domingo, 15 de fevereiro de 2009

Revela o segredo da vida vitoriosa


“Pastor, eu acho que não estou convertido. Constantemente sinto vontade de pecar. A minha vida é um permanente conflito. Quero servir a Jesus, mas ao mesmo tempo sinto vontade de fazer coisas erradas. Tem solução para mim?”.

A pergunta veio de um rapaz de 20 anos embora pudesse ter saído de seus lábios naquela tarde. Por alguma razão, temos a idéia de que no momento da conversão a nossa luta acaba e que a partir desse momento não pecaremos mais; seremos perfeitos, no sentido de ser exemplo de vida para outros. Mas por que é que a partir do momento que nos entregamos a Cristo nossa luta se torna maior e o conflito aumenta?



Antes de mais nada temos que entender o que acontece no momento da conversão. Muitos têm a idéia de que na hora da conversão, Deus tira de nós a natureza pecaminosa e a joga fora para sempre, colocando em substituição a nova natureza que gosta de amar e obedecer. Isto não é completamente verdade. Seria maravilhoso se fosse assim, já que nunca mais teríamos vontade de pecar e em conseqüência, nossa vida seria como a de Adão e Eva antes da queda.

Infelizmente não é assim que sucedem as coisas. Ao converter-nos, Deus coloca dentro de nós uma nova natureza, a natureza de Cristo. Mas o que acontece com a velha natureza pecaminosa, a natureza de lobo? Ela não sai, como muitos imaginam. Ela fica aí, agonizante. “Aquela parte que em cada um de vocês gosta de pecar, foi esmagada e mortalmente ferida” (Rm 6.6 – Versão “O mais importante é o amor”), afirma o apóstolo. E agora? Agora passamos a ser pessoas com duas naturezas: a natureza de Cristo, nova, recém implantada e a velha natureza pecaminosa, “esmagada e mortalmente ferida” que continua dentro de nós.

O ideal seria que a velha natureza permanecesse sempre “mortalmente ferida”. Mas essa situação não é definitiva; é circunstancial. Na primeira oportunidade que receber alimento, ela ressuscitará, e se continuar sendo alimentada, ela recuperará completamente as forças e lutará para expulsar de nossa vida a nova natureza. É por isso que depois da conversão a luta aumenta. Existe muito mais conflito num homem depois de sua conversão do que antes dela. Você está surpreso? Tente entender o que estou dizendo. Depois de comprometer-se com Jesus você pode esperar maior luta em seu coração, um conflito interno, que muitas vezes o levará ao desespero, se você não parar a fim de entender o problema.



O assunto é simples. O homem sem Cristo tem uma só natureza, a natureza com que nasceu e essa natureza faz as coisas erradas na hora que deseja. Não existe ninguém para se opor. Não existe luta, não há conflito. Mas você comprometeu-se com Jesus, você experimentou o milagre da conversão, você tem agora uma nova natureza e ela se opõe à velha. Você entende por que a vida do homem sem Cristo pode parecer mais leve? Ele só tem uma natureza e ela assume o controle da vida, sem oposição. Mas logo depois da conversão, quando o homem pensa que a velha natureza foi embora, descobre que ela continua dentro e o conflito começa.

Você conhece a história do apóstolo Paulo? Houve um momento em sua vida em que ele chegou à beira da loucura. Na sua carta aos cristãos de Roma ele diz: “Eu não entendo o que faço, porque não faço o que gostaria de fazer. Ao contrário, faço justamente aquilo que odeio... E isto mostra que de fato já não sou eu quem faço isso, mas o pecado que vive em mim... Assim, eu sei que é isto que acontece comigo... Dentro de mim sei que gosto da Lei de Deus. Mas vejo que uma lei diferente age em meu corpo, uma lei que luta contra aquela que minha mente aprova”. (Rm 7.15-23 – Versão BLH).

Entende meu amigo? Duas naturezas, duas forças lutando dentro do apóstolo Paulo. Um conflito que o levou ao desespero, porque no verso seguinte ele clama: “Que situação terrível esta em que estou! Quem é que me livrará da minha escravidão e esta mortífera natureza interior?” (Rm 7.24 BLH). Agora pergunto. No momento em que Paulo escreveu a carta aos Romanos estava ou não convertido? Claro que estava. Ele tinha sido convertido lá na estrada de Damasco, quando se encontrou com Jesus e caiu do cavalo. Porém, aqui está a experiência de um homem convertido sentindo dentro de si o conflito das duas naturezas.

Não se preocupe meu amigo por causa da tensão e do conflito que vêm após a sua conversão. Você e eu somos pessoas com duas naturezas, entende? E o pior, elas não gostam uma da outra. O apóstolo Paulo um dia conseguiu entender este conflito, e aí ele escreveu: “Isto é o que eu quero dizer: Deixem que o Espírito de Deus dirija suas vidas, e não obedeçam os desejos da natureza humana. Porque o que a nossa natureza humana deseja é contra o que o Espírito quer, e o que o Espírito quer é contra o que a natureza humana deseja. Os dois são inimigos, e por isso vocês não podem fazer o que querem”. (Gl 5.16-17 BLH).


“Pastor”, você dirá, “quer dizer que toda a minha vida vai ser uma vida de conflito?” Não, necessariamente; e isso vai depender de suas escolhas. As duas naturezas estão hoje em luta mas, finalmente, uma delas vencerá. Uma delas assumirá o controle completo de sua vida. Uma delas sobreviverá e a outra morrerá. Qual delas será a vitoriosa? Também isso vai depender de suas escolhas.

Vamos ilustrar o assunto desta maneira. Suponhamos que estão soltas na arena de um circo duas feras envolvidas numa luta de morte. Os empresários do circo separam as duas feras e as colocam em jaulas separadas. Uma delas é fartamente alimentada. Recebe comida e água em abundância. A outra é deixada no esquecimento quase total. Vez por outra alguém dá para ela apenas um bocado de alimento, o suficiente para não morrer. Quando chegar o momento do confronto, qual delas vencerá? Existe alguma dúvida? Você sabe que será a que for melhor alimentada, não sabe?

Ocorre que os seres humanos, geralmente, alimentam mais a natureza pecaminosa e esta é a causa de nosso fracasso constante, mesmo depois de nossa conversão. Deus realizou o milagre da conversão em nós, implantou em nosso coração a nova natureza, mas nós não cuidamos dela, não a alimentamos e em conseqüência a velha natureza está sempre tomando o controle de nossa vida.

Como é que se alimenta as naturezas? Através dos cinco sentidos. Tudo o que entra em nossa mente através dos sentidos é alimento para uma ou outra natureza. Este é o motivo por que precisamos ser cuidadosos na escolha dos programas que assistimos, os sites que navegamos, das revistas que lemos, das conversas das quais participamos e das músicas que ouvimos. É verdade que às vezes, mesmo sem querer, estaremos sempre alimentando a natureza má. Eu não posso evitar ouvir uma música que inspire desejos pecaminosos enquanto estou num ônibus ou no local de trabalho. Não posso também evitar que apareça uma imagem sedutora enquanto leio ou assisto ao noticiário. Mas posso evitar colocar voluntariamente esse tipo de “alimento” em minha mente. É inevitável que vez por outra passem “migalhas” para a natureza má, mas posso evitar que entre para ela “filé mignon”.

Alguns anos depois de escrever o desesperado capítulo aos Romanos, Paulo escreveu aos Filipenses dizendo: “E agora irmãos, ao terminar esta carta, quero dizer-lhes mais uma coisa. Firmem seus pensamentos naquilo que é verdadeiro, bom e direito. Pensem em coisa que sejam puras e agradáveis”. (Fp 4.8). Ele está falando do alimento da nova natureza, você percebe? Ele tinha descoberto o segredo da vida vitoriosa. Ele não mais alimentava a natureza pecaminosa. A natureza de Cristo tinha assumido agora o controle da sua vida. “Eu próprio não vivo mais, sim é Cristo que vive em mim”. (Gl 2.20).


Na realidade a nossa vitória e, em conseqüência, a nossa felicidade na vida cristã, dependem de certo modo de aprendermos a conviver com ambas as naturezas. Como? Alimentando a natureza de Cristo e matando de fome a outra. É isso que Paulo diz quando afirma: “e os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com suas paixões e desejos descontrolados” (Gl 5.24 livre). Enquanto estivermos neste mundo, não há modo de nos livrarmos da natureza pecaminosa, embora possamos tornar a luta mais leve, deixando de alimentar a natureza má. Podemos manter esta última “mortalmente ferida”, mas jogá-la fora de nosso ser, não.

Mas, graças a Deus, existe uma promessa maravilhosa: “Digo-lhes isto, meus irmãos: um corpo terreno, feito de carne e sangue, não pode entrar no reino de Deus. Estes nossos corpos mortais não são do tipo adequado para viver eternamente. Contudo eu lhes estou contando um segredo estranho e maravilhoso: nem todos morreremos, porém todos receberemos novos corpos! Tudo acontecerá num instante, num piscar de olhos, quando for tocada a última trombeta. Porque virá do céu um toque de trombeta, e todos os cristãos que já morreram, de repente voltarão à vida, com novos corpos que nunca jamais morrerão; então, nós, que ainda estivermos vivos, também receberemos, de súbito, novos corpos. Porque os nossos corpos terrenos, os que temos agora e que são mortais serão transformados em corpos celestiais que não podem pecar, mas viverão para sempre. Quando isso acontecer, finalmente, se tornará verdadeira esta escritura: “A morte foi tragada na vitória! Ó morte, onde está agora a tua vitória? Onde está o teu aguilhão? Porque o pecado – o aguilhão que causa a morte – terá desaparecido completamente”. (1 Co 15.50-54)

Não é isto maravilhoso? Um novo corpo. Sem natureza pecaminosa. Finalmente Deus arrancará a velha natureza de nós e a jogará fora, para sempre. Aí sim, não haverá mais luta, mais conflito interior, mais vontade de pecar. Tornaremos a ser pessoas com uma só natureza, a natureza de Cristo, perfeita e que se deleita em amar.

Cristo garantiu a nossa vitória na cruz. Ele está bem perto de você nas horas difíceis. Nos momentos em que você acha que todo mundo o abandonou, que você nunca conseguirá, que você é um fracasso completo, lembre-se de que Cristo está aí, amando-o, perdoando-o, sustentando-o. “Porque Deus está operando em vocês, ajudando-os a desejar obedecer-lhe, e depois ajudando-os a fazer aquilo que ele quer”. (Fp 2.13). “Deus, obrigado pela promessa de que um dia a luta findará. Ajuda-me, enquanto estiver neste mundo a alimentar a natureza de Cristo e matar de fome a natureza carnal. Essa é a minha parte ó Deus, eu sei, mas nem isso consigo. Por favor, vem e faze por mim o que eu sou incapaz de fazer por mim mesmo. Amém.”

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