domingo, 15 de fevereiro de 2009

Revela o segredo da vida vitoriosa


“Pastor, eu acho que não estou convertido. Constantemente sinto vontade de pecar. A minha vida é um permanente conflito. Quero servir a Jesus, mas ao mesmo tempo sinto vontade de fazer coisas erradas. Tem solução para mim?”.

A pergunta veio de um rapaz de 20 anos embora pudesse ter saído de seus lábios naquela tarde. Por alguma razão, temos a idéia de que no momento da conversão a nossa luta acaba e que a partir desse momento não pecaremos mais; seremos perfeitos, no sentido de ser exemplo de vida para outros. Mas por que é que a partir do momento que nos entregamos a Cristo nossa luta se torna maior e o conflito aumenta?



Antes de mais nada temos que entender o que acontece no momento da conversão. Muitos têm a idéia de que na hora da conversão, Deus tira de nós a natureza pecaminosa e a joga fora para sempre, colocando em substituição a nova natureza que gosta de amar e obedecer. Isto não é completamente verdade. Seria maravilhoso se fosse assim, já que nunca mais teríamos vontade de pecar e em conseqüência, nossa vida seria como a de Adão e Eva antes da queda.

Infelizmente não é assim que sucedem as coisas. Ao converter-nos, Deus coloca dentro de nós uma nova natureza, a natureza de Cristo. Mas o que acontece com a velha natureza pecaminosa, a natureza de lobo? Ela não sai, como muitos imaginam. Ela fica aí, agonizante. “Aquela parte que em cada um de vocês gosta de pecar, foi esmagada e mortalmente ferida” (Rm 6.6 – Versão “O mais importante é o amor”), afirma o apóstolo. E agora? Agora passamos a ser pessoas com duas naturezas: a natureza de Cristo, nova, recém implantada e a velha natureza pecaminosa, “esmagada e mortalmente ferida” que continua dentro de nós.

O ideal seria que a velha natureza permanecesse sempre “mortalmente ferida”. Mas essa situação não é definitiva; é circunstancial. Na primeira oportunidade que receber alimento, ela ressuscitará, e se continuar sendo alimentada, ela recuperará completamente as forças e lutará para expulsar de nossa vida a nova natureza. É por isso que depois da conversão a luta aumenta. Existe muito mais conflito num homem depois de sua conversão do que antes dela. Você está surpreso? Tente entender o que estou dizendo. Depois de comprometer-se com Jesus você pode esperar maior luta em seu coração, um conflito interno, que muitas vezes o levará ao desespero, se você não parar a fim de entender o problema.



O assunto é simples. O homem sem Cristo tem uma só natureza, a natureza com que nasceu e essa natureza faz as coisas erradas na hora que deseja. Não existe ninguém para se opor. Não existe luta, não há conflito. Mas você comprometeu-se com Jesus, você experimentou o milagre da conversão, você tem agora uma nova natureza e ela se opõe à velha. Você entende por que a vida do homem sem Cristo pode parecer mais leve? Ele só tem uma natureza e ela assume o controle da vida, sem oposição. Mas logo depois da conversão, quando o homem pensa que a velha natureza foi embora, descobre que ela continua dentro e o conflito começa.

Você conhece a história do apóstolo Paulo? Houve um momento em sua vida em que ele chegou à beira da loucura. Na sua carta aos cristãos de Roma ele diz: “Eu não entendo o que faço, porque não faço o que gostaria de fazer. Ao contrário, faço justamente aquilo que odeio... E isto mostra que de fato já não sou eu quem faço isso, mas o pecado que vive em mim... Assim, eu sei que é isto que acontece comigo... Dentro de mim sei que gosto da Lei de Deus. Mas vejo que uma lei diferente age em meu corpo, uma lei que luta contra aquela que minha mente aprova”. (Rm 7.15-23 – Versão BLH).

Entende meu amigo? Duas naturezas, duas forças lutando dentro do apóstolo Paulo. Um conflito que o levou ao desespero, porque no verso seguinte ele clama: “Que situação terrível esta em que estou! Quem é que me livrará da minha escravidão e esta mortífera natureza interior?” (Rm 7.24 BLH). Agora pergunto. No momento em que Paulo escreveu a carta aos Romanos estava ou não convertido? Claro que estava. Ele tinha sido convertido lá na estrada de Damasco, quando se encontrou com Jesus e caiu do cavalo. Porém, aqui está a experiência de um homem convertido sentindo dentro de si o conflito das duas naturezas.

Não se preocupe meu amigo por causa da tensão e do conflito que vêm após a sua conversão. Você e eu somos pessoas com duas naturezas, entende? E o pior, elas não gostam uma da outra. O apóstolo Paulo um dia conseguiu entender este conflito, e aí ele escreveu: “Isto é o que eu quero dizer: Deixem que o Espírito de Deus dirija suas vidas, e não obedeçam os desejos da natureza humana. Porque o que a nossa natureza humana deseja é contra o que o Espírito quer, e o que o Espírito quer é contra o que a natureza humana deseja. Os dois são inimigos, e por isso vocês não podem fazer o que querem”. (Gl 5.16-17 BLH).


“Pastor”, você dirá, “quer dizer que toda a minha vida vai ser uma vida de conflito?” Não, necessariamente; e isso vai depender de suas escolhas. As duas naturezas estão hoje em luta mas, finalmente, uma delas vencerá. Uma delas assumirá o controle completo de sua vida. Uma delas sobreviverá e a outra morrerá. Qual delas será a vitoriosa? Também isso vai depender de suas escolhas.

Vamos ilustrar o assunto desta maneira. Suponhamos que estão soltas na arena de um circo duas feras envolvidas numa luta de morte. Os empresários do circo separam as duas feras e as colocam em jaulas separadas. Uma delas é fartamente alimentada. Recebe comida e água em abundância. A outra é deixada no esquecimento quase total. Vez por outra alguém dá para ela apenas um bocado de alimento, o suficiente para não morrer. Quando chegar o momento do confronto, qual delas vencerá? Existe alguma dúvida? Você sabe que será a que for melhor alimentada, não sabe?

Ocorre que os seres humanos, geralmente, alimentam mais a natureza pecaminosa e esta é a causa de nosso fracasso constante, mesmo depois de nossa conversão. Deus realizou o milagre da conversão em nós, implantou em nosso coração a nova natureza, mas nós não cuidamos dela, não a alimentamos e em conseqüência a velha natureza está sempre tomando o controle de nossa vida.

Como é que se alimenta as naturezas? Através dos cinco sentidos. Tudo o que entra em nossa mente através dos sentidos é alimento para uma ou outra natureza. Este é o motivo por que precisamos ser cuidadosos na escolha dos programas que assistimos, os sites que navegamos, das revistas que lemos, das conversas das quais participamos e das músicas que ouvimos. É verdade que às vezes, mesmo sem querer, estaremos sempre alimentando a natureza má. Eu não posso evitar ouvir uma música que inspire desejos pecaminosos enquanto estou num ônibus ou no local de trabalho. Não posso também evitar que apareça uma imagem sedutora enquanto leio ou assisto ao noticiário. Mas posso evitar colocar voluntariamente esse tipo de “alimento” em minha mente. É inevitável que vez por outra passem “migalhas” para a natureza má, mas posso evitar que entre para ela “filé mignon”.

Alguns anos depois de escrever o desesperado capítulo aos Romanos, Paulo escreveu aos Filipenses dizendo: “E agora irmãos, ao terminar esta carta, quero dizer-lhes mais uma coisa. Firmem seus pensamentos naquilo que é verdadeiro, bom e direito. Pensem em coisa que sejam puras e agradáveis”. (Fp 4.8). Ele está falando do alimento da nova natureza, você percebe? Ele tinha descoberto o segredo da vida vitoriosa. Ele não mais alimentava a natureza pecaminosa. A natureza de Cristo tinha assumido agora o controle da sua vida. “Eu próprio não vivo mais, sim é Cristo que vive em mim”. (Gl 2.20).


Na realidade a nossa vitória e, em conseqüência, a nossa felicidade na vida cristã, dependem de certo modo de aprendermos a conviver com ambas as naturezas. Como? Alimentando a natureza de Cristo e matando de fome a outra. É isso que Paulo diz quando afirma: “e os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com suas paixões e desejos descontrolados” (Gl 5.24 livre). Enquanto estivermos neste mundo, não há modo de nos livrarmos da natureza pecaminosa, embora possamos tornar a luta mais leve, deixando de alimentar a natureza má. Podemos manter esta última “mortalmente ferida”, mas jogá-la fora de nosso ser, não.

Mas, graças a Deus, existe uma promessa maravilhosa: “Digo-lhes isto, meus irmãos: um corpo terreno, feito de carne e sangue, não pode entrar no reino de Deus. Estes nossos corpos mortais não são do tipo adequado para viver eternamente. Contudo eu lhes estou contando um segredo estranho e maravilhoso: nem todos morreremos, porém todos receberemos novos corpos! Tudo acontecerá num instante, num piscar de olhos, quando for tocada a última trombeta. Porque virá do céu um toque de trombeta, e todos os cristãos que já morreram, de repente voltarão à vida, com novos corpos que nunca jamais morrerão; então, nós, que ainda estivermos vivos, também receberemos, de súbito, novos corpos. Porque os nossos corpos terrenos, os que temos agora e que são mortais serão transformados em corpos celestiais que não podem pecar, mas viverão para sempre. Quando isso acontecer, finalmente, se tornará verdadeira esta escritura: “A morte foi tragada na vitória! Ó morte, onde está agora a tua vitória? Onde está o teu aguilhão? Porque o pecado – o aguilhão que causa a morte – terá desaparecido completamente”. (1 Co 15.50-54)

Não é isto maravilhoso? Um novo corpo. Sem natureza pecaminosa. Finalmente Deus arrancará a velha natureza de nós e a jogará fora, para sempre. Aí sim, não haverá mais luta, mais conflito interior, mais vontade de pecar. Tornaremos a ser pessoas com uma só natureza, a natureza de Cristo, perfeita e que se deleita em amar.

Cristo garantiu a nossa vitória na cruz. Ele está bem perto de você nas horas difíceis. Nos momentos em que você acha que todo mundo o abandonou, que você nunca conseguirá, que você é um fracasso completo, lembre-se de que Cristo está aí, amando-o, perdoando-o, sustentando-o. “Porque Deus está operando em vocês, ajudando-os a desejar obedecer-lhe, e depois ajudando-os a fazer aquilo que ele quer”. (Fp 2.13). “Deus, obrigado pela promessa de que um dia a luta findará. Ajuda-me, enquanto estiver neste mundo a alimentar a natureza de Cristo e matar de fome a natureza carnal. Essa é a minha parte ó Deus, eu sei, mas nem isso consigo. Por favor, vem e faze por mim o que eu sou incapaz de fazer por mim mesmo. Amém.”

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

8 marcas de qualidade (Parte 2)


Na semana passada dissemos que na pesquisa desenvolvida pelo IPI nas mais de 1000 Igrejas, nos 32 países nos cinco continentes revelou 8 marcas de qualidade que estão presentes nas Igrejas que estão crescendo, mas ausentes nas Igrejas que estão morrendo.

Naquela ocasião apresentamos os duas primeiras marcas: 1) Liderança capacitadora e 2) Ministérios orientados pelos dons. Hoje veremos a terceira e quarta marca de desenvolvimento natural da Igreja e como fizemos na semana passada analisaremos se as mesmas estão em acordo com a Palavra de Deus.


A pesquisa realizada pelo IPI sobre o desenvolvimento natural da Igreja revelou que as Igrejas saudáveis e que estão em crescimento contam com 76% de seus membros vivendo sua fé de forma entusiasmada e contagiante, diferente das Igrejas que estão morrendo.

Outra comprovação interessante sobre essa marca foi que a espiritualidade dos cristãos não depende do estilo piedoso (carismático ou não) nem de certas práticas espirituais (como por exemplo “guerra espiritual” ou orações litúrgicas), que são tidos como motivos do crescimento por vários grupos.

O aspecto que de fato diferencia Igrejas que crescem de Igrejas que não crescem é outro. O fator determinante é se os crentes de uma determinada Igreja vivem sua fé com dedicação, paixão e entusiasmo contagiante. Não estamos aqui referindo a quanto tempo uma pessoa passa em oração ou estudo da Palavra, que são dois dos diversos meios de se viver a espiritualidade. Na verdade é a qualidade da espiritualidade vivida pelos cristãos da Igreja que determina se ela é saudável ou não, e não necessariamente, a quantidade de tempo que um cristão passa em oração, jejum, comunhão ou leitura da Palavra.


Algumas pessoas pensam que essa “paixão espiritual” não pode ser uma das marcas de crescimento porque dependendo da sua doutrina, ela até pode ser contagiante, mas não fará bem a uma Igreja séria. Isso é verdade. Precisamos de fato nos preocupar com os ensinos seguros da Palavra de Deus e com base neles desenvolvermos a nossa espiritualidade. O problema é quando em nome de uma “fidelidade bíblica teológica”, deixamos de viver a nossa espiritualidade com paixão e entusiasmo a tal ponto de contagiarmos as pessoas que estão ao nosso lado. Passamos a vida como Nicodemos, com muito conhecimento bíblico e teológico, mas sem nenhuma paixão por Jesus. Servimos por “obrigação” ou por “tradição” e não por amor. Vejamos um exemplo bíblico do que estamos falando

Em Atos 2.42-47 lemos: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos. Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade. Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos.”

No texto acima fica evidente que o segredo da Igreja Primitiva não estava no conhecimento que tinham da Palavra, mas na vivência da mesma. Eles também não viviam sem considerar as instruções seguras da doutrina ensinada pelos apóstolos. Na verdade, eles conseguiram equilibrar conhecimento bíblico teológico com a prática apaixonada das verdades aprendidas, em outras palavras, praticavam a espiritualidade contagiante, a tal ponto que o Dr. Lucas nos informa que as pessoas fora da Igreja também foram contagiadas com essa espiritualidade e acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos.


É interessante observar que na pesquisa do IPI o princípio “estruturas funcionais” revelou que 85% das Igrejas que crescem fazem avaliação anual das estruturas quanto a sua funcionalidade. Já as Igrejas que estão morrendo quase que na sua totalidade demonstraram que suas estruturas são mantidas há anos por causa da tradição. Não é de admirar que essa marca seja o que causa maior polêmica como sendo uma marca de desenvolvimento natural da Igreja. Isso provavelmente, se deve à visão deturpada que muitos cristãos têm a respeito desta marca.

Alguns cristãos levantam suspeita de que as estruturas não são verdadeiramente espirituais. Para eles as estruturas de uma Igreja mais atrapalham o desenvolvimento da mesma, e por isso devem ser evitadas. Esse grupo detesta qualquer tipo de planejamento ou organização. Para eles as coisas “espirituais” (culto, programas, EBD, grupos pequenos) devem ser dirigidos conforme o “vento do Espírito”. Não aceitam liturgia, planejamentos e regras. Alguns chegam a não ter uma liderança estabelecida, como um pastor, por que isso os leva a idéia de estrutura. E toda e qualquer estrutura deve ser evitada porque, segundo eles, elas não são nada funcionais e engessam o povo de Deus e os impede de ser tocados pelo Espírito Santo.

Em contrapartida outros cristãos identificam as estruturas como sendo a essência da Igreja. Tais defensores encontram problemas com essa marca não por causa da palavra “estruturas”, mas por causa do adjetivo “funcionais”. Isso porque eles não estão dispostos a abrir mão de uma estrutura (templo, bancos, púlpitos, estilo do culto, grupos pequenos, EBD, papel de um líder...) porque ela deixou de ser funcional. O critério de se manter uma estrutura é a tradição, ou seja, as “estruturas” não podem mudar porque “sempre foi feito assim”. Por isso, sendo funcionais ou não, devem ser mantidas. Nesse exemplo, o novo sempre é visto como algo ruim e ameaçador. Mas e a Bíblia, o que diz?


É evidente de que quando Jesus enviou seus discípulos a cumprir a missão da Igreja (Mt 28.16-20) ele não disse nada sobre estruturas funcionais. Mas isso não significa que ele não previa que a Igreja precisaria de se organizar com estruturas para que a missão fosse desenvolvida com sucesso.

Com o desenvolver da missão, os discípulos se viram forçados a estabelecer uma estrutura que fosse funcional para que a Igreja pudesse caminhar. Em Atos 6.1-7 lemos sobre uma dificuldade enfrentada pela Igreja e o estabelecimento de uma estrutura funcional para solucionar tal dificuldade, leiamos: “Ora, naqueles dias, multiplicando-se o número dos discípulos, houve murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas deles estavam sendo esquecidas na distribuição diária. Então, os doze convocaram a comunidade dos discípulos e disseram: Não é razoável que nós abandonemos a palavra de Deus para servir às mesas. Mas, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste serviço; e, quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra. O parecer agradou a toda a comunidade; e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia. Apresentaram-nos perante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos. Crescia a palavra de Deus, e, em Jerusalém, se multiplicava o número dos discípulos; também muitíssimos sacerdotes obedeciam à fé.” Desta forma, a Igreja ia se estruturando, sempre buscando suprir suas necessidades.

Outra passagem interessante sobre isso é Atos 15.22-29 que diz: “Então, pareceu bem aos apóstolos e aos presbíteros, com toda a igreja, tendo elegido homens dentre eles, enviá-los, juntamente com Paulo e Barnabé, a Antioquia: foram Judas, chamado Barsabás, e Silas, homens notáveis entre os irmãos, escrevendo, por mão deles: Os irmãos, tanto os apóstolos como os presbíteros, aos irmãos de entre os gentios em Antioquia, {Antioquia: capital da Síria} Síria e Cilícia, saudações. Visto sabermos que alguns que saíram de entre nós, sem nenhuma autorização, vos têm perturbado com palavras, transtornando a vossa alma, pareceu-nos bem, chegados a pleno acordo, eleger alguns homens e enviá-los a vós outros com os nossos amados Barnabé e Paulo, homens que têm exposto a vida pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Enviamos, portanto, Judas e Silas, os quais pessoalmente vos dirão também estas coisas. Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo além destas coisas essenciais: que vos abstenhais das coisas sacrificadas a ídolos, bem como do sangue, da carne de animais sufocados e das relações sexuais ilícitas; destas coisas fareis bem se vos guardardes. Saúde.”

Neste texto percebemos que a Igreja de Jerusalém teve o cuidado em não colocar sobre a Igreja de Antioquia nenhuma estrutura não funcional, a não ser “as coisas essenciais”. Precisamos estar atentos a isso. Analisando a Bíblia podemos afirmar que Deus não planejou uma Igreja isenta de estruturas e muito menos com estruturas enrijecidas. Na verdade as estruturas devem servir ao crescimento natural e saudável da Igreja e não o contrário.
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domingo, 8 de fevereiro de 2009

Transforma corações


Por que se torna difícil amar a Deus, mesmo sabendo o que ele fez por nós? No Evangelho de João, capítulo três encontramos a história de um homem que não conseguia amar apesar de ter abundante conhecimento bíblico. Este homem cumpria aparentemente, todas as normas, esforçava-se cada dia para ser um bom membro de Igreja, tinha até um cargo de liderança, mas não era feliz. Experimentava uma sensação de vazio na alma, faltava em sua vida alguma coisa. O pior de tudo era que nem ele próprio sabia definir o quê.

É possível que Nicodemos costumasse ficar acordado até altas horas da noite, sem conseguir dormir. Muitas vezes, deitado na cama, talvez se perguntasse: “Meu Deus, o que está faltando? Devolvo os dízimos, sou professor da Escola Dominical, sou membro do Conselho, mas sinto que alguma coisa está errada dentro de mim; tenho a impressão que de nada adianta todo o meu esforço. O que está acontecendo comigo?”.



Foi talvez numa daquelas noites que se levantou e procurou Jesus. Sabia onde achá-lo. Estudava as profecias e tudo apontava Cristo como o Messias que havia de vir. Seu problema não era a falta de conhecimento. A tragédia de Nicodemos jazia no fato de nunca ter tido um encontro pessoal com Cristo. Amparado pelas sombras da noite, dirigiu-se onde Jesus estava. No fundo, tinha vergonha que outros o vissem procurando Jesus. Vocês percebem o drama daquele homem? Cheio de teoria, cheio de doutrinas, sozinho, precisando de ajuda, angustiado, porém impedido, por causa do seu status, de correr como o jovem rico e cair aos pés de Cristo dizendo: “Senhor, estou perdido! O que preciso fazer para ter a vida eterna?”

Ao encontrar Jesus, Nicodemos tentou abrir o coração, contar suas tristezas, da confusão toda que o inquietava, mas não conseguiu. Seu orgulho falou mais alto: “Rabi, sabemos que és Mestre vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele.” (João 3.2).

Tenho a impressão que quando Nicodemos começou a falar com Jesus ele na realidade quis dizer: “Jesus, eu te reconheço como mestre, e vim falar contigo de mestre para mestre. Vamos estudar um pouco as profecias que se relacionam com as coisas que tu fazes”. Jesus fixou os olhos em Nicodemos e viu através deles uma alma angustiada. Não era de profecias que ele estava precisando, nem de doutrinas. Às vezes vivemos preocupados em procurar mais conhecimento teológico quando na realidade a nossa necessidade é outra.

“Nicodemos”, disse Jesus, “se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (vs. 3). Este é o seu problema e enquanto você não experimentar o novo nascimento não adianta estar na Igreja, nem conhecer a doutrina, nem ter cargo de liderança. Nada substitui a experiência da conversão”. Aquela declaração causou grande impacto em Nicodemos. “Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez?” (vs. 4) perguntou Nicodemos. Ao que Jesus respondeu: “quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo.” (vs. 5-7).

A história de Nicodemos fica sem conclusão no capítulo três de João, porque, naquela noite, ele não aceitou o convite de Cristo. Era duro demais reconhecer que ele, Nicodemos, o teólogo, o líder, o bom membro de Igreja, não era convertido. Retirou-se triste e frustrado como veio.



Você acreditaria se eu dissesse que o problema de Nicodemos é também o nosso? Corremos talvez o risco de pensar que, porque estamos na Igreja, batizados, estamos convertidos. Mas não é assim. Não podemos confundir conversão, com convicção. Ambas soam parecidas, mas tem significados completamente diferentes. Convicção tem a ver com o que vai na cabeça. Conversão tem a ver com o coração e a vida.

Um dia desses, alguém nos deu uma série de estudos bíblicos. Aceitamos as doutrinas e decidimos nos batizar. Ao sermos recebidos como membros da Igreja pensamos: “Agora estou convertido”. Mas talvez não seja assim. Estamos convencidos da doutrina, com certeza, mas estar convencido não significa estar convertido. E aí começa a confusão toda. Passamos pela vida como Nicodemos, cheios de conhecimento, muitas vezes desde crianças, porque nascemos em um lar evangélico, mas vivemos com essa permanente sensação de vazio, de impotência e de fracasso. Queremos amar a Deus e não conseguimos. Por quê?

Vamos tentar entender melhor este assunto da conversão. Para isso temos que remontar novamente o Éden. Lá encontramos Adão e Eva, recém criados por Deus. Eles eram perfeitos e foram criados com capacidade de obedecer. Para eles, obedecer era tão fácil como respirar. O problema começou quando pecaram, porque naquele instante eles perderam aquela natureza perfeita e adquiriram uma natureza estranha, incapaz de obedecer. Chamaremos isso de natureza pecaminosa.

Infelizmente essa natureza pecaminosa foi passando de pai para filho até o dia de hoje. É isso que a Bíblia diz: “enganoso é o coração e desesperadamente corrupto, quem o conhecerá?” Então você pode estar perguntando: “Pastor, isso quer dizer que eu nunca conseguirei obedecer?” E eu respondo: “Com essa natureza pecaminosa com a qual você nasceu, não.” Foi isto que Cristo disse a Nicodemos: “Se alguém não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus”. Deixe-me ilustrar isso.



Suponhamos que um dia um lobo comece a observar a vida das ovelhas e depois de um certo tempo chegue à conclusão de que o melhor modo de vida é a vida das ovelhas e decida juntar-se a elas. Para isso, coloca uma pele de ovelha em cima e passa a conviver com as ovelhas. Como você acha que ele se sentirá quando chegar a hora de comer e as ovelhas comerem com prazer o capim verde? Você acha que ele se deliciará comendo capim? Suponhamos também que ele seja um lobo honesto, e não queira voltar atrás na sua decisão, você acha que cinco ou dez anos depois ele finalmente aprenderá a gostar de capim? Não, claro que não. Ele é lobo, com paladar de lobo e com natureza de lobo.

A princípio talvez ele se esforce para viver exatamente como as ovelhas vivem, embora tudo isso seja contrário a sua natureza. Mas o tempo vai passando, o entusiasmo da sua decisão vai diminuindo e, finalmente, depois de um ou dois anos, não consegue mais ficar amarrado a um tipo de vida alheio a sua natureza. Aí, um dia, enquanto as ovelhas dormem, ele se levanta em silêncio e vai embora. Longe do rebanho, tira a pele de ovelha e vive como lobo, come, corre, uiva como lobo, enfim, faz tudo que os lobos fazem. Depois de ter dado vazão a seus instintos e gostos de lobo ele retorna, coloca novamente a pele de ovelha e no domingo está de novo assentado no meio das ovelhas, como se nada tivesse acontecido. Nada? Aconteceu sim, e ele sabe disso e então chora em silêncio.

Um dia, não conseguindo suportar mais esse tipo de vida, grita do fundo de seu coração: “Ó Deus, tu sabes que eu quero ser uma ovelha de verdade, mas tu conheces a minha natureza de lobo. Sou um lobo, nasci lobo. Mas, Deus, por favor, não quero ser mais lobo, quero me tornar numa ovelha de verdade. Faze alguma coisa por mim”. E Deus faz o milagre da transformação. Com um toque maravilhoso, converte esse lobo numa ovelha de verdade, com coração de ovelha, com paladar de ovelha, com mente de ovelha. Entende meu amigo? Isso é conversão. Deus promete dar-nos uma natureza nova, a natureza de Cristo, que gosta de amar a Jesus e tem prazer nas orientações seguras da Palavra de Deus.


Essa era a luta de Nicodemos quando Cristo lhe disse: “Você tem que nascer de novo, você precisa de uma nova natureza”. E Nicodemos achou que, porque conhecia bem a doutrina, já tinha sido convertido e achou aquela declaração de Cristo uma ofensa e foi embora. Durante três anos continuou vivendo em meio à Igreja carregando aquele sentimento de que alguma coisa estava errada com ele. Continuou assistindo aos cultos, desempenhando suas responsabilidades, mas vazio e triste por dentro.

Até que um dia os judeus prenderam a Jesus e o levaram ao topo da montanha do Calvário. Aí, seu corpo foi levantado. Embaixo, entre a multidão estava Nicodemos, tremendo. E ao ver Cristo pregado na cruz, se lembrou da noite de três anos atrás, quando Jesus disse: “Assim como Moisés levantou a serpente no deserto, é necessário que eu seja levantado numa cruz, para que todo aquele que crer em mim não pereça, mas tenha a vida eterna”.

Nicodemos não conseguiu resistir mais. Eu imagino que se aproximou da cruz e clamando disse: “Por favor Jesus, não vá embora. Não sem antes transformar meu ser. Dá-me a nova natureza de que falou naquela noite”. E o pedido de Nicodemos foi ouvido. Cristo transformou seu ser. E aquele homem medroso que um dia procurou Jesus de noite, não teve medo de confessar publicamente a sua fé em Jesus e junto com José de Arimatéia pediu o corpo de Cristo para dar-lhe uma sepultura digna.


Como Deus transforma? Não sei. Mas eu sei que ele é capaz de mudar a vida de qualquer pessoa que o busque. Ao longo de meu ministério tenho visto muitas vidas serem transformadas. Pessoas viciadas em drogas, bêbados, homens e mulheres sem esperança de recuperação, e Deus foi capaz de transformá-los.

Lembro-me de uma ocasião em que fui acompanhando a Cida num Congresso promovido pelo SEBRAE em São Paulo para Micro e Pequenas Empresas. Na época Cida estava planejando abrir sua loja. Estávamos assentados na segunda fila de um grande hotel, pessoas bem trajadas, tratamento de luxo e repórteres faziam a cobertura do evento.

No primeiro intervalo, um homem de terno e gravata, se aproximou eufórico e disse com alegria: “Pastor Ronaldo?!” Surpreso respondi: “Sim, sou eu” enquanto certifiquei que no meu crachá não havia a descrição “pastor” junto ao nome. E ele continuou: “Sei que não sabe quem sou. Alguns anos atrás o senhor estava falando de Jesus para mendigos na rodoviária de Itu. Naquela noite, um deles se mantinha mais distante e xingava o tempo todo mandando-o calar a boca. Lembra-se disso?” É claro que eu me lembrava.

E ele continuou: “Pois bem. Aquele mendigo era eu. Eu xingava porque suas palavras caiam em meu coração como uma bomba. Quando o senhor foi embora eu não consegui resistir, submeti minha vida a Jesus.” Naquele instante eu já estava perplexo. “Ali aconteceu um milagre pastor. Eu havia perdido a minha família por causa da bebida. Bebia tanto que não conseguia trabalhar. Batia em minha esposa e meus filhos quando estava sob o efeito da bebida, até que um dia eles me colocaram pra fora.

Depois de minha conversão, parei de beber e minha vida tomou outro rumo. Consegui desenvolver um projeto de economia de luz elétrica e hoje tenho uma Pequena Empresa. Mas, faltava-me algo. A minha família estava sofrendo e eu não tinha coragem de procurá-la porque sabia que eu era o culpado de todo o sofrimento deles. Até que um dia resolvi fazer-lhes uma visita. Foi difícil. Mas quando me viram, não acreditaram que eu não estava bêbado. Minha mulher, com os olhos arregalados disse: ‘É você mesmo? Eu ouvi dizer que você não bebe mais, mas não acredito.’ Naquele instante então disse: É, Cristo mudou minha vida. Por todos esses anos fiz vocês sofrerem, peço que me perdoem e me permita ajudá-los. Não precisam me tratar como pai ou marido, eu não mereço isso, mas me permita ajudar vocês com o meu trabalho.

Sabe pastor, eu nunca vou esquecer aquele momento. Os meus filhos pularam em meu colo e me beijaram. Minha mulher chorando disse: ‘eu estou muito confusa, mas se esse Jesus realmente fez você parar de beber, então eu preciso conhecê-lo’. Daquele dia em diante comecei a pedir a Deus a oportunidade de reencontrá-lo e agradecê-lo por ter falado de Jesus pra mim. Eu mal conseguia lembrar o seu nome, sabia que era pastor, mas não sabia onde encontrá-lo. Hoje, Deus me deu a honra de reencontrá-lo.

Isso não é maravilhoso? O milagre da conversão pode acontecer agora, comigo, com você, com qualquer pessoa que chegar a Cristo reconhecendo sua incapacidade de obedecer devido à sua natureza pecaminosa. É justamente isso que Deus nos promete: “Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne” (Ezequiel 36:26).

Consciente de que sem Cristo jamais conseguirá ter uma vida feliz você pode clamar: “Ó Deus, perdoe meus pecados e transforma meu coração”. Então, a Palavra de Deus diz que o milagre acontecerá. Você pode estar perguntando: “Mas como isso é possível? Como pode Deus mudar minha vida num segundo?” Não sei, milagres não tem explicação e a conversão é um milagre.

Eu não posso explicar como a água pura e simples pelo toque de Cristo um segundo depois era vinho de primeira qualidade. Nenhum químico do mundo pode explicar. Milagres não se explicam, se aceitam. Como foi possível um cego de nascença viver anos e anos na escuridão e, num segundo depois do toque divino, estar enxergando? Oftalmologista nenhum pode explicar isso. Milagres não se explicam, se aceitam. Nesse momento, agora, Deus quer fazer um milagre em você, o milagre da conversão. A você cabe apenas dizer, Senhor eu aceito o milagre. Vamos orar.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

8 marcas de qualidade (Parte 1)


Na semana passada dissemos que avaliar a quantidade de uma Igreja é muito fácil, é só olhar os relatórios financeiros, os relatórios das Sociedades Internas, da Escola Dominical, do Conselho e Junta Diaconal, e então teremos uma visão real do quanto crescemos ou não no último ano. Mas como avaliar a qualidade de uma Igreja? Isso já é bem mais trabalhoso.

Na pesquisa desenvolvida pelo IPI nas mais de 1000 Igrejas, nos 32 países nos cinco continentes revelou 8 marcas de qualidade que estão presentes nas Igrejas que estão crescendo, mas ausentes nas Igrejas que estão morrendo. Hoje e nas próximas 3 semanas veremos quais são estas marcas e analisaremos se as mesmas estão em acordo com a Palavra de Deus.


Na pesquisa realizada pelo IPI sobre DNI apontou que 70% das Igrejas em desenvolvimento tem sua liderança mais orientada para relacionamentos e ao trabalho de equipe. Já nas Igrejas que estão morrendo, a liderança é mais voltada para a manutenção das estruturas, é centralizadora e alto suficiente.

Ainda segundo o IPI, líderes, que se vêem como instrumentos para capacitar outros cristãos e levá-los à maturidade espiritual, descobrem como esse aspecto leva “por si mesmo” ao crescimento. Em vez de fazer a maior parte do trabalho, esses líderes investem a maior parte do seu tempo em capacitar através do discipulado, treinamento e multiplicação. Assim, a energia investida por eles pode se multiplicar quase infinitamente. Dessa forma, em vez de se tentar por em movimento a Igreja por meio de pressão e forças humanas, o poder de Deus é liberado.


Existe uma diferença muito grande em ser um líder capaz ou ser um líder capacitador. O líder capaz é aquele que sabe fazer tudo e é centralizador. Ele normalmente não se dedica ao discipulado, nem em ajudar as pessoas a descobrirem o seu lugar no Reino de Deus, não trabalha em equipe, não desenvolve relacionamentos saudáveis com seus liderados e muito menos se dedica ao trabalho de capacitá-los a servir com excelência. Já o líder capacitador é radicalmente diferente. Basta dar uma olhada no que a Bíblia diz sobre isso.

Veja o que Paulo fala aos líderes de Éfeso: “E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro. Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor.” (Efésios 4.11-16)

Observe, que Paulo ao falar do trabalho da liderança ele diz que o papel principal do líder é aperfeiçoar os santos, o mesmo que capacitar, para alcançar alguns objetivos:

1) Melhor desempenho do serviço - Nesse aspecto o líder não deve ser necessariamente alguém capaz de fazer todas as coisas, de carregar sozinho todo o trabalho nas costas, ou mesmo de ser um centralizador. Pelo contrário, ele deve ser capaz de oferecer treinamento aos seus liderados para que possam servir com excelência no Reino de Deus.

2) Edificação do Corpo de Cristo – Neste texto edificar tem o mesmo sentido de discipular. O trabalho de aperfeiçoamento de um santo, certamente passa pelo ensinar a guardar todas as coisas que o Senhor nos ensinou. Trata-se de desenvolver um relacionamento real com Cristo na vida diária.

3) Ajustar e consolidar o Corpo de Cristo – O líder deve procurar conhecer seus liderados e respeitar o que Deus está fazendo na vida deles individualmente e coletivamente. Ajustar tem o sentido de colocar cada pessoa no seu lugar. Nessa perspectiva, o líder ajuda seus liderados a descobrir os dons espirituais dados por Deus e onde e como Deus deseja usá-lo no Reino de Deus.

4) Consolidar o Corpo de Cristo – Consolidar é o trabalho de oferecer o acompanhamento até que a pessoa tenha condições de ensinar a outro. Paulo fala a Timóteo: “E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros.” (2 Timóteo 2.2). Ou seja, o líder deve ser capacitador e não simplesmente capaz, ou centralizador.


A Pesquisa do IPI revelou que 73% dos membros das Igrejas em desenvolvimento estão trabalhando de acordo com seus dons espirituais. O que de certa forma explica a alegria e satisfação de seus membros em participar de forma ativa e prazerosa na vida destas Igrejas.

Já entre as que estão morrendo, a realidade é outra. Somente 20% dos membros trabalham (e na maioria dos casos exercem funções pelos quais não tem dons) e os demais simplesmente analisam o trabalho e normalmente dizem como as coisas deveriam ser feitas, sem, contudo se envolverem. O que causa grande desgaste físico, emocional e espiritual a todos.


Com base nessa marca de qualidade – ministérios orientados pelos dons – é possível entender claramente o que significa “desenvolvimento natural da Igreja”. A estratégia de trabalho, de acordo com os dons, se baseia na seguinte convicção: Deus mesmo determinou quais cristãos vão efetuar melhor determinados ministérios através dos dons espirituais dados por ele mesmo a cada um. O que estamos dizendo é que o objetivo da Igreja deve ser encontrar as pessoas certas, para servirem nos ministérios certos, pelas razões certas.

A Bíblia nos orienta sobre isso em 1 Pedro 4.10 quando diz: “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.” Dessa forma, pessoas bem normais podem fazer efetuar tarefas bem especiais.

Um outro resultado muito interessante revelado pela pesquisa do IPI é que cristãos que vivem de acordo com seus dons espirituais tem maior alegria e disposição em servir. Nenhum outro princípio de qualidade tem tanta influência sobre a vida pessoal e a vida na Igreja de cada membro, do que a questão da adequação dos dons ao trabalho que realiza.
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domingo, 1 de fevereiro de 2009

Ama-me com amor sacrificial


Uma das grandes verdades da Bíblia é que Cristo nos amou tanto que o mínimo que podemos fazer é amá-lo também. Mas, porque é que o ser humano tem tanta dificuldade de amar a Deus? Acredito que isso se deve ao fato de não entendermos o que ele fez por nós. Desde crianças ouvimos tanto falar que Jesus morreu em nosso lugar que é possível que tenhamos acostumado com essa frase a ponto de perdermos o verdadeiro significado dela. No dia em que entendermos o que aconteceu naquela cruz, sem dúvida alguma o amaremos. Mas o que aconteceu lá?


Voltemos nossos olhos para o Jardim do Éden. Ao criar o ser humano Deus lhe disse: “De todas as árvores do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gênesis 2.16-17). Nesta ordem está envolvido o princípio de retribuição, ou seja, a obediência leva à vida, a desobediência leva à morte. Segundo a Bíblia todos nós pecamos e por conseqüência devemos morrer. Mas o ser humano não quer morrer. Ele então clama a Deus dizendo: “Pai, eu sei que pequei e mereço a morte, mas, por favor, perdoe-me, eu não quero morrer”.

Esta súplica gera um conflito para Deus. Por um lado ele ama o ser humano e não quer permitir que o ser humano morra. Por outro lado, como Deus, sua palavra não muda. Se o homem pecou, ele tem que morrer. O que fazer? Se existiu pecado tem que existir morte porque “sem derramamento de sangue (inocente) não pode haver perdão”. Nessa situação só existe uma saída. Alguém tem que pagar o preço do pecado do ser humano.

É aí que entra a pessoa de Jesus. Ele diz ao Pai: “Pai, o homem merece morrer porque pecou, mas antes de cumprir a sentença quero ir à terra como homem e assumir a natureza humana. Se eu não pecar, então morrerei em seu lugar”. Foi por isso que Cristo veio ao mundo e viveu entre nós. Sabe meu amigo, quando Jesus veio como ser humano ao mundo, ele não só parecia um de nós, ele se tornou um de nós. Como você e eu, teve as mesmas lutas, sentiu às vezes sozinho e incompreendido. Experimentou diversas tentações e é por isso que ele está mais pronto a amá-lo e compreendê-lo do que a julgá-lo e condená-lo.

A Bíblia diz que Jesus viveu 33 anos, foi tentado em tudo e não pecou (Hebreus 4.15). Voltando ao princípio de retribuição ele merece a vida. Então vamos imaginar uma conversa entre ele e o Pai. Jesus diz: “Pai, eu vivi na terra como um ser humano e não pequei. Por isso mereço a vida. O ser humano pecou e merece a morte. O princípio de retribuição não impede que haja uma troca. Sendo assim, a vida que eu mereço darei ao homem, e a morte que ele merece, quero morrê-la”. Foi isso que aconteceu lá na cruz, uma troca de amor. Um justo morreu em nosso lugar. Morreu para pagar a nossa dívida de pecado que nos separava de Deus.


Uns dias antes da morte de Jesus, a polícia de Jerusalém prendeu um delinqüente chamado Barrabás. Ele foi julgado e condenado a morte de cruz. Este tipo de morte é cruel. Ninguém morre por feridas nas mãos e nos pés. É a perda de sangue, de gota em gota, a fome, sede, frio e calor que vai matando lentamente. Às vezes a pessoa ficava pendurada por vários dias até morrer. Depois do julgamento mandaram fazer uma cruz para Barrabás. Tiraram suas medidas e um carpinteiro foi chamado que com precisão fez a cruz nas medidas de Barrabás e com o seu nome.

A história conta que naqueles dias a polícia prendeu também a Jesus. A Bíblia diz que “... por ocasião da festa, costumava o governador soltar ao povo um dos presos, conforme eles quisessem. Naquela ocasião, tinham eles um preso muito conhecido, chamado Barrabás. Estando, pois, o povo reunido, perguntou-lhes Pilatos: A quem quereis que eu vos solte, a Barrabás ou a Jesus, chamado Cristo? Porque sabia que, por inveja, o tinham entregado. E, estando ele no tribunal, sua mulher mandou dizer-lhe: Não te envolvas com esse justo; porque hoje, em sonho, muito sofri por seu respeito. Mas os principais sacerdotes e os anciãos persuadiram o povo a que pedisse Barrabás e fizesse morrer Jesus. De novo, perguntou-lhes o governador: Qual dos dois quereis que eu vos solte? Responderam eles: Barrabás! Replicou-lhes Pilatos: Que farei, então, de Jesus, chamado Cristo? Seja crucificado! Responderam todos. Que mal fez ele? Perguntou Pilatos. Porém cada vez clamavam mais: Seja crucificado! Vendo Pilatos que nada conseguia, antes, pelo contrário, aumentava o tumulto, mandando vir água, lavou as mãos perante o povo, dizendo: Estou inocente do sangue deste justo ; fique o caso convosco! E o povo todo respondeu: Caia sobre nós o seu sangue e sobre nossos filhos! Então, Pilatos lhes soltou Barrabás; e, após haver açoitado a Jesus, entregou-o para ser crucificado” (Mateus 27.15-26)

Se houve alguém que entendeu bem a expressão “Jesus morreu em meu lugar” foi Barrabás. Ele talvez se beliscasse para saber se realmente estava acordado. Ele, um delinqüente estava livre porque um homem justo apareceu para morrer em seu lugar. Inacreditável!


Já não havia mais tempo para preparar uma cruz para Cristo. Além do mais, ali havia uma cruz vaga, com medidas de outro, com o nome de outro, preparada para outro. E naquela tarde, meus amigos, quando Cristo subiu ao monte carregando aquela cruz, eu gostaria que você entendesse bem isso, Jesus estava carregando uma cruz alheia, porque para ele ninguém nunca fez uma cruz. Sabe por quê? Porque ele não merecia uma. Aquela tarde ele carregou a minha cruz. Era eu que merecia morrer, mas ele me amou tanto que decidiu morrer em meu lugar e me oferecer o direito à vida, que como homem ele tinha conquistado.

Ao chegarem ao topo da montanha deitaram a cruz no chão e com enormes pregos atravessaram-lhe as mãos e os pés. Ao levantar a cruz, com o peso de seu corpo, sua carne se rasgou. Colocaram uma coroa de espinhos sobre sua cabeça e zombaram dele. Um soldado o feriu de lado com uma lança e tendo sede lhe deram vinagre para beber. Ali estava o Deus-Homem morrendo por amor. O sol escondeu seu rosto para não ver a miséria dos homens, os animais corriam de um lado para outro sentindo que algo estava errado, apenas o ser humano, a mais inteligente das criaturas, parecia ignorar que naquele instante o seu destino estava em jogo. Horas depois, quando todos voltaram para casa, lá naquela montanha solitária, em meio a dois ladrões, morria de maneira agonizante o maravilhoso Jesus, entregando a sua vida por mim e por você.

Você já parou para pensar, alguma vez, o que significou aquele ato de amor? Não era um louco suicida que morreu na cruz. Não era um revolucionário pagando por sua ousadia. Era Deus, feito homem e como homem tinha medo de morrer. Tinha tanto medo que na noite anterior chegou a falar com o Pai: “Se possível, me livre deste sofrimento”, mas antes de ouvir qualquer resposta, ele pensa em mim, pensa em você, consciente de que não teríamos outra chance de reconciliarmos com Deus, ele diz “não, não me livre deste sofrimento, faça-se conforme o teu plano”. Ele tinha medo de morrer, mas o seu amor era maior do que o medo. A pergunta que há anos me acompanha é: “por que ele me amou tanto?” Eu jamais poderei compreender.

Voltemos ao raciocínio inicial. O homem pecou e merece morrer. Mas ele vai a Deus e diz: “Pai, perdoa-me, eu não quero morrer”. E Deus lhe diz: “Filho, eu não posso mudar o princípio. O salário do pecado é a morte. Não tem outra saída.” Mas o homem continua clamando em desespero: “Pai perdoa-me, por favor!”.

Li sobre um garoto chamado Ricardo que nos ajuda entender essa situação. Ele gostava de pular a cerca e comer as maças de seu vizinho. Um dia sua mãe o chamou e, mostrando-lhe uma vara, disse: “A próxima vez que você roubar mais uma maça do nosso vizinho, vou dar-lhe 5 varadas, entendeu?”. Os dias passaram, as maças ficavam cada vez maiores e mais bonitas. Ele não resistiu. Pulou a cerca e comeu maças até ficar satisfeito. Quando voltou foi surpreendido com a mãe com a vara na mão. Tremeu. Sabia o que iria acontecer e então suplicou: “Mãe, me perdoe. Eu não vou fazer mais isso”. A mãe disse: “Não posso filho. Você terá que receber o castigo”. Ricardo com os olhos em lágrimas disse: “Não mãe, por favor!”. Que mãe ficaria insensível vendo o filho pedindo perdão? Ela tomou entre as suas mãos, as mãos do filho e disse: “Filho, a falta existiu, o castigo precisa ser cumprido. Você não quer receber o castigo, mas eu o amo tanto que vou sofrer o castigo em seu lugar”. E passou a vara para as mãos do menino. “Até aquele momento eu havia chorado com os olhos” conta Ricardo, “mas a partir daquele momento eu chorei com o coração. Como poderia eu bater em minha mãe por uma falta que eu cometi?”

Você entendeu a mensagem? É isso que acontece entre você e Deus. Ricardo não teve a coragem de bater em sua mãe por causa de seu erro. Mas nós tivemos coragem de crucificar Jesus e ainda hoje continuamos crucificando-o com nossas atitudes. E ele não diz nada. Como ovelha muda não abre sua boca, não reclama, não exige direito, não pensa em justiça. Apenas morre, morre lentamente consumido pelas chamas de um amor misterioso, incompreensível e infinito. Eu nunca terei palavras para agradecer o que ele fez por mim. E você? Ao levantar os olhos para a montanha e vê-lo pendurado numa cruz por amor a mim, posso afirmar: Esse Jesus, eu não conhecia.