domingo, 6 de setembro de 2009

Tomé, o discípulo incrédulo


Depois da introdução nós aprendemos sobre a personalidade, vida e ministério de alguns deles. Vimos: Tiago, o discípulo zeloso; Tiago, o discípulo menor; Filipe, o discípulo que fazia as contas; Natanael, o discípulo sincero; Judas, o discípulo com três nomes; E HOJE veremos Tomé, o discípulo incrédulo.


Tomé é outro discípulo que tem omitida a sua história pelos três primeiros evangelhos. Apenas João é que relata alguns episódios através dos quais podemos saber sobre a sua personalidade.

João também o chama de “Dídimo” que significa “o gêmeo”, dando a entender que ele tinha uma irmã ou irmão gêmeo. Todavia, a Bíblia nada fala sobre esse assunto.

De acordo com a tradição popular, Tomé é conhecido como sendo o discípulo incrédulo e como todo incrédulo, era do tipo de pessoa que olhava só para o lado triste da vida. Vivia olhando com desconfiança exagerada para tudo. Em toda situação estava sempre esperando o pior. Mas, surpreendentemente também tinha lá o seu lado bom, era corajoso. Sua incredulidade causava-lhe sérios problemas, vejamos:


A primeira vez que Tomé é citado por João, é quando da morte de Lázaro. Jesus estava sendo procurado na Judéia por seus inimigos que estavam decididos a matá-lo. Por esta razão Jesus havia se retirado para o outro lado do Jordão, onde estava desenvolvendo um ministério bem sucedido, e ao que parece, foi o melhor período da popularidade de Jesus.

Todavia, chega-lhe a notícia de que seu amigo Lázaro estava muito doente e que ele deveria ir vê-lo. Surge então um dilema, Lázaro morava na aldeia de Betânia, região da Judéia e se Jesus fosse visitá-lo poderia ser preso e morto. Então, o que fazer?

Os discípulos devem ter ficado aliviados quando Jesus, inicialmente, resolveu ficar. Mas, dois dias depois, eles são surpreendidos com a firme decisão do Mestre: “Lázaro morreu... mas vou para despertá-lo” (João 11:11). Nesse momento, os discípulos ficam perturbados e tentam inutilmente impedir a viagem de volta à Judéia. Eles estavam com muito medo do que pudesse vir a acontecer e relutantes àquela viagem, apesar da advertência de Jesus de que eles não precisavam temer porque naquela hora era preciso fazer a obra do Pai ‘enquanto era dia’, ou seja, eles não seriam presos e nem mortos naquela viagem.

Foi nesse momento que Tomé falou aos demais discípulos “Vamos também nós para morrermos com ele” (vs. 16). Para Tomé era mais fácil acreditar que seriam mortos do que acreditar que não seriam presos e que Lázaro poderia ser ressuscitado conforme a palavra de Jesus. Todavia, há um toque de coragem na palavra de Tomé. Já que Cristo não lhe quis dar ouvidos, estava disposto a ir e morrer com ele, o que não apaga a sua incredulidade na palavra de Cristo.

Não é fácil ser um incrédulo. É um jeito miserável de se viver. O crente teria dito “Vamos lá; vai dar tudo certo. O Senhor já disse que nada de mal vai nos acontecer, podemos acreditar”. Mas, o incrédulo diz “Não adianta, ele vai morrer mesmo, então só nos resta ir e morrer com ele também”.

A incredulidade de Tomé o impediu de ver o que estava para acontecer. Jesus disse que ele iria despertar Lázaro do sono da morte. Era um grande momento que marcaria sua vida, onde Cristo demonstraria ao vivo e a cores o seu poder como Deus encarnado, todavia, Tomé não conseguiu perceber o que estava para acontecer por causa de sua incredulidade.


A outra ocasião em que encontramos o incrédulo Tomé é quando Jesus está preparando os discípulos para sua morte (João 14). Naquela ocasião dizia Jesus: “Vou prepara-vos lugar” (vs 2) e “voltarei e vos receberei para mim mesmo” (vs. 3) e “vocês sabem o caminho” (vs. 4).

Os discípulos haviam colocado em Jesus toda a esperança de que ele se tornasse o rei de Israel e os livrasse da opressão do império romano. Todavia, com as palavras de despedida de Jesus, tal expectativa é frustrada. Ele iria embora, e mesmo que garantisse a sua volta, Tomé não tinha fé suficiente para acreditar. Esperar não era seu forte, era preciso saber o endereço para onde Jesus estava indo para que ele pudesse ir por conta própria. Por isso ele pergunta: “Senhor, não sabemos para onde vais; como saber o caminho?” (vs. 5)

A isso Jesus respondeu: “Eu Sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim” (vs. 6). Ou seja, bastava seguir todas as orientações e ensinos dados pelo Mestre que certamente eles estariam diante de Deus na eternidade, até porque é ele quem tomaria a iniciativa do reencontro quando disse “voltarei e vos receberei para mim mesmo” (vs. 3).

Até aquele momento Jesus havia dado inúmeras provas de que ele era digno de confiança. Tudo o que ele havia falado, havia se cumprido. Mas Tomé, cabisbaixo, não acreditava que poderia reencontrá-lo novamente depois daquela despedida.

Pessoas como Tomé não acreditam muito que Deus pode interferir em suas vidas. Tem dificuldades de acreditar na interferência do Todo Poderoso em sua história. Para eles, o melhor da vida já passou. Deus até existe, agiu no passado, mas não fará grandes coisas no presente em seu favor. Pior, se olhassem para trás, encontrariam muitos motivos para acreditar que Deus sempre se mostrou presente e ativo em suas vidas e fará intervenções no futuro quantas vezes forem necessárias.


O último relato a respeito de Tomé está registrado em João 20. Após a morte e ressurreição do Senhor ele aparece aos seus discípulos dentro de um salão com as portas trancadas e nessa ocasião Jesus mostrou suas mãos e o lado ferido pela lança quando de sua morte. João diz que estavam todos os discípulos reunidos ali, exceto Tomé (Jo 20:24).

Mas por que Tomé estava ausente? Não é difícil perceber que ele estava envolvido em sua incredulidade mais uma vez. Ele não acreditava que a ressurreição de Cristo poderia acontecer mesmo. Se retira do convívio social, busca um lugar deserto, se sentindo arrasado, destruído. Não estava disposto a estar com ninguém, até mesmo com seus amigos.

No entanto, depois da experiência de ter visto o Senhor ressurreto, os discípulos procuram Tomé para dar-lhe a boa notícia. “Vimos o Senhor” disseram eles, mas pasme, ouçam a resposta de alguém que tem sua fé diminuída: “... Se eu não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser o dedo, e não puser a mão ao seu lado, de modo algum acreditarei” (vs 25).

É por esse motivo que Tomé é chamado de o discípulo de pouca fé. Os discípulos se retiram com aparente insucesso na tentativa de reanimar Tomé. No entanto, diz-nos a Bíblia que Tomé só tomou a decisão de unir ao grupo oito dias depois. E algo maravilhoso aconteceu. Mais uma vez, eles estavam no salão de portas fechadas, quando Jesus aparece no meio deles, e sem que ninguém o comunica sobre as dúvidas de Tomé, Jesus aproxima-se dele e diz “Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; chega também a tua mão e põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente” (vs 27). O curioso é que Tomé, mesmo vendo o Senhor, fez questão de apalpá-lo. E somente assim, convencido da ressurreição do Senhor, ele confessa “Senhor meu e Deus meu!” (vs. 28) ao que Jesus responde “Por que me vistes creste? FELIZES os que não viram e creram” (vs. 29).

Pessoas como Tomé, precisam entender que Deus as ama, apesar de sua fé deficiente. Todavia, devem tirar os olhos das circunstâncias contrárias e fixar seus olhos no Deus que tudo pode e que jamais terá um só de seus planos frustrados. A felicidade certamente não depende do que temos ou da ausência de problemas em nossas vidas. A felicidade depende de confiarmos em Deus em toda e qualquer situação. E Tomé teve que aprender isso.

Tomé foi de fato transformado pelo Senhor. Cheio do Espírito Santo tornou-se um grande pregador na Índia, onde levou milhares de pessoas a confiar em Jesus. A história da Igreja diz-nos que ele morreu atravessado por uma lança. Curiosamente, no mesmo lugar do corpo em que Jesus também foi ferido por uma lança.

Com Tomé aprendemos que a incredulidade impede nossos olhos de antever o agir de Deus em nossas vidas, rouba nossa esperança de dias melhores e diminui consideravelmente nossa fé reduzindo-nos a uma vida infeliz. Mas, o que nos consola é saber que Deus trabalha nossa personalidade, em tempo certo e de maneira correta. É preciso estar atentos ao que ele está fazendo em nós e nos submetermos ao seu tratamento. Que ele nos abençoe.

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