
A realidade do povo de Deus nunca foi um mar de rosas. Como sabemos, os israelitas foram escravizados no Egito por um longo tempo. Eles sofreram terrivelmente nas mãos daquele povo e foram atormentados com trabalhos pesados, chicotadas dolorosas, opressão, horrível desconforto, morte, etc (Êxodo 2.11). A angústia era tão grande que na história da sarça ardente, Deus disse a Moisés que já havia visto a aflição do seu povo, assim como já havia ouvido o seu clamor (Êxodo 3.7). Meu irmão, você pode imaginar o quão forte não era este clamor? Tenho certeza de que só uma pessoa que já viveu situação semelhante pode compreender a profundidade desta história bíblica. A agonia era indescritível e insuportável.
Mas houve um basta! A opressão estava prestes a ser interrompida. Deus ouviu as súplicas do seu povo e pessoalmente chamou um homem para falar em favor da libertação dos filhos de Israel: Moisés. Mas Moisés não queria ir ao Egito, ele tinha medo. Mesmo relutante ele aceitou e levou Arão consigo. Aí começou o processo de libertação e o início da longa história que você pode ler no livro de Êxodo.
Vamos abreviar a história. Após as dez pragas terem acontecido, o povo de Deus foi liberto e seguiu em direção ao solitário deserto. Porém, os soldados egípcios vieram atrás deles em perseguição. Num certo momento, os israelitas se depararam com um grande problema à sua frente: a imensidão do mar. Que situação de pavor, que horror, que circunstância desesperadora! Talvez muitos tenham gritado: “Não temos chance alguma!”. Eles estavam cercados, com o mar a frente, e os egípcios atrás. Neste exato momento, os filhos de Israel blasfemaram contra o Senhor e contra Moisés: ...e disseram a Moisés: Foi porque não havia sepulcros no Egito que de lá nos tiraste para morrermos neste deserto? Por que nos fizeste isto, tirando-nos do Egito? Não é isto o que te dissemos no Egito: Deixa-nos, que sirvamos aos egípcios? Pois melhor nos fora servir aos egípcios, do que morrermos no deserto. (Êxodo 14.11,12)

Mas veio a providência de Deus! A Bíblia relata no livro de Êxodo que se abriu o mar e o povo de Israel atravessou pelo meio, em terra seca. O que eles viam do seu lado eram apenas dois enormes e assustadores paredões d'água. Não nos é possível imaginar a admiração que cada israelita expressava na face. Talvez muitos deles pensaram que estavam tendo visões ou alucinações, devido ao calor ou a situação estressante. Mas não, aquilo era real!
Os egípcios bem que tentaram. Quando eles ansiosamente tentaram atravessar o mar para alcançar o povo de Deus, estes dois paredões d'água despencaram matando todos eles. O relato bíblico poderá ser lido abaixo: E os egípcios os perseguiram, e entraram atrás deles até o meio do mar, com todos os cavalos de Faraó, os seus carros e os seus cavaleiros... Nisso o Senhor disse a Moisés: Estende a mão sobre o mar, para que as águas se tornem sobre os egípcios, sobre os seus carros e sobre os seus cavaleiros. Então Moisés estendeu a mão sobre o mar, e o mar retomou a sua força ao amanhecer, e o Senhor derribou os egípcios no meio do mar. As águas, tornando, cobriram os carros e os cavaleiros, todo o exército de Faraó, que atrás deles havia entrado no mar; não ficou nem sequer um deles. (Êxodo 14.23, Êxodo 14.26-28)
Que prodígio! Neste momento o povo de Israel percebeu a grande maravilha que Deus havia feito por eles, e talvez conheceram um pouco mais do Deus que eles serviam. Mas foi apenas após o milagre que eles caíram em si, e se “ligaram” que deveriam ter crido em Deus antes da bênção. “E viu Israel a grande obra que o Senhor operara contra os egípcios; pelo que o povo temeu ao Senhor, e creu no Senhor e em Moisés, seu servo”. (Êxodo 14.31)
Você sabe o que Moisés e os filhos de Israel fizeram logo após estes acontecimentos? Eles louvaram a Deus. Isto mesmo! Moisés (e todo povo) entoou um cântico que engrandecia a Deus pela vitória sobre o povo inimigo. “Então cantaram Moisés e os filhos de Israel este cântico ao Senhor, dizendo: Cantarei ao Senhor, porque gloriosamente triunfou; lançou no mar o cavalo e o seu cavaleiro...” (Êxodo 15.1)

Foi um episódio realmente maravilhoso, não foi? Deus mostrou o seu poderio de forma sobrenatural e muito peculiar. Mas este fato não é apenas bonito e maravilhoso, ele nos ensina uma valiosa lição de vida. Para que você entenda melhor desejo te fazer algumas perguntas: O que houve de errado nesta situação? Qual foi o erro que o povo de Israel cometeu e que muitas vezes nos passa despercebido quando lemos este texto? Qual foi a diferença entre o louvor de Moisés e o louvor dos filhos de Israel?
Preste atenção, o povo de Israel só se propôs a entoar um cântico depois que Deus havia livrado eles da mãos do adversário. No entanto, enquanto enfrentavam problemas e estavam em dificuldades, eles insistiam em continuar resmungando e blasfemando contra Deus, na pessoa de Moisés. A verdade é que os israelitas louvaram a Deus somente depois que atravessaram o mar, lá na outra margem. E é precisamente aqui que houve uma grande falha. Antes do milagre, Deus foi aborrecido e entristecido, pois o seu próprio povo duvidou dele ao invés de louvá-lo ou erguer cânticos como fizeram mais tarde. Muitos diziam: “Será que Deus nos tirou do Egito para que perecêssemos no deserto? Melhor tivéssemos ficado no Egito, aonde tínhamos pão e água!”. Alguns preferiram estar de volta ao Egito, terra de escravidão e sofrimento, do que permanecer nas mãos de Deus.
Meus queridos irmãos, quantas vezes executamos o mesmo processo em nossa vida? Quantas vezes agimos como o povo hebreu, duvidando de Deus nas angústias, mas louvando nas alegrias? Quantas vezes “chutamos o balde” dizendo: “Melhor tivéssemos ficado no mundo, aonde não tínhamos lutas como estas...!” ou “Deus não vai operar milagres em nossa Igreja?”. Quantas vezes estamos louvando a Deus só depois que atravessamos o mar, somente depois que o milagre e a provisão terem sido enviadas?
Deus deseja que nós o louvemos em todas as situações de nossas vidas! Nós devemos aprender a erguer cânticos nas situações mais adversas, onde parece que não há mais saída, e Deus irá em nossa frente para derrotar o problema. Devemos seguir o exemplo de Moisés, que ao contrário do restante do povo hebreu, permaneceu fiel ao Senhor nos tempos de aflição. É óbvio que é extremamente difícil fazer isto, ainda mais em circunstâncias onde parece não haver saídas, porém não é impossível. Se você estiver com dúvidas leia a história do aprisionamento de Paulo e Silas.
Muitas vezes nós temos extrema facilidade para entristecer a Deus diante dos pequenos problemas que encontramos. Por exemplo, não é difícil encontrar cristãos reclamando da igreja que é tradicional demais, do pastor que é mente fechada, da equipe de louvor que não tem entrosamento, dos estilos dos cânticos que são lentos ou rápidos demais, dos líderes chatos, e até mesmo encontramos irmãos irritados com Deus. São estes irmãos que louvam de forma errada, somente de um lado do mar! Têm disposição para louvar a Deus só em tempo de fartura, mas quando se deparam com um incômodo qualquer, blasfemam contra o Senhor! É realmente triste encontrar um grande número de pessoas nestas circunstâncias.
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Há um cântico baseado em um salmo, que quero compartilhar com você: Em todo o tempo eu te louvarei, ó Senhor, sempre estará nos meus lábios o teu louvor.. Que bom seria se este cântico fosse uma verdade nas nossas vidas. As coisas seriam bem diferentes, você não acha? Sabe o que foi que Moisés respondeu ao povo, enquanto eles caíam em reclamações sem fim? “Moisés, porém, disse ao povo: Não temais; estai quietos, e vede o livramento do Senhor, que ele hoje vos fará; porque aos egípcios que hoje vistes, nunca mais tornareis a ver; o Senhor pelejará por vós; e vós vos calareis.” (Êxodo 14.13,14)
CONCLUSÃO
Meus queridos irmãos, eu os desafio a terem sempre em seus lábios um cântico de agradecimento e louvor ao Senhor. Não louvem a Deus apenas no lado bom da vida, mas se voltem para Deus em tempos difíceis também. Não devemos estar questionando a Deus o porquê de termos determinados problemas e aflições, mas devemos estar prontos a declarar: "Cristo, tu és meu refúgio, em quem posso confiar... coloco a minha confiança em Ti!", "O meu descanso e o meu socorro vem de Ti...", "Minha fortaleza é o Senhor...", "Te agradeço por me libertar e amar, por ter morrido em meu lugar te agradeço...".
Com certeza, Deus se alegrará em ver que você é fiel nos dois lados do mar, nos dois lados da vida! Aí é só esperar o milagre dele: “...os filhos de Israel caminharam a pé enxuto pelo meio do mar; as águas foram-lhes qual muro à sua direita e à sua esquerda. Assim o Senhor, naquele dia, salvou Israel da mão dos egípcios; e Israel viu os egípcios mortos na praia do mar.” (Êxodo 14.29,30)