domingo, 11 de outubro de 2009

Simão, o discípulo violento


Dentre todos os discípulos escolhidos por Jesus, Simão é aquele de quem temos menos informações. Na verdade, só temos o seu nome citado por Mateus, Marcos e Lucas entre os escolhidos, acompanhado da expressão “chamado zelote”. No evangelho de João sequer é citado uma única vez.

Mesmo assim, ainda é possível conhecer um pouco sobre sua pessoa e aprender muito do amor de Deus que alcança, chama e capacita pessoas desconhecidas, mas certamente não diante dele, para o importante trabalho do Reino de Deus. Vejamos:




Como já dissemos, a única informação que temos, além de seu próprio nome, é de que Simão era também chamado zelote. Mas o que é um zelote?

No tempo de Jesus esse termo ‘Zelote’ referia-se a uma facção política muito conhecida e temida. Eles odiavam os romanos e tinham como objetivo livrar-se a qualquer custo da ocupação e domínio romano. Com esse propósito, trabalhavam principalmente através do terrorismo e de atos de violência.

O nome tem o sentido de zelo, todavia, no caso dos zelotes era em demasia. Os Zelotes eram extremistas em todos os sentidos. Por acreditar que somente Deus é quem tinha o direito para governar sobre o povo, eles entendiam que matar soldados romanos, líderes políticos e até pessoas comuns que se opusessem a eles era legítimo e agradável a Deus. Daí, a origem do pensamento da “guerra santa”.

Eram homens que estavam dispostos a enfrentar qualquer tipo de morte e não se incomodavam em ver parentes e amigos serem torturados em nome da liberdade. Os romanos por muitas vezes prenderam homens deste partido político, torturaram com todo tipo de violência e mataram a muitos, mas jamais apagaram sua paixão por liberdade e seu ódio.

Os zelotes estavam convencidos de que pagar tributos aos romanos era um ato de traição a Deus. Movidos por esse pensamento não foram poucas as vezes em que realizaram guerrilhas e atos terroristas para com os romanos em nome de Deus.

Eles acreditavam na vinda de um líder, o Messias, que os conduziriam a libertação total e definitiva do império romano e colocaria todos os povos debaixo de seus pés. Certamente quando Cristo surgiu dizendo-se ser o Messias, o Filho de Deus, o Rei dos reis e realizando grandes sinais e poder, e chamou Simão para compor o grupo dos discípulos, Simão não teve dúvidas. É bem provável que ele tenha se unido a Cristo com essa expectativa em mente. Mas mal sabia ele de que aquele que encontra com Jesus tem a sua vida transformada.


A Bíblia não fala nada sobre a conversão desse discípulo, mas é certo que ela aconteceu. Em algum momento em sua caminhada com o Mestre, Simão teve seu zelo tratado. É certo que ele aprendeu que não havia nada de errado em ser zeloso, mas com objetivos maiores, dignos de louvor diante de Deus.

Um aspecto interessante a ser aprendido sobre o novo Simão, é que ele aprendera a ser paciente e pacifista. Ele teve que conviver com um homem como Mateus, um ex-coletor de impostos e parceiro dos romanos, que seria assassinado sem dó e piedade por um zelote. Todavia, isso não acontece entre Simão e Mateus, por uma simples razão, a graça produz graça. Quando o amor de Deus é revelado em nossos corações ele nos transforma.

Simão ao caminhar com Jesus teve seu coração modificado através do amor do Senhor. Isso é graça. O apóstolo Paulo certa vez disse que “onde abundou o pecado, superabundou a graça de Deus”. E foi exatamente isso que aconteceu com Simão.

É impressionante que Jesus tenha escolhido alguém como Simão para fazer parte do grupo dos doze homens que ele estava preparando para liderar a sua Igreja. Todavia, essa escolha reforça o fato de que Deus escolhe as coisas loucas do mundo para torná-las bênçãos em suas mãos.

A história da Igreja nos informa que Simão, o ex-zelote, dedicou-se em levar o evangelho para o Egito. Como aconteceu com a maioria dos doze, também foi morto por causa de sua fé em Jesus. A tradição católica diz que ele foi cortado ao meio, vivo, por um serrote. Não sabemos ao certo como ele foi morto, mas sabemos o motivo. Muito mais nobre do que de um zelote, que movido por vingança e violência buscava a liberdade para si. Com Simão foi diferente, ele encontrou no amor a Jesus, um verdadeiro motivo para morrer – salvar pessoas do inferno e da condenação eterna. Por esse propósito de vida não pensou duas vezes em oferecer sua vida, testemunhando a respeito de Jesus para muitas pessoas.

Que Deus nos abençoe.

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