
O que você está realizando que não possa concluir sem uma intervenção de Deus? Muitos de nós passamos a vida dentro dos estreitos limites de nossos talentos e capacidade. Tomamos o maior cuidado para manter todas as coisas sob o nosso controle. Na realidade, vivemos como se não precisássemos de Deus. Nosso medo de arriscar nossas vidas nas mãos de Deus nos mantém longe do que ele tem planejado a nosso respeito.
O meu propósito com esta série de mensagens é despertar você para ousar mais nas mãos de Deus. Desejar ir além do que a sua mente possa imaginar. Ter experiências com Deus jamais imaginadas e experimentar o que significa se relacionar com o Deus que não conhece o significado da palavra impossível. Quanto mais vivo a aventura da fé e compartilho com outros o que estão descobrindo acerca de Deus, mais convicto me torno de que o Senhor nos ama e se importa mais com nossos interesses que nós mesmos. Em tempo e a tempo ele invade os nossos problemas com poder sobrenatural. Há ocasiões em que ele de fato nos conduz a desafios e oportunidades, a fim de nos maravilhar com o que ele é capaz de fazer com as nossas impossibilidades.
Você já pediu a Deus que o ajude a encarar, sem medo, o desafio que ele mesmo propôs a você? Seja abandonar um vício, perdoar uma pessoa, testemunhar a sua fé, assumir um trabalho, abrir mão de um emprego, ter filhos, ou fazer algo para a glória dele e que para você é tremendamente difícil. Isso é importante. Deus opera o impossível quando nos colocamos em suas mãos para realizar exatamente aquele plano que ele nos confidenciou ao coração, normalmente algo grande.
Abraão, o amigo de Deus, aprendeu essa importante lição. Ele não obteve facilmente sua amizade com Deus. Sua amizade foi conquistada através de sua obediência a algumas ordens difíceis e aparentemente absurdas. Todavia, ao obedecer, Abraão testemunhou grandes intervenções divinas em sua vida. Não é a toa que ele é chamado de o pai da fé.

Abrão era conhecido como o filho de Terá e vivia na cidade de Ur dos Caldeus. Sua família, bem como toda a população de Ur era idólatra e adoravam a lua dentre tantos outros deuses. Esta pode ter sido a razão por que Deus o tirou, bem como a sua família, dos laços desta civilização próspera e sofisticada. Deus provocou um sentimento de desconforto em Terá que o induziu a partir de Ur com seu filho Abrão, impelindo-os em direção à terra de Canaã. Viajaram ao longo do vale do Eufrates até Harã.
Em Harã, anos mais tarde, o mesmo Deus que orientou Terá a mudar-se de Ur apareceu a Abrão, deixando-o em pânico. O Senhor tinha grandes planos para Abrão, e este talvez vivesse toda uma vida de amizade com Deus antes de perceber que o Senhor proveria para cada passo do caminho. “Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, e vai para a terra que te mostrarei” (Gn 12:1). Os riscos que o Senhor nos desafia a assumir são sempre para o nosso bem, mesmo que pareçam assustadores. O Senhor prossegue: “De ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção: abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12:2-3).
É uma promessa e tanto, mas agir baseado nela exigia risco. Nela, e somente nela, Abrão se apoiava. Até porque ele já estava com 75 anos e Sarai, sua melher, com nada menos de que 65 anos. Como poderiam acreditar que poderiam gerar filhos naquela idade? Como abandonar toda a família e partir para uma terra que nem sequer sabiam onde? Que endereço deixariam para os parentes e amigos? Enfrentar uma viagem de mudança naquela idade confiando apenas numa promessa divina? Esse plano parecia de fato condenado ao fracasso, era simplesmente impossível de se realizar. Mesmo assim, apesar da pouca orientação que possuía, ele partiu, e nos anos seguintes conheceu a amizade e fidelidade de Deus. Muitos anos foram necessários para que Abrão amadurecesse nessa amizade, confiasse nela, mediante a prova da sua realidade em épocas de dúvida e desespero.
Após a morte de Terá, Abrão deixou a segurança de Harã e seguiu para Canaã. Os altares que construiu ao longo do percurso falam de sua crescente fé em Deus, a qual o capacitava a assumir novos riscos. Contudo, quando a fome atingiu Canaã, ele se dirigiu ao Egito. Aí Abrão revelou o outro lado de sua personalidade, o lado tímido que reagia contra o risco, que não confiava. No Egito, Abrão ordenou a Sarai que dissesse ser sua irmã, uma mentira decorrente da sua falta de fé na promessa de Deus. Sarai era linda, e Abrão temia que os egípcios, para ficarem com ela, o matassem. O próprio Faraó, atraído pelo encanto de Sarai, conduziu-a ao seu lar e conferiu honras a Abrão, que supunha ser irmão dela. Mas o Senhor tinha outros planos. Enviou pragas contra Faraó e toda a sua casa, até que a verdade viesse à tona. Abrão quase frustrou o plano de Deus de torná-lo pai de multidões. Por pouco ele e Sarai não escaparam com vida.
E você? Já sabe qual é o desafio de fé que Deus tem para realizar em sua vida? Já se perguntou a razão pela qual você faz o que faz? Por que Deus te trouxe a vida exatamente nesse período da história e te deu a família que você tem? Por que razão você é cercado exatamente pelas pessoas que hoje fazem parte da sua vida? Ou você pensa que a razão de sua vida é apenas ganhar dinheiro, ter um diploma e ser um profissional bem sucedido? Sua vida foi projetada por Deus para fazer diferença além do túmulo, sabia? Você tem uma tarefa, um desafio maior do que a própria vida. Deus não te colocou aqui por acaso ou coincidência. Ele deseja fazer algo grande em sua vida e através dela na vida de muita gente. Algo que você jamais poderá fazer sozinho, algo que para você é impossível. E nesse aspecto somente ele poderá te ajudar.

Mas entre receber uma promessa e vê-la cumprida é algo que pode demandar muito tempo. No caso de Abrão não foi diferente. Mais de 10 anos depois que recebera a promessa de ser pai, ele já estava com seus 85 anos e Sarai com 75 e continuavam sem filhos porque Sarai era estéril. Isso levou Abrão a um dilema. Como poderia ser pai de multidões sem um filho? Seria o herdeiro um dos filhos de seus empregados nascido em sua casa? Não. Em vez disso o Senhor prometeu a Abrão o que parecia impossível. Ele e Sarai teriam um filho. Abrão achou muito difícil de acreditar em tal coisa. Durante todo aquele período Deus não falou mais nada, não explicou o aparente atraso e tudo parecia que ele havia esquecido de sua promessa. Foram anos difíceis e longos para Abrão e Sarai.
10 anos se passaram e Sarai perdeu a paciência. Ela insistiu com Abrão para que engravidasse Hagar, sua serva egípcia. Outra vez expõe-se a dificuldade de nosso herói em acreditar na espantosa promessa de Deus. Aquela certamente era uma prova de Deus para Abrão antes de lhe dar o filho tanto desejado. Todavia, o que lemos? “E Abrão anuiu ao conselho de Sarai” (Gn 16:2b). Um erro lamentável que levou Abrão e Sarai a agir com incredulidade para com a promessa de Deus. Ismael nasceu da relação não abençoada de Abrão e Hagar. Como sempre se constata na revelação clara e gradual do Deus do impossível, alguns de nossos heróis tiveram de ver a realização do plano de Deus para suas vidas adiadas porque não souberam permanecer firmes em sua fé. Todavia, é preciso lembrar que o Senhor jamais se esquece de quem escolheu, nem volta atrás em suas promessas e planos a nosso respeito.
13 anos depois do deslize de Abrão e Sarai, o Senhor voltou a estaca zero com eles. Ele visita Abrão e renova sua promessa, e desta vez dá novos nomes a Abrão e Sarai. Abrão será Abraão, pai de multidões, e Sarai será Sara, mãe de nações. Além da nova visão sugerida pelos novos nomes, o Senhor, a fim de encorajar novamente a Abraão, adota um nome definitivo para si mesmo: El Shaddai, que significa Deus Todo-poderoso, aquele que não conhece o impossível. Como se tudo isso não bastasse, o poderoso El Shaddai propõe uma aliança e promete abençoar a Abraão e a sua posteridade para sempre. A garantia dessa bênção seria que dali a um ano Abraão e Sara teriam um filho.
Ao ouvir a promessa do Deus do impossível, Sara que estava à porta da tenda riu. Isso entristeceu o Amigo. Era desejo de Deus que eles rissem com ele em puro deleite e alegria pelo que ele estava prestes a fazer, e não rissem dele ou de sua promessa. Lute com Deus até apropriar-se de suas promessas, mas jamais ria-se dele! Ele é um Amigo bom demais para isso. Quando Isaque nasceu, Sara aprendera a sua lição. Assim se expressou em louvor e gratidão: “Deus me deu motivo de riso; e todo aquele que ouvir isso, vai rir-se comigo... Quem teria dito a Abraão que Sara amamentaria um filho? Pois na sua velhice lhe dei um filho” (Gn 21:6-7). Quem, senão o Deus do impossível! Isaque tornou-se um rapaz bonito e estimado. Seus pais nutriam um profundo amor por ele, não apenas por terem finalmente um filho, mas porque agora a promessa impossível se cumpriu. Isaque era mais que a alegria, era a esperança de Abraão, era a sua vida!

Agora, entre no coração de Abraão e veja o pânico quando o Senhor lhe pediu o impossível como prova de sua fé. Podemos sentir as punhaladas de dor em cada palavra da ordem do Senhor: “Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto, sobre um dos montes, que eu te mostrarei” (Gn 22:2). O que significava essa ordem? A angústia de Abraão era inexplicável. “Por quê, Deus? Por quê?” ele deve ter clamado, sentindo-se completamente arrasado. “Meu filho, Deus? Como se cumprirá sem Isaque a tua promessa de que serei o pai de multidões?” Nenhum pedido poderia ser pior.
Já tentei meditar nessas perguntas vindas do íntimo da alma de Abraão. Penso nas épocas de crise, em que tive de abrir mão do governo de minha família, da profissão e mesmo do futuro, e me vi forçado a perceber que eles não são meus, mas um dom de Deus. Doença, dificuldades, desapontamentos despertaram-me para o fato de que não posso me apoderar com avareza das dádivas da vida. Com o passar dos anos de amizade com Deus, vi-me obrigado a entregar os pontos, uma rendição decisiva à idéia tola de que eu possuía alguma coisa por causa de meu direito ou trabalho árduo.
O ponto em questão é: Quem é o nosso Isaque? Quem em sua vida disputa com Deus o primeiro lugar? O que você possui ou realizou que disputa com Deus o significado de sua vida? É freqüente, durante uma crise, perceber que Deus não recebe de nós a máxima lealdade ou energia na vida diária. Falsos deuses não são apenas ídolos nos templos; eles invadem nossos lares, identificam-se em diplomas nas paredes de nossos escritórios e estabelecem-se nos alvos e planos de nosso controle sobre nosso destino. Mas devemos aprofundar-nos a fim de perceber o que Deus pretendia ao conduzir Abraão por essa prova dolorosa. Fé é risco. É a crença de que Deus proverá no momento certo, exatamente aquilo de que precisaremos em tempos difíceis.
Com o coração e mente, imagine-se escalando o monte Moriá em companhia de Abraão e Isaque. O rapaz gostava de estar com o pai e estava eufórico em ir com ele a um sacrifício. Mas atente para a preocupação com o cordeiro para o sacrifício, que se transforma em pânico enquanto eles, com dificuldade, caminham mais morro acima. “Meu pai!” disse Isaque. “Eis aqui o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto?” (Gn 22:7). Isaque confiava em seu pai, porém Abraão confiava ainda mais em Deus, e respondeu comovido: “Deus proverá para si, meu filho, o cordeiro para o holocausto” (Gn 22:8). E persistiram na caminhada sem que Isaque obtivesse sua resposta.
Atreva-se a imaginar o que se passou entre pai e filho quando alcançaram o topo do Moriá, e Abraão, quase impulsivamente edificando o altar, preparando a lenha, e então começa a amarrar o filho. Sinta o íntimo de Abraão, quando os seus olhos se deparam com os olhos incrédulos de Isaque. E então o momento fatal se aproxima. Abraão retira sua faca para imolar o filho. No momento em que ele estava para cortar a garganta de Isaque, o Senhor clama: “Abraão, Abraão!” Nem um segundo a mais, nem a menos. Abraão quando ouve, arremessa a faca para longe como se dizendo: “Eu sabia que virias! Eu sabia que proverias uma saída!” E continuou: “Não estendas as mãos sobre o rapaz, e nada lhes faças; pois agora sei que temes a Deus, porquanto não me negaste teu filho, teu único filho” (Gn 22:12).
Após o momento de extrema intervenção, Abraão olhou para cima dos ombros e notou atrás de si, entre os arbustos, um carneiro preso pelos chifres. De fato, Deus havia providenciado um substituto para Isaque. Depois de sentir a angústia de Abraão, deixe agora a sua imaginação captar a alegria dele. Ele ofereceu o carneiro em vez do filho, e chamou o lugar de “Jeová Jireh”, que significa “O Senhor proverá”. A história de Abraão nos prende não somente por causa de seu drama, mas principalmente porque ela revela a nossa mais profunda necessidade de confiar em Deus em ocasiões de alto risco e nos reanima com os feitos grandiosos do Deus do impossível.
Acima de tudo, nossa atenção se volta para outro monte não muito distante do Moriá, o Calvário. Ali Deus fez o que era na realidade impossível. Ele deu o seu próprio Filho como sacrifício pelos pecados de todos os povos, em todas as gerações. O que ele não exigiu de Abraão, exigiu de si mesmo, oferecendo Jesus para que pudéssemos conhecer o seu supremo amor e perdão. Amém.
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