segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Feriadão

Coisas de família
Rômulo e Rosélia
Toda família tem um - a nossa tem dois!
Jéferson e Rafael
A bela e o lírio
Gente feliz é assim
Aqui só tem homem - vai encarar?
E não é dentadura
Rosélia e Cida
Toma a bênção aí
A mais velha e o mais novo
O mais alto e o baixinho
Pode beijar - tá solteira mesmo!
Parece atores de novela né?
Sorriso amarelo é assim...
Um ama tirar fotografia, o outro faz a gentileza.
É isso mesmo - 23 horas e 40 minutos.
A turma do barulho
Rosélia, Rony, Ronaldo e Rosimar
Os motoqueiros fantasma da família
Rômulo e Rony
Amigos, parentes, companheiros, etc...
Isso porque somos pobres
Dodo, Rafael e Ronaldo
Tiago
Deixa o Dércio ver isso!
Pensando na morte da bezerra
Ele ama fazer isso - então deixa!
Rony e Dodo
Eita sofá forte!Eu não falei?
Acabaram de soltar um pum...
Cyntia e Kleber
Udson e eu
Nós somos assim
É nóis di novo
Xodó do papai
Quase acabou o ar...
Que cheirinho ruim...
Mãe e filha - cara de uma, fucinho de outra
O que Deus uniu...
Um gordinho, e o outro também.
Corinthianos fiéis
Alô! Jeremias... eu quero vc meu bem.
Nosso bando
Compra-se dente
Kelly e Jéferson
Só zuera
Vai encarar?
A gente até se esforça
Udson e Ismael
[veja + fotos]

domingo, 1 de novembro de 2009

Um encontro casual


No dia 30 de julho de 1988 tive um encontro surpreendente. Eu estava olhando para o relógio na garagem da empresa de transporte coletivo em que trabalhava. O meu interesse nada tinha a ver com a hora certa, mas estava contando os minutos para ir embora. Estava de plantão, na espera de que nenhum cobrador passasse mal ou faltasse a sua escala de serviço e desta forma eu poderia ir embora. Faltavam apenas cinco minutos para que eu pudesse ser dispensado quando o telefone tocou. Para minha tristeza, um cobrador que trabalhava no ônibus que fazia o itinerário de Cel. Fabriciano a Acesita estava passando mal. Como estava de plantão, devia ir substituí-lo. Sai chateado e fui. Casualmente entrou no ônibus uma linda moça pela qual me apaixonei e dois anos depois nos casamos. Foi um encontro surpreendente, e "casual".


Ao olhar para trás, percebo que nada que acontecera naquele dia foi casual para Deus. Para mim sim, mas tudo estava planejado por ele. Ao olhar para a Bíblia eu descubro de que esses “encontros casuais” não acontecem só comigo. O Dr. Lucas nos conta um desses encontros casuais entre Pedro e Jesus no capítulo 5.1-10 no mar da Galiléia. Ele dá início a sua narração dizendo: “Certo dia” (vs. 1). É o mesmo que dizer “era uma vez” ou “há muito tempo atrás” dando a entender que o que ele vai nos contar é algo que aconteceu casualmente num dia comum. E o que ele nos conta? Diz-nos que durante toda uma noite Pedro estivera no mar pescando, todavia sem sucesso. Na manhã seguinte, exausto, ele e seus companheiros de pesca lavavam suas redes para guardá-las e voltarem para casa.

“Casualmente” Jesus estava passando pela praia e aproxima do barco de Pedro com uma atitude no mínimo desconfortante. Ele sobe no barco de Pedro e dali fala à multidão que o seguia. Não sabemos sobre o que Pedro pensou naquele momento, mas mesmo cansado, por causa de uma longa noite de insucesso com a pescaria, Pedro passa a ouvir o Mestre sem se dar conta de quem “casualmente” estava em seu barco naquela manhã.

É certo que nada do que aconteceu naquela noite e manhã foi “casual”. Poderia até ter sido casual aos olhos de Pedro, mas nunca aos olhos de Jesus. O insucesso na pesca, o empréstimo do barco, o tempo de espera para guardar o barco após Jesus atender a multidão e a pesca maravilhosa que se seguiu, eram coisas bem planejadas por Jesus para abençoar a vida de Pedro.

Quantas vezes me identifico com Pedro nesta passagem. Tem dia que nada dá certo. É o relógio que não desperta, o carro que resolve apresentar um novo problema, o filho que não entende, o patrão que não reconhece, frustrações sem conta. Mas, mesmo nesses momentos, apesar de parecer que Deus não está nem aí para a nossa vida, nos enganamos. Ele não arreda o pé. Ele se faz presente mesmo que eu não consiga vê-lo. Por vezes ele nos fala através de uma música, ou de um amigo, ou mesmo através de uma brisa. O certo é que mesmo nas casualidades da vida, ele está nos abençoando.

Deus já estava trabalhando em Pedro, antes mesmo de ter entrado no barco dele, na noite anterior o insucesso também fazia parte do que Deus estava fazendo na vida do apóstolo. O mesmo acontece conosco. Nosso Deus nunca é pego de surpresa.

Após “casualmente” encontrar Pedro e seu barco, Jesus dá uma ordem absurda: “faze-te ao largo (vá para onde as águas são profundas e lancem as redes)” NVI vs. 4. Pedro tinha muitos motivos para recusar a ordem de Jesus: 1) Jesus era carpinteiro e não pescador; 2) Qualquer pescador saberia que aquele não era hora de pescar; 3) Aqueles homens estavam cansados porque haviam se esforçado à noite inteira e não pegaram nada.

Todavia, somos surpreendidos com a palavra de Pedro: Senhor, nós fizemos isso a noite inteira e não apanhamos nada. “Mas sob a tua palavra, lançarei as redes” (vs. 5). Tremendo! Mesmo cansados e com o sol quente, Pedro abre mão da razão e resolve dar ouvidos a palavra de Jesus. A sua experiência dizia que não adiantaria lançar as redes naquele momento, só daria mais trabalho – teriam que lavá-las de novo, mas as palavras de Jesus inspiravam confiança, e então Pedro decide fazer o que Jesus estava pedindo.

O cansaço e a decepção nos tira completamente a disposição para obedecer a Deus. Pode até ser que você esteja passando por um período tão conturbado em sua vida que já pensa em desistir da própria fé em Deus. Mas é exatamente em meio as crises que Deus nos dá ordens absurdas. Perdoar a pessoa que causou toda a sua dor, acreditar que haverá um futuro brilhante na gente, ter certeza de que ele vai encher o seu barco de peixes pode não ser algo muito fácil. Mas uma coisa é certa, não importa a dificuldade que você possa estar enfrentando, se ouvir uma voz atrás de você dizendo: “Este é o caminho, andai por ele”, não vacile, ouse obedecer e certamente você será surpreendido. Deus é especialista em nos surpreender.


Diante daquela ordem absurda, Pedro pega suas redes que acabara de limpar e as lança ao mar. A quantidade de peixes foi tão grande que precisou de ajuda. Segundo o relato bíblico ele fez sinal para seus companheiros que estavam na praia, pois tamanha era a quantidade de peixes que seu barco começou a afundar. Aleluia! Diante disso, Pedro fica alarmado, se inclina diante de Jesus com uma constatação contraditória e pede para que Jesus se retire, por ser ele (Pedro) um pecador.

Pedro reconheceu SER ele um pecador e por esta razão não poderia estar em companhia de Jesus. Nesse ponto ele estava certo. O pecado nos afasta de Deus e interrompe completamente nossa relação com ele. Pecado é mais do que “errar o alvo”, é também toda espécie de confiança em nossos próprios caminhos, em detrimento dos caminhos que Deus nos oferece. É certo que Pedro não acreditava que aquela pesca seria possível, mas quando resolve confiar em Jesus ele é surpreendido. Confiar em Deus, é sempre o melhor caminho.

A constatação de Pedro ao afirmar que ele era pecador e que por isso não poderia se envolver com Jesus é certa, mas se torna contraditória quando o Senhor lhe diz: “Não temas, de agora em diante serás pescador de homens.” (NVI vs. 10). Mas como? Um homem como Pedro ser usado nas mãos de Deus? Sim! Pedro de fato não tinha nenhuma qualificação para ser usado por Deus – de fato era um pecador. Mas, mesmo assim, Jesus não o recusou. Sabe o por que? Porque Jesus não veio para julgar e condenar o pecador, mas, através de sua morte na cruz, veio prover o seu perdão e a sua restauração à relação de intimidade com Deus.

É meu amigo, apesar de todos os nossos erros, Deus nos aceita como somos, e nos ama demais para nos abandonar como estamos. Em um momento olhamos para nós mesmos e dizemos: “Não tem mais jeito. Minha vida não vale a pena. Não sou digno sequer de ser aceito e amado por Deus”. Isso tudo é verdade. Mas é exatamente aí que ele nos surpreende. Apesar do que somos, ele nos aceita, perdoa e nos conduz com um amor que sequer dá para descrever. Diante do ocorrido, Pedro e seus companheiros não tiveram dúvidas, “arrastaram seus barcos para a praia, deixaram tudo e o seguiram” (vs. 10). E nós? Não faremos o mesmo?


Proponho que façamos uma releitura de nossas vidas. Observe que mesmo aqueles acontecimentos que nos afligiram no passado ou no presente, não pegaram Deus de surpresa. Ele é especialista em pegar as coisas ruins e torná-las em coisas boas na vida da gente. Você tem estado sensível para perceber, em meio as casualidades, o mover intencional de Deus em sua vida?

Uma outra proposta que faço é que quando você estiver em meio as dificuldades, procure dar ouvidos a Deus, mesmo quando a ordem dele naquela situação lhe parecer algo completamente absurdo. Você se encontra diante de uma ordem da parte de Deus que, aos olhos da cultura ou das circunstâncias, parece absurda? Ouse obedecer e seu barco se encherá de peixes.

E por último entenda que apesar de não merecer o cuidado de Deus, se incline diante de Jesus reconhecendo seu pecado, deixando-se envolver por seu perdão e restauração. Ele te aceita como você é. Mas saiba de uma coisa, ele te transformará numa pessoa cada dia melhor. “Não temas, de agora em diante serás pescador de homens.”

domingo, 25 de outubro de 2009

João, o discípulo mais chegado


Dos três discípulos mais chegados de Jesus, João aparece como sendo o mais chegado, o amigo íntimo, de maior confiança do Mestre. Nos evangelhos ele sempre aparece acompanhado de Tiago, seu irmão mais velho e menos conhecido.

Seu pai Zebedeu era empresário, dono da maior peixaria na Galiléia e contava com vários pescadores trabalhando para ele. Sua mãe Salomé era uma das discípulas de Jesus que o acompanhou durante boa parte de seu ministério servindo-o (Mateus 27:55) inclusive com seus bens. Ela também foi uma das mulheres que foram embalsamar o corpo de Cristo quando da sua ressurreição.

João, autor do evangelho que leva seu nome, também escreveu três cartas que também levam seu nome, bem como o Apocalipse. É através de seus escritos que conhecemos o discípulo João. Dentre os escritores bíblicos João é o terceiro que mais escreveu a respeito de Jesus, perdendo apenas para Paulo e Lucas.

Aprendamos algumas lições, deste amigo mais chegado de Jesus.

Humildade aqui nada tem a ver com “ser uma pessoa de poucos recursos financeiros”. Trata-se de uma pessoa, que independentemente do que tem, ou que status social possua, consegue tratar a todos com dignidade. João era assim. Ele era o discípulo que não fazia caso de estar em destaque, apesar de ser um dos três principais líderes do grupo. Podemos perceber isso considerando de que tendo a oportunidade de escrever um dos quatro evangelhos, João não escreve seu nome, mesmo quando ele é citado. Narra sempre na terceira pessoa, ou seja, ao invés de dizer “e eu [primeira pessoal do singular] disse a Pedro”, ele escreve “e o discípulo a quem Jesus amava” (João 21.7)

João era do tipo que não queria deixar de desfrutar a presença de Jesus por um minuto que fosse. Não é a toa que ele acabou sendo reconhecido não só pelos demais discípulos, mas também por toda a história como “o discípulo a quem Jesus amava”. Como ele, nós também podemos desfrutar dessa presença em tudo o que fazemos, em todo o nosso dia. Afinal de contas, foi o próprio Jesus quem disse: “Eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”. Mt 28.18-20

Em toda a sua vida, João levou muito a sério o que dizia o profeta Miquéias: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus.” (6:8) O que isso significa? Significa que nessa caminhada haverá momentos que seremos convidados a abrir mão de nossos direitos, sonhos e desejos, para agradar ao Senhor. Para João isso foi fácil, uma vez que seu amor não estava condicionado a usufruir do que Jesus tinha, mas o que ele era, o Filho de Deus.


Amigos chegados compartilham segredos. No caso de João podemos afirmar isso considerando o que aconteceu na última ceia narrada por ele mesmo no capítulo 13. O texto nos diz que depois de ter lavado os pés dos discípulos Jesus comeu com todos eles. Em seguida se entristeceu e começou a falar de que seria traído e morto.

Naquele instante houve um mal estar muito grande entre todos, a tal ponto de ficarem se perguntando “serei eu o traidor?”. Pedro, ciente da amizade diferenciada entre Jesus e João, faz sinal a este para que perguntasse a Jesus quem seria o traidor. E o texto diz o que aconteceu: “Então, aquele discípulo, reclinando-se sobre o peito de Jesus, perguntou-lhe: Senhor, quem é? Respondeu Jesus: É aquele a quem eu der o pedaço de pão molhado. Tomou, pois, um pedaço de pão e, tendo-o molhado, deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes.” (João 13:25 e 26)

Para mais ninguém Jesus revelara quem seria o traidor, somente para um amigo verdadeiro como João. Mais do que Mestre, Senhor e Deus, João era amigo de Jesus. No capítulo 15 João revela o segredo para se tornar um amigo assim do Mestre. Numa das palavras de Jesus ele adverte: “Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer.” (João 15.14 e 15)

Em outra ocasião, quando da revelação do Apocalipse, depois de soar a sexta trombeta João vê um anjo forte descendo do céu e quando falou sete trovões falaram. Quando ele foi escrever o que estes trovões falaram, o Senhor lhe disse: “Guarda em segredo as coisas que os sete trovões falaram e não as escreva” (Apocalipse 10.4). O Senhor fizera questão, em toda a revelação em relação a Igreja, revelar algumas coisas apenas para seu amigo verdadeiro. Não é demais?

Tornar-se amigo íntimo de Jesus só será possível através de um comprometimento sem limites com a sua palavra, porque “a intimidade do Senhor é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança” (Salmo 25.14)


Quando Jesus foi preso e crucificado, a Bíblia diz que todos os seus discípulo fugiram com medo. Todos, menos um. Aos pés da cruz estava algumas pessoas muito especiais e entre elas o discípulo João e a mãe de Jesus, Maria.

Era costume entre os judeus de que quando o marido falecesse, o irmão mais velho do falecido tornava-se responsável pela família. E quando o irmão mais velho falecesse, o irmão depois dele assumia a família. Jesus era o responsável por Maria, uma vez que José não era mais vivo. Na hora de sua morte, “Jesus vendo sua mãe e junto a ela o discípulo amado, disse: Mulher, eis aí teu filho. Depois, disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. Dessa hora em diante, o discípulo a tomou para casa.” (João 19. 25-27)

João foi o único digno da total confiança de Jesus que teve o privilégio da cuidar de Maria após a morte e ressurreição de Jesus. Assim é com todos aqueles que se aproximam do Senhor e buscam desenvolver um relacionamento mais íntimo com o Mestre. Eles certamente participam de coisas maiores, que o mundo é incapaz de compreender.

CONCLUSÃO

De acordo com a maioria dos relatos em relação ao final da vida do discípulo João, afirmam que ele falecera no ano 98 depois de Cristo, já velho em Éfeso. Existem também alguns que afirmam que ele morreu na Ilha de Patmos, onde escrevera o livro do Apocalipse. Mas todos concordam de que ele foi o único discípulo que morreu por velhice e não sob tortura. Que a vida deste discípulo possa nos inspirar a desenvolver uma vida mais íntima com o Mestre.

domingo, 18 de outubro de 2009

Judas Iscariotes, o discípulo confiável


Temos aprendido sobre a vida dos doze homens comuns escolhidos por Jesus para formarem o seu grupo de discípulos que teriam a responsabilidade de liderar a Igreja de Cristo nos anos que se seguiram à sua morte e ressurreição.

Depois da introdução nós aprendemos sobre a personalidade, vida e ministério de alguns deles. Vimos: Tiago, o discípulo justo; Tiago, o discípulo menor; Filipe, o discípulo que fazia as contas; Natanael, o discípulo sincero; Judas, o discípulo com três nomes; Tomé, o discípulo incrédulo; André, o discípulo das pequenas coisas; Mateus, o discípulo desprezado; Simão, o discípulo violento e Pedro, o discípulo inconstante. E HOJE veremos Judas, o discípulo confiável.



O nome de Judas significa “Jeová o conduz”. Isso revela o desejo de seus pais. O curioso, e até irônico, é que Judas foi a pessoa mais orientada pelo diabo do que qualquer outro. Seu sobrenome Iscariotes, indica que ele era da cidade humilde de Queriote, localizada ao sul da Judéia. Ao que parece ele era o único discípulo que não pertencia a região da Galiléia antes de ser chamado pelo Mestre.

Em certa ocasião Jesus, se referindo a Judas cita o Salmo 41.9 que diz: “Até o meu amigo íntimo, em quem eu confiava, que comia do meu pão, levantou contra mim o calcanhar.” Também temos no Salmo 55.12-14 outra citação sobre a relação de Jesus com Judas que diz: “Com efeito, não é inimigo que me afronta; se o fosse, eu o suportaria; nem é o que me odeia quem se exalta contra mim, pois dele eu me esconderia; mas és tu, homem meu igual, meu companheiro e meu íntimo amigo. Juntos andávamos, juntos nos entretínhamos e íamos com a multidão à Casa de Deus.” Salmo 55.12-14

Considerando estas passagens e o relacionamento com todo o grupo dos discípulos, podemos afirmar que Judas, durante os três anos que acompanhou Jesus de perto, era de fato um discípulo da mais alta confiança de todos, a tal ponto que acabou por se tornar o tesoureiro do grupo.


Já próximo de sua crucificação, Jesus volta à pequena aldeia de Betânia para uma refeição na casa de Simão, um ex-leproso. João diz que acompanharam Jesus nessa visita os discípulos e seus três amigos Lázaro, Maria e Marta. Durante a refeição, Maria unge os pés de Jesus derramando um perfume de 300 denários (equivalente ao que um trabalhador rural ganha em um ano de trabalho).

Ao ver aquele “desperdício”, Judas não se contém e diz: “Por que não se vendeu este perfume por trezentos denários e não se deu aos pobres?” (Jo 12.5). A observação de Judas parece revestido de um cuidado para com os pobres, tanto que Mateus diz que os demais discípulos aparentemente concordaram com ele. Mas, inspirado pelo Espírito Santo João não deixa dúvidas sobre a real intenção de Judas no vs. 6 quando disse: “Isto disse ele, não porque tivesse cuidado dos pobres; mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, tirava o que nela se lançava”. Ou seja, o comentário de Judas foi motivado apenas pelo seu coração avarento.

Judas certamente esperava uma repreensão de Jesus para Maria, mas o que ele ouviu é que Maria o estava ungindo-o para a morte e que os pobres deveriam receber atenção não apenas em um ato isolado, mas sempre.

Judas certamente saiu daquele jantar decepcionado com Jesus. Sua avareza o cegara a tal ponto que Mateus diz-nos que logo após aquele jantar Judas saiu escondido e foi a Jerusalém com um firme propósito, vejamos o que nos diz Mateus: “Então, um dos doze, chamado Judas Iscariotes, indo ter com os principais sacerdotes, propôs: Que me quereis dar, e eu vo-lo entregarei? E pagaram-lhe trinta moedas de prata. E, desse momento em diante, buscava ele uma boa ocasião para o entregar.” (Mt 26.14-16)

Com o coração cheio de amargura e avareza Judas não pensou duas vezes, de um jeito ou de outro ele encheria o bolso de dinheiro. O melhor que ele conseguiu foi vender Jesus pela ninharia de 30 moedas de prata, valor pago por um escravo. E para ele isso bastava. Judas seguia a Jesus não por amor, mas por desejo de possuir coisas.

Judas é um exemplo de privilégios desperdiçados. Era o discípulo de maior confiança, mas optou pelo caminho da avareza, tornando um exemplo de que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. (1 Tm 6.10)


Uma vez que acertara o preço de seu Mestre, Judas volta ao convívio do grupo de discípulos como se nada tivesse acontecido. Segundo Lucas 22.6, daquele momento em diante Judas “buscava uma boa ocasião para o entregar sem tumulto”.

E não demorou encontrar tal ocasião. Durante a última ceia, após comerem, Jesus diz que um deles o estava traindo e adverte “O Filho do Homem vai, conforme está escrito a seu respeito, mas ai daquele por intermédio de quem o Filho do Homem está sendo traído! Melhor lhe fora não ter nascido” (Mateus 26.24). Após tais palavras todos os discípulos começam a tentar descobrir entre eles quem seria o traidor. Curiosamente, ninguém suspeita de Judas, afinal ele era o discípulo de confiança do Mestre e do grupo dos doze.

O próprio Judas, reservadamente como amigo de confiança, com o fim de apagar qualquer suspeita de ser ele, dirige uma pergunta a Jesus: “Acaso sou eu Mestre?”. A isso Jesus respondeu: “Tu o disseste” (Mt 26.25). Ao ouvir tais palavras, Judas se cala. Sua decisão de traí-lo já estava tomada, o dinheiro no bolso garantido, não voltaria atrás mesmo ciente das conseqüências de seu ato.

Ao perceber que Judas não se arrependera, Jesus o convida a se retirar dizendo “O que tem de fazer, faze-o depressa”. Judas não pergunta o que era para fazer, ele simplesmente sai ao encontro dos sacerdotes porque já havia encontrado a ocasião em que buscava para trair o Mestre e precisava agir rápido. Assim, naquela noite, enquanto Jesus dirigia suas últimas palavras aos demais discípulos antes de sua morte, Judas negociava a estratégia que usaria para entregá-lo no centro da cidade.

Ao terminar a ceia Jesus vai ao Getsêmani como costumava fazer. Judas sabia disso e acompanhado de centenas de soldados vai ao encontro do Mestre. Judas havia combinado um sinal com os guardas dizendo “aquele a quem eu beijar, é esse; prendei-o”. E foi exatamente o que fez. Aproximou-se de Jesus e disse “Salve Mestre! E o beijou.” (Mt 26.48-49). Jesus olha para Judas e pergunta: “Amigo, para que vistes? Com um beijo trais o Filho do Homem?” E os soldados o prenderam.

Ser traído por alguém dói muito, mas por alguém que se diz amigo de confiança, dói muito mais. Todavia, isso foi exatamente o que Judas fez mesmo depois de ter caminhado por três anos com o Mestre. Aprendemos aqui que uma pessoa pode andar tão próximo de Deus, e por não se comprometer com ele, acabar traindo-o.

Judas é um exemplo de oportunidades perdidas. Andou, viu, apalpou, ouviu o Mestre ao vivo e a cores por um período de três anos. E acabou optando pelo Caminho da traição.


Após aquela noite, Judas sente um grande remorso. O remorso é diferente do arrependimento. Enquanto o arrependimento é marcado por uma tristeza de ter feito algo errado, o remorso é a tristeza por ter dado errado o que fizera. Com tamanho remorso a Bíblia diz que ele tenta devolver o dinheiro inutilmente aos sacerdotes. Talvez esperasse com isso devolver a liberdade a Jesus, mas não deu certo.

Diante disso, ele foge, amarra uma corda em uma árvore e se enforca. Possivelmente depois de enforcado, segundo Atos 1.18-19, o galho ou a corda não resiste e quebra, lança o corpo de Judas sobre pedras e aí “rompeu-se pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram”. Essas são as últimas palavras na Bíblia sobre Judas. Um fim trágico, para um discípulo de “confiança”.

Judas passou três anos com Jesus, mas durante todo esse tempo seu coração se tornou cada vez mais duro. Chegou tão perto do Senhor como poucos puderam chegar, participou do ministério de Jesus e foi testemunha como poucos puderam ser, mas continuou incrédulo e partiu para a eternidade sem nenhuma esperança.

Que possamos viver de maneira diferente de Judas e que Deus nos abençoe.

domingo, 11 de outubro de 2009

Simão, o discípulo violento


Dentre todos os discípulos escolhidos por Jesus, Simão é aquele de quem temos menos informações. Na verdade, só temos o seu nome citado por Mateus, Marcos e Lucas entre os escolhidos, acompanhado da expressão “chamado zelote”. No evangelho de João sequer é citado uma única vez.

Mesmo assim, ainda é possível conhecer um pouco sobre sua pessoa e aprender muito do amor de Deus que alcança, chama e capacita pessoas desconhecidas, mas certamente não diante dele, para o importante trabalho do Reino de Deus. Vejamos:




Como já dissemos, a única informação que temos, além de seu próprio nome, é de que Simão era também chamado zelote. Mas o que é um zelote?

No tempo de Jesus esse termo ‘Zelote’ referia-se a uma facção política muito conhecida e temida. Eles odiavam os romanos e tinham como objetivo livrar-se a qualquer custo da ocupação e domínio romano. Com esse propósito, trabalhavam principalmente através do terrorismo e de atos de violência.

O nome tem o sentido de zelo, todavia, no caso dos zelotes era em demasia. Os Zelotes eram extremistas em todos os sentidos. Por acreditar que somente Deus é quem tinha o direito para governar sobre o povo, eles entendiam que matar soldados romanos, líderes políticos e até pessoas comuns que se opusessem a eles era legítimo e agradável a Deus. Daí, a origem do pensamento da “guerra santa”.

Eram homens que estavam dispostos a enfrentar qualquer tipo de morte e não se incomodavam em ver parentes e amigos serem torturados em nome da liberdade. Os romanos por muitas vezes prenderam homens deste partido político, torturaram com todo tipo de violência e mataram a muitos, mas jamais apagaram sua paixão por liberdade e seu ódio.

Os zelotes estavam convencidos de que pagar tributos aos romanos era um ato de traição a Deus. Movidos por esse pensamento não foram poucas as vezes em que realizaram guerrilhas e atos terroristas para com os romanos em nome de Deus.

Eles acreditavam na vinda de um líder, o Messias, que os conduziriam a libertação total e definitiva do império romano e colocaria todos os povos debaixo de seus pés. Certamente quando Cristo surgiu dizendo-se ser o Messias, o Filho de Deus, o Rei dos reis e realizando grandes sinais e poder, e chamou Simão para compor o grupo dos discípulos, Simão não teve dúvidas. É bem provável que ele tenha se unido a Cristo com essa expectativa em mente. Mas mal sabia ele de que aquele que encontra com Jesus tem a sua vida transformada.


A Bíblia não fala nada sobre a conversão desse discípulo, mas é certo que ela aconteceu. Em algum momento em sua caminhada com o Mestre, Simão teve seu zelo tratado. É certo que ele aprendeu que não havia nada de errado em ser zeloso, mas com objetivos maiores, dignos de louvor diante de Deus.

Um aspecto interessante a ser aprendido sobre o novo Simão, é que ele aprendera a ser paciente e pacifista. Ele teve que conviver com um homem como Mateus, um ex-coletor de impostos e parceiro dos romanos, que seria assassinado sem dó e piedade por um zelote. Todavia, isso não acontece entre Simão e Mateus, por uma simples razão, a graça produz graça. Quando o amor de Deus é revelado em nossos corações ele nos transforma.

Simão ao caminhar com Jesus teve seu coração modificado através do amor do Senhor. Isso é graça. O apóstolo Paulo certa vez disse que “onde abundou o pecado, superabundou a graça de Deus”. E foi exatamente isso que aconteceu com Simão.

É impressionante que Jesus tenha escolhido alguém como Simão para fazer parte do grupo dos doze homens que ele estava preparando para liderar a sua Igreja. Todavia, essa escolha reforça o fato de que Deus escolhe as coisas loucas do mundo para torná-las bênçãos em suas mãos.

A história da Igreja nos informa que Simão, o ex-zelote, dedicou-se em levar o evangelho para o Egito. Como aconteceu com a maioria dos doze, também foi morto por causa de sua fé em Jesus. A tradição católica diz que ele foi cortado ao meio, vivo, por um serrote. Não sabemos ao certo como ele foi morto, mas sabemos o motivo. Muito mais nobre do que de um zelote, que movido por vingança e violência buscava a liberdade para si. Com Simão foi diferente, ele encontrou no amor a Jesus, um verdadeiro motivo para morrer – salvar pessoas do inferno e da condenação eterna. Por esse propósito de vida não pensou duas vezes em oferecer sua vida, testemunhando a respeito de Jesus para muitas pessoas.

Que Deus nos abençoe.