
O livro de Jó encontra-se entre os livros de Ester e Salmos. A data do ocorrido e da escrita não são conhecidas e nem mesmo quem foi o seu autor. Todavia, sua história tem corrido o mundo como exemplo de um homem paciente pela forma como enfrentou o sofrimento. Jó, segundo a Bíblia, era um fazendeiro muito rico e bem sucedido na cidade de Uz no oriente. Tinha ele sete filhos e três filhas a quem amava com intensidade. Tinha também muita gente trabalhando para ele e era respeitado como sendo um homem temente a Deus, justo, íntegro e que se desvia do mal.
Embora a ênfase do livro seja o sofrimento deste grande fazendeiro, Jó também tem muito a nos ensinar com a sua vida, antes de ter passado por uma grande e terrível provação e ter saído aprovado. O próprio Deus o chama de justo e íntegro antes mesmo de ter passado um único minuto de provação. Mas, como era a vida deste homem, antes do sofrimento, que o levou a ter o reconhecimento do próprio Deus como sendo justo e íntegro e que se desvia do mal? É em busca desta resposta que descobriremos o quanto podemos aprender com ele sobre como ser presente de Deus na vida das pessoas em nossos dias.

Como já dissemos, Jó tinha sete filhos e três filhas a quem amava muito. O cuidado dele para com seus filhos ia além de oferecer a melhor escola, roupas, alimentação e trabalho. Jó se preocupava principalmente com o relacionamento dos seus dez filhos com Deus. No primeiro capítulo somos informados que “as crianças” de Jó gostavam muito de fazer grandes banquetes na casa uns dos outros por dias seguidos. E depois de tantos dias em festa, “Jó mandava chamá-los e fazia com que se purificassem. De madrugada ele oferecia um holocausto em favor de cada um deles, pois pensava: ‘Talvez os meus filhos tenham, lá no íntimo, pecado e amaldiçoado a Deus’. Essa era a prática constante de Jó.” (Jó 1.5)
A vida em família era tão boa que, quando Jó está em meio ao seu grande sofrimento, ele lembra com saudades daqueles dias dizendo: “Como tenho saudade dos dias do meu vigor, quando a amizade de Deus abençoava minha casa.” (Jó 29.4 ). De fato, tais dias deviam ser deliciosos e pensar que quando Jó dissera isso, todos os seus dez filhos haviam sido mortos por um temporal em um único dia e hora, deve nos servir de alerta de que devemos viver em função das pessoas que amamos, pois de fato, não sabemos o que poderá vir a acontecer no dia de amanhã.
Mas, por mais que a dor de Jó fosse grande pela perda de seus dez filhos, suas lágrimas não foram derramadas por não ter dedicado mais atenção e tempo a cada um deles. Pois quanto a esse particular, Jó cuidara de sua família muito bem. Ele foi um grande presente de Deus na vida de sua família. Com ele podemos aprender que quando dedicamos tempo, nos preocupamos com a vida cristã de nossos queridos e os amamos com intensidade, estamos honrando o fato de sermos o presente de Deus na vida de cada um deles.

Jó também tinha uma vida pública digna de ser imitada. Ele era respeitado por onde passava. Mas, engana-se quem pensa que tal respeito era por ele ser rico e bem sucedido. Respeito é algo que se adquire com o tempo e nunca é conquistado à força. Mas como isso se dava? Ouça o que o próprio Jó diz: “Quando eu ia à porta da cidade... (que corresponde a nossa câmara de vereadores no centro da cidade) os jovens me cediam lugar, os idosos ficavam em pé, (sinal de respeito) os líderes e nobres silenciavam (os empresários da época), e todos falavam bem de mim.” (Jó 29.7-11). Jó quando chegava num determinado lugar modificava o ambiente sem dizer uma única palavra.
As pessoas com as quais convivemos certamente nos respeitarão se dermos motivo para isso. Quando não aceitamos participar de subornos, quando não somos desleais em falar de alguém pelas costas, quando fazemos o nosso trabalho independentemente se o patrão está nos observando, quando cumprimos com aquilo que falamos, estamos de uma forma digna sendo o presente de Deus na vida das pessoas que nos cercam.

Dale Carnegie em seu livro ‘Como fazer amigos e influenciar pessoas’ diz algo interessante sobre os grandes homens. Diz-nos ele: “Um grande homem é conhecido pelo modo como trata os pequenos”. Desta forma , Jó pode ser citado como um grande homem. Jó era alguém que se preocupava com aqueles que sofrem e não permitia que ninguém fosse injustiçado na sua frente. Ainda em meio ao sofrimento Jó revela algumas de suas atitudes para com aqueles que sofriam perto dele, antes dele ver sua vida ser dilacerada pela tragédia que se abateu sobre si.
No capítulo 29 ele nos diz: “Pois eu socorria o pobre que clamava por ajuda, e o órfão que não tinha quem o ajudasse. O que estava à beira da morte me abençoava, e eu fazia regozijar-se o coração da viúva.” (Jó 29.12-13). E ele continua: “A retidão era a minha roupa; a justiça era o meu manto e o meu turbante. Eu era os olhos do cego e os pés do aleijado. Eu era o pai dos necessitados, e me interessava pela defesa de desconhecidos. Eu quebrava as presas dos ímpios e dos seus dentes arrancava as suas vítimas” (Jó 29.14-17).
Ao olhar para a vida de Jó, um fazendeiro com dez filhos, muitos trabalhadores e com responsabilidades políticas imensuráveis, somos tentados a pensar que os necessitados não teriam a menor chance de ter a sua atenção. Mas o que é que vemos? Até os desconhecidos eram defendidos por ele em suas causas. Antes de pensar que não podemos nos envolver com aqueles que sofrem, seja pelo motivo que for, será de grande ajuda de se lembrar de Jó. Ele entendeu o que significava ser o presente de Deus na vida dos necessitados e serve-nos como um belo exemplo. Que tal imitá-lo? Quem sabe você pode ser um voluntário neste ano? Quem sabe você pode visitar um asilo, ou um orfanato uma vez por semana durante todo este ano? Quem sabe? Que Deus nos faça enxergar que a nossa vida não nos pertence, e por pertencer a ele devemos ser o seu presente na vida das pessoas que nos cercam.
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