Os cristãos sabem o quanto pode uma oração. Você se lembra de quando o Senhor ouviu a sua oração? Quando a gravidez de risco trouxe o nascimento de um filho. Quando o emprego tão esperado apareceu na hora certa. Quando o assaltante não lhe encostou um dedo. Quando a sua chave foi encontrada. O pai deixou de beber. O irmão se converteu ao Evangelho de Jesus. O acidente foi evitado. Sim, os cristãos sabem o quanto vale uma oração sincera e confiante diante de Deus. O problema surge quando além de não reconhecermos o cuidado de Deus atribuímos os seus feitos em nossa vida à força de nosso braço, ou a nossa própria capacidade. Foi o que aconteceu com Sansão.
Depois da tentativa fracassada de deitar com sua mulher, Sansão acabou por se envolver numa série de atos violentos com os filisteus. Quando soube que sua mulher fora dada ao seu amigo, ele destruiu a lavoura dos filisteus com fogo. A reação dos filisteus não demorou. Queimaram a mulher e seu pai vivos. Sansão, que não levava desaforo para casa, deu vazão à vingança e partiu para a pancada com os filisteu, ferindo muitos entre eles. Em seguida, ele foge e se esconde numa caverna. Os filisteus, como sempre acontece com o impulso de vingança, espalharam cartazes de Sansão por toda parte: “Procura-se vivo (de preferência morto)”. Não o encontrando em seus domínios, reúnem-se em número de mil soldados e vão até Judá em busca de Sansão. Vejamos agora, o que aconteceu em seguida:
Os filisteus foram para Judá e lá acamparam, espalhando-se pelas proximidades de Leí.
Os homens de Judá perguntaram: "Por que vocês vieram lutar contra nós?" Eles responderam: "Queremos levar Sansão amarrado, para tratá-lo como ele nos tratou".
Três mil homens de Judá desceram então à caverna da rocha de Etã e disseram a Sansão: "Você não sabe que os filisteus dominam sobre nós? Você viu o que nos fez?" Ele respondeu: "Fiz a eles apenas o que eles me fizeram".
Disseram-lhe: "Viemos amarrá-lo para entregá-lo aos filisteus". Sansão disse: "Jurem-me que vocês mesmos não me matarão".
"Certamente que não!", responderam. "Somente vamos amarrá-lo e entregá-lo nas mãos deles. Não o mataremos." E o prenderam com duas cordas novas e o fizeram sair da rocha. (Juízes 15.9-13)
Observe aqui o quanto Sansão se tornara odiado pelo seu próprio povo. Sansão que fora escolhido por Deus para livrar o seu povo do domínio, escravidão e violência dos filisteus, não contava com a simpatia deles. O curioso é que os homens de Judá estavam tão traumatizados com os filisteus que ao perceberem a sua presença, saem ao encontro tremendo de medo. Três mil israelitas estavam com medo de mil filisteus. Quando é que três podem ser vencidos por um? Quando o temor toma conta dos três.
Ao contrário dos demais líderes do povo de Israel, Sansão não queria assumir a frente de seu povo. Os outros líderes que Israel tivera em sua história, em momentos como esse, se colocavam à frente e liderava-os para enfrentar seus inimigos e combatê-los. Sansão não, ele prefere provocar os seus inimigos e depois, numa atitude covarde, se esconde numa caverna e deixa o seu povo em má situação. Exatamente por isso ele era visto com maus olhos pelo seu próprio povo. “Você viu o que ele nos fez?” diziam. Sansão só causava problemas e deixava o povo ainda mais revoltado com Deus. Afinal de contas, todos sabiam que ele era o escolhido de Deus para livrá-los das mãos dos filisteus, mas até agora nada. Pelo contrário, a situação só estava piorando. Por isso não pensaram duas vezes. Amarraram a Sansão e o entregaram aos filisteus. Mas, veja o que aconteceu.
Quando ia chegando a Leí, os filisteus foram ao encontro dele aos gritos. Mas o Espírito do Senhor apossou-se dele. As cordas em seus braços se tornaram como fibra de linho queimada, e os laços caíram das suas mãos.
Encontrando a carcaça de um jumento, pegou a queixada e com ela matou mil homens.
Disse ele então: "Com uma queixada de jumento fiz deles montões. Com uma queixada de jumento matei mil homens".
Quando acabou de falar, jogou fora a queixada; e o local foi chamado Ramate-Leí. (Juízes 15.14-17)
Mais uma vez o Espírito do Senhor fortaleceu a Sansão e ele derrotou todos os inimigos. Todavia, ao final do grande ato heróico, perceba o que diz Sansão: “Com uma queixada de jumento FIZ deles montões. Com uma queixada de jumento MATEI mil homens”. Sansão toma para si a glória de Deus.
O não reconhecimento da bondade de Deus é um caminho perigoso. Mediante ao sucesso em uma determinada área de nossa vida, somos tentados a esquecermos de quem de fato nos possibilitou aquela oportunidade. O pior então acontece. A ingratidão de nossa parte. A saúde, a felicidade familiar e conjugal, o bom emprego devem ser reconhecidos como um grande presente de Deus, como de fato são. Em todos estes casos, a confiança excessiva na força de seus próprios braços, nos leva a ser ingratos e indiferentes com as orientações seguras de Deus para uma vida feliz.
Essa era a atitude de Sansão. Sansão fora grandemente usado pelo Espírito do Senhor, mas ao final ele está dizendo que a força do seu braço é que fizera aquele grande livramento. “Aí de vocês” esbraveja Sansão, “se não fosse a minha força, os filisteus os teriam engolidos vivos.”
Em situações como essa, Deus permite que algo dê errado. Eu não disse que ele faz as coisas darem errado. Ele permite. Nós é que nos desligamos dele. A culpa é nossa. É como ouvi de um líder de jovens a alguns dias atrás, de repente você resolve se desligar de Deus como se faz com um notebook. Ao desligá-lo da tomada ele continua funcionando, só que com o passar do tempo, a bateria acaba e se não reconectá-lo à tomada, ele certamente se desligará sozinho. O mesmo acontece conosco. Mediante nossas vitórias e conquistas, temos a tendência de achar que não precisamos tanto assim do cuidado e dependência de Deus. Por essa razão Deus permite tragédias, crises, desilusões amorosas, falência, internação às pressas. E somente depois disso é que podemos perceber o caminho errado que tomamos e para quem devemos voltar nosso coração.
Veja o que aconteceu com Sansão. Após ter atribuído à sua grande força a vitória sobre os filisteus, de repente ele cai de cansaço e sede. Não conseguindo se mover ele percebe que naquele instante se tornara um alvo fácil. O medo de ser morto pelo mais fraco filisteu o faz lembrar de quem jamais deveria ter esquecido. Só que a sua arrogância o impede de fazer uma oração humilde. Ouça a sua oração: “Sansão estava com muita sede e clamou ao Senhor: "Deste pela mão de teu servo esta grande vitória. Morrerei eu agora de sede para cair nas mãos dos incircuncisos?" (Juízes 15.18)
Sansão perdeu a grande oportunidade de exaltar e honrar a Deus. Pelo contrário ele agora acrescenta a arrogância à sua lista de pecados particulares. De repente, ao sentir-se semimorto, ele resolve orar. Detalhe, é a primeira vez que a Bíblia o cita orando. Mas sua oração não nos acrescenta nada de positivo. Veja como ele ora: “Deste pela mão de teu servo esta grande vitória. Morrerei eu agora de sede para cair nas mãos dos incircuncisos?”
Essa oração de Sansão tem um tom de exigência e não de um pedido humilde a Deus. Sansão está indignado. Como pode, ele, um instrumento de Deus, nazireu, depois de realizar uma grande façanha, estar morrendo de sede? Isso é um absurdo! Deus tinha que atendê-lo e depressa! Ele sequer percebe que sua vitória se deu exatamente porque o Senhor o fortaleceu. E mesmo em sua oração ele deixa claro que sua mão forte foi a causa da grande vitória. Ele tomou para si a glória que pertence somente a Deus. Ele não percebeu que a libertação do povo de Israel estava acontecendo não por sua obediência irrestrita, mas porque, de algum jeito, Deus usou o envolvimento de Sansão com os filisteus para criar discórdia entre eles e assim livrar o povo israelita.
É natural entre as pessoas como Sansão, culparem a Deus por suas escolhas erradas. Quando estão para casar não se preocupam com o fato do escolhido ou escolhida não ser temente a Deus. Mas depois, quando isso começa a interferir na vida conjugal, culpam a Deus pelo casamento mal sucedido. Optam por um emprego que o afastará do Senhor, pouco tempo depois, quando se tornam um caco espiritual, advinham a quem culpam? Resolvem dar um tempo no ministério por não estar dispostos a abrir mão de um pecado predileto. Pouco tempo depois, quando tudo dá errado, culpam a Deus. Isso é próprio de heróis que como Sansão, nunca vencem.
E o que fez o Senhor. Pasme. “Deus então abriu a rocha que há em Leí, e dela saiu água. Sansão bebeu, suas forças voltaram, e ele recobrou o ânimo.” (Juízes 15.19). Mas porque Deus atende uma oração como esta? A resposta? Graça! Com este ato Deus dá sua demonstração de cuidado para com a vida de seu povo. Como assim? Bem, a libertação de que ele havia dito que faria através de Sansão ainda não havia sido concluída. Era necessário que Sansão continuasse vivo para o cumprimento da promessa de Deus.
Outra razão pela qual Deus atende a oração de Sansão era o seu apelo amoroso ao coração de Sansão. É claro que com este ato Sansão percebeu que ele tinha um limite. Não poderia enfrentar os filisteus sozinho. Ele dependia de Deus para cumprir a sua missão. Infelizmente Sansão jamais admitiu isso e passou pela vida como um derrotado. Nunca se submeteu as orientações seguras de Deus e por causa disso acumulava derrotas sobre derrotas.
Não são poucos os atos de Deus de demonstração de cuidado para com seus filhos. De certa forma, antes de permitir que uma tragédia se instale na vida de seus filhos rebeldes, Deus busca trazê-los de volta para si através de sua graça. Graça, nada mais é do que o cuidado manifestado de Deus em nossa vida sem nenhum mérito de nossa parte. Através desse cuidado Deus nos convida a perceber que precisamos e podemos contar com ele. Que a vida não pode ser vencida sem a sua companhia. Na verdade, essa é uma maneira amorosa de nos convidar a caminhar com ele. Sansão não entendeu assim, nem se voltou para o Senhor. E você?
Diferentemente de Sansão, Jesus foi um Herói exemplar. Certa vez dividiu seus setenta discípulos em grupos de dois e os enviou para anunciar o Reino de Deus em um povoado. Os setenta voltaram muito alegres e disseram a Jesus: "Até os demônio nos obedeciam quando, pelo poder do nome do Senhor, nós mandávamos que saíssem das pessoas!". Jesus respondeu: "De fato, eu vi Satanás cair do céu como um raio. ESCUTEM! EU DEI A VOCÊS PODER para pisar cobras e escorpiões e para, sem sofrer nenhum mal, vencer a força do inimigo. Porém não fiquem alegres porque os espíritos maus lhes obedecem, mas sim porque o nome de cada um de vocês está escrito no céu." Com isso Jesus chama a atenção dos discípulos para o fato de que o sucesso alcançado naquela missão não era por causa da habilidade ou experiência deles, mas do poder de Deus. (cf Lucas 10.17-21)
Mas, Jesus, como nosso grande Herói, em seguida deu o exemplo de que ao invés de se tornarem orgulhosos, deveriam ser gratos. Como? Bem, naquele momento, pelo poder do Espírito Santo, Jesus ficou muito alegre e disse: "Ó Pai, Senhor do céu e da terra, EU TE AGRADEÇO porque tens mostrado às pessoas sem instrução aquilo que escondeste dos sábios e dos instruídos. Sim, ó Pai, tu tiveste prazer em fazer isso." Percebe? Jesus agradece o sucesso da missão de seus discípulos ao Pai. E você? Tem se mostrado dependendte de Deus em tudo aquilo que faz? Tem agradecido a Deus por suas conquistas e vida? Tomara que sim.
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