domingo, 22 de agosto de 2010

Fora de controle


No início de junho de 2010, o clube de futebol do Flamengo, tinha entre seus jogadores um grande goleiro. Bruno já era considerado um “herói nacional” devido a seu bom futebol. Todavia, Bruno se mostrou uma pessoa descontrolada emocionalmente e altamente violento. Após ter um filho indesejado com Eliza Samúdio, uma garota de programa, ficou tão irritado que na companhia de dois amigos, espancou e assassinou a moça. Para sumir com o corpo de Eliza, o corpo foi dessossado e dado a cachorros, segundo as informações da Polícia.

É evidente que esse caso foge à normalidade. Mas de alguma maneira, nós também temos dificuldades de lidar com os nossos impulsos emocionais. Basta pensar nas atitudes que temos quando algo inesperado acontece em nossa vida. A habilidade de controlar as emoções é citada na Bíblia como sendo uma das muitas características do fruto do Espírito Santo, o domínio próprio (Gálatas 5.22). Diante da necessidade que temos de aprender a lidar com nossas emoções, olharemos para a vida de Sansão e veremos como não compensa ser dominado pelos próprios impulsos.



Definitivamente domínio próprio não era o forte de Sansão. Ele jamais levaria desaforo para casa, como vimos na semana passada. Depois de matar trinta filisteus por causa de sua dívida e abandonar a esposa na casa do sogro, Sansão resolve rever a sua esposa. O texto de Juízes deixa claro qual era a sua intenção.

Algum tempo depois, na época da colheita do trigo, Sansão foi visitar a sua mulher e levou-lhe um cabrito. "Vou ao quarto da minha mulher", disse ele. Mas o pai dela não quis deixá-lo entrar. "Eu estava tão certo de que você a odiava", disse ele, "que a dei ao seu amigo. A sua irmã mais nova não é mais bonita? Fique com esta no lugar da irmã". Sansão lhes disse: "Desta vez ninguém poderá me culpar quando acertar as contas com os filisteus!" (Juízes 15.1-3)

Sansão não estava nem um pouco preocupado com as ofensas feitas e recebidas no dia do seu casamento. Muito menos com o ódio que os filisteus nutriam contra ele e contra a família de sua mulher por causa da morte dos trinta pais de famílias que nada tinham a ver com a sua dívida. Sansão queria sexo. Para isso, ele pega um cabrito e vai até a cidade de Timna com a intenção única de ir para o quarto com a esposa.

Infelizmente, a tendência de ser controlado pelos impulsos sexuais, não é um problema só de Sansão. Segundo pesquisas internacionais, os brasileiros ocupam o segundo lugar no mundo entre aqueles que mais praticam sexo, perdendo apenas para os gregos. Todavia, ironicamente, os brasileiros são os campeões em insatisfação sexual. Vivemos numa sociedade escandalosamente sensual e sexual, mas extremamente carente de amor (1 Co 13).

Tragicamente acostumamos com a idéia de nos satisfazer com uma relação sexual de consumo e menosprezamos a relação sexual comprometida. Qual a diferença? A relação sexual de consumo é aquela em que o indivíduo busca a satisfação imediata do prazer sem freios e restrições e sem nenhum comprometimento. Exemplo disso é que a idéia de casamento hoje além de banalizada, é tida como motivo de zombaria entre amigos. Pra que casar se eu posso ter uma relação sexual sem compromisso?

A opção pelo relacionamento sexual de consumo predispõe as pessoas a desenvolver relações descartáveis e nunca duradouras. Por esta razão nos tornamos uma nação que busca implacavelmente o máximo de sexo, todavia, somos os mais insatisfeitos com a vida sexual, e isso só acontece porque desprezamos a verdade de que o sexo só pode alcançar o seu ápice numa relação amorosa, comprometida e fiel entre um homem e uma mulher.

Mas, o que podemos fazer para livramos desse círculo vicioso? Descarte tudo aquilo que possa te levar a pecar. Faça uma faxina em sua casa, carro, escritório. Livre-se de tudo aquilo que pode levá-lo a uma vida sexual desregrada. Em segundo lugar, invista em seu casamento. Volte a agradar seu cônjuge como fazia na época em que namoravam. Passeiam juntos, brinquem juntos, se curtam. E por último, opte pelo caminho correto para satisfazer seus desejos. O Salmo 37.3-5 diz: “Confie no Senhor e faça o bem; assim você habitará na terra e desfrutará segurança. Agrada-te do Senhor, e ele satisfará os desejos do seu coração. Entregue o seu caminho ao Senhor; confie nele, e ele agirá”. Não opte pelo caminho oposto.


Sansão também era descontrolado em outra área. A vingança.

Sansão lhes disse: "Desta vez ninguém poderá me culpar quando acertar as contas com os filisteus!" Então saiu, capturou trezentas raposas e as amarrou aos pares pela cauda. Depois prendeu uma tocha em cada par de caudas, acendeu as tochas e soltou as raposas no meio das plantações dos filisteus. Assim ele queimou os feixes, o cereal que iam colher, e também as vinhas e os olivais. (Juízes 15.3-5)

Após a confusão no casamento e o abandono da esposa, o sogro entendeu que Sansão nunca mais voltaria a procurar sua esposa. Por isso permitiu que ela se casasse com um dos “novos amigos” de Sansão. Ao chegar com o cabrito, Sansão é proibido de entrar e isso o enfureceu. Como um “bom filisteu” ele vai embora prometendo vingança: “Desta vez ninguém poderá me culpar quando acertar as contas com os filisteus!” (Juízes 15.3)

Nesse aspecto todos nós, sem exceção, também já sentimos em mais ou menos intensidade, o ódio de Sansão. Quem já não disse ou ao menos pensou: “Meu marido me paga. Por que ele foi me envergonhar na frente de minhas amigas”. “Esse professor não deveria ter me tratado assim. Ele não perde por esperar!”. O desejo de vingança faz parte do mundo desde que Adão e Eva desobedeceram a Deus. O que não justifica nada.

Sansão desgostoso, caçou trezendas raposas e uniu os pares com uma tocha acessa nas caudas e soltou-as nas plantações dos filisteus. Tudo foi consumido pelo fogo, o que causou muito ódio e desejo de vingança nos filisteus. Sansão estava tomado pela vingança, que aprisiona o justiceiro ao sentimento de eterna insatisfação. A vingança nunca satisfaz.

Ao saber o que Sansão fizera por ter perdido sua mulher, os filisteus queimaram a mulher e seu pai. Curiosamente, o fato de ter traído o marido no casamento apenas adiou a morte, mas não a evitou. E Sansão, ainda envolvido com o desejo insasiável de vingança resolveu fazer justiça com as próprias mãos de forma ainda mais agressiva. Sansão lhes disse: "Já que fizeram isso, não sossegarei enquanto não me vingar de vocês". Ele os atacou sem dó nem piedade e fez terrível matança. Depois desceu e ficou numa caverna da rocha de Etã. (Juízes 15.7-8). Quando alguém se submente apenas aos desejos e impulsos emocionais, sem rumo, sem freio, acaba por destruir a si e as pessoas que mais ama.

A comunhão diária com o Espírito Santo através do compromisso diário e intencional com a Palavra de Deus produzirá em nós o domínio próprio. Se não atentarmos para esse passo simples, acabaremos como Sansão, cheios de “razões” que não justificam nada e que apenas atrai problemas e infelicidade.


Jesus também foi tentado a se deixar ser controlado pelas suas emoções. Como homem Jesus tinha medo de morrer. Como homem ele decidiu viver de acordo com a vontade do Pai e não abriu mão disso por nada. Na noite em que foi traído, chorando pediu que o Pai o livrasse daquele sofrimento. Mas antes de ouvir qualquer resposta, ele volta para a sua missão e diz: “contudo, não seja como eu quero, mas sim como tu queres” (Mt 26.39). Em seu coração já estava decidido, na contra mão de seus sentimentos, ele cumpriria a sua missão.

Ele também foi tentado a revidar com violência, quando foi espancado pelos soldados romanos. Quando foi ferido e violentamente açoitado, a sua comunhão com Deus estava tão alicerçada que ele foi capaz de orar a favor daqueles que o maltratava dizendo: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo”. (Lc 23.34).

Termino essa mensagem citando Romanos 12.2, 17-21 que diz: “Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele. Não paguem a ninguém o mal com o mal. Procurem agir de tal maneira que vocês recebam a aprovação dos outros. No que depender de vocês, façam todo o possível para viver em paz com todas as pessoas. Meus queridos irmãos, nunca se vinguem de ninguém; pelo contrário, deixem que seja Deus quem dê o castigo. [...] Mas façam como dizem as Escrituras: “Se o seu inimigo estiver com fome, dê comida a ele; se estiver com sede, dê água. Porque assim você o fará queimar de remorso e vergonha.” Não deixem que o mal vença vocês, mas vençam o mal com o bem.” Que Deus nos abençoe.

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