância. Sabemos o que aconteceu naquela noite. Ao ser questionado sobre sua relação com Jesus, por três vezes seguidas e em público, Pedro trata o assunto com indiferença e assim nega por três vezes como nenhum outro discípulo havia feito. Ao ouvir o galo cantar, Pedro se lembra da conversa com Jesus e foge chorando amargamente. Ele até tinha boas intenções, mas dessa vez aprendera da forma mais difícil que era humanamente fraco e não podia confiar em seu próprio coração.

Três dias depois da morte de Jesus, algumas mulheres são surpreendidas por um anjo dizendo que ele havia ressuscitado. “Mas ide” disse o anjo “dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vai adiante de vós para a Galiléia; lá o vereis, como ele vos disse.” (Marcos 16:7). Observe que o anjo faz questão de dizer o nome de Pedro porque certamente ele não se considerava mais digno de ser discípulo de Cristo, estava decepcionado consigo mesmo. Mas, como havia prometido, Jesus reencontra seus discípulos e restaura aquele que o havia negado por três vezes. Assim Pedro aprendeu como deveria confiar somente na Palavra do Senhor e não em seu próprio coração.

CONCLUSÃO

Que fim teve a vida de Pedro? As Escrituras não narram. No entanto a história da Igreja registra que Pedro foi morto crucificado. Quando chegou sua hora de morrer, ele pediu para ser crucificado de cabeça para baixo, pois não se achava digno de morrer como seu Senhor havia morrido. E assim, ele foi morto em uma cruz invertida.