domingo, 1 de agosto de 2010

Tudo para dar certo, mas deu errado.


O sol estava quente na cidade Israelita de Zorá quando ela trabalhava na lavoura. O cabelo grisalho e o surgimento das primeiras rugas não deixavam dúvidas, ela estava ficando velha. Mas, de repente é interrompida por alguém que diz: “Você é estéril.” Nesse instante, ela olha para trás pra ver quem era aquele que tivera a coragem de expor sua vergonha em plena luz do dia. O rapaz, com voz educada continua: “Não se preocupe. Você terá um filho”. Surpresa ela ainda ouve dele: “Agora, pois, guarda-te, não bebas vinho ou bebida forte, nem comas coisa imunda; porque eis que tu conceberás e darás à luz um filho sobre cuja cabeça não passará navalha; porquanto o menino será nazireu consagrado a Deus desde o ventre de sua mãe; e ele começará a livrar a Israel do poder dos filisteus” (Jz 13. 4-5).

Surpresa, ela fixa os olhos naquele estranho e percebe que tem algo especial nele. Na verdade, ele se parece com um anjo de Deus. A conversa termina por ali e ela o deixa só e sai correndo para casa com o propósito de contar tudo ao marido. As notícias eram boas demais para acreditar. Afoita, recupera o ar e conta tudo a Manoá, seu esposo. Ao ouvir o relato da mulher, Manoá fica curioso e resolve orar. Pede a Deus que o permita ser visitado por aquele homem para sanar todas as dúvidas.

Deus atendeu às preces de Manoá. Desta vez ao receber a visita do homem-anjo a mulher pede para chamar o marido. Vamos ao texto: “Então, se levantou Manoá, e seguiu a sua mulher, e, tendo chegado ao homem, lhe disse: És tu o que falaste a esta mulher? Ele respondeu: Eu Sou. Então, disse Manoá: Quando se cumprirem as tuas palavras, qual será o modo de viver do menino e o seu serviço?” (Jz 13. 11-12). Observe que Manoá e sua esposa, ao entender que seu filho fora escolhido para uma missão específica, quiseram saber a maneira como ele deveria ser educado. Vejamos as orientações que receberam.


Na primeira conversa com o anjo, os pais de Sansão foram orientados a fazer o voto do nazireu. No povo de Israel Deus tinha um grupo de pessoas que lhe eram consagrados – os levitas. Como tais eles não poderiam se envolver com uma série de trabalhos e ocupações porque o fato de serem levitas os ocupava somente com o trabalho do Senhor (especialmente no templo) para a edificação de todo o povo. O voto de nazireu era exclusivo para as pessoas que não eram da tribo dos levitas, mas que por um motivo especial recebia o chamado de Deus para abrir mão de tudo para servir somente a Deus. Este voto estava relacionado à identidade pessoal. O voto preservaria o menino de se envolver com muitas outras coisas e o focaria apenas na sua missão.

Sansão jamais deveria servir a outros deuses. Ser servo de Deus fazia parte de sua identidade, de sua natureza. Ele não estaria servindo a Deus por um tempo de sua vida. Ele serviria a Deus por toda a sua vida. Afinal de contas, ele era um nazireu, consagrado ao Senhor. Servir outros deuses deveria ser algo inimaginável, o mesmo que tirar mel de uma pedra.

A consciência sobre a relação entre nossa identidade (aquilo que somos) e a nossa missão (aquilo que fazemos) nos levará a cumprir a vontade de Deus em nossas vidas e conseqüentemente sermos felizes. Vivemos num tempo em que aquilo que dizemos SER não determina necessariamente aquilo fazemos. Não é difícil encontrar pessoas condenando determinadas atitudes e pouco tempo depois serem flagradas cometendo aquilo que antes condenavam.Infelizmente esse comportamento também chegou à Igreja. Dizemos ser filhos de Deus, cristãos comprometidos, mas nossa vida não reflete nossa confissão. As pessoas de nossos dias vivem divididas entre a confissão e a vida, como se a crença servisse apenas como uma ocupação que nada tem a ver com a realidade. O problema é que a fé fica restrita apenas a um templo e não influencia em nada no dia a dia.

Alexandre “o grande” certa vez exortou seu soldado que havia agido covardemente na batalha a mudar de atitude, ou mudar de nome. Na visão do grande combatente, não seria possível alguém chamar-se de Alexandre e agir daquela maneira.

É preciso definir qual é a nossa identidade. Se somos cristãos, ou se apenas estamos freqüentando uma Igreja cristã. (1 Pd. 2.9-12). A fé hoje é vista como mais uma ocupação que cada pessoa tem. Ela não determina o que a pessoa é. E isso tem feito um estrago terrível na vida de todos. Acabamos por nos nivelarmos por baixo.


Ao ouvir sua mulher falando sobre ter um filho, Manoá se alegrou muitíssimo. Todavia, o fato de que esse menino seria um nazireu o preocupou. Tanto que ele se pôs em oração e pediu por mais orientações. Como ele deveria educá-lo? Qual seria a base de sua educação? Atendendo a oração de Manoá, o Senhor permite ao Anjo visitar o casal por uma segunda e última vez. Depois de dar todas as orientações o Anjo encerra dizendo: “Tudo quanto lhe tenho ordenado guardará” (Jz 13.14). Ou seja, a base da educação de Sansão deveria ser a Palavra de Deus. Nada mais, nada menos.

Por ser um nazireu, Sansão deveria receber toda a sua influência da Palavra de Deus. Assim como seus pais procuraram ouvir a voz de Deus na maneira como deveriam criá-lo, Sansão deveria buscar sempre a orientação para sua vida na Palavra de Deus. Seus valores, atitudes e vida deveriam mostrar que ele ERA um nazireu. Alguém consagrado para viver toda a sua vida para Deus.

Quem tem nos influenciado? – A nossa identidade é formada a partir dos sentidos. Tudo aquilo que vemos, falamos, ouvimos, cheiramos e tocamos influenciam aquilo que somos. Os lugares que freqüentamos, o que comemos e bebemos, as leituras que fazemos, as conversas que temos, as músicas que ouvimos e os programas que assistimos, tudo influencia a nossa identidade. Basta olhar para as orientações dadas a Manoá sobre como deveria ser a vida de Sansão. Ele não deveria ter excessos, não consumir bebidas alcoólicas e viver de maneira diferente de seus contemporâneos, para Deus. O voto do nazireu deveria protegê-lo para não se corromper com a cultura de sua época.

Infelizmente, hoje, numa cultura cada vez mais infiel a tudo e a todos, os cristãos acabam vivendo sua fé de forma parcial. Eles se reúnem nos templos, aceitam os ensinos de Deus como verdades absolutas, vão à Igreja com regularidade e aparecem no senso como evangélicos. Por outro lado, no dia a dia são orientados por conceitos contrários à Palavra de Deus. Abraçam as opiniões da mídia, dos amigos não comprometidos com Deus, dos desejos descontrolados da carne como estilo de vida e nunca se esforçam por viver de acordo com os ensinos seguros da Palavra de Deus.

Influenciar positivamente – Como nazireu, Sansão também devia ser exemplo para seus compatriotas. Seus valores individuais, forjados na Palavra de Deus, deveriam determinar suas decisões e escolhas. Dessa forma, o povo olharia para ele como alguém comprometido com Deus e que deve ser seguido.

Somos aqui desafiados a mostrar com a nossa vida que as verdades e valores bíblicos são “verdades absolutas” que devem ser vividas diariamente e não apenas “verdades da religião” limitadas apenas a um grupo de pessoas que se encontram semanalmente em templos.


Ao nascer o menino, os pais lhe deram o nome de Sansão. Seu nome significa “aquele que brilha como o sol”. De fato, era um menino especial. Sansão tinha tudo para dar certo. Nasceu sabendo que era escolhido por Deus para uma missão específica e especial. Sabia como deveria viver, sua identidade estava bem definida através do voto de nazireu.

De igual forma, todos nós fomos chamados por Deus para uma missão específica e pessoal. A Bíblia diz que o plano de Deus para nossa vida já está escrito. Ele será cumprido em sua vida, quer você queira, ou não. A forma como ele será cumprido, aí depende de você. Muitos se deixam ser orientados pela Palavra de Deus e encontram a verdadeira felicidade. Outros, passam pela vida sem se preocuparem com o propósito divino e chegam ao final decepcionados e arrependidos.

Quando lemos o capítulo 13 de Juízes, somos sugestionados a pensar que a história desse herói foi de conquistas e muito sucesso. Mas algo de errado aconteceu. Sansão optou pelo caminho da rebeldia e sua história só não foi pior porque Deus não abriu, como não abre, mão de seus planos. Sansão foi um grande herói, que curiosamente, nunca vencia. E você? Vai seguir o mesmo caminho de Sansão?

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