A maior crise que vivemos em nossos dias não é econômica, social ou política, é moral. Se considerarmos essa crise como uma doença então, sem sombras de dúvidas e sem medo de errar, podemos afirmar que estamos vivendo uma verdadeira epidemia. Nossos maiores problemas não são a falta de recursos, ou falta de oportunidades, ou ausência de uma política social justa, mas é a presença de um caráter corrompido.
Essa não é uma doença que pode ser curada por meios de remédios químicos ou naturais, é muito mais espiritual do que podemos imaginar. A solução para essa verdadeira epidemia existe quando nos voltamos para as Sagradas Escrituras e entendemos o propósito de Deus para nossas vidas.
Uma vez que hoje falaremos sobre os três desejos tentadores que comprometem o nosso caráter, faz se necessário um entendimento claro sobre o que é a tentação e o pecado. Vejamos o que a Bíblia diz sobre como o pecado é gerado: "Quando alguém for tentado, jamais deverá dizer: "Estou sendo tentado por Deus". Pois Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta. Cada um, porém, é tentado pela própria cobiça, sendo por esta arrastado e seduzido. Então a cobiça, tendo engravidado, dá à luz o pecado; e o pecado, após ter-se consumado, gera a morte." Tiago 1:13-15
Este texto mostra a tentação, bem como nossa reação a ela como o processo de gravidez do pecado. Precisamos aprender a abortar o pecado nas nossas vidas, e isto depende inteiramente de como lidamos com a tentação. Ou seja, ser tentado não é pecado.
A tentação é a oportunidade de satisfazer, realizar ou conquistar aqui e agora sem considerar as conseqüências de nossas decisões. Já o pecado é muito mais do que quebrar regras. O pecado surge a partir da resposta que damos aos nossos sentimentos e desejos. A pergunta em questão é: “quem governa quem?”. Dominamos nossos desejos e sentimentos ou eles nos dominam? Portanto, pecado é falharmos diante desse conflito.
A Bíblia classifica TRÊS GRUPOS DE DESEJOS PERIGOSOS. João fala-nos deles: "Não amem o mundo nem o que nele há. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele. Pois tudo o que há no mundo — A COBIÇA DA CARNE, A COBIÇA DOS OLHOS E A SOBERBA DA VIDA — não provém do Pai, mas do mundo. O mundo e a sua cobiça passam, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre." 1 João 2:15-17. Os desejos em si não são ruins. O problema é quando os tornamos a razão de nossas vidas e mais importantes do que o plano de Deus em sua Palavra para nós.
O prazer é algo legítimo dado por Deus. Tem a ver com apetite alimentar, descanso, prazer sexual, aceitação emocional, trabalho, etc. A tentação se estabelece quando propõe que supervalorizemos o prazer e ultrapassemos os limites dados por Deus para o prazer. O resultado então é glutonaria, bebedeira, promiscuidade, manipulação, trabalho escravo, etc.
No deserto, Jesus é tentado em relação a este desejo. Satanás, percebendo a necessidade física de Jesus, incitou-o a colocar este desejo acima da Palavra de Deus. A última coisa que Deus havia dito a Jesus foi: "Tu és o meu Filho amado; em ti me agrado" Lucas 3:22 e agora o diabo tentou Jesus a satisfazer a sua vontade de se alimentar, dizendo: "Se você é o Filho de Deus, mande que estas pedras se transformem em pães". Mateus 4:3. Jesus resistiu à tentação deixando bem claro que ele não era governado por este desejo ou apetite, antes sim, pela palavra que procede da boca de Deus.
Quanto a isso, Paulo afirma que "
Tudo me é permitido", mas nem tudo convém. "Tudo me é permitido", mas eu não deixarei que nada domine." 1 Coríntios 6:12
Este é outro desejo legítimo dado por Deus. O desejo de possuir coisas, de adquirir, relacionado com necessidades externas ao nosso corpo, coisas que almejamos conseguir. Nós podemos querer ter coisas, mas não devemos querer ter nada que Deus também não queira para nós. Quando queremos muito, despertamos em nós uma ambição que pode nos levar a pecados como inveja, ciúmes, roubo, homicídio, arrogância, e a tantos outros. Pessoas possessivas são controladoras e violentas.
No deserto, vemos Jesus sendo tentado neste desejo. Satanás mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e disse: "Tudo isto lhe darei, se você se prostrar e me adorar". Mateus 4:9. O diabo estava oferecendo a Jesus uma maneira fácil de conseguir aquilo que Deus já o havia prometido lhe dar no tempo certo. A vontade de Deus era que ele comprasse com seu sangue pessoas de todas as tribos, povos, línguas e nações. Satanás então oferece tudo isso sem ter que passar pela cruz. Ao recusar a proposta do diabo, Jesus nos ensina que tudo que queremos obter tem que ser através da cruz, ou seja, precisamos antes entregar a Deus nossas vontades e desejos através da obediência.
Aqui percebemos como este desejo de conquista está ligado com nossa vida de adoração. Jesus não negociou com a prioridade de ser um verdadeiro adorador repelindo o diabo juntamente com sua “sedutora” oferta. Jesus já nos advertiu dizendo "Nenhum servo pode servir a dois senhores; pois odiará a um e amará ao outro, ou se dedicará a um e desprezará ao outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro". Lucas 16:13
Esse é mais um desejo legítimo concebido por Deus ao ser humano, de conhecer e realizar. É importante que queiramos realizar grandes empreendimentos, adquirir conhecimento especializado, ser alguém. Mas, aqui também precisamos nos afinar com a Palavra de Deus. A tentação reside no fato de abandonarmos os planos de Deus e agirmos por conta própria. Alguns pecados nessa área são: satisfação com o status, fama, orgulho, superioridade a título de realização pessoal e profissional.
Jesus também foi tentado aqui. Satanás levou-o ao teto do templo em Jerusalém e propôs que ele se lançasse e impressionasse e convencesse os líderes religiosos de ser ele o Messias, quando o vissem sendo carregado por anjos. Afinal de contas agindo assim ele se revelaria como um super herói e teria a afirmação das pessoas.
Sua imagem diante das pessoas deve ser uma conseqüência de sua vida responsável diante de Deus. Portanto, se queremos uma vida vitoriosa, precisamos nos disciplinar em relação às insistentes pressões que nossos desejos fazem sobre nós no sentido de nos levar ao desequilíbrio que nos colocam à beira do abismo.
Diferentemente do que nossa cultura ensina, o pecado não é expressão de liberdade trazendo-nos felicidade. Pelo contrário, ele escraviza e destrói todo aquele que se deixa vencer por ele. Você começa a fumar apenas um cigarro, só para ver como é, e pouco tempo depois você se torna escravo do fumo. Você bebe apenas um gole para ficar bem visto pelos amigos, e pouco tempo depois se torna um alcoólatra. Você compra revistas e DVDs de sexo explicito só por curiosidade, e pouco tempo depois, se torna um adúltero. É assim com o pecado, promete liberdade e felicidade, mas nunca cumpre o que promete.
Tiago nos adverte: "Sejam praticantes da palavra, e não apenas ouvintes, enganando-se a si mesmos... o homem que observa atentamente a lei perfeita que traz a liberdade, e persevera na prática dessa lei, não esquecendo o que ouviu mas praticando-o, será feliz naquilo que fizer." Tiago 1:22-25
Pr. Ronaldo Araújo