quarta-feira, 8 de abril de 2009

A natureza e a missão de Deus


Vivemos num mundo científico no qual estamos sempre procurando respostas baseadas na relação de "causa e efeito". Desta forma, não são poucos os cristãos que olham para o primeiro capítulo de Gênesis tentando comprovar cientificamente que o mundo foi criado por Deus em resposta a tantas idéias em relação ao início da vida, tais como o surgimento do mundo através de uma explosão ou mesmo através do desenvolvimento das espécies.



Seria o objetivo central do relato de Gênesis a refutação da argumentação científica? Visava o escritor original responder ao homem do Séc. XX? O que pretendia o autor com seu relato? Se observarmos atentamente o primeiro capítulo de Gênesis e entendermos para quem foi escrito inicialmente, perceberemos a missão de Deus naquelas palavras, pois o relato da criação confronta toda visão de mundo da época declarando que apenas um Deus criou todas as coisas e, portanto, é o Rei do universo.

Assim, ao declarar no verso 2 que o Espírito de Deus pairava por sobre as águas e no verso 6 que Deus fez separação entre águas e águas o autor coloca Yam - Águas (deus babilônico) como sujeito ao Deus Criador mesmo antes da fundação do mundo.

Da mesma forma, ao citar no verso 3 que disse Deus: Haja luz; e houve luz, sendo que o Shemesh - Sol (deus egípcio), lua e estrelas só viriam a ser criados no quarto dia (1:14-19), o autor revela a insignificância destes astros adorados pelos povos vizinhos.

E ainda, ao mencionar a criação da porção seca a qual chamou Deus Terra (1:9-10) e a ordem de Deus para que esta fosse produtiva e sua conseqüente obediência (1:11-12), o autor revela que a fertilidade não é produzida por Baal (deus cananeu), mas pelo próprio Deus criador de todas as coisas.


Entendido dentro de seu contexto original, Gênesis 1 ganha uma profunda força missiológica, pois entendemos que o objetivo primeiro do autor era afirmar que Deus é o Criador de tudo e de todos, portanto, o único Deus digno de ser adorado. Desta forma, o primeiro capítulo de Gênesis representa um verdadeiro desmascarar dos falsos deuses como Yam (Águas), Baal (Fertilidade da Terra), Shemesh (Sol), entre outros, reverenciados pelos povos contemporâneos de Israel.

Na história do Povo de Israel podemos ver por inúmeras vezes o embate entre Deus contra os deuses dos povos vizinhos. Ao tornar as águas do rio Nilo em sangue, Deus mostrou claramente ser maior que o deus babilônico yam “águas” (Gn 1.2, 6 e 10; Ex 7)

Ao determinar 3 anos de seca no reinado do rei Acabe (adorador de baal), Deus deixou claro que a fertilidade da terra não é produzida por baal, mas pelo próprio Deus (Gn 1.1 e 11; 1 Rs 17.1 e 18.1)

Ao deter o sol na guerra contra os amorreus Deus não deixou dúvidas quanto ao seu poder sobre o deus egípcio shemesh “sol” (Gn 1.16; Js 10.14)

Diante de tudo isso, o alerta de Deus para seu povo era: “Guarda-te não levantes os olhos para os céus e, vendo o sol, a lua e as estrelas, a saber, todo o exército dos céus, sejas seduzido a inclinar-te perante eles e dês culto àqueles, coisas que o SENHOR, teu Deus, repartiu a todos os povos debaixo de todos os céus.” Dt 4:19


Restaurar o ser humano – Sendo Deus o criador de tudo e de todos, seu plano redentor na história da humanidade se torna uma ação de direito e não uma agressão a um mundo existente. O projeto de redenção é iniciativa do próprio criador em resgatar sua criação e, em especial, o ser humano criado por Ele, segundo Sua própria imagem e semelhança, para viver em intima relação com Ele. “Acaso, dirá o barro ao que lhe dá forma: Que fazes?” (Is 45.9)

Reinar sobre as nações – Sendo Deus o Criador de tudo e de todos, não quer ser reconhecido apenas como Rei de Israel ou da Igreja, mas sim como Rei das nações e Senhor de todas as coisas criadas. Em Seu eterno e soberano propósito, Deus planejou todas as coisas para que na consumação da história Sua glória encha todas as coisas e toda língua confesse ser Ele o Senhor. (Fp 2.11)

Sendo Deus o Criador de tudo e de todos, o ponto de partida para a evangelização não é a negação dos deuses e crenças que envolvem a vida das pessoas, mas a revelação daquele que é soberano sobre tudo e todos.

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