Temos aprendido sobre a vida dos doze homens comuns escolhidos por Jesus para formarem o seu grupo de discípulos que teriam a responsabilidade de liderar a Igreja de Cristo nos anos que se seguiram à sua morte e ressurreição.
Depois da introdução nós aprendemos sobre a personalidade, vida e ministério de alguns deles. Vimos: Tiago, o discípulo justo; Tiago, o discípulo menor; Filipe, o discípulo que fazia as contas; Natanael, o discípulo sincero; Judas, o discípulo com três nomes; Tomé, o discípulo incrédulo; André, o discípulo das pequenas coisas; E HOJE veremos Mateus, o discípulo desprezado.
Entre os doze homens comuns chamados por Jesus, encontramos Mateus. No evangelho de Marcos ele é chamado pelo seu nome judeu, ou seja, Levi (aquele que une) e também cita o nome de seu pai, Alfeu. Já Lucas, o doutor, o chama de Levi (no evangelho que também leva seu nome) e de Mateus (Dom ou presente de Deus) no livro de Atos.
Seria natural encontrarmos mais informações a seu respeito nos evangelhos, uma vez que ele é o autor do evangelho que leva seu nome. Mateus se colocou em segundo plano ao fazer o relato da vida e ministério de Jesus. Em todo o seu relato ele cita seu nome apenas duas vezes. A primeira quando é chamado à conversão e a segunda quando é chamado a fazer parte do grupo de discípulos pelo Mestre.
Vejamos o que podemos aprender com a biografia desse homem tão misterioso.
Quando Mateus foi chamado por Jesus, ele era um coletor de impostos, ou seja, um publicano.
Os coletores de impostos eram as pessoas mais desprezadas pelo povo de Israel. Eram odiados e rejeitados por toda a sociedade judaica. Eram considerados mais desprezíveis do que os Samaritanos e as prostitutas.
Tal sentimento se devia pelo motivo de que os publicanos compravam o direito do imperador romano de cobrar impostos dos judeus e com isso cobravam altos impostos do povo de Israel para encher os cofres dos romanos e os seus próprios bolsos. Com freqüência eles arrancavam dinheiro das pessoas à força e violência através de seus capangas. Eram corruptos, gananciosos, cruéis e sem princípio algum.
Mateus 9.9 registra o chamado desse homem. O relato aparece do nada, pegando o leitor de surpresa: “Partindo Jesus dali [Cafarnaum], viu um homem, chamado Mateus sentado na coletoria e disse-lhe: Segue-me! Ele se levantou e o seguiu”.
Mateus, como publicano, trabalhava numa coletoria de impostos onde tratava diretamente com o público. Estava acostumado a sofrer todo tipo de injúria, desprezo e atos de indiferença. Nenhum judeu de bem e em sã consciência jamais escolheria ser um coletor de impostos. Em sua cabeça ele havia, sem dúvida alguma, se afastado não apenas de seu próprio povo, mas também de Deus. Assim, ele deve ter ficado grandemente surpreso quando Jesus o chamou para segui-lo. Tanto que imediatamente, e sem qualquer hesitação, “se levantou e o seguiu”.
Mas o que levou Mateus a abandonar tudo para atender o chamado de Jesus? Podemos supor que ele era um homem ganancioso, até mesmo por causa de sua profissão. Todavia, tudo o que tinha não foi suficiente para satisfazer a maior necessidade de seu coração, ou seja, ser feliz. Mateus trabalhava o dia inteiro, ganhava milhões, mas era infeliz.
O dia em que foi encontrado por Cristo, seu coração foi preenchido de tal forma, que não houve dúvidas, aquele era o homem a quem deveria confiar sua vida, segui-lo para sempre, não importava o que viria acontecer depois. Jesus o aceitava como ele era e poderia transformá-lo numa pessoa feliz, e isso bastava para ele. Na sua experiência era preferível ter uma vida simples ao lado de Jesus, do que ser rico, mas vazio de propósito para com a vida.
Após aquele encontro com Jesus, encontramos Mateus oferecendo um grande banquete em sua casa. Diz-nos o texto: “E sucedeu que, estando ele em casa, à mesa, muitos publicanos e pecadores vieram e tomaram lugares com Jesus e seus discípulos. Ora, vendo isto, os fariseus perguntavam aos discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores? Mas Jesus, ouvindo, disse: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes. Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos; pois não vim chamar justos, e sim pecadores ao arrependimento.” (Mateus 9:10-13)
Lucas nos informa que na verdade, esse banquete oferecido por Mateus, foi um grande banquete oferecido em sua própria casa em homenagem a Jesus. Como aconteceu com Filipe e André, Mateus ficou tão empolgado ao conhecer Jesus que resolveu apresentar seus amigos àquele homem que estava sendo chamado de “amigo de publicanos”. Preparou um grande banquete em homenagem ao Mestre e convidou todas as pessoas que conhecia.
Mas quem foram os convidados de Mateus? Lucas diz-nos que eram numerosos publicanos e outros pecadores que estavam à mesa. Todavia, também encontramos alguns penetras fariseus e seus escribas que estavam ali apenas para observar Jesus buscando algum motivo para condená-lo. Eles sequer participaram do banquete porque isso os contaminaria. Ao verem Jesus comendo com os publicanos e pecadores, os fariseus murmuram contra os discípulos dizendo: “Por que comeis e bebeis com os publicanos e pecadores?” A isso respondeu Jesus: “Os sãos não precisam de médico e sim os doentes. Não vim chamar justo, e sim pecadores ao arrependimento”. (Lucas 5:29-32)
Jesus deixou claro que não havia nada que ele pudesse fazer para membros de igreja que pensam que por ser tão puros não podem se relacionar, sem comprometer seus princípios, com pecadores. Não há nada que possa ser feito para pessoas que teimam em manter suas aparências piedosas e falsas. Jesus se ocupa em mudar a vida de pecadores arrependidos como Mateus.
Por que Mateus convidou justamente publicanos e outros indivíduos desprezíveis para participar do banquete oferecido a Jesus? Simples. Estas pessoas eram as únicas que se relacionavam com um homem como Mateus. Era um coletor de impostos, um publicano, e os publicanos eram desprezados e proibidos até de participarem dos cultos no templo ou em qualquer sinagoga. Eram considerados indignos por todos a tal ponto que, era permitido você enganá-los e mentir para eles, pois era isso que merecia alguém cuja profissão era de explorar e trair o povo.
Assim, os únicos amigos de Mateus eram vagabundos, prostitutas, criminosos e gente dessa laia. Foram essas pessoas que ele convidou à sua casa para conhecerem a Jesus. De acordo com o relato do próprio Mateus, Jesus e seus discípulos aceitaram o convite e foram de bom grado e comeram com eles.
CONCLUSÃO
Sabemos que Mateus escreveu seu evangelho pensando num público judeu. A tradição diz que ele ministrou aos judeus durante muitos anos antes de ser queimado vivo como uma tocha humana. Assim, esse homem que abandonou uma carreira lucrativa sem pensar duas vezes, continuou disposto a dar tudo de si por Cristo até o fim.
Isso é basicamente tudo o que sabemos sobre Mateus. O suficiente para entendermos que assim como ele, fomos chamados por graça e não por merecimento. Assim como ele, podemos compartilhar com nossos amigos a maior de todas as boas notícias, a notícia de que Deus as ama e quer torná-las em pessoas melhores.