
Já por alguns domingos nós temos pensado sobre a vida dos doze homens comuns escolhidos por Jesus para formarem o seu grupo de discípulos que teriam a responsabilidade de liderar a Igreja de Cristo nos anos que se seguiram à sua morte e ressurreição.
Depois da introdução nós aprendemos sobre a personalidade, vida e ministério de alguns deles. Vimos: Tiago, o discípulo justo; Tiago, o discípulo menor; Filipe, o discípulo que fazia as contas; Natanael, o discípulo sincero; Judas, o discípulo com três nomes; Tomé, o discípulo incrédulo; André, o discípulo das pequenas coisas; Mateus, o discípulo desprezado; E HOJE veremos o discípulo inconstante, Pedro.

Pedro era pescador profissional. Ele e seu irmão André eram de Betsaida e tinham um pequeno comércio de pesca em Cafarnaum. Apanhavam peixes no Mar da Galiléia. Seu nome completo era Simão Barjonas (Mt 16.17). Barjonas significa “filho de Jonas ou João”. Sabemos que ele era casado, pois Jesus em certa ocasião curou a sua sogra. Paulo diz que em certa ocasião sua esposa o acompanhou em uma viagem missionária (1 Co 9.5). Nada mais sabemos sobre sua família.

Em seu primeiro encontro com Jesus, Simão tem o seu nome alterado. Lucas deixa claro que Simão não teve seu nome mudado, mas acrescido: “Simão, a quem acrescentou o nome de Pedro” (vs. 14). Ao nome de Simão, que significa “areia, pedrinha”, Jesus acrescentou o nome Pedro, que significa “pedra, rocha”. E dali em diante ele é chamado ora de Simão, ora de Pedro e ainda em algumas vezes de Simão Pedro.
Simão era um nome apropriado para este discípulo, visto que por natureza, ele era afoito, inconstante e não confiável. Sua tendência era fazer promessas e não cumpri-las. Era daquelas pessoas que são as primeiras a se atirar de cabeça num novo projeto e na mesma rapidez abandonam tudo antes do fim. Normalmente ele falava e agia sem pensar. Quando abria a boca o cérebro ainda estava em ponto morto. Por isso o chamamos de o discípulo inconstante.
Ao que parece, Jesus mudou o nome de Simão, pois queria que o novo nome o lembrasse daquilo que ele deveria ser. Alguém firme como uma rocha, seguro, confiável e fiel. E dali por diante, quando o Senhor dizia “Simão”, Pedro já se encolhia todo. Talvez pensasse, ‘por favor, me chame de Rocha’. E o Senhor talvez respondesse, ‘eu o chamarei de Rocha quando você agir como uma rocha’.
Mas, a mudança de nome não foi o único método de ensino usado por Jesus para a transformação de Simão Pedro. Era necessário que ele passasse por diversas experiências na vida que fariam dele o tipo de pessoa que Cristo desejava que ele fosse. Os altos e baixos de suas experiências foram dolorosas e por vezes dramáticas.
Por que Jesus fez isso? Sentia algum prazer em atormentar Pedro? De forma alguma. As experiências foram todas necessárias para transformar Pedro no discípulo aprovado que encontramos na Igreja de Atos dos Apóstolos. Vejamos agora algumas destas experiências.

A primeira experiência que revela a personalidade inconstante de Simão Pedro está registrada em Mateus 14. 22 a 33. Após a multiplicação de pães e peixes que alimentara mais de cinco mil homens, além de mulheres e crianças, Jesus orienta aos discípulos a atravessar de barco o mar de Tiberíades enquanto ele despedia as multidões.
A noite chegou, e enquanto os discípulos se deparavam com uma grande tempestade, Jesus orava em um monte. Enquanto os discípulos lutavam pela sobrevivência, eles são surpreendidos por Jesus andando por sobre as águas. O texto diz que eles ficaram com tanto medo que acharam que se tratava de um fantasma e começaram a gritar.
Diante disso, Jesus os acalma dizendo: “Tende bom ânimo! Sou eu. Não temais!”. Surpreso, Pedro diz: “Se és tu, Senhor, manda-me ir ter contigo, por sobre as águas” e Jesus diz “Vem!”. Foi preciso ter muita fé para poder acreditar em um suposto fantasma, colocar os pés na água e ir em direção ao mesmo. E Pedro tinha fé o bastante. Ele sai do barco e começa a caminhar sobre as águas. Todavia, reparando a força do vento, Simão teve medo e começou a submergir. E num grito desesperado clama por socorro, e no mesmo instante Jesus o segura pela mão e diz: “Homem de pequena fé, por que duvidaste?”.
Pedro com isso se revelou como alguém que tinha fé suficiente para sair ao encontro de Jesus, mas insuficiente para chegar até ele. Fé para ir e não para chegar. Todavia, com experiências como esta ele teve sua fé fortalecida durante toda a sua caminhada com o Mestre.

A segunda experiência que mostra o caráter inconstante de Simão Pedro está registrada em Mateus 16.13 a 23. Naquela ocasião Jesus questiona junto aos discípulos sobre “Quem diz o povo ser o Filho do Homem?”. Várias respostas são dadas pelos discípulos. Todavia, ao ouvi-los, Jesus pergunta: “Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou?”. Mediante essa nova pergunta ouve-se um silêncio de todos, menos um. Pedro fala: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”.
Diante de tal resposta, Pedro é elogiado por Jesus que disse: “Bem-aventurado Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que estás nos céus” e continuou “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus”.
Com tais palavras, Pedro, a rocha, acabara de saber que Deus revelaria sua palavra a ele à medida que submetesse sua mente à verdade. A mensagem que ele devia proclamar seria entregue a ele pelo próprio Deus (vs. 17). Soube também que receberia as chaves do reino dos céus – o que significava que sua mensagem abriria o reino de Deus para a salvação de muitos (vs.19), o que de fato aconteceu no dia de pentecostes.
Tal experiência positiva elevou o coração de Pedro. Certamente começou a olhar para si mesmo além do que convém. O que se revelou nos minutos seguintes. Ao ouvir Jesus falar que seria morto e ressuscitado nos próximos dias, Pedro, cheio de si, chama Jesus à parte e começa a reprová-lo dizendo: “Tem compaixão de ti, Senhor; isso de modo algum te acontecerá.”
Mal sabia ele, que tais palavras protetoras, apesar de parecer inocente, não fora sussurrada aos seus ouvidos pelo Espírito de Deus. A isso respondeu Jesus: “Arreda Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens”. Por não submeter seus pensamentos à Palavra segura de Jesus, que acabara de dizer que “era necessário ir a Jerusalém morrer e ressuscitar” Pedro sofreu a mais dura repreensão da qual se tem registro.
Pedro precisou ouvir essa repreensão dolorosa, para aprender que apesar do inimigo de nossas almas não poder nos possuir, ele fará todos os esforços para nos levar a defender idéias que atrapalham o cumprimento do plano de Deus de salvação do mundo. Aprendeu também, que submeter-se à Palavra de Deus é a maneira mais segura para não cairmos nas ciladas do inimigo.

Outra experiência marcante na vida de Pedro está registrada em Mateus 26. 31-35 e 69-75. O contexto desta passagem nos remete a ultima ceia. Depois de lavar os pés dos discípulos, indicar o traidor e instituir a ceia, Jesus adverte aos discípulos que ao ser entregue às autoridades, todos o abandonariam. Todavia, depois que ressuscitasse ele tomaria a iniciativa de reencontrá-los.
Nesse instante, Pedro discorda do Mestre fazendo uma maravilhosa declaração de amor: “Ainda que venhas a ser um tropeço para todos, nunca o será para mim”. A isso Jesus respondeu: “Em verdade te digo que, nesta mesma noite, antes que o galo cante, tu me negarás três vezes”.
Pedro não se deu por convencido, era um absurdo admitir que ele fosse capaz de negar aquele a quem amava, então disse: “Ainda que me seja necessário morrer contigo, de nenhum modo te negarei”. Nesse instante Jesus silencia, pois sabia que aquela experiência ensinaria a Pedro mais uma grande lição, a de depender totalmente de Deus.
Ao saírem dali, Jesus é preso e Pedro o segue a distância. Sabemos o que aconteceu naquela noite. Ao ser questionado sobre sua relação com Jesus, por três vezes seguidas e em público, Pedro trata o assunto com indiferença e assim nega por três vezes como nenhum outro discípulo havia feito. Ao ouvir o galo cantar, Pedro se lembra da conversa com Jesus e foge chorando amargamente. Ele até tinha boas intenções, mas dessa vez aprendera da forma mais difícil que era humanamente fraco e não podia confiar em seu próprio coração.
Três dias depois da morte de Jesus, algumas mulheres são surpreendidas por um anjo dizendo que ele havia ressuscitado. “Mas ide” disse o anjo “dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vai adiante de vós para a Galiléia; lá o vereis, como ele vos disse.” (Marcos 16:7). Observe que o anjo faz questão de dizer o nome de Pedro porque certamente ele não se considerava mais digno de ser discípulo de Cristo, estava decepcionado consigo mesmo. Mas, como havia prometido, Jesus reencontra seus discípulos e restaura aquele que o havia negado por três vezes. Assim Pedro aprendeu como deveria confiar somente na Palavra do Senhor e não em seu próprio coração.
CONCLUSÃO
Que fim teve a vida de Pedro? As Escrituras não narram. No entanto a história da Igreja registra que Pedro foi morto crucificado. Quando chegou sua hora de morrer, ele pediu para ser crucificado de cabeça para baixo, pois não se achava digno de morrer como seu Senhor havia morrido. E assim, ele foi morto em uma cruz invertida.
Sem Palavras pra esse ensinamento maravilhoso!
ResponderExcluirobrigada Deus