
Creio que de alguma forma, cada um deles tem uma contribuição importante sobre o assunto. Todavia todos eles cometem um equívoco, quando reivindicam para o seu método de crescimento como sendo o único meio de fazer uma Igreja, em qualquer parte do mundo, crescer de forma saudável e naturalmente. Um dos grandes problemas nessa discussão toda se deve ao fato de não se ter observado, com precisão suficiente, a diferença entre “modelos” e “princípios” de desenvolvimento de Igrejas. Vejamos a diferença.

O que normalmente encontramos na maioria dos livros de crescimento de Igreja é a defesa de um método, programa, ou seja, um modelo de Igreja que por ter dado certo em algum lugar, o mesmo poderá acontecer com qualquer outra Igreja. Na verdade eles estão dizendo: “Façam como nós e vocês terão o mesmo sucesso”. E eu pergunto, será?
Existe uma Igreja nos EUA que tem como missão a evangelização pessoal através do método denominado “Evangelismo Explosivo”. Eles defendem a idéia que o método é infalível e pode ser facilmente praticado por todos os membros de qualquer Igreja. Eu mesmo cheguei a fazer o curso do EE, e muito contribuiu para o meu ministério, mas, quando fui tentar copiar o “modelo” desta Igreja, todo o meu esforço e entusiasmo não puderam evitar o fracasso. Foi inevitável a sensação de desânimo e pior, acabei por levar a Igreja a se sentir culpada. Mesmo assim, alguns anos depois, fui seduzido a acreditar que o método infalível não era aquele, mas agora era o método do “discipulado”. Você já pode imaginar o que aconteceu.

Quando seguimos um princípio a coisa é diferente. Diferente de seguir apenas um modelo que deu certo em algum lugar, o princípio é definido quando olhamos para várias Igrejas saudáveis e estão se desenvolvendo e perguntarmos: “O que as Igrejas saudáveis têm em comum que pode ser aplicado em nossa realidade?” A resposta a essa pergunta nos levará aos princípios universais de desenvolvimento da Igreja.
Não é errado sermos motivados por Igrejas que estão em franco crescimento. Todavia, ao invés de copiar o modelo destas Igrejas, devemos nos ater aos princípios presentes nelas, e que também podem ser encontrados em todas as demais Igrejas que estão se desenvolvendo. A partir dessa observação decidimos como aplicar o princípio em nossa realidade. Uma Igreja estabelecida perto de uma periferia terá uma maneira diferente de exercer sua missão daquela que está estabelecida na área nobre da cidade. No entanto, apesar delas desenvolverem o trabalho de forma diferente, ambas pode cumprir a missão dada por Cristo em Mateus 28.16-20. Você me entende?

Mas então, como é possível descobrir quais são os princípios universais de crescimento da Igreja? É evidente que não dá para descobri-los baseados apenas na observação de algumas Igrejas de “sucesso”, ou mesmo na nossa dedução pessoal. Em busca de respostas para esta pergunta tive a grata satisfação em descobrir que alguém já havia feito uma pesquisa em mais de 1000 Igrejas, em 32 países, nos 5 continentes, com Igrejas que estão crescendo, Igrejas estáveis e Igrejas que estão decrescendo. Para cada Igreja, o Instituto de Pesquisa Internacional de Desenvolvimento natural de Igrejas enviou 30 questionários buscando compreender quais os motivos pelos quais estavam produzindo resultados negativos e positivos em todas elas.
É claro que não devemos tomar como verdade absoluta os resultados da pesquisa deste Instituto, mas precisamos dar ouvidos ao que estes resultados têm a nos dizer, analisarmos se existem fundamentos bíblicos e teológicos para eles e só assim aceitarmos como verdade absoluta. Na verdade o que faremos é “julgar todas as coisas e reter o que é bom” (1 Ts 5.21)

Existe quase que um consenso de que toda Igreja que cresce é uma Igreja saudável. Na sua opinião, qual das duas frases do slide é a correta? O que é mais importante: quantidade ou qualidade?
A Bíblia fala de uma Igreja que numericamente era rica e abastada. Todavia isso não significou que ela era saudável, veja o texto de Apocalipse 3.14-22: “Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente! Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca; pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu. Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas. Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te. Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo. Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.”
Diferentemente da Igreja de Laodicéia, a Igreja de Jerusalém buscava servir a Deus de forma saudável e veja quais foram as conseqüências em Atos 2.42-47: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos. Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade. Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos.”
Na verdade, avaliar a quantidade de uma Igreja é muito fácil, é só olhar os relatórios financeiros, os relatórios das Sociedades Internas, da Escola Dominical, do Conselho e Junta Diaconal, e então teremos uma visão real do quanto crescemos ou não no último ano. Mas como avaliar a qualidade de uma Igreja? Isso já é bem mais trabalhoso. É o que veremos na próxima semana.