domingo, 22 de março de 2009

Conhecâ-lo é tudo


A pergunta do jovem rico: “O que farei para ter a vida eterna?” é a pergunta que pulsa no coração do ser humano. O homem foi criado para viver. O que ele mais quer é viver. Pode a vida ser a mais miserável das vidas, mas quando chega a hora da morte o homem se agarra com desespero à vida. A morte é uma intrusa na experiência humana e por isso não é aceita. O maior desejo do homem é viver. Para ter vida ele é capaz de fazer qualquer coisa, pagar qualquer preço, realizar qualquer sacrifício. “O que farei para ter a vida eterna?” É o grito desesperado do coração humano.


E a resposta de Cristo é simples: “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (João 17.3). Você vê? O segredo da vida eterna não consiste apenas no conhecimento de um corpo de doutrinas ou na aceitação de uma determinada Igreja. O segredo é o conhecimento de uma pessoa: a pessoa maravilhosa de Jesus Cristo. O verdadeiro cristianismo é um relacionamento de duas pessoas: o ser humano e Cristo. O que mais importa em nossa experiência espiritual não é o QUE cremos, mas em QUEM cremos.

A razão para acreditar que o verdadeiro cristianismo é o relacionamento pessoal entre Cristo e o homem é que a justiça e o pecado só podem existir entre pessoas. Uma estrela, um gato, uma mesa ou uma pedra não podem pecar ou ser justos. Só as pessoas pecam. Por isto o pecado, mais do que a violação da lei, é a interrupção do relacionamento de amor entre Cristo e o ser humano. Esta é a verdadeira desgraça do pecado. Quando peco, estou ferindo meu Jesus, ferindo a mim mesmo e trazendo separação entre ambos.

A maldade do pecado do Éden está melhor revelada no fato de Adão se esconder de Deus do que simplesmente no comer do fruto proibido. Isto é o pior do pecado. O ser humano que antes corria e se jogava nos braços do Pai, depois de pecar, escondeu-se de medo e causou profundo sofrimento ao coração de Deus. Estava o Pai triste porque alguém quebrou a lei? Ou estava sofrendo por causa da separação?

Isto nos leva à conclusão de que a salvação, a vida eterna nada mais é do que uma reconciliação ou um novo relacionamento pessoal com Cristo. Somos salvos, quando cremos em Jesus, quando amamos a pessoa de Jesus, não apenas seu nome, nem suas doutrinas, nem apenas sua Igreja.

Não podemos, porém, amar uma pessoa sem conhecê-la, por isso o inimigo fará todo o possível para nos distanciar mais e mais de Deus, ou então para aproximar-nos de Deus com uma idéia errada do Pai. O inimigo não quer que conheçamos a Jesus ou, na pior das hipóteses, quer que o conheçamos com a imagem de um Deus tirano, ditador, preocupado mais com suas normas do que com seus filhos. Essa imagem de Deus não inspira amor, inspira medo; não inspira desejo de servi-lo, gera a obrigação de servi-lo. A conseqüência é uma religião triste, um cristianismo formal. É o medo do castigo que nos leva a obedecer. O inimigo fica feliz com isso. Conseguiu o que queria. Se não conseguiu levar-nos para longe do Pai, pelo menos nos trouxe para perto dele pelos motivos errados.

Conhecer Jesus é tudo, sabe por quê? Porque conhecê-lo como na realidade ele é, conhecer o que ele fez por nós na cruz do Calvário, saber quanto ele nos amou apesar de nossas atitudes ou de nossa rebeldia, não nos dá outra alternativa a não ser de apaixonarmos por ele, amá-lo com todas as forças do nosso ser. E porque o amamos, desejaremos ser como ele é, viver como ele quer, ver sempre um sorriso estampado em seu rosto. Conseqüentemente, deixaremos de fazer tudo aquilo que o deixa infeliz. Conhecer Jesus é tudo porque a salvação não provém do esforço humano, ela é um presente de Deus e esse presente é a pessoa de Jesus Cristo. Conhecer Jesus é ter a salvação e, portanto, a vida eterna.


Quando João fala de “conhecer Jesus” não está falando apenas de um conhecimento teórico. João vivia numa época em que predominava o pensamento helenístico. Os gregos endeusavam o conhecimento teórico. Para um grego dizer que conhecia uma flor ele ia à biblioteca, estudava tudo o que as enciclopédias e livros falavam sobre a flor, e dizia: “Conheço a flor”. João não. Para ele dizer que conhecia a flor, além de ler o que os livros diziam, ele ia ao campo, tocava a flor, contemplava a beleza da flor, cheirava a flor, sentia nas mãos a textura de suas pétalas e então dizia: “Conheço a flor”.

Conhecer, para os gregos que viviam no tempo de João, era acumular conhecimento teórico. Conhecer, para o discípulo amado, era uma experiência de vida. O conhecimento teórico pode ajudar enquanto as coisas andam bem. O conhecimento experimental é, por sua vez, a única solução para os momentos de crise.

A maioria dos discípulos limitavam-se apenas a ouvir as palavras de Jesus. João ia além. Ficava perto do Mestre e reclinava a cabeça no coração de Jesus. A diferença revelou-se na crise. Quando os judeus prenderam a Jesus e o levaram ao Calvário, todo mundo o abandonou. O único que ficou perto da cruz foi aquele que não se contentou em ouvir Jesus, nem apenas saber acerca dele, mas que procurou um conhecimento experimental.

“E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”. Simples como uma flor, como uma criança, como um sorriso, como todas as coisas de Deus. Somos nós que às vezes complicamos as coisas, as tornamos difíceis e roubamos a beleza natural.


Nunca poderei esquecer a emoção que me produziu a leitura de um incidente ocorrido nos Estados Unidos. Trinta e seis crianças estavam presas numa sala de aula no primeiro andar de uma escola em chamas. As escadas estavam tomadas pelas chamas e fumaça. As saídas de emergência emperradas. Não havia outra saída. Trinta e seis rostinhos de crianças assustadas estavam colados nos vidros das janelas. Os bombeiros ainda não haviam chegado. Não havia policiais por perto. O resgate parecia impossível.

Marcos vivia dois quarteirões abaixo. Quando viu o fogo, ele correu para a escola. Sua missão, naquela manhã, não era rotineira como a de um policial ou um bombeiro. Ele foi impulsionado por outro sentimento. Ao chegar ao lugar, ele gritou para os garotos quebrarem o vidro. Os pedaços de vidro caíram pelo chão.

Marcos era um homem alto, musculoso e forte. Todo mundo podia ver o brilho de confiança em seus olhos, a segurança de seus braços e o amor em sua voz quando gritou aos garotos: “Pulem para cá, que eu os segurarei”. Uma a uma, as crianças começaram a pular. Os poderosos braços de Marcos os seguravam e os depositavam no chão. Finalmente todos estavam salvos. Quero dizer, todos menos um. O pequeno Mike olhava para baixo e dava um passo para trás com medo. Marcos gritou, suplicou, pediu, ordenou: “Pule Mike, nada vai acontecer, eu vou segurar você”. A professora de Mike gritou: “Pule Mike, pule”. Seus coleguinhas gritavam: “Pule Mike, pule. Nós conseguimos você também vai conseguir”. O garoto ficou ali gelado de medo. No dia seguinte encontraram seu corpo carbonizado. O corpo de Mike, filho de Marcos que salvara 35 crianças no dia anterior.

O que foi que aconteceu? O que saiu errado? Não sabemos. Nunca ninguém saberá, muito menos Marcos. Ele era um pai amoroso. Tinha dado para o filho tudo o que o garoto precisava, tinha brincado com ele, tinha lhe dado carinho, dividido com ele parte de seu próprio coração. No momento em que a vida de Mike estava em perigo, entre a esperança e o desastre, entre a vitória e a tragédia, entre a vida e a morte, Marcos estava ali com os braços estendidos, pedindo, suplicando, implorando, chorando para que o filho pulasse não ao frio e duro concreto, mas para seus braços seguros, confortáveis e carinhosos, braços de um pai que ama. Mas alguma coisa não deu certo, Mike morreu.

Seremos diferentes? Correremos com alegria aos braços do Pai maravilhoso e andaremos com ele num relacionamento de amor mútuo, ou ficaremos gelados como o pequeno Mike, com medo, porque as chamas da desconfiança nos levam a ver a imagem distorcida de um Deus tirano, cruel e justiceiro? Encerro esta mensagem orando para que Deus toque em seu coração e alma. Que você consiga vencer seu próprio medo e se lançar nos braços seguros de Jesus. Ele continua com os braços estendidos falando com você: Pule em meus braços e eu te segurarei. Por muitos anos tive medo de lançar-me em seus braços, até o dia em que o conheci. Este Jesus, que eu não conhecia, deu-me a oportunidade de relacionar-me de maneira significativa e real com ele. E você? Que Deus o abençoe.

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