terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Chega de consciência pesada


No início de meu ministério na cidade de Timóteo/MG fui grandemente influenciado pelos escritos do evangelista consagrado Dr. James Kennedy (um grande evangelista norte-americano que levou milhares de pessoas a conversão através do evangelismo pessoal). O Dr. Kennedy desenvolveu um método de evangelismo pessoal chamado “Evangelismo Explosivo” onde, segundo ele, qualquer cristão fiel a Deus pode transmitir as boas novas da salvação de maneira lógica e fácil. Muitas pessoas já foram abençoadas por este método, inclusive eu.

Meu primeiro contato com o EE se deu em 1993. Naquela ocasião fiz a “Clínica de Evangelismo Explosivo” na cidade de Ipatinga/MG. Nos anos que se seguiram aquele método muito contribuiu para o meu trabalho de evangelista nas cidades de Pingo Dágua/MG, Itu/MG e Campinas/SP. Tive a honra de conduzir muitas pessoas ao Senhor Jesus. Todavia, ao tentar implantar o trabalho de Evangelismo Explosivo nas Igrejas por onde passei, fui surpreendido por uma dificuldade enorme dos membros para com o evangelismo pessoal. Isso se deu não somente com o método do EE, mas a dificuldade encontrada também se confirmou mesmo quando procurei usar e ensinar outros métodos de evangelismo pessoal, tais como o livreto das “quatro leis espirituais”, o “livro sem palavras” da APEC ou mesmo o “curso bíblico indutivo”.

Mas o que aconteceu? Não são todos os crentes chamados a serem testemunhas de Jesus? Não é verdade que todos os crentes devem evangelizar? Por que tanta dificuldade em aproximar das pessoas e falar sobre a fé em Jesus?



Temos razões suficientes para nos alegrarmos com esses maravilhosos métodos de evangelismo pessoal. Milhares de pessoas têm sido abençoadas em todo o planeta. Todavia, ao deparar com a dificuldade das pessoas em aprender e praticar tais métodos de evangelismo pessoal, descobri que Deus não espera de todas as pessoas o mesmo trabalho evangelístico realizado por aqueles a quem, o próprio Deus, deu-lhes o dom espiritual de evangelista (Efésios 4.11).

A Bíblia diz-nos que Deus voluntariamente distribui dons aos seus filhos e espera que cada um o sirva de acordo com estes dons (1 Pedro 4.10). Em sendo assim devemos tomar o cuidado para não projetarmos nas pessoas os dons que Deus nos deu. Projetar o dom é esperar e (até mesmo exigir) que as pessoas desenvolvam com facilidade o trabalho que desenvolvo e que obtenha os mesmos resultados. Isso certamente não é um ensino bíblico. Preciso reconhecer que o meu ministério só é bem sucedido porque, dentre outras coisas, recebi do Senhor os dons correspondentes para o mesmo.



Em pesquisa realizada pelo Dr. James Kennedy, mais de 90% dos cristãos nunca levaram alguém a Cristo através do evangelismo pessoal. Quando li isto pela primeira vez, fiquei surpreso e decepcionado. Achei um absurdo existir tantos crentes “irresponsáveis e preguiçosos”. Julguei que aqueles dados revelavam que os crentes haviam se afastado da grande missão que o Senhor havia nos deixado para realizar.

Mas, depois de alguns anos, fui surpreendido novamente com outro dado estatístico, desta vez apresentado no livro “O desenvolvimento natural da Igreja” que revelou que em uma pesquisa realizada em mais de 32 países, nos cinco continentes com mais de 1000 Igrejas, o dom de evangelista foi identificado em apenas 10% dos membros. Isso foi revolucionário em minha cabeça. Pense comigo, o resultado destas duas pesquisas se completam. Cerca de 90% dos crentes nunca conduziram alguém a Cristo através do evangelismo pessoal, simplesmente porque aprouve a Deus dar o dom de evangelista a apenas 10% da Igreja.

Tal reflexão é libertadora. Não temos que julgar e culpar ninguém porque não consegue conduzir outra pessoa a Cristo através do evangelismo pessoal. Precisamos entender que a Igreja é um corpo, e como tal precisa de muitos membros com funções completamente diferentes, mas que se relacionam (Romanos 12.4-8). Desta forma, haverá sempre novos convertidos chegando através do ministério dos evangelistas, mas também haverá pessoas com os dons de pastor, mestre, músico, serviço, hospitalidade, etc... para dar o acompanhamento e treinamento necessário para que o novo convertido possa se interagir e servir a Deus em sua nova família da fé.



Vamos acabar com a consciência pesada!

Todos podemos e devemos testemunhar.

Falar do que Jesus tem feito em nossas vidas é algo que todos devemos fazer.

"Porém, quando o Espírito Santo descer sobre vocês, vocês receberão poder e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até nos lugares mais distantes da terra." Atos 1:8

Nem todos temos o dom de evangelista.

Apresentar o plano de salvação aos perdidos é algo que nem todos conseguem fazer.

“Foi ele quem deu dons às pessoas. Ele escolheu alguns para serem... evangelistas...” Efésios 4.11

Por isso proponho que abandonemos de vez o lema “cada cristão um evangelista”. Deus tem caminhos muito melhores para levar as suas boas novas às pessoas. Nas próximas aulas quero mostrar-lhe um caminho novo de como cada cristão, independentemente de ter ou não o dom de evangelista, pode contribuir para que a tarefa missionária seja cumprida. Espero por você.

_______________________________________

Leia também:

Introdução à Evangelização Criativa

Nenhum comentário:

Postar um comentário