domingo, 3 de outubro de 2010

A origem do sofrimento

Estávamos curtindo nossas férias no interior de Minas Gerais quando conhecemos nossa grande amiga Nazaré. Inicialmente nossa relação se mostrava muito amigável, pelo menos até ela descobrir que eu era pastor. Daquele momento em diante, Nazaré mudou sua maneira de agir. Deixou de brincar, sorrir e conversar diretamente comigo. Mas, quando percebia que eu estava por perto falava de sua decepção com Deus. “Deus é egoísta”, dizia ela. “Como pode exigir que as pessoas andem certinhas se ele mesmo faz com que crianças inocentes nasçam com síndrome de down?”

Sua observações continuaram até que eu não tive mais saída. Como me mantinha calado, ela virou-se para mim e perguntou: “Pastor, se Deus é bom, por que as pessoas sofrem?”. Nossa conversa se estendeu e depois de algum tempo descobri que na verdade Nazaré fora educada com a idéia de que Deus só nos aceita se fizermos por merecer. Quando lhe falei que Deus a amava e a aceitava como ela era, Nazaré não resistiu e disse: “Então, se é assim, eu quero me relacionar com esse Deus”. Foi maravilhoso.

Mas, aquela pergunta continuou me incomodando. “Se Deus é bom, por que as pessoas sofrem?”. As religiões têm buscado de alguma maneira responder essa questão. Todavia, sem sucesso. Alguns dizem que o sofrimento é o castigo de Deus sobre a vida daqueles que erram. Tal pensamento, além de ser contrário à Palavra de Deus, sugere um relacionamento de medo e não de amor entre o ser humano e Deus. Outros defendem que o sofrimento é pura casualidade. Independente do que faço o sofrimento é inevitável. Esse ensino também não é bíblico. Então, qual é o ensino bíblico sobre o sofrimento? É possível evitá-lo? Vamos juntos buscar estas respostas durante este mês. Hoje buscaremos entender qual é a origem do sofrimento olhando para os primeiros capítulos de Gênesis.

Quando Deus criou o mundo e tudo o que existe nele em seis dias, a Bíblia nos informa que “E Deus viu tudo o que havia feito, e tudo havia ficado muito bom...” (Gn 1.31). No plano original de Deus para a vida na terra não incluía o sofrimento. O homem e sua mulher viviam em perfeita harmonia entre eles, com a natureza e principalmente com Deus. Tudo estava perfeitamente bem. A origem do sofrimento não pode ser atribuída de forma alguma a Deus. Ele nunca planejou isso.

Após criar o homem e a mulher, Deus os colocou no Jardim do Éden. Ali eles tinham tudo em abundância para viverem bem. Todo fim de tarde Deus os visitava para uma conversa amiga. Eles foram criados livres para fazer o que desejassem. Para estabelecer uma relação amorosa e de respeito entre Deus e os nossos primeiros pais, uma única regra foi estabelecida, ou seja, não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal que estava no meio do jardim. O cumprimento desta regra significava que Adão e Eva respeitavam e amavam a Deus. A quebra da mesma significava que eles desejavam viver sem nenhuma conexão com Deus, o que causaria muita dor e sofrimento. Isso por uma razão simples. Deus os criou para se relacionar com ele. Só assim poderiam ter uma vida feliz.

Mas, o que foi que aconteceu? Gênesis 2 nos conta: “Ora, a serpente era o mais astuto de todos os animais selvagens que o Senhor Deus tinha feito. E ela perguntou à mulher: “Foi isto mesmo que Deus disse: ‘Não comam de nenhum fruto das árvores do jardim’?”. Respondeu a mulher à serpente: “Podemos comer do fruto das árvores do jardim, mas Deus disse: ‘Não comam do fruto da árvore que está no meio do jardim, nem toquem nele; do contrário vocês morrerão’ ”. Disse a serpente à mulher: “Certamente não morrerão! Deus sabe que, no dia em que dele comerem, seus olhos se abrirão, e vocês serão como Deus, conhecedores do bem e do mal”. Quando a mulher viu que a árvore parecia agradável ao paladar, era atraente aos olhos e, além disso, desejável para dela se obter discernimento, tomou do seu fruto, comeu-o e o deu a seu marido, que comeu também. Os olhos dos dois se abriram, e perceberam que estavam nus; então juntaram folhas de figueira para cobrir-se.”

Como podemos perceber, nossos primeiros pais não resistiram à tentação e caíram nas mentiras de satanás. Lúcifer usou algumas estratégias para enganar Eva: Primeiro ele distorce a Palavra de Deus dizendo “Foi isto mesmo que Deus disse: ‘Não comam de nenhum fruto das árvores do jardim’?”; em seguida ele lança dúvidas quanto ao caráter de Deus: “Certamente não morrerão! Deus sabe que, no dia em que dele comerem, seus olhos se abrirão, e vocês serão como Deus, conhecedores do bem e do mal”; E por último ele procurar despertar o desejo de Eva para com o fruto e com o ser igual a Deus: “Quando a mulher viu que a árvore parecia agradável ao paladar, era atraente aos olhos e, além disso, desejável para dela se obter discernimento, tomou do seu fruto, comeu-o e o deu a seu marido, que comeu também.”. Daí em diante o sofrimento entrou na história da humanidade trazendo desconforto muito além do que Adão e Eva puderam imaginar.

Por não resistirem a tentação, Adão e Eva abriram as portas para o sofrimento na existência humana. Mas as conseqüências não atingiram apenas o ser humano, tomou proporções muito maiores. Com a quebra da única regra que estabelecia o respeito e a relação amorosa com Deus, o sofrimento alcançou toda a obra da criação, que até então era “muito boa”. Ao comer do fruto da árvore da vida, Adão e Eva estavam optando por quebrar o relacionamento com Deus, o que tornou a causa de muito sofrimento. (Gn 3:1-7)

De imediato, a desobediência trouxe consigo a vergonha e o medo. Pela primeira vez eles sentem vergonha de estarem nus e procuram se cobrir com folhas de figueira. Quando mais tarde ouvem a voz do Senhor, correm e se escondem, experimentando assim pela primeira vez o medo. Mas o desequilíbrio foi mais além: Os animais foram penalizados na figura da serpente (vs. 14, 15), a dor torna-se uma experiência natural (vs. 16), o trabalho deixa de ser algo apenas prazeroso (vs. 17 e 19) e a natureza sofre alterações gigantescas e a partir de então as tempestades, terremotos, vulcões, seca, enchentes se tornam uma realidade. (vs. 18).

Como podemos perceber, a desobediência tem um preço muito alto. Mas, o pior de todos é certamente o fato de que o ser humano estava agora desconectado de Deus e dessa forma as coisas só pioram a cada dia. A violência entra em cena, a morte torna-se uma realidade, e o sofrimento nas suas mais variadas formas se estabelece em toda a criação. Trágico!

Diante desta realidade desastrosa em que a criação se tornou, pelo seu imenso amor e cuidado Deus tomou a iniciativa de reparar todas as coisas. Primeiramente, ele matou um animal e com a sua pele fez roupas para Adão e Eva. Aqui já estava o princípio de que o pecado produz morte. Para vestir Adão e Eva, animais precisaram morrer (vs. 21).

Em seguida, Deus poupa o ser humano de viver para sempre envolvido no sofrimento tirando Adão e Eva do jardim. Se eles permanecessem ali poderiam comer do fruto da árvore da vida e dessa forma estariam condenados a viver em meio a dor num mundo em total desequilíbrio para sempre. (vs. 22-24).

O cuidado de Deus, ao longo dos anos tem se mostrado presente. Alguns anos depois de Adão e Eva, Deus nos deu a sua Palavra escrita. Além de nos mostrar o plano de Deus quanto a restauração da ordem de todas as coisas, ela nos serve para nos ensinar como viver bem e evitarmos a muito do sofrimento que enfrentamos. A prática da Palavra de Deus além de conter a maldade, também reduz em muito o sofrimento humano.

Outro cuidado de Deus para com os que sofrem são exatamente a presença de seus filhos no mundo. A Bíblia nos ensina a levar o fardo uns dos outros e isso faz toda diferença quando estamos passando por qualquer tipo de sofrimento. Podemos orar, chorar e servir de apoio uns para com os outros.

Mas, o maior cuidado tomado por Deus para reverter toda essa situação foi exatamente oferecer seu único Filho Jesus. Ao falar com Adão e Eva sobre as conseqüências de seu erro, Deus fez uma promessa: “Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente dela; este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar".(Gn 3.15). Dessa forma Jesus veio ao mundo, ensinou como devemos viver e morreu numa cruz, derramando seu sangue inocente porque essa era a única maneira de termos os nossos pecados perdoados. Quando nos comprometemos com ele, quando entregamos nossas vidas a ele e nos comprometemos com a sua Palavra, estamos aceitando participar da nova ordem que Deus trará para os seus filhos. Um novo mundo em equilíbrio, onde a dor e o sofrimento não terão espaços. Onde poderemos nos relacionar com Deus como no princípio. Veja o que Deus revelou ao discípulo amado:

“Então vi um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham passado; e o mar já não existia. Vi a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, preparada como uma noiva adornada para o seu marido. Ouvi uma forte voz que vinha do trono e dizia: "Agora o tabernáculo de Deus está com os homens, com os quais ele viverá. Eles serão os seus povos; o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus. Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou". Aquele que estava assentado no trono disse: "Estou fazendo novas todas as coisas!" E acrescentou: "Escreva isto, pois estas palavras são verdadeiras e dignas de confiança". Disse-me ainda: "Está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. A quem tiver sede, darei de beber gratuitamente da fonte da água da vida. O vencedor herdará tudo isto, e eu serei seu Deus e ele será meu filho.” Apocalipse 21.1-7

Você gostaria de participar dessa nova realidade? Então entregue-se ao Senhor Jesus, confie nele, viva com ele e para ele. Que Deus nos abençoe.

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