segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Tudo para dar errado, mas deu certo.

Quando começamos a falar sobre a vida de Sansão, seu nascimento, voto e chamado, é natural que esperássemos que ele tivesse uma biografia cheia de vitórias. Mas o que vimos foi um homem que apesar de ter tudo para dar certo na vida, por viver sempre em busca de satisfazer seus desejos de maneira errada, ele passou pela história de seu povo sem conquistar uma única vitória em sua nação.

Mas, apesar de tudo isso, o povo judeu ainda tinha a promessa de Deus de que através de Sansão ele daria início ao processo de libertação deles da violência do povo filisteu. Mas, e agora? A notícia de que Sansão fora preso chegou com rapidez ao seu país. Será que Deus, pela primeira vez, não seria capaz de cumprir sua promessa por causa do pecado de um homem? Será que os planos de Deus, aqueles que a Bíblia afirma que jamais falham, não dependem só dele para serem cumpridos? O povo de Israel, olhando apenas para a situação em que Sansão se envolveu, tinha razões para levantar tais questões.

Quando tudo parecia ter dado errado, quando a própria esperança já estava sendo velado nos territórios de Israel, Deus se levanta e com o seu imenso poder, pega tudo aquilo que dera errado por causa de Sansão, e faz dar certo. Com o último feito de Sansão, Deus de fato começa uma grande libertação de seu povo. Como? Vamos ao texto bíblico.


Após ter sido traído por Dalila, Sansão apanhou como nunca. Os filisteus ainda fizeram mais. “Os filisteus o prenderam, furaram os seus olhos e o levaram para Gaza. Prenderam-no com algemas de bronze, e o puseram a girar um moinho na prisão.” (Juízes 16.21). Capturado, Sansão foi tratado como um escravo. Sansão tornou-se escravo por viver em função de seus desejos descontrolados. Sua escravidão não se deu por ter sido vítima de um destino sorteado ou imposto, mas por causa de sua rebeldia contra Deus. As consequências de seus atos o atingiram impiedosamente. Aqui aprendemos um princípio importante. Deus permite que seus filhos e filhas passem por experiências dolorosas a fim de que eles repensem sua conduta. “Como pode um homem reclamar quando é punido por seus pecados? Examinemos e submetamos à prova os nossos caminhos, e depois voltemos ao Senhor.” (Lamentações 3.39-40).

De temido Sansão se tornou o bobo da corte. “Então os líderes dos filisteus se reuniram para oferecer um grande sacrifício a seu deus Dagom e para festejar, comemorando: "O nosso deus entregou o nosso inimigo Sansão em nossas mãos". Quando o povo o viu, louvou o seu deus: "O nosso deus nos entregou o nosso inimigo, o devastador da nossa terra, aquele que multiplicava os nossos mortos". Com o coração cheio de alegria, gritaram: "Tragam-nos Sansão para nos divertir! " E mandaram trazer Sansão da prisão, e ele os divertia.” (Juízes 16.23-25)

Sansão que sempre procurou diversão na terra dos filisteus acabou se tornando a própria diversão de seus inimigos. Mais do que a humilhação pessoal, a situação de Sansão trazia vergonha para o nome de Deus. Naquela época, os povos relacionavam o sucesso de suas guerras a interferência dos deuses. Por esta razão, ter prendido Sansão era motivo para afirmar que Dagom era mais poderoso do que Deus. Por isso, resolveram fazer um grande congresso espiritual e prestar culto a Dagom. Isso também acontece em nossos dias. Quando eu e você falhamos em nosso testemunho, as pessoas que nos cercam terão motivos para não acreditar e servir a Deus. Pense nisso.

Consciente de sua situação Sansão finalmente “cai em si”. Ele percebe o que fizera da vida. Durante todo o tempo, seu compromisso fora dividido entre a missão que recebera antes de nascer e a satisfação de seu apetite sexual a qualquer preço. Dessa forma Sansão desenvolveu uma visão distorcida de si mesmo, de sua missão e de Deus. Agora cego e fraco, condição em que o pecado nos coloca, Sansão chama seu guia, pede para que o coloque entre as duas colunas de sustentação do templo filisteu e ali, apoiado entre as duas colunas, Sansão ora.

“E Sansão orou ao Senhor: "Ó Soberano Senhor, lembra-te de mim! Ó Deus, eu te suplico, dá-me forças, mais uma vez, e faze com que eu me vingue dos filisteus por causa dos meus dois olhos! " (Juízes 16.28). Diferente da última vez que orou, a oração de Sansão agora tem um tom diferente. Dá para sentir sua dor e dependência completa do Senhor. Parece que um novo relacionamento com Deus fora estabelecido. Sansão não exige, suplica. Admite auxílio. Pede forças, embora saiba que não mereça (“dá-me forças, mais uma vez”). Sansão expressa pela primeira vez que separado de Deus ele não pode realizar nada. É, de fato, Sansão não era mais o mesmo.

O cumprimento da missão, aquilo que Sansão negligenciou por toda a vida, agora é o foco do seu último pedido. Os inimigos de seu povo e de Deus eram também seus inimigos. Era hora de deixar de contrariar o Senhor, de fazer pacto com o inimigo. Naquele instante Sansão compreendeu contra quem deveria lutar, mesmo ciente de que sua missão lhe custaria a própria vida.

“Então Sansão forçou as duas colunas centrais sobre as quais o templo se firmava. Apoiando-se nelas, tendo a mão direita numa coluna e a esquerda na outra, disse: "Que eu morra com os filisteus! " Então, ele as empurrou com toda a força, e o templo desabou sobre os líderes e sobre todo o povo que ali estava. Assim, na sua morte, Sansão matou mais homens do que em toda a sua vida.” (Juízes 16.29-30). Sansão entendeu que por uma missão que se estende além da própria vida, vale a pena morrer. Olhando para a vida de Sansão podemos afirmar que o plano de Deus tinha tudo para dar errado, mas deu certo. Com a morte de Sansão e dos filisteus, o povo de Israel estava livre da opressão filistéia. Os planos de Deus verdadeiramente não falham.

O sacrifício de Sansão aponta para outro sacrificio feito muitos anos depois. Jesus, diferente de Sansão, abriu mão da própria vida, como homem, para beneficiar não uma única nação, mas o mundo inteiro. Sua morte foi muito mais dolorosa. Segundo a Bíblia o castigo que nos traz a paz estava sobre ele e pelas suas feridas fomos sarados. A morte de Jesus se deu em meio a muita tortura, mas engana-se quem pensa que naquela situação ele era um mártir ou mesmo uma vítima. Definitavamente não! Ele se ofereceu para pagar o preço da nossa dívida diante de Deus.

Foi ele quem disse: “... eu dou a minha vida para retomá-la. Ninguém a tira de mim, mas eu a dou por minha espontânea vontade." (João 10.17b-18a). Como nosso único e verdadeiro Herói, Jesus não só ofereceu sua vida em nosso favor como venceu a própria morte. Três dias depois ele ressuscitou e hoje vive pode nos garantir o perdão conquistado na cruz. Para isso basta confiarmos completamente nele e nos comprometermos em viver nele e para ele.

A única vitória que Sansão teve na vida se deu quando ele entendeu o seu chamado e se dispôs a cumpri-lo em sua vida. Pena que foi tarde demais, ele não chegou a curtir a sua vitória. E você, vai esperar “ter os olhos vazados” para poder reconhecer sua dependência de Deus?

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