domingo, 25 de outubro de 2009

João, o discípulo mais chegado


Dos três discípulos mais chegados de Jesus, João aparece como sendo o mais chegado, o amigo íntimo, de maior confiança do Mestre. Nos evangelhos ele sempre aparece acompanhado de Tiago, seu irmão mais velho e menos conhecido.

Seu pai Zebedeu era empresário, dono da maior peixaria na Galiléia e contava com vários pescadores trabalhando para ele. Sua mãe Salomé era uma das discípulas de Jesus que o acompanhou durante boa parte de seu ministério servindo-o (Mateus 27:55) inclusive com seus bens. Ela também foi uma das mulheres que foram embalsamar o corpo de Cristo quando da sua ressurreição.

João, autor do evangelho que leva seu nome, também escreveu três cartas que também levam seu nome, bem como o Apocalipse. É através de seus escritos que conhecemos o discípulo João. Dentre os escritores bíblicos João é o terceiro que mais escreveu a respeito de Jesus, perdendo apenas para Paulo e Lucas.

Aprendamos algumas lições, deste amigo mais chegado de Jesus.

Humildade aqui nada tem a ver com “ser uma pessoa de poucos recursos financeiros”. Trata-se de uma pessoa, que independentemente do que tem, ou que status social possua, consegue tratar a todos com dignidade. João era assim. Ele era o discípulo que não fazia caso de estar em destaque, apesar de ser um dos três principais líderes do grupo. Podemos perceber isso considerando de que tendo a oportunidade de escrever um dos quatro evangelhos, João não escreve seu nome, mesmo quando ele é citado. Narra sempre na terceira pessoa, ou seja, ao invés de dizer “e eu [primeira pessoal do singular] disse a Pedro”, ele escreve “e o discípulo a quem Jesus amava” (João 21.7)

João era do tipo que não queria deixar de desfrutar a presença de Jesus por um minuto que fosse. Não é a toa que ele acabou sendo reconhecido não só pelos demais discípulos, mas também por toda a história como “o discípulo a quem Jesus amava”. Como ele, nós também podemos desfrutar dessa presença em tudo o que fazemos, em todo o nosso dia. Afinal de contas, foi o próprio Jesus quem disse: “Eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”. Mt 28.18-20

Em toda a sua vida, João levou muito a sério o que dizia o profeta Miquéias: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus.” (6:8) O que isso significa? Significa que nessa caminhada haverá momentos que seremos convidados a abrir mão de nossos direitos, sonhos e desejos, para agradar ao Senhor. Para João isso foi fácil, uma vez que seu amor não estava condicionado a usufruir do que Jesus tinha, mas o que ele era, o Filho de Deus.


Amigos chegados compartilham segredos. No caso de João podemos afirmar isso considerando o que aconteceu na última ceia narrada por ele mesmo no capítulo 13. O texto nos diz que depois de ter lavado os pés dos discípulos Jesus comeu com todos eles. Em seguida se entristeceu e começou a falar de que seria traído e morto.

Naquele instante houve um mal estar muito grande entre todos, a tal ponto de ficarem se perguntando “serei eu o traidor?”. Pedro, ciente da amizade diferenciada entre Jesus e João, faz sinal a este para que perguntasse a Jesus quem seria o traidor. E o texto diz o que aconteceu: “Então, aquele discípulo, reclinando-se sobre o peito de Jesus, perguntou-lhe: Senhor, quem é? Respondeu Jesus: É aquele a quem eu der o pedaço de pão molhado. Tomou, pois, um pedaço de pão e, tendo-o molhado, deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes.” (João 13:25 e 26)

Para mais ninguém Jesus revelara quem seria o traidor, somente para um amigo verdadeiro como João. Mais do que Mestre, Senhor e Deus, João era amigo de Jesus. No capítulo 15 João revela o segredo para se tornar um amigo assim do Mestre. Numa das palavras de Jesus ele adverte: “Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer.” (João 15.14 e 15)

Em outra ocasião, quando da revelação do Apocalipse, depois de soar a sexta trombeta João vê um anjo forte descendo do céu e quando falou sete trovões falaram. Quando ele foi escrever o que estes trovões falaram, o Senhor lhe disse: “Guarda em segredo as coisas que os sete trovões falaram e não as escreva” (Apocalipse 10.4). O Senhor fizera questão, em toda a revelação em relação a Igreja, revelar algumas coisas apenas para seu amigo verdadeiro. Não é demais?

Tornar-se amigo íntimo de Jesus só será possível através de um comprometimento sem limites com a sua palavra, porque “a intimidade do Senhor é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança” (Salmo 25.14)


Quando Jesus foi preso e crucificado, a Bíblia diz que todos os seus discípulo fugiram com medo. Todos, menos um. Aos pés da cruz estava algumas pessoas muito especiais e entre elas o discípulo João e a mãe de Jesus, Maria.

Era costume entre os judeus de que quando o marido falecesse, o irmão mais velho do falecido tornava-se responsável pela família. E quando o irmão mais velho falecesse, o irmão depois dele assumia a família. Jesus era o responsável por Maria, uma vez que José não era mais vivo. Na hora de sua morte, “Jesus vendo sua mãe e junto a ela o discípulo amado, disse: Mulher, eis aí teu filho. Depois, disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. Dessa hora em diante, o discípulo a tomou para casa.” (João 19. 25-27)

João foi o único digno da total confiança de Jesus que teve o privilégio da cuidar de Maria após a morte e ressurreição de Jesus. Assim é com todos aqueles que se aproximam do Senhor e buscam desenvolver um relacionamento mais íntimo com o Mestre. Eles certamente participam de coisas maiores, que o mundo é incapaz de compreender.

CONCLUSÃO

De acordo com a maioria dos relatos em relação ao final da vida do discípulo João, afirmam que ele falecera no ano 98 depois de Cristo, já velho em Éfeso. Existem também alguns que afirmam que ele morreu na Ilha de Patmos, onde escrevera o livro do Apocalipse. Mas todos concordam de que ele foi o único discípulo que morreu por velhice e não sob tortura. Que a vida deste discípulo possa nos inspirar a desenvolver uma vida mais íntima com o Mestre.

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