domingo, 4 de outubro de 2009

Pedro, o discípulo inconstante


Já por alguns domingos nós temos pensado sobre a vida dos doze homens comuns escolhidos por Jesus para formarem o seu grupo de discípulos que teriam a responsabilidade de liderar a Igreja de Cristo nos anos que se seguiram à sua morte e ressurreição.

Depois da introdução nós aprendemos sobre a personalidade, vida e ministério de alguns deles. Vimos: Tiago, o discípulo justo; Tiago, o discípulo menor; Filipe, o discípulo que fazia as contas; Natanael, o discípulo sincero; Judas, o discípulo com três nomes; Tomé, o discípulo incrédulo; André, o discípulo das pequenas coisas; Mateus, o discípulo desprezado; E HOJE veremos o discípulo inconstante, Pedro.



Pedro era pescador profissional. Ele e seu irmão André eram de Betsaida e tinham um pequeno comércio de pesca em Cafarnaum. Apanhavam peixes no Mar da Galiléia. Seu nome completo era Simão Barjonas (Mt 16.17). Barjonas significa “filho de Jonas ou João”. Sabemos que ele era casado, pois Jesus em certa ocasião curou a sua sogra. Paulo diz que em certa ocasião sua esposa o acompanhou em uma viagem missionária (1 Co 9.5). Nada mais sabemos sobre sua família.


Em seu primeiro encontro com Jesus, Simão tem o seu nome alterado. Lucas deixa claro que Simão não teve seu nome mudado, mas acrescido: “Simão, a quem acrescentou o nome de Pedro” (vs. 14). Ao nome de Simão, que significa “areia, pedrinha”, Jesus acrescentou o nome Pedro, que significa “pedra, rocha”. E dali em diante ele é chamado ora de Simão, ora de Pedro e ainda em algumas vezes de Simão Pedro.

Simão era um nome apropriado para este discípulo, visto que por natureza, ele era afoito, inconstante e não confiável. Sua tendência era fazer promessas e não cumpri-las. Era daquelas pessoas que são as primeiras a se atirar de cabeça num novo projeto e na mesma rapidez abandonam tudo antes do fim. Normalmente ele falava e agia sem pensar. Quando abria a boca o cérebro ainda estava em ponto morto. Por isso o chamamos de o discípulo inconstante.

Ao que parece, Jesus mudou o nome de Simão, pois queria que o novo nome o lembrasse daquilo que ele deveria ser. Alguém firme como uma rocha, seguro, confiável e fiel. E dali por diante, quando o Senhor dizia “Simão”, Pedro já se encolhia todo. Talvez pensasse, ‘por favor, me chame de Rocha’. E o Senhor talvez respondesse, ‘eu o chamarei de Rocha quando você agir como uma rocha’.

Mas, a mudança de nome não foi o único método de ensino usado por Jesus para a transformação de Simão Pedro. Era necessário que ele passasse por diversas experiências na vida que fariam dele o tipo de pessoa que Cristo desejava que ele fosse. Os altos e baixos de suas experiências foram dolorosas e por vezes dramáticas.

Por que Jesus fez isso? Sentia algum prazer em atormentar Pedro? De forma alguma. As experiências foram todas necessárias para transformar Pedro no discípulo aprovado que encontramos na Igreja de Atos dos Apóstolos. Vejamos agora algumas destas experiências.


A primeira experiência que revela a personalidade inconstante de Simão Pedro está registrada em Mateus 14. 22 a 33. Após a multiplicação de pães e peixes que alimentara mais de cinco mil homens, além de mulheres e crianças, Jesus orienta aos discípulos a atravessar de barco o mar de Tiberíades enquanto ele despedia as multidões.

A noite chegou, e enquanto os discípulos se deparavam com uma grande tempestade, Jesus orava em um monte. Enquanto os discípulos lutavam pela sobrevivência, eles são surpreendidos por Jesus andando por sobre as águas. O texto diz que eles ficaram com tanto medo que acharam que se tratava de um fantasma e começaram a gritar.

Diante disso, Jesus os acalma dizendo: “Tende bom ânimo! Sou eu. Não temais!”. Surpreso, Pedro diz: “Se és tu, Senhor, manda-me ir ter contigo, por sobre as águas” e Jesus diz “Vem!”. Foi preciso ter muita fé para poder acreditar em um suposto fantasma, colocar os pés na água e ir em direção ao mesmo. E Pedro tinha fé o bastante. Ele sai do barco e começa a caminhar sobre as águas. Todavia, reparando a força do vento, Simão teve medo e começou a submergir. E num grito desesperado clama por socorro, e no mesmo instante Jesus o segura pela mão e diz: “Homem de pequena fé, por que duvidaste?”.

Pedro com isso se revelou como alguém que tinha fé suficiente para sair ao encontro de Jesus, mas insuficiente para chegar até ele. Fé para ir e não para chegar. Todavia, com experiências como esta ele teve sua fé fortalecida durante toda a sua caminhada com o Mestre.


A segunda experiência que mostra o caráter inconstante de Simão Pedro está registrada em Mateus 16.13 a 23. Naquela ocasião Jesus questiona junto aos discípulos sobre “Quem diz o povo ser o Filho do Homem?”. Várias respostas são dadas pelos discípulos. Todavia, ao ouvi-los, Jesus pergunta: “Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou?”. Mediante essa nova pergunta ouve-se um silêncio de todos, menos um. Pedro fala: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”.

Diante de tal resposta, Pedro é elogiado por Jesus que disse: “Bem-aventurado Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que estás nos céus” e continuou “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus”.

Com tais palavras, Pedro, a rocha, acabara de saber que Deus revelaria sua palavra a ele à medida que submetesse sua mente à verdade. A mensagem que ele devia proclamar seria entregue a ele pelo próprio Deus (vs. 17). Soube também que receberia as chaves do reino dos céus – o que significava que sua mensagem abriria o reino de Deus para a salvação de muitos (vs.19), o que de fato aconteceu no dia de pentecostes.

Tal experiência positiva elevou o coração de Pedro. Certamente começou a olhar para si mesmo além do que convém. O que se revelou nos minutos seguintes. Ao ouvir Jesus falar que seria morto e ressuscitado nos próximos dias, Pedro, cheio de si, chama Jesus à parte e começa a reprová-lo dizendo: “Tem compaixão de ti, Senhor; isso de modo algum te acontecerá.”

Mal sabia ele, que tais palavras protetoras, apesar de parecer inocente, não fora sussurrada aos seus ouvidos pelo Espírito de Deus. A isso respondeu Jesus: “Arreda Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens”. Por não submeter seus pensamentos à Palavra segura de Jesus, que acabara de dizer que “era necessário ir a Jerusalém morrer e ressuscitar” Pedro sofreu a mais dura repreensão da qual se tem registro.

Pedro precisou ouvir essa repreensão dolorosa, para aprender que apesar do inimigo de nossas almas não poder nos possuir, ele fará todos os esforços para nos levar a defender idéias que atrapalham o cumprimento do plano de Deus de salvação do mundo. Aprendeu também, que submeter-se à Palavra de Deus é a maneira mais segura para não cairmos nas ciladas do inimigo.


Outra experiência marcante na vida de Pedro está registrada em Mateus 26. 31-35 e 69-75. O contexto desta passagem nos remete a ultima ceia. Depois de lavar os pés dos discípulos, indicar o traidor e instituir a ceia, Jesus adverte aos discípulos que ao ser entregue às autoridades, todos o abandonariam. Todavia, depois que ressuscitasse ele tomaria a iniciativa de reencontrá-los.

Nesse instante, Pedro discorda do Mestre fazendo uma maravilhosa declaração de amor: “Ainda que venhas a ser um tropeço para todos, nunca o será para mim”. A isso Jesus respondeu: “Em verdade te digo que, nesta mesma noite, antes que o galo cante, tu me negarás três vezes”.

Pedro não se deu por convencido, era um absurdo admitir que ele fosse capaz de negar aquele a quem amava, então disse: “Ainda que me seja necessário morrer contigo, de nenhum modo te negarei”. Nesse instante Jesus silencia, pois sabia que aquela experiência ensinaria a Pedro mais uma grande lição, a de depender totalmente de Deus.

Ao saírem dali, Jesus é preso e Pedro o segue a distância. Sabemos o que aconteceu naquela noite. Ao ser questionado sobre sua relação com Jesus, por três vezes seguidas e em público, Pedro trata o assunto com indiferença e assim nega por três vezes como nenhum outro discípulo havia feito. Ao ouvir o galo cantar, Pedro se lembra da conversa com Jesus e foge chorando amargamente. Ele até tinha boas intenções, mas dessa vez aprendera da forma mais difícil que era humanamente fraco e não podia confiar em seu próprio coração.

Três dias depois da morte de Jesus, algumas mulheres são surpreendidas por um anjo dizendo que ele havia ressuscitado. “Mas ide” disse o anjo “dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vai adiante de vós para a Galiléia; lá o vereis, como ele vos disse.” (Marcos 16:7). Observe que o anjo faz questão de dizer o nome de Pedro porque certamente ele não se considerava mais digno de ser discípulo de Cristo, estava decepcionado consigo mesmo. Mas, como havia prometido, Jesus reencontra seus discípulos e restaura aquele que o havia negado por três vezes. Assim Pedro aprendeu como deveria confiar somente na Palavra do Senhor e não em seu próprio coração.

CONCLUSÃO

Que fim teve a vida de Pedro? As Escrituras não narram. No entanto a história da Igreja registra que Pedro foi morto crucificado. Quando chegou sua hora de morrer, ele pediu para ser crucificado de cabeça para baixo, pois não se achava digno de morrer como seu Senhor havia morrido. E assim, ele foi morto em uma cruz invertida.

domingo, 20 de setembro de 2009

Mateus, o discípulo desprezado


Temos aprendido sobre a vida dos doze homens comuns escolhidos por Jesus para formarem o seu grupo de discípulos que teriam a responsabilidade de liderar a Igreja de Cristo nos anos que se seguiram à sua morte e ressurreição.

Depois da introdução nós aprendemos sobre a personalidade, vida e ministério de alguns deles. Vimos: Tiago, o discípulo justo; Tiago, o discípulo menor; Filipe, o discípulo que fazia as contas; Natanael, o discípulo sincero; Judas, o discípulo com três nomes; Tomé, o discípulo incrédulo; André, o discípulo das pequenas coisas; E HOJE veremos Mateus, o discípulo desprezado.



Entre os doze homens comuns chamados por Jesus, encontramos Mateus. No evangelho de Marcos ele é chamado pelo seu nome judeu, ou seja, Levi (aquele que une) e também cita o nome de seu pai, Alfeu. Já Lucas, o doutor, o chama de Levi (no evangelho que também leva seu nome) e de Mateus (Dom ou presente de Deus) no livro de Atos.

Seria natural encontrarmos mais informações a seu respeito nos evangelhos, uma vez que ele é o autor do evangelho que leva seu nome. Mateus se colocou em segundo plano ao fazer o relato da vida e ministério de Jesus. Em todo o seu relato ele cita seu nome apenas duas vezes. A primeira quando é chamado à conversão e a segunda quando é chamado a fazer parte do grupo de discípulos pelo Mestre.

Vejamos o que podemos aprender com a biografia desse homem tão misterioso.


Quando Mateus foi chamado por Jesus, ele era um coletor de impostos, ou seja, um publicano.
Os coletores de impostos eram as pessoas mais desprezadas pelo povo de Israel. Eram odiados e rejeitados por toda a sociedade judaica. Eram considerados mais desprezíveis do que os Samaritanos e as prostitutas.

Tal sentimento se devia pelo motivo de que os publicanos compravam o direito do imperador romano de cobrar impostos dos judeus e com isso cobravam altos impostos do povo de Israel para encher os cofres dos romanos e os seus próprios bolsos. Com freqüência eles arrancavam dinheiro das pessoas à força e violência através de seus capangas. Eram corruptos, gananciosos, cruéis e sem princípio algum.

Mateus 9.9 registra o chamado desse homem. O relato aparece do nada, pegando o leitor de surpresa: “Partindo Jesus dali [Cafarnaum], viu um homem, chamado Mateus sentado na coletoria e disse-lhe: Segue-me! Ele se levantou e o seguiu”.

Mateus, como publicano, trabalhava numa coletoria de impostos onde tratava diretamente com o público. Estava acostumado a sofrer todo tipo de injúria, desprezo e atos de indiferença. Nenhum judeu de bem e em sã consciência jamais escolheria ser um coletor de impostos. Em sua cabeça ele havia, sem dúvida alguma, se afastado não apenas de seu próprio povo, mas também de Deus. Assim, ele deve ter ficado grandemente surpreso quando Jesus o chamou para segui-lo. Tanto que imediatamente, e sem qualquer hesitação, “se levantou e o seguiu”.

Mas o que levou Mateus a abandonar tudo para atender o chamado de Jesus? Podemos supor que ele era um homem ganancioso, até mesmo por causa de sua profissão. Todavia, tudo o que tinha não foi suficiente para satisfazer a maior necessidade de seu coração, ou seja, ser feliz. Mateus trabalhava o dia inteiro, ganhava milhões, mas era infeliz.

O dia em que foi encontrado por Cristo, seu coração foi preenchido de tal forma, que não houve dúvidas, aquele era o homem a quem deveria confiar sua vida, segui-lo para sempre, não importava o que viria acontecer depois. Jesus o aceitava como ele era e poderia transformá-lo numa pessoa feliz, e isso bastava para ele. Na sua experiência era preferível ter uma vida simples ao lado de Jesus, do que ser rico, mas vazio de propósito para com a vida.


Após aquele encontro com Jesus, encontramos Mateus oferecendo um grande banquete em sua casa. Diz-nos o texto: “E sucedeu que, estando ele em casa, à mesa, muitos publicanos e pecadores vieram e tomaram lugares com Jesus e seus discípulos. Ora, vendo isto, os fariseus perguntavam aos discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores? Mas Jesus, ouvindo, disse: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes. Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos; pois não vim chamar justos, e sim pecadores ao arrependimento.” (Mateus 9:10-13)

Lucas nos informa que na verdade, esse banquete oferecido por Mateus, foi um grande banquete oferecido em sua própria casa em homenagem a Jesus. Como aconteceu com Filipe e André, Mateus ficou tão empolgado ao conhecer Jesus que resolveu apresentar seus amigos àquele homem que estava sendo chamado de “amigo de publicanos”. Preparou um grande banquete em homenagem ao Mestre e convidou todas as pessoas que conhecia.

Mas quem foram os convidados de Mateus? Lucas diz-nos que eram numerosos publicanos e outros pecadores que estavam à mesa. Todavia, também encontramos alguns penetras fariseus e seus escribas que estavam ali apenas para observar Jesus buscando algum motivo para condená-lo. Eles sequer participaram do banquete porque isso os contaminaria. Ao verem Jesus comendo com os publicanos e pecadores, os fariseus murmuram contra os discípulos dizendo: “Por que comeis e bebeis com os publicanos e pecadores?” A isso respondeu Jesus: “Os sãos não precisam de médico e sim os doentes. Não vim chamar justo, e sim pecadores ao arrependimento”. (Lucas 5:29-32)

Jesus deixou claro que não havia nada que ele pudesse fazer para membros de igreja que pensam que por ser tão puros não podem se relacionar, sem comprometer seus princípios, com pecadores. Não há nada que possa ser feito para pessoas que teimam em manter suas aparências piedosas e falsas. Jesus se ocupa em mudar a vida de pecadores arrependidos como Mateus.

Por que Mateus convidou justamente publicanos e outros indivíduos desprezíveis para participar do banquete oferecido a Jesus? Simples. Estas pessoas eram as únicas que se relacionavam com um homem como Mateus. Era um coletor de impostos, um publicano, e os publicanos eram desprezados e proibidos até de participarem dos cultos no templo ou em qualquer sinagoga. Eram considerados indignos por todos a tal ponto que, era permitido você enganá-los e mentir para eles, pois era isso que merecia alguém cuja profissão era de explorar e trair o povo.

Assim, os únicos amigos de Mateus eram vagabundos, prostitutas, criminosos e gente dessa laia. Foram essas pessoas que ele convidou à sua casa para conhecerem a Jesus. De acordo com o relato do próprio Mateus, Jesus e seus discípulos aceitaram o convite e foram de bom grado e comeram com eles.

CONCLUSÃO

Sabemos que Mateus escreveu seu evangelho pensando num público judeu. A tradição diz que ele ministrou aos judeus durante muitos anos antes de ser queimado vivo como uma tocha humana. Assim, esse homem que abandonou uma carreira lucrativa sem pensar duas vezes, continuou disposto a dar tudo de si por Cristo até o fim.

Isso é basicamente tudo o que sabemos sobre Mateus. O suficiente para entendermos que assim como ele, fomos chamados por graça e não por merecimento. Assim como ele, podemos compartilhar com nossos amigos a maior de todas as boas notícias, a notícia de que Deus as ama e quer torná-las em pessoas melhores.

domingo, 13 de setembro de 2009

André, o discípulo das pequenas coisas


Temos aprendido sobre a vida dos doze homens comuns escolhidos por Jesus para formarem o seu grupo de discípulos que teriam a responsabilidade de liderar a Igreja de Cristo nos anos que se seguiram à sua morte e ressurreição.

Depois da introdução nós aprendemos sobre a personalidade, vida e ministério de alguns deles. Vimos: Tiago, o discípulo justo; Tiago, o discípulo menor; Filipe, o discípulo que fazia as contas; Natanael, o discípulo sincero; Judas, o discípulo com três nomes; Tomé, o discípulo incrédulo; E HOJE veremos André, o discípulo das pequenas coisas.


André era irmão de Pedro. Naturais de Betsaida, (Jo 1:44) residiam na região da Galiléia onde tocavam juntos um pequeno comércio de peixes. Em Cafarnaum conheceram outros dois irmãos, também pescadores, Tiago e João, os filhos de Zebedeu.

As Escrituras não relatam muita coisa a seu respeito. Quando o cita como indivíduo nunca o relaciona a qualquer desonra. Certamente, como participante do grupo de discípulos, André cometeu seus erros, mas como indivíduo é elogiado. Na maior parte das vezes em que seu nome é citado, vem acompanhado da frase “irmão de Pedro”, como se isso lhe conferisse importância.

Sempre que ele fala, o que é raro nas Escrituras, diz a coisa certa. Diferente de seu irmão, André era do tipo de pessoa que não fala muito, mas quando fala convence a todos. Ele era intenso naquilo que fazia e sempre disposto a pagar o preço pela sua fé.

André foi o primeiro discípulo a receber o chamado de Jesus para segui-lo (Jo 1:35-40). Isso aconteceu quando André começou a seguir João Batista e ouviu da boca dele, no deserto da Judéia, que Jesus era o Messias prometido. Naquela tarde André e seu amigo João, ao ver Jesus passar o perguntaram sobre o lugar onde ele estava morando. Segundo a narrativa de João, eles foram até onde Jesus estava morando e passaram a tarde conversando com ele.

Vejamos o que aconteceu com André após aquele encontro e o que podemos descobrir a respeito de sua personalidade.


Em se tratando de lidar com pessoas, André tinha um carinho especial. Quase todas as vezes que o vimos nas Escrituras, ele está ocupado levando alguém a Jesus. Por causa disso, até hoje, André é conhecido como aquele que leva amigos a Cristo e não multidões.

Basta olhar para o primeiro capítulo de João e você perceberá qual foi a primeira coisa que fez depois de ter passado uma tarde com ele. As Escrituras diz: “Ele achou primeiro o seu próprio irmão, Simão, a quem disse: Achamos o Messias (que quer dizer Cristo), e o levou a Jesus (vs. 41 e 42).

Ao estudar a vida destes dois irmãos, podemos perceber que ambos tinham o coração evangelista. Todavia eles são bem diferentes quanto ao método pelo qual apresentavam Jesus às pessoas. Enquanto Pedro era o evangelista das multidões (lembre-se que foi ele o pregador que levou mais de três mil pessoas a Cristo no dia da Festa de Pentecostes), André era do tipo que apresentava Jesus através do relacionamento pessoal. Ambos foram importantes para o estabelecimento da Igreja, mas qualquer líder de Igreja afirmará que o trabalho de alguém como André produz mais resultados a longo prazo do que o de Pedro. E nesse caso, basta lembrar que os mais de três mil foram convertidos porque André levou Pedro pessoalmente a conhecer Jesus.

Outro texto que cita André levando pessoas a Cristo é João 12. Aqui encontramos alguns gregos que vieram até Jerusalém para conhecer a Cristo. Estes procuram primeiro a Filipe, que se sente desconfortável em apresentá-los a Cristo. Naquele instante é bem provável que Filipe tenha pensado em uma solução. Olhando para as Escrituras não é difícil identificar qual foi essa “incrível solução” de Filipe para apresentar “gentios” a Jesus. Diz-nos o texto: “Filipe foi dizê-lo a André, e André e Filipe o comunicaram a Jesus.” (Jo 12:22).

André não ficava confuso quando alguém desejava ver Jesus. Ele simplesmente os levava ao Mestre. Ele entendia que Jesus gostava de conversar com pessoas que queriam conhecê-lo (Jo 6:37). Jamais se sentiu desconfortável em apresentar Jesus para alguém. Lembre-se que ele levou seu irmão Pedro a Jesus e se tornou o primeiro missionário, e aqui, ao levar os gregos a Jesus ele se torna o primeiro missionário internacional. Assim era André, costumava falar de Jesus aos seus amigos, um a um.


Em João 6 encontramos mais uma vez o discípulo André em ação. Depois de um dia exausto, Jesus se encontra diante de uma multidão faminta. Ao ver aquela situação os discípulos o chama a parte e o aconselha a despedir a multidão para que cada um pudesse buscar o que comer nas cidades vizinhas. Diante disso eles são desafiados pelo Mestre que disse “daí-lhes vós mesmo de comer” (Lucas 9).

Naquele momento encontramos Filipe, o discípulo que fazia as contas, calculando quanto seria necessário enquanto os demais certamente murmuravam, como de costume. Todavia, é nesse instante que encontramos André dizendo algo importante. Vejamos o texto: “Um de seus discípulos, chamado André, irmão de Simão Pedro, informou a Jesus: Está aí um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas isto que é para tanta gente?” (João 6:8 e 9)

Num primeiro momento somos tentados a pensar que André expressa um certo pessimismo, mas não se engane. O texto revela que André, diferente dos demais percebera que mais alguém, além dos doze, estava disposto a contribuir nem que fosse com uma dádiva pequena. Tratava-se de um menino que possuía cinco pães e dois peixinhos.

A pergunta que ele faz é uma pergunta retórica, ou seja, pergunta que por si só já é a resposta. É claro que André sabia que aquela pequena dádiva não podia resolver o problema da fome da multidão, mas ao levar o garoto a Jesus ele estava dando a entender que uma dádiva, até pode ser pequena, mas nas mãos de Deus pode ser usada de forma grandiosa. André não pensa duas vezes para levar diante de Jesus aquele menino. Lá no fundo, ele sabia que Jesus era capaz de fazer algo com aquela pequena contribuição.

André preparou o caminho para o milagre. Naquela tarde mais de cinco mil pessoas foram alimentadas e ainda sobraram doze cestos cheios. É claro que Jesus não precisava da oferta daquele menino para alimentar a multidão. Todavia esse episódio nos revela que Deus tem prazer em usar dádivas insignificantes para realizar coisas monumentais. E André sabia disso.

CONCLUSÃO

Tanto quanto sabemos, André jamais pregou para multidões. Seu ministério foi restrito a apresentar Jesus através de relacionamento pessoal. O livro de Atos não fala nada a seu respeito e não temos nem mesmo uma pequena carta escrita por ele nas escrituras. Todavia, o historiador Eusébio diz-nos que ele anunciou o evangelho até onde hoje é a Rússia.

André falou de Cristo a esposa de um imperador romano que enfurecido mandou crucificá-lo. Ele foi amarrado numa cruz durante dois dias e enquanto estava ali, falava de Jesus a todos que por ele passavam. Teve uma vida inteira dedicada a falar de Jesus a pessoas através do relacionamento pessoal motivando e desafiando a todos a servir a Deus com o que tinha em mãos.

domingo, 6 de setembro de 2009

Tomé, o discípulo incrédulo


Depois da introdução nós aprendemos sobre a personalidade, vida e ministério de alguns deles. Vimos: Tiago, o discípulo zeloso; Tiago, o discípulo menor; Filipe, o discípulo que fazia as contas; Natanael, o discípulo sincero; Judas, o discípulo com três nomes; E HOJE veremos Tomé, o discípulo incrédulo.


Tomé é outro discípulo que tem omitida a sua história pelos três primeiros evangelhos. Apenas João é que relata alguns episódios através dos quais podemos saber sobre a sua personalidade.

João também o chama de “Dídimo” que significa “o gêmeo”, dando a entender que ele tinha uma irmã ou irmão gêmeo. Todavia, a Bíblia nada fala sobre esse assunto.

De acordo com a tradição popular, Tomé é conhecido como sendo o discípulo incrédulo e como todo incrédulo, era do tipo de pessoa que olhava só para o lado triste da vida. Vivia olhando com desconfiança exagerada para tudo. Em toda situação estava sempre esperando o pior. Mas, surpreendentemente também tinha lá o seu lado bom, era corajoso. Sua incredulidade causava-lhe sérios problemas, vejamos:


A primeira vez que Tomé é citado por João, é quando da morte de Lázaro. Jesus estava sendo procurado na Judéia por seus inimigos que estavam decididos a matá-lo. Por esta razão Jesus havia se retirado para o outro lado do Jordão, onde estava desenvolvendo um ministério bem sucedido, e ao que parece, foi o melhor período da popularidade de Jesus.

Todavia, chega-lhe a notícia de que seu amigo Lázaro estava muito doente e que ele deveria ir vê-lo. Surge então um dilema, Lázaro morava na aldeia de Betânia, região da Judéia e se Jesus fosse visitá-lo poderia ser preso e morto. Então, o que fazer?

Os discípulos devem ter ficado aliviados quando Jesus, inicialmente, resolveu ficar. Mas, dois dias depois, eles são surpreendidos com a firme decisão do Mestre: “Lázaro morreu... mas vou para despertá-lo” (João 11:11). Nesse momento, os discípulos ficam perturbados e tentam inutilmente impedir a viagem de volta à Judéia. Eles estavam com muito medo do que pudesse vir a acontecer e relutantes àquela viagem, apesar da advertência de Jesus de que eles não precisavam temer porque naquela hora era preciso fazer a obra do Pai ‘enquanto era dia’, ou seja, eles não seriam presos e nem mortos naquela viagem.

Foi nesse momento que Tomé falou aos demais discípulos “Vamos também nós para morrermos com ele” (vs. 16). Para Tomé era mais fácil acreditar que seriam mortos do que acreditar que não seriam presos e que Lázaro poderia ser ressuscitado conforme a palavra de Jesus. Todavia, há um toque de coragem na palavra de Tomé. Já que Cristo não lhe quis dar ouvidos, estava disposto a ir e morrer com ele, o que não apaga a sua incredulidade na palavra de Cristo.

Não é fácil ser um incrédulo. É um jeito miserável de se viver. O crente teria dito “Vamos lá; vai dar tudo certo. O Senhor já disse que nada de mal vai nos acontecer, podemos acreditar”. Mas, o incrédulo diz “Não adianta, ele vai morrer mesmo, então só nos resta ir e morrer com ele também”.

A incredulidade de Tomé o impediu de ver o que estava para acontecer. Jesus disse que ele iria despertar Lázaro do sono da morte. Era um grande momento que marcaria sua vida, onde Cristo demonstraria ao vivo e a cores o seu poder como Deus encarnado, todavia, Tomé não conseguiu perceber o que estava para acontecer por causa de sua incredulidade.


A outra ocasião em que encontramos o incrédulo Tomé é quando Jesus está preparando os discípulos para sua morte (João 14). Naquela ocasião dizia Jesus: “Vou prepara-vos lugar” (vs 2) e “voltarei e vos receberei para mim mesmo” (vs. 3) e “vocês sabem o caminho” (vs. 4).

Os discípulos haviam colocado em Jesus toda a esperança de que ele se tornasse o rei de Israel e os livrasse da opressão do império romano. Todavia, com as palavras de despedida de Jesus, tal expectativa é frustrada. Ele iria embora, e mesmo que garantisse a sua volta, Tomé não tinha fé suficiente para acreditar. Esperar não era seu forte, era preciso saber o endereço para onde Jesus estava indo para que ele pudesse ir por conta própria. Por isso ele pergunta: “Senhor, não sabemos para onde vais; como saber o caminho?” (vs. 5)

A isso Jesus respondeu: “Eu Sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim” (vs. 6). Ou seja, bastava seguir todas as orientações e ensinos dados pelo Mestre que certamente eles estariam diante de Deus na eternidade, até porque é ele quem tomaria a iniciativa do reencontro quando disse “voltarei e vos receberei para mim mesmo” (vs. 3).

Até aquele momento Jesus havia dado inúmeras provas de que ele era digno de confiança. Tudo o que ele havia falado, havia se cumprido. Mas Tomé, cabisbaixo, não acreditava que poderia reencontrá-lo novamente depois daquela despedida.

Pessoas como Tomé não acreditam muito que Deus pode interferir em suas vidas. Tem dificuldades de acreditar na interferência do Todo Poderoso em sua história. Para eles, o melhor da vida já passou. Deus até existe, agiu no passado, mas não fará grandes coisas no presente em seu favor. Pior, se olhassem para trás, encontrariam muitos motivos para acreditar que Deus sempre se mostrou presente e ativo em suas vidas e fará intervenções no futuro quantas vezes forem necessárias.


O último relato a respeito de Tomé está registrado em João 20. Após a morte e ressurreição do Senhor ele aparece aos seus discípulos dentro de um salão com as portas trancadas e nessa ocasião Jesus mostrou suas mãos e o lado ferido pela lança quando de sua morte. João diz que estavam todos os discípulos reunidos ali, exceto Tomé (Jo 20:24).

Mas por que Tomé estava ausente? Não é difícil perceber que ele estava envolvido em sua incredulidade mais uma vez. Ele não acreditava que a ressurreição de Cristo poderia acontecer mesmo. Se retira do convívio social, busca um lugar deserto, se sentindo arrasado, destruído. Não estava disposto a estar com ninguém, até mesmo com seus amigos.

No entanto, depois da experiência de ter visto o Senhor ressurreto, os discípulos procuram Tomé para dar-lhe a boa notícia. “Vimos o Senhor” disseram eles, mas pasme, ouçam a resposta de alguém que tem sua fé diminuída: “... Se eu não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser o dedo, e não puser a mão ao seu lado, de modo algum acreditarei” (vs 25).

É por esse motivo que Tomé é chamado de o discípulo de pouca fé. Os discípulos se retiram com aparente insucesso na tentativa de reanimar Tomé. No entanto, diz-nos a Bíblia que Tomé só tomou a decisão de unir ao grupo oito dias depois. E algo maravilhoso aconteceu. Mais uma vez, eles estavam no salão de portas fechadas, quando Jesus aparece no meio deles, e sem que ninguém o comunica sobre as dúvidas de Tomé, Jesus aproxima-se dele e diz “Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; chega também a tua mão e põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente” (vs 27). O curioso é que Tomé, mesmo vendo o Senhor, fez questão de apalpá-lo. E somente assim, convencido da ressurreição do Senhor, ele confessa “Senhor meu e Deus meu!” (vs. 28) ao que Jesus responde “Por que me vistes creste? FELIZES os que não viram e creram” (vs. 29).

Pessoas como Tomé, precisam entender que Deus as ama, apesar de sua fé deficiente. Todavia, devem tirar os olhos das circunstâncias contrárias e fixar seus olhos no Deus que tudo pode e que jamais terá um só de seus planos frustrados. A felicidade certamente não depende do que temos ou da ausência de problemas em nossas vidas. A felicidade depende de confiarmos em Deus em toda e qualquer situação. E Tomé teve que aprender isso.

Tomé foi de fato transformado pelo Senhor. Cheio do Espírito Santo tornou-se um grande pregador na Índia, onde levou milhares de pessoas a confiar em Jesus. A história da Igreja diz-nos que ele morreu atravessado por uma lança. Curiosamente, no mesmo lugar do corpo em que Jesus também foi ferido por uma lança.

Com Tomé aprendemos que a incredulidade impede nossos olhos de antever o agir de Deus em nossas vidas, rouba nossa esperança de dias melhores e diminui consideravelmente nossa fé reduzindo-nos a uma vida infeliz. Mas, o que nos consola é saber que Deus trabalha nossa personalidade, em tempo certo e de maneira correta. É preciso estar atentos ao que ele está fazendo em nós e nos submetermos ao seu tratamento. Que ele nos abençoe.

domingo, 16 de agosto de 2009

Judas, o discípulo com três nomes


Temos aprendido sobre a vida dos doze homens comuns escolhidos por Jesus para formarem o seu grupo de discípulos que teriam a responsabilidade de liderar a Igreja de Cristo nos anos que se seguiram à sua morte e ressurreição.

Depois da introdução nós aprendemos sobre a personalidade, vida e ministério de alguns deles. Vimos: Tiago, o discípulo justo; Tiago, o discípulo menor; Filipe, o discípulo que fazia as contas; Natanael, o discípulo sincero; E HOJE veremos Judas, o discípulo com três nomes.


Judas, filho de Tiago tem sua história omitida nos evangelhos. Apenas uma passagem relata uma de suas conversas com o Mestre, o suficiente para nos revelar um ensino precioso.

Judas, filho de Tiago, na verdade tinha três nomes.

O nome que recebeu ao nascer foi Judas que significa “Jeová conduz”.

Apesar de ter um nome de forte significado, no entanto, o seu nome sempre terá uma conotação negativa por causa de seu xará de sobrenome Iscariotes.

Em Mateus 10:3, ele é chamado de Tadeu, que significa “criança de peito”. Uma conotação normalmente dada ao filho caçula. Trata-se daquele filho que por ser o último tem sobre si uma atenção especial e que por vezes é tratado pelos irmãos como sendo o “queridinho da mamãe”.

O texto de Mateus 10:3, o nome de Tadeu também pode ser traduzido como sendo Lebeu. Algumas versões trazem esse nome, que significa “criança do coração”. Ou seja, este nome apenas reforça o fato de ser uma pessoa, que além de ser o caçula, era o preferido da mãe.

É bom lembrar que, destes três nomes, na verdade, apenas Judas era nome, já Tadeu e Lebeu eram apelidos.

Os dois apelidos sugerem também uma pessoa de coração amoroso e bondoso, de alma gentil e de fácil relacionamento. O tipo de gente que se dá bem com todo mundo.


O Novo Testamento registra apenas um episódio envolvendo Judas Tadeu Lebeu. Trata-se da passagem de João 14:16-31.

Jesus estava preparando seu discípulos quanto ao que haveria de acontecer. No início do capítulo ele fala da necessidade de ir ao encontro do Pai e da vinda do Consolador. Diz que voltaria assim que preparasse os lugares para receber seus discípulos.

Jesus também fala que ao ressuscitar ao terceiro dia, ele se revelaria aos doze, e não ao mundo inteiro. É nesse contexto que Judas, ciente de tamanho privilégio, pergunta ao Mestre: “Donde procede, Senhor, que estás para manifestar-te a nós e não ao mundo?”. Era como que dissesse, “Senhor, a sua Missão é se revelar ao mundo como sendo o Rei dos reis e Senhor dos senhores, por que nos daria tamanho privilégio de vê-lo antes de todas as pessoas?”

Judas, com seu coração sensível e sincero, percebe o tamanho do privilégio e não se julga digno de tamanha honra. É interessante notar que sua fala não está carregada de nenhuma falsa humildade. Ele não repreende o Senhor, como fizera Pedro. Pelo contrário, sabedor de que Jesus era o Salvador do mundo, não achou digno de que uma ralé de 12 homens pudessem receber tamanha honra.


Mediante a pergunta de Judas, Jesus dá-lhe uma resposta a altura de seu coração amoroso dizendo: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada. Quem não me ama não guarda as minhas palavras; e a palavra que estais ouvindo não é minha, mas do Pai, que me enviou.” (vs. 23 e 24)

A resposta de Jesus significava, “Não vou assumir o controle do mundo e governar os meus filhos com mão de ferro, vou conquistar corações”. A resposta de Jesus revela que no seu Plano eterno, ele jamais imaginou alguém o servindo ou mesmo o seguindo por força, mas por amor. Provérbios 23:26 já nos diz: “Dá-me, filho meu, o teu coração, e os teus olhos se agradem dos meus caminhos.” Na verdade Deus não exige a nossa obediência, ele deseja o nosso amor, porque o amor leva o seu possuidor a uma obediência sadia.

Judas ouviu estas belas palavras e certamente teve seu coração conquistado pelo Mestre. A tradição histórica da Igreja Primitiva diz que ele foi um eterno apaixonado por Jesus. Levou o evangelho diante de reis na Mesopotânea, atual Turquia. Alguns relatos antigos diz que ele curou o rei de Edessa, um homem chamado Abgar. O historiador Eusébio diz que por causa de seu amor pelo Senhor, foi espancado até a morte.

domingo, 9 de agosto de 2009

Natanael, o discípulo sincero


Temos aprendido sobre a vida dos doze homens comuns escolhidos por Jesus para formarem o seu grupo de discípulos que teriam a responsabilidade de liderar a Igreja de Cristo nos anos que se seguiram à sua morte e ressurreição.

Depois da introdução nós aprendemos sobre a personalidade, vida e ministério de alguns deles. Vimos: Tiago, o discípulo zeloso; Tiago, o discípulo menor e no último domingo falamos sobre Filipe, o discípulo que fazia as contas.


Hoje gastaria de conversar com vocês sobre o discípulo sincero, ou seja, Natanael.

Mas, quem era Natanael? Os três primeiros evangelhos o chama de Bartolomeu, enquanto João o chama de Natanael. Na verdade, Bartolomeu é o sobrenome de Natanael, que significa “filho de Tomeu”. Já seu primeiro nome, Natanael, significa “dado por Deus”. Ele era de Caná da Galiléia, onde Jesus realizara seu primeiro milagre, ou seja, a transformação da água em vinho.

É possível que ele também fosse pescador, isso porque, ele é um daqueles que volta na companhia de Pedro para a Galiléia para pescar, no final do evangelho de João. No grupo dos doze, ele é sempre citado junto com Filipe, o discípulo que fazia as contas. Eles não eram irmãos ou mesmo parentes, eram apenas bons amigos.

Assim como acontece com a história de Filipe, Natanael não tem sua história narrada nos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas. Apenas João nos conta sobre dois momentos na vida deste discípulo. João narra seu primeiro encontro com Jesus no capitulo 1, e no capítulo 21 sobre quando voltou com Pedro para a Galiléia após a morte de Cristo.

O texto que servirá de base para a nossa meditação sobre Natanael, será João 1:43-51. Este texto, com certeza tem muito a nos ensinar sobre a sinceridade de Natanael. Leiamos.

Ao ser encontrado por Jesus e conhecê-lo naquela tarde, Filipe não teve dúvidas. Chamou seu amigo chegado para conhecê-lo também, dizendo: “Você não vai acreditar. Encontrei o Messias, e pasme, ele é filho de José, o carpinteiro de Nazaré!”. Ao ouvir tais palavras, ouça a resposta de Natanael: “De Nazaré pode sair alguma coisa boa?”

Não há nenhum registro de alguma rivalidade entre as cidades de Nazaré e Caná. A não ser o fato de que ambas estavam próximas uma da outra, o que naturalmente poderia trazer alguma rivalidade, não há nenhum registro que explique a razão pela qual Natanael era tão pessimista em relação a esta cidade.

É interessante notar as palavras de Natanael. São reveladoras. Ele poderia ter dito: “Filipe, as Escrituras nos diz que o Messias viria de Nazaré? Ele não é relacionado a Belém? Então, não pode ser de Nazaré.” Não, ele preferiu usar palavras duras, agressivas e que machucam, para expressar sua dúvida.

Natanael era uma pessoa sincera, o problema é que sua sinceridade estava acompanhada pela intolerância. Sua rejeição não se deu através de uma análise bíblica e racional, mas foi uma declaração de sua rejeição e intolerância para com a cidade de Nazaré. Natanael precisava aprender que a sinceridade verdadeira não diminui ou menospreza ninguém.

Pessoas como Natanael, conseguem camuflar sua intolerância em nome da sinceridade, mas tem a mesma facilidade de identificar esse pecado nas pessoas quando fazem a mesma coisa. Não estou falando que devemos aprovar atitudes erradas das pessoas, mas que devemos tratá-las com dignidade, honra e educação, como por exemplo, chamá-las pelo nome que gostam de ser chamadas e não com palavras que as depreciam, em nome da sinceridade.

A intolerância anda de braços dados com o orgulho. A intolerância acontece quando nos julgamos melhores, mais inteligentes, mais dignos, mais justos do que os outros. Ela nos coloca no banco do juiz e as pessoas no banco dos réus.


Mesmo com a dúvida ardendo em seu coração, Natanael foi ao encontro de Jesus. Mas, mesmo antes de fazer qualquer questionamento Jesus o recebe com um elogio sincero: “Eis um verdadeiro israelita, em quem não há engano!” (João 1:47) Foi um tratamento de choque. Ele não podia acreditar, estava sendo elogiado por alguém que ele acabara de por em dúvida sua índole. Então, ele diz: “De onde me conheces?” e aí mal sabia ele que a resposta de Jesus o deixaria ainda mais surpreso, disse Jesus: “Antes de Filipe te chamar, EU TE VI, quando estavas debaixo da figueira” (João 1:48).

Não sabemos o que Natanael estava fazendo ou pensando debaixo da figueira, mas certamente ele acreditava que ninguém o estava observando. É possível até que ele tivesse pensando sobre ser ele um “verdadeiro israelita”, alguém que não engana ninguém, que sempre fala a verdade, doa o que doer. O elogio de Jesus e o fato de dizer que o viu debaixo da figueira, surpreende Natanael de tal forma, que ele se vê atraído pelo Mestre que acabara de conhecer.

Pessoas como Natanael precisam aprender que Deus não observa apenas nossas expressões verbais, mas a intenção do nosso coração também é conhecida por ele. Ele sonda o mais íntimo de nosso ser e nada passa despercebido diante de seus olhos. A sinceridade certamente é uma virtude, quando ela não está acompanhada de intenções maldosas.


Mediante as palavras reveladoras de Jesus, Natanael reconhece estar diante não apenas do Messias, Rei dos reis, mas é envolvido com a certeza de estar diante de Deus dizendo: “Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel!” (João 1:49). Agora sim! As palavras de Natanael são sinceras. São palavras que não diminuem ninguém, não tem por traz de si, nenhuma outra intenção, a não ser de expressar a sua fé em Jesus. Por isso recebem o reconhecimento e aprovação do Senhor.

Jesus não desconfia da confissão de Natanael, antes afirma que sua confissão foi verdadeira e faz-lhe uma promessa dizendo: “Porque te disse que te vi debaixo da figueira, crês? Pois maiores coisas do que estas verás. E acrescentou: Em verdade, em verdade vos digo que vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem” (João 1:50-51)

Algum tempo depois, Natanael estava com os demais discípulos quando Jesus foi elevado aos céus diante dos próprios olhos. Certamente ele se lembrou da promessa feita por Jesus em seu primeiro encontro.

Os registros da Igreja Primitiva nos informam que Natanael foi um discípulo fiel e dedicado ao Senhor até o fim de seus dias. Ministrou na Pérsia e na Índia e levou o evangelho até a Armênia. Não sabemos ao certo como ele morreu, mas alguns historiadores afirmam de que ele foi amarrado dentro de um saco e lançado ao mar.

Deus tem prazer em honrar aqueles que lhe servem com sinceridade. Natanael é um bom exemplo disso. No dia em que encontrou Jesus ele aprendeu que a verdadeira sinceridade não diminui ninguém, e é aprovada pelos olhos de Deus quando é uma expressão da verdade que vai ao coração.

domingo, 2 de agosto de 2009

Filipe, o discípulo que fazia as contas


Com a série de mensagens “Ele escolheu doze homens comuns” nós temos aprendido que o único critério usado por Jesus na escolha dos doze discípulos foi o amor. Eles, assim como nós, não tinham aptidões, cursos, qualificações para exercer tão importante tarefa, a de fundamentar a Igreja cuja “pedra angular” é o próprio Cristo.

Já falamos sobre Tiago, o discípulo justo e de Tiago, o discípulo menor.



Hoje falaremos sobre o discípulo que fazia as contas. Mas quem é ele?

É curioso perceber que as narrativas de Mateus, Marcos e Lucas nada falam sobre esse discípulo. Todas as informações que temos dele nos são dadas pela narrativa do apóstolo João.

Ele era da cidade de Betsaida, a mesma cidade de André, Pedro, Tiago e João (João 1:44). Existem fortes evidências de que eles se conheciam desde a infância e de que o discípulo que fazia as contas era um dos pescadores que trabalhava para a peixaria de Zebedeu, pai de Tiago e João. Ele aparece com freqüência acompanhado de Natanael. Esse último era de Caná da Galiléia e ao que tudo indica, os dois eram amigos chegados dentro do grupo dos doze.

O seu nome significa “aquele que gosta de cavalos”. Estamos falando de Filipe. É bom não confundirmos esse Filipe, com o Filipe diácono e evangelista de Atos 6, que anuncia o evangelho ao eunuco etíope. O discípulo Filipe era outra pessoa.

Encontramos Filipe pela primeira vez no capítulo 1 de João quando ele é convidado pelo próprio Jesus a segui-lo. No dia anterior, Jesus havia sido batizado por João no rio Jordão e recebido a visita de André, Pedro e João que foram até a sua casa.

Numa rápida leitura de João 1:43, somos sugestionados a afirmar que Filipe “foi convertido” no momento em que recebera o convite de Jesus. Todavia, ao estudar a personalidade dele, podemos certificar que sua decisão apenas teve inicio ali. Filipe não se tornaria discípulo sem antes conferir se Jesus era realmente o Messias prometido, o Filho de Deus.

Tanto é verdade que, assim que ele é convencido de que o filho de José, o carpinteiro, era o Messias, ainda surpreso com tal descoberta, ele se rende a Jesus e procura seu melhor amigo Natanael dizendo: “Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas: Jesus, o Nazareno, filho de José.” (João 1:45)

Filipe havia acompanhado Jesus como um investigador, se perguntando: “vamos ver qual é a desse filho de José, veremos se as evidências confirmam ou não ser ele o Messias segundo as profecias”. Ele vai com Jesus, ouve tudo, analisa as evidências, confere as promessas, para só depois se render ao Senhorio de Cristo. Filipe era extremamente racional.

Observe outro detalhe. Quando ele procura seu amigo Natanael, ele diz: “Achamos aquele...”. Isso é revelador. Para Filipe, ele achou Jesus e não o contrário. Mas o que diz o texto? Vejamos: “NO DIA IMEDIATO, RESOLVEU JESUS PARTIR PARA A GALILÉIA E ENCONTROU A FILIPE, A QUEM DISSE: SEGUE-ME.” (João 1:43). Quem encontrou quem aqui?

Cristo encontrou Filipe primeiro. Temos aqui a tensão existente entre a eleição soberana e a escolha do ser humano. O chamado de Filipe é uma ilustração de como as duas existem em perfeita harmonia. O Senhor encontrou Filipe, mas Filipe sentiu que ele é quem havia encontrado o Senhor. Contudo, do ponto de vista bíblico, sabemos que a escolha determinante pertence a Deus: “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros” (João 15:16ª)


João 6 narra a ocasião em que Cristo havia se retirado da cidade, para um dos montes, onde ensinava seus discípulos, quando foram surpreendidos por uma multidão. O texto diz que só de homens havia quase 5000, fora mulheres e crianças. Estima-se de que havia ali, no mínimo 10 mil pessoas.

Depois de atendê-los com sua palavra, diz-nos o texto: “ENTÃO, JESUS VENDO A MULTIDÃO... DISSE A FILIPE: ONDE COMPRAREMOS PÃES PARA LHES DAR A COMER? RESPONDEU-LHE FILIPE: NÃO LHES BASTARIAM DUZENTOS DENÁRIOS DE PÃO, PARA RECEBER CADA UM O SEU PEDAÇO.” (João 6: 5 e 7)

Por que o mestre escolheu Filipe para fazer-lhe a pergunta? Por que não Mateus, Tiago ou mesmo Judas? Simples. O vs. 6 diz-nos que Jesus estava experimentando Filipe. Filipe era extremamente metódico e amava fazer cálculos. Era o “pessimista” e “pão-duro”. Estava sempre obcecado por descobrir a razão pelas quais as coisas não podem ser feitas, em vez de buscar uma forma de fazê-las.

Jesus sabia que desde a chegada da multidão, Filipe havia se desligado de sua mensagem. Ele estava ocupado contando quantas bocas havia ali e quantos denários seriam necessários para alimentar aquela multidão. “Bem” pensava ele, “com um denário podemos comprar 10 pães de trigo. Cevada é mais barato, 20 pães. Se dividirmos ao meio, teremos 40 pedaços. Com os 200 denários que ainda temos em caixa, igual a 8000 pedaços de pães” e então olha para a multidão e concluí: “é como eu já previa, não dá mesmo”. Tanto é verdade que, ao ouvir a pergunta do Mestre, ele já tinha a resposta na ponta da língua: “Senhor, pelos meus cálculos, não será possível, mesmo com 200 denários”.

Pessoas como Filipe tem dificuldades de acreditar no poder de Deus. Filipe poderia ter dito a Jesus: “Senhor, de fato não temos recursos financeiros para alimentar essa multidão, mas, ouvi dizer que tem um menino aí com 5 pães e dois peixes. Sei que assim como o Senhor transformou água em vinho em Caná da Galiléia, podes fazer o mesmo com pães e peixes. Se quiser, o Senhor pode alimentar esse povo com o seu poder”.

Sabe qual era o problema de Filipe? Ele sabia matemática demais para servir a Deus. Ele precisou aprender que no Reino de Deus, falta de recursos nunca foi problema. Problema no Reino de Deus tem outro nome – PECADO. Sabemos o final da história, com seu poder Jesus fez a multiplicação dos pães e peixes e alimentou a todos. Naquela noite cada discípulo voltou para casa, especialmente Filipe, com um cesto nas mãos, cheio de pães e peixes. Aleluia!


Estamos agora no capítulo 12 de João. Aqui encontramos Jesus chegando à cidade de Jerusalém para a festa da Páscoa, quando alguns gregos desejosos de ter uma conversa em particular com Jesus, procura Filipe (talvez por ser ele o único no grupo dos doze com nome grego) e tenta agendar com ele tal encontro. Qual é a atitude de Filipe? Reveladora.

Filipe não fazia nada sem antes olhar quais eram as regras. “Bem”, pensa ele, “vejamos o manual. Aqui está. Jesus foi enviado aos judeus (Mt 10:5, 6 e 15:24). Estranho, não diz nada sobre receber gentios e samaritanos”. Surge então a dúvida: “Gentios podem ser recebidos por Jesus? E se eu marcar essa entrevista e for chamado a atenção? O manual não deixa claro essa questão. Não posso assumir tal risco.” Filipe apreciava regras absolutas para ser cumpridas com rigidez. Por isso, ele não estava preparado para fazer algo que era fora do convencional.

Nessa situação, o melhor é transferir a responsabilidade. Diz-nos o texto, “FILIPE FOI DIZÊ-LO A ANDRÉ, E ANDRÉ E FILIPE O COMUNICARAM A JESUS.” (João 12:22). Mas por que André? André era do tipo que levava qualquer um a Jesus (havia levado Pedro, até a casa de Jesus sem pedir permissão, o que era um absurdo aos olhos de Filipe). Então, nada mais seguro do que transferir a responsabilidade deste ato ao “ingênuo e irresponsável” André. Assim, se algo desse errado, a culpa seria dele.

É certo que a Palavra de Deus é o nosso guia para todas as circunstâncias da vida. Além do mais, o Espírito Santo sempre a usará para nos instruir: “Quando te desviares para a direita e quando te desviares para a esquerda, os teus ouvidos ouvirão atrás de ti uma palavra, dizendo: Este é o caminho, andai por ele.” Isaías 30:21. Todavia existem situações em que não há regras absolutas, e nesse momento, ao invés de procurar alguém para assumir o risco em nosso lugar, precisamos ter coragem de assumir nossos atos. André não pensou duas vezes, levou os gentios a Jesus certo de que estava fazendo o correto. Corajoso é aquele que sabe enfrentar os seus medos.


Era a última noite de Jesus com seus discípulos, antes de sua morte. Jesus os reúne para a última ceia. Fala aos seus corações, preparando-os para o momento difícil. Durante a ceia, ele abre o coração, diz da necessidade de ir ao Pai e enviar o Espírito Santo.

Naquele instante, Tomé abre a boca e pergunta o que estavam pensando: “Senhor, não sabemos para onde vais, como saber o caminho?” (João 14:5). A isso Jesus responde: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai a não ser por mim”. Nesse momento, Filipe faz o pior comentário que alguém poderia fazer naquele momento. Diz ele: “SENHOR, MOSTRA-NOS O PAI, E ISSO NOS BASTA.” (João 14:8).

Quanta insensibilidade! O racional Filipe, que não gosta de lidar com sentimentos, após 18 meses, caminhando 24 horas por dia com o Mestre, sete dias por semana, ainda duvida da palavra de Jesus. “Senhor, em vez de ficar falando sobre o Pai, dá-nos um dado concreto, um sinal claro, aqui e agora, preto no branco, e acreditarei”. Que miséria! A resposta de Jesus foi imediata: “Filipe, há tanto tempo estou convosco e ainda não acredita que eu e o Pai somos a mesma pessoa? Acredite nisso, pelo menos pelas obras que realizei”.

Por causa de sua insensibilidade, Filipe não se deu conta que nos últimos meses havia andado com o próprio Deus em pessoa. A resposta do Senhor desperta a mente de Filipe para tudo aquilo que ele havia feito com seu poder divino. Nenhum ser humano é capaz de realizar feitos tão poderosos. Filipe havia sido testemunha de inumeráveis curas extraordinárias, visto paralíticos andarem, morto ressuscitar, pães e peixes se multiplicar, e ainda assim estava em dúvida a respeito de Jesus ser Deus. Filipe viu Deus agindo o tempo todo, mas optou pelo caminho do “acaso”. Foi sorte, diz ele. Pessoas assim passam a vida ao lado do Senhor, sem conhecê-lo, como o irmão do filho pródigo, até o servem, mas sem alegria. Lastimável.

Depois daquela última conversa com Jesus, algo aconteceu. Não sabemos o que, nem mesmo como. Mas, podemos afirmar que Jesus transformou aquele Filipe em um discípulo especial. A história da Igreja diz que ele continuava com espírito investigador, mas agora para ensinar a Palavra de Deus ao povo. Ele tornou-se num grande pregador evangelista, foi responsável em conduzir multidões a Cristo. Por causa de sua fé fortalecida, viajou sem muito recurso, para anunciar a salvação. Sua sensibilidade ao Espírito de Deus o levou a ser morto, apedrejado em Heliópolis na Ásia Menor, oito anos depois de Tiago, filho de Zebedeu. Filipe aprendeu a lição.