Lucas 7.11-17 apresenta duas multidões bem distintas que se encontram na porta da uma cidade chamada Naim. A primeira multidão estava entrando na cidade com muita alegria e felicidade, enquanto a outra, saindo da cidade, triste e cabisbaixa. Existe aqui uma semelhança muito grande com a vida das pessoas em nossos dias. Há sempre dois tipos de coração, um feliz e o outro angustiado. Existem dois tipos de pessoas, aquelas que se abatem, se definham, se desesperam diante dos problemas do dia a dia e aquelas que conseguem enfrentá-los, dar a volta por cima. Mas qual a razão destas duas multidões estarem com sentimentos tão opostos? Voltemos ao texto.
As multidões tinham muitos pontos em comum, viviam num mesmo país, comiam as mesmas coisas, tinham o mesmo estilo de vida, falavam o mesmo idioma e compartilhavam das mesmas crenças. A diferença entre elas não era que uma tinha mais dinheiro do que a outra, nem porque alguns gozavam de saúde e a outra não. O que as diferenciava naquele momento era aquele para o qual estavam olhando.
A multidão que saía de Naim estava infeliz porque estava contemplando um morto. Contemplava um defunto, tinha como razão para estarem juntos a morte, andavam numa estrada que terminava num túmulo, estavam caminhando para o cemitério.
Aquele garoto, filho da viúva de Naim, representa para nós todos, nestes dias, as esperanças que nós colocamos em coisas, projetos, pessoas ou sonhos que surpreendentemente desabam diante de nós.
Quantas pessoas casaram pensando que o casamento traria uma felicidade total, e agora vêem o casamento desmoronando diante delas. Outras apostaram alto num emprego e não conseguiram o sucesso desejado. Ainda outros vêem seus projetos indo por água abaixo porque a doença insiste em definhá-los. Existem aqueles que deixaram de viver porque a morte levou alguém que muito amava. Pessoas assim estão desalentadas porque a morte, o fracasso e o sofrimento roubaram-lhes o sono, a paz e a tranqüilidade. Tudo está desmoronando!
Mas havia ali uma segunda multidão, a daqueles que já havia encontrado o Senhor da vida. Esta multidão está feliz porque, apesar de todas as dificuldades, é capaz de olhar para Jesus.
Jesus está entrando na cidade de Naim acompanhado de uma multidão eufórica quando encontra com a outra multidão que segue o cortejo da morte, saindo da cidade em direção ao cemitério, sem esperanças, abatidos e silenciosos. O que Jesus faz quando olha para esta multidão sem esperança?
A primeira coisa que o texto diz que aconteceu, foi que Jesus olhou para aquela multidão sem esperança e sentiu compaixão. Certamente ele não podia aceitar o caminho do cemitério. No mundo que ele havia planejado não havia estrada da morte. Ele se importou com a tragédia daquele povo, com o drama daquela mulher. Jesus não estava e não está indiferente para com as dores do ser humano. Ele se importa comigo, se importa com você. Sempre foi assim.
Em seguida, Jesus se aproximou da viúva e disse: “Não chores”. Quem é esse que tem a ousadia de dizer a uma mãe enlutada que já perdera o marido e agora tem diante de si o filho morto? Somente Jesus pode dizer isso. Para ele a morte não é o fim, com ele a vida ainda não acabou. Tu não sabes o que pode acontecer? Ainda há esperança, pode existir consolo, pode acontecer algo na sua vida. Em Jesus encontramos consolo, esperança, mesmo quando a tragédia parece irreversível. Ele sempre nos surpreende.
Depois, houve uma intervenção de Jesus. Ele tocou no caixão, parou o enterro e a morte. Ele interferiu! Nós podemos dizer que Jesus tem poder de interferir na sua vida. Porque Deus se importa com você, e sente o seu drama. Ele tem o coração em você. O que dói em você, dói nele também. Ele tem sempre uma palavra de consolo, mas não só uma palavra, através de seu Espírito ele pode reconstruir sua vida, seu casamento, sua família, seu trabalho ou qualquer outro problema que o esteja afligindo. Ele pode preencher seu coração desabitado, o seu vazio, salvá-lo da morte, limpar seus pecados. Hoje pode haver algo novo da parte de Deus na sua vida.
E por último, o Senhor Jesus ao interferir, restituiu a alegria. Ele olhou para aquele que estava morto, e disse: “Jovem eu te mando, levanta-te, erga-te, põe-te em pé”. Jesus restituiu o rapaz à sua mãe, àquela que chorava e que estava desiludida. Ele pegou o motivo de sua tristeza, e devolveu vivo, ressuscitado. Hoje, ele pode fazer o mesmo conosco. Ele quer restituir a alegria da salvação em você, a paz, uma vida limpa, quer restituir seu marido, seu filho, a esperança. Mas a interferência de Jesus causou um grande efeito na vida das duas multidões.
A multidão ficou deslumbrada com a ressurreição daquele rapaz e a alegria invadiu o coração de todos e o milagre lhes inundou as vidas. Eles se encheram do temor do Senhor e disseram: “Grande profeta se levantou entre nós, Deus visitou o seu povo”. Eles saíram dali juntos, agora como uma só multidão e divulgaram o poder de Jesus por toda a vizinhança. Não dava para ficar calados. A alegria proporcionada por Jesus nos leva a compartilhar com todos os feitos dele.
Em qual das duas multidões você está? Você faz parte daquele povo feliz que apesar das dificuldades louva a Deus e olha para frente? Ou faz parte da multidão dos desesperados? Daqueles que estão sem esperança, enlutados, que só enxergam a morte, que não conseguem ver a vida? Qual das multidões você pertence? Em nome do Senhor quero convidá-lo a trocar de multidão, a deixar de olhar para as coisas que não deram certo e olhar somente para Jesus.
Nós não podemos viver olhando apenas para a morte, andando apenas no curso da sepultura, senão a alma do homem se sente tragicamente só e infeliz.
O que faz Jesus quando olha para você que investiu toda a sua vida e futuro num projeto fracassado? O que ele é capaz de fazer quando olha para você e te vê com um enorme vazio na alma? Quando olha para você e vê um vivo morto, sem esperanças, caminhando para o cemitério, porque já desistiu da própria vida? Ele faz a mesma coisa que fez em Naim.
O que faz desta multidão que segue a Jesus, de nós que somos cristãos, diferentes daquela outra multidão desesperada seguindo um enterro, acompanhando a morte, é justamente o fato de estarmos olhando e seguindo a Jesus. Apenas ele pode fazer brotar felicidade e paz em meio as dificuldades que a vida nos apresenta.
Aqueles que fazem parte desta multidão podem andar com alegria porque há um túmulo vazio lá em Jerusalém, haja o que houver, faça chuva ou sol, aconteça o que acontecer, venha o que vier, podemos estar confiantes porque ele é o Senhor da vida, que venceu a morte e seu túmulo continua vazio.
Não estamos trabalhando apenas com as emoções, nem desanimados diante das dificuldades que nos apresentam, porque estamos olhando para Jesus. Jesus ressuscitou dentre os mortos, e quando amanhecemos cansados, desanimados, quando a depressão quer ser nossa companheira diária, podemos dizer, sai de mim porque o túmulo está vazio. Temos uma motivação para viver e para andar, não vamos atrás da multidão infeliz, desesperada, filhos do cemitério, andando para a sepultura, seguindo o culto da morte. Nascemos para a vida, para a esperança, para o céu, nasci para ser a felicidade encarnada em Jesus porque o túmulo está vazio. Eu e você podemos andar com alegria, embalados pelo louvor e pelo cântico de vitória.
Não importa as circunstâncias adversas em que encontra nossa vida. Ainda que hoje eu esteja no processo de velório, como estava na casa daquela viúva na noite anterior ao encontro de Jesus, mas devemos continuar com os nossos olhos fixos nele, na certeza de que na hora certa ele vai interferir na nossa história, nos colocar de pé e restaurar completamente a nossa alegria.