A maior crise que vivemos em nossos dias não é econômica, social ou política, é moral. Se considerarmos essa crise como uma doença então, sem sombras de dúvidas e sem medo de errar, podemos afirmar que estamos vivendo uma verdadeira epidemia. Nossos maiores problemas não são a falta de recursos, ou falta de oportunidades, ou ausência de uma política social justa, mas é a presença de um caráter corrompido.
Essa não é uma doença que pode ser curada por meios de remédios químicos ou naturais, é muito mais espiritual do que podemos imaginar. A solução para essa verdadeira epidemia existe quando nos voltamos para as Sagradas Escrituras e entendemos o propósito de Deus para nossas vidas. É em busca dessa cura que proponho essa série de mensagens.
Infelizmente tem se tornado comum o desenvolvimento de relacionamentos descartáveis entre pessoas como se elas fossem objetos que uma vez usadas podem ser jogadas fora. A violência tem alcançado índices assustadores nas escolas e pasmem, já alcançou nossos lares. A exploração sexual agora é doméstica e é realidade na maioria das famílias que conhecemos. Casar virgem agora é “ser quadrado” e “antiquado”. Homossexualidade, prostituição e adultério deixou de ser um abuso ao corpo e infidelidade a quem prometemos amar e se tornou uma questão de opção. A corrupção não passa somente no contexto da administração pública, agora é uma questão de oportunidade. Uma pesquisa recente revelou que a cada dez brasileiros, oito afirmam que se tiver oportunidade não abrirá mão de se enriquecer de forma ilícita.
Valores como pureza, castidade, honestidade e fidelidade tornaram-se desprezíveis, impróprios e “caretas”. Mas não é só isso, a sensualidade tem sido um o assunto predileto das pessoas, e já se tornou há muito tempo uma das indústria mais rentáveis do mundo. Pornografia e prostituição têm cobrado um alto preço, pago com casamentos destruídos, famílias arruinadas e filhos perdidos. Prejuízos incalculáveis.
A nudez tem sido comercializada em nome do “profissionalismo artístico”. Isto vai gerando gradativamente uma mudança na imagem que a mente humana tem em relação ao seu semelhante. As pessoas passam a enxergar uns aos outros como um produto, que pode ser comprado, usado e lançado fora ao seu bel prazer.
O amor ao próximo é simplesmente jogado na lata de lixo quando a questão é o amor ao prazer. Amar o próximo envolve renúncia. Amar os prazeres envolve egoísmo e irresponsabilidade. As pessoas amam mais os prazeres e usam e abusam uns dos outros. Tudo gira em torno da auto satisfação e os outros são apenas o resto que não importa. Isto tem causado uma inversão moral. O certo é tido como errado, o errado como certo, e tudo isso é feito em nome do amor e do glamour da sensualidade. Aparentemente tudo é belo e atrativo, mas é desta forma que a presença de Deus é banida.
O resultado é uma busca desenfreada pelo prazer que nunca se satisfaz criando sentimentos e desejos viciados debaixo de um encantamento demoníaco que diz “preciso aproveitar a vida” e “eu também tenho o direito de ser feliz” que acaba por semear uma vida frustrante e depressiva.
Diante dessa situação, podemos perceber alguns esforços inúteis para a solução desse quadro assustador. E é aqui que as autoridades governamentais estão apanhando feio porque se esforçam por combater a violência mas deixam intacta a raiz do problema.
Na área da psicologia vemos um grande avanço no campo do diagnóstico e isto tem ajudado muitas pessoas, porém na questão do tratamento, existem poucos resultados por causa da ignorância espiritual. Um dos maiores desafios para a ciência hoje são as doenças e males emocionais. Esta é a herança que muitos de nós estamos deixando para nossos filhos. Problemas de ordem moral não resolvidos na infância ou adolescência podem prender o adulto num padrão de imaturidade de comportamento para o resto da vida.
Psicólogos, psiquiatras e muitos terapeutas reconhecem que o grande desafio de nossos dias é resolver o problema dos bebês de 80kg, ou seja, ajudar adultos a amadurecer emocionalmente. Tantas pessoas são tão fracas moral e sentimentalmente que não conseguem superar até mesmo os problemas mais simples de relacionamento e convívio.
Uma prova desse problema são as longas filas de divórcios precoce, que acabam produzindo traumas para os filhos, que desde cedo tentam crescer tendo que encarar a dura face do abandono e rejeição. Obviamente, estes problemas já estão estourando na sociedade através de muitos episódios dramáticos vistos em muitas escolas e estádios de nosso pais.
Já as pessoas, estão buscando soluções fora de si mesmas. Quando idealizamos uma vida melhor através da mudança de comportamento das pessoas ou circunstâncias que nos cercam e não nos dispomos a sofrermos ajustes íntimos e mudanças significativas dentro de nós, tudo o que iremos conseguir será um espírito crítico e condenador, hipócrita e destrutivo que certamente minará a nossa própria esperança. Semearemos a nossa própria frustração.
Sempre que achamos que o problema está nas pessoas e nas circunstâncias, este pensamento em si já é a essência do problema. Tal pensamento nos leva a insensibilidade e a conclusões falsas ou incompletas. O coração se torna endurecido e tudo que conseguimos é confirmar nossa lógica que os outros estão errados ou que as situações externas precisam ser alteradas para que possamos ser felizes, mesmo quando somos nós que estamos sendo a causa do problema.
Os problemas sociais e familiares se tornam ainda mais agudos pela ignorância espiritual. O homem não é apenas um ser carnal. Apesar de possuir um corpo físico, o ser humano é essencialmente espiritual. Por isso não é suficiente conhecer e praticar todas as orientações médicas e psicológicas para ter uma saúde física, emocional e psicológica perfeita. Se não nos comprometermos num relacionamento real com Deus e com seus princípios morais que estão sendo quebrados, então a felicidade será apenas um sonho e o sofrimento uma dura realidade.
No sermão do monte (Mateus 5.1-12) Jesus falou-nos sobre o segredo da vida feliz, da vida abundante. Segundo ele, a felicidade não depende do que temos, nem da satisfação de desejos tão enraizados em nosso coração. A felicidade é um estado de espírito. Se agradarmos da pessoa de Deus seremos de fato felizes. A paz que tanto desejamos se tornará uma realidade. “Agrada-te do Senhor, e ele satisfará os desejos do teu coração” Salmo 37.4. Eis o segredo, apaixone-se pelo Senhor, abra mão de tentar ser feliz à sua maneira e deixe Deus tomar conta da sua vida. Tudo o que ele precisa para lhe fazer feliz é o seu coração. No entanto, o primeiro passo nessa busca pela felicidade e satisfação pessoal, é o arrependimento.
O arrependimento é extremamente necessário para começar um processo de cura interior, do coração, da alma. Arrepender significa “mudança de mente”. Quando mudamos as coisas dentro de nós, afetamos o mundo espiritual. Quando afetamos o mundo espiritual, então nós transformamos o mundo físico. Isso significa que precisamos estar abertos para ceder e mudar, entendendo que o primeiro passo para solucionar qualquer problema é arrepender-se de tentar ser feliz à sua maneira, e abraçar o plano de Deus para lhe fazer feliz.
Quanto mais profundamente somos corrigidos e sarados pelo arrependimento, tanto mais liberamos o poder de Deus para afetar outras pessoas e as circunstâncias externas. Toda resistência começa a cair. Oro para que isso aconteça.
Que Deus o abençoe.
Pr. Ronaldo Araújo