segunda-feira, 6 de abril de 2009

8 marcas de qualidade (Parte 3)


Estamos estudando as 8 marcas de qualidade que estão presentes nas Igrejas que estão crescendo, mas ausentes nas Igrejas que estão morrendo apontados pela pesquisa realizada pelo IPI nas mais de 1000 Igrejas, nos 32 países nos cinco continentes.

Já apresentamos as quatro primeiras marcas: 1) Liderança capacitadora, 2) Ministérios orientados pelos dons, 3) Espiritualidade Contagiante e 4) Estruturas funcionais. Hoje veremos a quinta e sexta marca de desenvolvimento natural da Igreja e como temos feito até aqui analisaremos se as mesmas estão em conexão com a Palavra de Deus.


Qual será a diferença identificada nos cultos das Igrejas que crescem dos cultos das Igrejas que estão morrendo? Em outras palavras, que aspectos a Igreja que quer se desenvolver de maneira saudável deve levar em consideração quanto ao culto? Sobre esse assunto, muitos cristãos pensam que precisam adotar “modelos” de cultos de outras Igrejas, porque vêem neles um “princípio” de crescimento. Há também àqueles que acreditam que o culto voltado essencialmente para não cristãos seja um “princípio” de crescimento de Igreja. Mas, nessa discussão, quem está com a razão?

A pesquisa do IPI sobre o Desenvolvimento Natural da Igreja constatou que o culto voltado somente para não cristãos não é um princípio de crescimento da Igreja. Isso não quer dizer que os cultos para os visitantes não sejam uma ótima forma de evangelização. Até merece ser imitada. O que isso quer dizer é que por trás de um culto evangelístico não existe um “princípio” de crescimento de Igreja. Podemos direcionar os nossos cultos totalmente para cristãos, ou totalmente para não cristãos, podemos realizá-los na língua de “Canaã” ou em língua “secular”, podemos celebrá-los de forma litúrgica ou de forma livre, mas, tudo isso não é essencial para o desenvolvimento da Igreja. Decisivo é outro fator.

80% das pessoas que freqüentam as Igrejas que crescem afirmam que o culto é para elas uma experiência inspiradora. Aqui está uma marca de qualidade vista em todas as Igrejas que crescem. Será que a participação do culto é uma “experiência inspiradora” para quem dele participa? Com “inspiradora” nos referimos a inspiração que vem do Espírito de Deus. É óbvio que o Espírito Santo, quando age (e não só se diz que ele age), produz conseqüências evidentes sobre a organização do culto e sobre o clima perceptível dos participantes do culto. A conclusão dos participantes em cultos assim é que ele, o culto, foi “gostoso”! Estes cultos “por si mesmo” atraem as pessoas.

Diferentemente do culto inspirador, nas Igrejas que estão morrendo as pessoas encaram o culto como sendo uma obrigação cristã ou um favor ao pastor ou a Deus. Às vezes à esta idéia se acrescenta a suposição de que Deus abençoará a fidelidade e principalmente ao “sacrifício” de se participar de um culto que agrade a Deus e mais ninguém. Por esta razão, tais Igrejas não se preocupam com um templo bem arrumado, um ministério de recepção atuante, um culto moderado que concilia uma seqüência das partes do culto que tenha sentido com um ambiente livre, alegre e acolhedor.


Em se falando do culto, o próprio Jesus já nos advertia que o mesmo deve ser prestado apenas para Deus (Lucas 4.8). Nesse aspecto, é óbvio que não devemos buscar realizar um culto que não tenha em sua base a adoração exclusiva a Deus. Exatamente por isso, a Bíblia nos ensina que devemos realizar o culto buscando oferecer o que temos de melhor, como fez Davi ao organizar o culto de sua época, selecionou duzentos e oitenta e oito músicos, todos eles instruídos no canto do Senhor e mestres na música (1 Crônicas 25.7). Davi também colocou Quenanias como chefe dos levitas músicos, para ser aquele que ministraria os cânticos de louvor porque era perito nisso (1 Crônicas 15.22). Como podemos observar, Davi tomou o cuidado de oferecer culto a Deus com a melhor qualidade disponível.

Mas a pergunta que devemos fazer é: Um culto oferecido a Deus, com a melhor qualidade que podemos produzir, será um culto desagradável aos seus participantes? É óbvio que não. Na verdade, um culto assim nos inspirará tanto que não nos sobrará outra expressão para descrevê-lo como sendo um culto “gostoso”. Tanto é verdade, que no Salmo 42 os filhos de Corá, presos em uma nação estrangeira por causa da guerra, relatam aquilo que mais sentiam falta. Ouçamos o que dizem: “As minhas lágrimas têm sido o meu alimento dia e noite, enquanto me dizem continuamente: O teu Deus, onde está? Lembro-me destas coisas e dentro de mim se me derrama a alma, de como passava eu com a multidão de povo e os guiava em procissão à Casa de Deus, entre gritos de alegria e louvor, multidão em festa. Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu.” (Salmo 42.3-5)


A sexta marca de qualidade presente nas Igrejas que crescem, apontada pela pesquisa do IPI, é a presença de grupos de pequenos que se multiplicam. 78% das Igrejas que crescem há o estímulo consciente para que os grupos pequenos se multipliquem através da divisão. O fator decisivo para um grupo pequeno crescer e se multiplicar é que nele não só se estudam textos bíblicos, mas as verdades bíblicas são constantemente relacionadas a fatos concretos da vida diária dos participantes. Os participantes desses grupos têm a possibilidade de levar à comunhão do grupo questões que realmente mexem com eles no dia a dia, o que é impossível de acontecer num culto público.

Somente num grupo pequeno a pessoa, crente ou não, encontrará um ambiente acolhedor o suficiente para compartilhar sua vida, lutas e desafios. No ambiente do pequeno grupo a amizade é solidificada e isso contribui de maneira decisiva para o crescimento da Igreja visto que ninguém fica numa Igreja onde não tem amigos nela. Outro aspecto positivo encontrado nos grupos pequenos é que neles, cada participante tem a oportunidade de servir uns aos outros de acordo com seus dons. Ou seja, no grupo pequeno a pessoa pode ter sua maior necessidade assistida, a necessidade de amar e de ser amada em todos os momentos de sua vida de maneira prática.

Estes grupos precisam ser essencialmente pequenos porque grupos grandes, além de não crescerem mais, obstruem a comunhão tão presente nos grupos pequenos. Por isso, tais grupos estão em constante multiplicação. A multiplicação planejada desses grupos pequenos é facilitada pelo fato deles produzirem constantemente novos líderes. No contexto dos grupos pequenos acontece aquilo que está por trás do conceito “discipulado”: transferência de vida em vez do estudo de conceitos abstratos.


É interessante observar que a Bíblia não diz que deveríamos desenvolver a missão dada por Jesus à Igreja através das reuniões nos templos ou em grupos pequenos. Todavia, a missão de “ir e fazer discípulos ensinando a guardar todas as coisas que vos tenho ensinado” dificilmente será possível realizá-la através de encontros onde haja uma grande concentração de pessoas. É fato que em reuniões com um número grande de pessoas, conseguimos passar conceitos, ensinos, estímulos, mas jamais poderemos discipular, no sentido colocado anteriormente.

Mas, como é que a Igreja Primitiva desenvolveu de maneira eficiente a missão dada por Jesus? Olhando para textos como Atos 2.46; 5.42; 8.3 e 12.12, podemos perceber que apesar da Igreja crescer de maneira extraordinária, cerca de 8 mil pessoas em dois discursos de Pedro (Atos 2.41 e 4.4), a estratégia de se reunirem em pequenos grupos nos lares foi o meio de tornar o discipulado possível.

Por mais importante que seja o culto público, ele não tem como manter uma Igreja saudável sem o trabalho de discipulado desenvolvido em grupos pequenos. A necessidade de não ser visto apenas como um número numa Igreja grande como a Igreja Primitiva, de ser ouvido e de receber cuidado individual, de desenvolver amizade e de compartilhar minha vida, não podem ser supridas em reuniões públicas, mas somente em grupos pequenos, quer se reúnam em casas, salas de um shopping, debaixo de uma árvore ou numa chácara.
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